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Versos à Virgem

Quando vem a escuridão
Vem-nos desejo por clarão
Quando a noite depõe o dia
E reina logo a agonia
Não espero nem um instante
Tiro o orgulho, viro clamante
Choro, aflito aos pés eu corro
Da mãe do Perpétuo Socorro

Mas aos seus pés em queixa
A Virgem não me deixa
Me tira logo desse chão
Me estendendo a sua mão

Com a mesma delicadeza
Me cura com destreza
Vê meus escárnios diante da cruz
E ao perdão me conduz

Sendo uma mãe perfeita
Não se dá por satisfeita
Tendo o melhor filho possível
Ainda adota um desprezível

Que valerá tão grande amor
Ó, mãe do Salvador?
Já tem a sua salvação
Por que não me deixa, então?

“Porque a experiência com o Amor
Não terá o mesmo sabor
Se com o Divino Filho eu viver
Mas você, filhinho, eu perder

Renunciei à tranquilidade
Pra seguir com fidelidade
A vontade do meu Rei
Sofri, senti o abandono
Chorei, perdi o sono
Mas nunca O abandonei

E ainda na cruz em agonia
Senti ser o fim da via
Mas depois de ter-se oferecido
Meu Jesus fez um pedido
Ofereceu-me a humanidade
Eu aceitei com humildade

Assim, ainda em missão
Socorro com precisão
A quem amor me jura
E a quem me esconjura

Portanto, filho querido,
Não se dê por vencido
Quando o vinho lhe faltar
Lembre-se das bodas de Caná!

Em sua face eu vejo
O erro e o mau desejo
Mas nem tanto isso fulgura
Quanto a inefável figura
Do meu querido Jesus
Que em sua alma reluz

Saiba que é ausência de amor
Todo e qualquer pecado
Deixa-me curar sua dor
Se deixando ser amado!”

Mateus Alves Correia
1° Ano da Configuração/Teologia
Arquidiocese de Diamantina

VOCAÇÃO E MISSÃO: MODOS DE SER IGREJA

A partir do mês dedicado às vocações somos chamados a refletir sobre sua natureza, as dimensões que implicam na vida pessoal e comunitária. É sempre oportuno voltar o nosso olhar aos diversos chamados realizados na história humana, principalmente àqueles que nos relatam as Sagradas Escrituras. De modo especial, trazemos como exemplo a vocação do profeta Isaías que, em situação dificultosa pela morte do rei Ozias, percebendo-se indigno de elevado ministério a ponto de dizer a si mesmo: “Ai de mim, estou perdido! Sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de lábios impuros, meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos” (Is 6, 5). Diante dessas palavras, o profeta nos leva a refletir sobre nossa condição humana de seres frágeis, pequenos, cheios de defeitos e vícios, que nos encontramos em uma comunidade imperfeita, quedada no erro e no pecado.

Nessa mesma ótica, salta-nos ao coração a esperança de que Deus ainda acredita no humano, apesar de suas desventuras, da sua fragilidade. É nesse sentido que o mensageiro de Iahweh vai em direção a Isaías para tornar-lhe apto à missão que irá realizar. Ser anunciador dos desígnios divinos, o de ser porta-voz do Altíssimo. Eis a nossa esperança, de sermos capacitados por Deus para uma nova e urgente missão, pois assim nos alerta o adágio: “Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos”. Com isso, refrigera nosso espírito as palavras do Serafim: “Olha, isto tocou em teus lábios: a culpa está sendo tirada, e teu pecado, perdoado” (Is 6, 7). Contudo, nos surge uma indagação se, de fato, somos dignos do que está sendo ofertado. Ao mesmo tempo, é um chamado do Ser de Deus a cada pessoa, assim como ocorreu com o profeta.

Deus questiona a si mesmo na busca em saber quem enviaria em missão. E diante de sua experiência, e já ansioso e receoso por ela, o profeta exclama: “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6, 8). Quem tem disposição é ágil na resposta aos desígnios de Deus, não espera um outro momento que pensa ser oportuno. A hora é agora, nesse momento!

A dimensão profética perpassa toda a nossa vida cristã. Em todas as formas de vocação oriunda do projeto do Deus Trindade, é sinal profético. Ademais, implica a nossa liberdade em responder e corresponder a esse propósito. Ser marido e mulher; ser solteiro; religioso e religiosa, padre; carpinteiro, pedreiro; motorista ou qualquer outra, é sinal do amor de Deus no mundo.

No princípio de nossa existência, como nos relata no livro do Gênesis, fomos feitos do amor e para o amor. É para sermos expressão de Deus-Amor no mundo. Que nossa vida seja assim realizada. Vocação acertada é vida feliz, dizia o arcebispo emérito de Diamantina, Dom João Bosco. E a nossa felicidade está em fazer a vontade daquele que nos escolheu.

A vocação por excelência está na busca pela santidade. O coração do livro do Levítico está em expressar a importância do ser santo por Deus o ser – “Sede santos, porque eu, vosso Deus, sou santo” (Lv 19, 2). O modelo vivo de Santidade encarnada está na própria Pessoa de Jesus Cristo. Todo discípulo é exortado a seguir seus passos. E ser santo é levar em consideração o modo de viver (modus vivendi). Não será por abstrações que poder-se-á vislumbrar a beleza da santidade, mas a partir do modo simples de viver a própria vocação. É o que exprime a teologia paulina, agir “como convém a santos” (Ef 5, 3).

Mas como ser santo? Ela se manifesta por meio da caridade, da capacidade de ser fraterno com o outro, por meio da solidariedade no bem. Se constitui no agir ético e moral respaldados em nossos valores cristãos. Em certa medida, é sermos uma Igreja audaz na proclamação da Boa-Nova (Good-News). É ser uma Igreja dispensadora da misericórdia de Deus ao mundo sem reservas. É tornarmo-nos verdadeiros dispensadores das graças de Deus pelo poder do Espírito Santo. É formarmo-nos enquanto um “corpo evangelizador” (Dom Darci José), que conduz à vida, à responsabilidade, ao respeito, que pratica o bem-comum. Nesse interim, já dizia o Papa Francisco na Evangelii Gaudium de que a missão de evangelizar é “dever da Igreja” (nº 110). Mas quem é a Igreja? Somos cada um de nós batizados em Cristo, que nos tornamos sinal e odor de Deus no mundo, a começar em nossas famílias – “Assim também vós já agora sois o bom odor de Cristo” (AMBRÓSIO, 2019, p. 70).

Diante do nosso senso ou “instinto da fé” levamos a esmo tudo aquilo que cremos expressos em nossa vocação. É o “sensos fidei que [nos] ajuda a discernir o que vem realmente de Deus” (EG, 119). E é por isso que não há e não pode haver separação entre vocação e missão. Ambas estão intrinsecamente ligadas. A nossa missão, dentre tantas formas de expressão, consiste acima de tudo na salvação de si e dos outros. Assim como se vive a fé em comunidade, da mesma maneira requer do crente uma postura de responsabilidade para com a salvação de outrem. Nos diversos modos de ação eclesial, enquanto Igreja, Povo de Deus, sejamos e tenhamos a felicidade em “partilhar os dons da salvação” (cf. Ef 4, 4-6).

Em todas as circunstâncias da nossa vida, a nossa primeira missão é testemunhar Àquele que foi testemunha do amor de Deus, Jesus Cristo. Em qualquer condição vocacional que nos encontrarmos, que seja feita a sua Vontade. Pois o nosso alimenta seja, assim como foi para o Cristo, fazer a vontade daquele que nos enviou – “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e levar a termo sua obra” (Jo 4, 34). Que nossa vocação seja a nossa missão em fazer acontecer o Reinado de Deus em nós e no mundo.

Sem. Valmir Rodrigues Pereira
Terceiro ano da Configuração
Diocese de Diamantina-MG

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA SAGRADA. 2ª ed. Brasília: CNBB, 2019.
FRANCISCO, Papa. Evangelii Gaudium. Exortação apostólica. São Paulo: Loyola, 2013. (Documentos da Igreja).
AMBROSIO, Santo. Os Sacramentos e os Mistérios: iniciação cristã na Igreja primitiva. Rio de Janeiro: Vozes, 2019. (Coleção Clássicos da Iniciação Cristã).
COMPÊNDIO DO VATICANO II. Lumen Gentium. In:_______. Constituições decretos, declarações. 30ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1968. p. 39-117.

 

A Independência da nação se faz com os valores de sua população

A frase acima abriu o desfile de 7 de setembro, em Sabinópolis, realizado pelas escolas públicas do município. Todo ano é escolhido, pelos organizadores, um tema necessário à reflexão e a revisão de atitudes em todos os participante e cidadãos presentes no evento.

Por tudo o que vivenciamos na vida política, social, familiar, profissional e pessoal a escolha desse tema visou o resgate dos VALORES, tão fundamentais na vida de qualquer pessoa ou nação.

Segundo o dicionário Aurélio, Valores são as normas, princípios ou padrões sociais aceitos ou mantidos por indivíduo, classe, sociedade etc. Diante disso urge perguntar: Que valores você preza, aceita, mantém?

Condenamos a corrupção dos políticos, mas será que agimos corretamente em todas as coisas que fazemos?

Uma escola fez a seguinte frase:

CARÁTER: não se diz que tem, se mostra com atitudes.

Honre seus compromissos
Diga a verdade
Seja fiel
Preserve a vida
Seja ético
Seja bom
Pense positivo
Ajude
Respeite
Seja compassivo
Responsabilize-se
Seja solidário
Reconheça boas intenções
Perdoe
Agradeça
Cumpra sua obrigação
Desempenhe bem sua função
Deseje o bem.

Se cada um fizer a sua parte, faremos deste país uma grande nação, sem corrupção, poluição, devastação, violência e enganação. É preciso diminuir a distância entre o que se fala e o que se faz, de tal forma que nossa fala seja nossa ação. Assim se constrói a independência de uma nação.

Regina Coele Barroso Queiroz Santos,
de Sabinópolis  – butibarroso@yahoo.com.br

( publicado na Folha Diocesana, setembro de 2015)

TRÊS PROFETAS DOS NOSSOS TEMPOS

Celebramos no dia 27 de agosto o fim da trajetória terrena de três pessoas admiráveis que muito marcaram os meus caminhos e com certeza os caminhos de muita gente boa.

Dom Hélder Câmara nos deixou em 27 de agosto de 1999. Dom Luciano Mendes de Almeida encerrou a sua esplêndida presença entre nós, no mesmo dia e mês de 2006. Dom José Maria Pires foi em busca de sonhos e utopias em 27 de agosto de 2017.

Os três, mais do que amigos, foram irmãos e ajudaram a construir o momento luminoso da Igreja no Brasil em que bispos – e aqui cabe lembrar mais uma vez Pedro Casaldáliga, que era também irmão dos três – religiosas e religiosos, militantes leigas e leigos buscaram seguir a vida, o testemunho e os ensinamentos de Jesus. Tempos em que floresceram as Comunidades Eclesiais de Base, as Pastorais comprometidas com a vida, os grupos de Fé e Política, os movimentos ecumênicos.

Dom Hélder foi o precursor. Começou como bispo auxiliar junto às comunidades mais empobrecidas do Rio de Janeiro, e depois de forma mais visível e libertária nas periferias de Olinda e Recife. O trabalho junto aos pobres e excluídos, trabalhadores, jovens, desdobrou-se na voz que se ergueu contra os desmandos da ditadura pós-golpe de 1964; voz que cresceu e tocou corações e consciências além das fronteiras nacionais, quando a ditadura com o Ato Institucional nº 5 adentrou no trágico território dos crimes contra a humanidade, com as prisões arbitrárias, torturas, mortes, desaparecimentos.

Recordo com emoção, quando aos 16 anos em Bocaiuva recebi pelo reembolso postal e li com atenção própria dos discípulos “Revolução dentro da Paz”. Belíssimo livro com pronunciamentos de Dom Hélder. Pude muitos anos depois, como vereador em Belo Horizonte, entregar-lhe o título de Cidadão Honorário da nossa capital. Dom Hélder, já arcebispo emérito, disse-nos então que pretendia dedicar os seus últimos anos de vida à luta para erradicar a fome no Brasil.

Guardei os seus ensinamentos e o seu desejo, quando priorizamos na Prefeitura de Belo Horizonte a segurança alimentar e o nosso trabalho no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Dom José Maria Pires emergiu na minha vida e na vida de milhares de pessoas quando bispo de Araçuaí, no nosso Vale do Jequitinhonha, foi transferido para assumir a Arquidiocese de João Pessoa e tornou-se vizinho de Dom Hélder.

Os nossos primeiros encontros ocorreram nos anos 1970. Nunca me esqueci de que em uma conversa com militantes, Dom José ousou uma afirmação radicalmente evangélica. Disse que a Igreja do futuro não perguntaria às pessoas se elas acreditam em Deus e sim se elas são capazes de amar. O amor ao próximo e particularmente o amor aos pobres é o passo inicial para seguir Jesus. Militamos juntos no Movimento Nacional Justiça e Não Violência.

Tive a alegria de ver o meu filho o vereador Pedro Patrus conceder-lhe o título de Cidadão Honorário de BH em evento memorável na Câmara Municipal.

Dom Luciano foi um encontro mais recente. Ocorreu nos anos de 1980, quando assumiu a Arquidiocese de Mariana. Dom Luciano era bispo auxiliar de Dom Paulo Evaristo Arns em São Paulo. O nosso desejo e expectativa era que ele viesse a substituir o inesquecível Cardeal do Povo. Ocorre-me então uma conversa com Dazinho – este também sempre presente nos corações e lembranças dos que tiveram o privilégio de conhecê-lo. Falei com Dazinho deste meu sentimento e que a vinda de Dom Luciano para Minas frustrava as minhas expectativas. Dazinho, bem a seu feitio, disse-me que sentia e pensava de forma diferente: Muito bom que Dom Luciano venha para Minas, para aqui dar o seu testemunho e exercer o seu magistério profético.

Dazinho estava certo. Dom Luciano foi um sinal da presença de Jesus entre nós. Tivemos encontros, conversas, que me marcaram para sempre. Convidou-me para participar e dar o meu depoimento em eventos da arquidiocese. Tornou-se um consultor e conselheiro não remunerado do Ministério Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Dom Hélder, o Padre Hélder, o Dom da Paz, Dom José Maria, o Dom Zumbi, o bispo que assumiu a sua negritude, Dom Luciano o estadista da Igreja, que tão bem articulava o trabalho de base e suas atribuições na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, da qual foi secretário-geral e presidente, fiéis seguidores de Jesus, anunciam com suas vidas e ensinamentos o Brasil que nós queremos.

PATRUS ANANIAS
Deputado Federal

” O Dia em que a Terra parou” . Bela reflexão de Pe Dilton

Ano de 2020 cumpre-se a “profecia” de um dos maiores compositores do século XX, Raul Seixas que, no Ano de 1977, lança para o mundo musical a letra e música “ O Dia em que Terra Parou”(gravadora Warner Music Brasil – dezembro de 1977) que nos leva a uma reflexão tão triste neste século 21.

Neste momento em que o mundo vive os seus medos no enfrentamento a uma Pandemia que já ceifou inúmeras vidas, comecei a pensar na seriedade em que todos, sem distinção, devemos nos colocar como vigilantes uns dos outros e de nós mesmos, para que, em nossas famílias e entre os nossos amigos, não venhamos a sofrer com perdas irreparáveis como, infelizmente, já tem acontecido com tantos, mundo afora.

A Terra Parou”. Mas os nossos sonhos não. A terra parou, os nossos ideais não. A terra parou, a esperança não! Pois esta nos aponta para uma Luz que não se esgota, que nos faz levantar e retomar a nossa caminhada terrena.

Essa noite eu tive um sonho de sonhador

Foi mesmo um sonho? Uma visão? Um comunicado de um Ser superior que quis fazer uso desse gênio da música para despertar a humanidade para uma atenção maior à destruição do Planeta, da Casa Comum. Destruição que, naquele ano, já apontava um caminho sem volta frente à ganância, à arrogância, ao egoísmo, à exploração dos poderosos sobre os mais pobres? Foi mesmo um sonho ou um pesadelo da triste realidade que vive a humanidade com os mesmos medos, com buscas de respostas que a levam a vaguear sem saber aonde chegar?

Maluco que sou, eu sonhei

Maluco? Penso que não. Eu diria que um pensador capaz de revelar seus sonhos, de transformá-los em letra e música que levem crianças, jovens, adultos e anciãos a refletirem sobre a realidade de suas vidas.

Com o dia em que a Terra parou
Com o dia em que a Terra parou

Então chegou o dia, ou melhor: os dias, os meses, mas que não se complete um ano esta “profecia”: A TERRA REALMENTE PAROU. Que tão logo volte a se movimentar!

Foi assim
No dia em que todas as pessoas
Do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa

Assim se faz necessário. Decidiram que ninguém sairá de suas casas. Mas como? E o direito de ir e vir garantido pela Carta Magna desse País, a Constituição Federal? Se sou maior de idade, dono do “meu nariz”, responsável pelos meus atos, como não vou sair de casa? E quando se trata de grandes potências econômicas, bélicas, que têm os maiores e melhores cientistas, os maiores esquemas de seguranças do Planeta, como vão lidar com essa exigência do isolamento social? Como não sair de casa?

Como que se fosse combinado em todo o planeta

Não foi combinado em todo o planeta! Apareceu um novo coranavírus, que causa a doença COVID-19, que chegou pra dizer: “Vocês não me veem, não sabem quem eu sou, onde estou, mas sabem que, em contato comigo, já não terei o trabalho de contaminar outras cinco vítimas, dez… ou seja, vocês farão isso por mim se não ficarem em casa”.

Naquele dia, ninguém saiu de casa, ninguém

Há dias, meses que o confinamento ou isolamento social está sendo a melhor arma para enfrentarmos esse ser invisível que amedronta a toda a humanidade.

O empregado não saiu pro seu trabalho
Pois sabia que o patrão também não ‘tava lá’

De fato, o empregado não saiu pra trabalhar! Mas ele sabe que se sair e se contaminar, a sua chance de ter um tratamento digno é quase impossível, porque em muitas cidades nem Hospital tem e onde tem, pode lhe faltar o respirador mecânico e tantos outros procedimentos de saúde que podem salvar sua vida.. “O Patrão também não estava lá”…
Curiosamente eu, acompanhando os telejornais e outros meios de comunicação, vi que muitos patrões queriam que os seus empregados fossem trabalhar, mesmo ele, o patrão, não estando lá.” A ECONOMIA NÃO PODE PARAR…” A justificativa é plausível? o fato é que muitos desses empregados e patrões que saíram e não entenderam que a terra parou, pararam para sempre pois o “invisível” veio para igualar a todos.

Dona de casa não saiu pra comprar pão
Pois sabia que o padeiro também não ‘tava lá’

As necessidades básicas à sobrevivência não esperam! É preciso alimentação, remédios…Daí as padarias, super e hiper mercados, postos de combustíveis, farmácias e drogarias mantêm atendimento aos seus clientes. Muitas vezes não vai a dona de casa comprar o pão, pois, por ser de mais idade, é mais vulnerável à contaminação, deve ir, então, um filho ou aproveita a boa vontade de um vizinho e evita aglomeração. Requisitos básicos são necessários: higienizar bem as mãos com água e sabão e uso constante de álcool em gel; Máscaras são imprescindíveis, mesmo com possibilidade de repressão ao não uso pelas autoridades constituídas. Mas, e o padeiro? Ele está lá! Como disse “alguns estão se sacrificando para preservar a vida a outros.”

E o guarda não saiu para prender
Pois sabia que o ladrão, também não ‘tava lá’
E o ladrão não saiu para roubar
Pois sabia que não ia ter onde gastar

O guarda não sai para prender, mas sai como que numa força-tarefa para colaborar na orientação e na assistência aos agentes de saúde no sentido de ajudar a todos na prevenção da Covid-19 que, para alguns, não passa de uma “gripezinha”, mas que ceifa vidas e mais vidas a cada dia. O ladrão, às vezes, até sai, mas também ele, muitas vezes vítima de um sistema discriminador e marginalizador perambula por aí, pois “a terra parou” e ele não se deu conta de que o vírus não faz discriminação.

No dia em que a Terra parou, eh eh
No dia em que a Terra parou, oh oh oh
No dia em que a Terra parou, oh oh
No dia em que a Terra parou

Realmente parou e continua parada! O que faço com os meus bens? E as pessoas que mais amo…não posso nem visitar? O que farei, já que não posso aumentar o meu patrimônio? De forma positiva e muito curiosa foi a terra parar e despertar em nós o sentimento de solidariedade. Ajudamos com cestas básicas, com produtos de limpeza e com outras coisas básicas para a sobrevivência de uma família…

“A terra parou”. E já não é hora de ela se movimentar novamente? A vida das pessoas já está segura para que a terra se movimente ou é preciso esperar mais um pouco? Se a preocupação primeira for a VIDA que se espere mais um pouco.

E nas Igrejas nem um sino a badalar
Pois sabiam que os fiéis também não ‘tavam lá’
E os fiéis não saíram pra rezar
Pois sabiam que o padre também não ‘tava lá’

Sabe-se que os sinos sempre foram um convite à oração, como também servem de cronômetro para os moradores de uma cidade, indicam até aquele que irá presidir uma celebração Litúrgica (Missa).

Expressam com os seus sons alegrias e até momentos tristes. E porque a terra parou os fiéis não vão à Igreja para rezar. Mas aí é que surge a oportunidade de retomarmos as pequenas comunidades cristãs já desejadas no início do cristianismo, como nos relata o Livro dos Atos dos Apóstolos “onde ali se constituía a Igreja Doméstica”.

Os fiéis não saem para rezar pois também os padres estão impedidos de estarem lá. A terra parou para todos, em pleno século 21. Ainda bem que as tecnologias, através dos meios de comunicação social, sobretudo a internet, oportunizam aos padres chegarem a essas pequenas comunidades cristãs, Igrejas Domésticas, alimentam a fé e a espiritualidade do povo cristão.

E o aluno não saiu para estudar
Pois sabia o professor também não ‘tava lá’
E o professor não saiu pra lecionar
Pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar

O transporte parou, as instituições de ensino pararam… como expor centenas de milhares de alunos, professores, colaboradores da educação a um mal invisível e que ainda não se sabe como combatê-lo? No isolamento social, permanece o aluno, o professor…toda a comunidade escolar! Sempre há muito o que ensinar! E tanto conhecimento apenas aguarda e será histórico, porque quando a terra voltar a se movimentar trará a todos uma nova lição de vida. Esperamos, sobretudo, que o valor à vida seja a maior lição, o compromisso de todos os que sobreviverem a essa pandemia da Covid-19.

No dia em que a Terra parou, oh oh oh oh
No dia em que a Terra parou, oh oh oh
No dia em que a Terra parou
No dia em que a Terra parou
O como parou…

O comandante não saiu para o quartel
Pois sabia que o soldado também não ‘tava lá
E o soldado não saiu pra ir pra guerra
Pois sabia que o inimigo também não ‘tava lá
E o paciente não saiu pra se tratar
Pois sabia que o doutor também não ‘tava lá
E o doutor não saiu pra medicar
Pois sabia que não tinha mais doença pra curar

“A Terra parou!” Não tem comandante e nem comandado. A guerra é uma só: Lutar pela vida. Então nos descobrimos de fato como iguais. O “invisível” pegou o comandante, pegou o comandado, pegou o médico, pegou o paciente, pegou o padre, pegou o fiel, pegou o professor, pegou o aluno, pegou o rico e pegou o pobre, pegou o negro e pegou o branco…

Essa guerra é de todos! Mas “o que é o homem para dele vos lembrardes? (Salmo 8, 5). “A Terra parou”…, Raul Seixas, mas não vamos ficar aqui “…Com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar…” como você nos falou em sua canção “Ouro de Tolo”.

Vamos, sim, continuar lutando por um mundo mais igual, mais fraterno, menos desumano e sem mediocridade. Vamos lutar contra todo poder opressor e a favor da vida, pois somente com esse propósito é que a humanidade fará com que a terra volte a se movimentar dando às pessoas a oportunidade de serem melhores umas com as outras, de cuidarem do Planeta, da Casa Comum, enfim, de respeitarem a VIDA como dom de Deus. Se assim não o fosse o próprio Filho de Deus, Jesus Cristo, não teria dito: “Eu vim para que todos tenham VIDA e a tenham em abundância” (Jo 10,10).

No dia em que a Terra parou oh yeah
No dia em que a Terra parou, foi tudo
No dia em que a Terra parou, oh oh oh
No dia em que a Terra parou
Essa noite eu tive um sonho de sonhador
Maluco que sou, acordei
No dia em que a Terra parou, oh yeah
No dia em que a Terra parou, ohh
No dia em que a Terra parou, eu acordei
No dia em que a Terra parou, acordei
No dia em que a Terra parou, justamente
No dia em que a Terra parou (eu não sonhei acordado)
No dia em que a Terra parou
No dia em que a Terra parou
No dia em que a Terra parou, oh yeah
No dia em que a terra parou

PAROU. MAS VAI VOLTAR AO SEU MOVIMENTO!
EU CREIO!
É QUESTÃO DE TEMPO…
Pe. Dilton Maria Pinto
Administrador Paroquial – Santa Maria do Suaçuí /MG.
18/06/2020

Ufa! Foi por um vírus…

 

Rápido, forte e letal, é assim que o coronavírus (covid-19) tem se apresentado desde que encontrou morada e aconchego no ser humano frágil.

Sua intromissão fez com que os governantes tomassem medidas como, por exemplo, a quarentena para os infectados e o isolamento social. Medidas tão fortes que as ruas ficaram vazias, os trabalhos cotidianos foram adaptados, passando a funcionar em casa.  Os religiosos se reinventaram no mundo virtual, preservando assim, o contato do fiel com o divino e as famílias passam a se sentir e a se cuidar mais intensamente. Vale sonhar com “um lar onde os pais ainda se amam” como canta Padre Zezinho.

O coronavírus causou e está causando no ser humano, a começar da China, nos últimos meses e agora em outros países dentre eles, o Brasil, um grande alerta, digno de reflexão, de análise do hoje e de um olhar audacioso no futuro. Hoje, a ciência tenta dialogar com o vírus, mas ele segue indiferente aos recursos existentes.  Nesse sentido, vale considerar que a partir disso o ser humano percebe o quão delicada e breve é sua vida. Ele não é um ser isolado que se basta, mas faz parte de um todo, de um grande corpo cujos membros são muitos. Mais vale agora acatar as orientações da Organização Mundial da Saúde, pois o tempo está passando e vidas sendo ceifadas. Mais vale agora a compreensão, o cuidado e a oração, pois nesta casa comum, como lembra o Papa Francisco, somos todos irmãos.

Como lição, o Mundo se recorde que todas as nações formam uma só família e que se alguma delas se exclui de estender-se à outra, estará contribuindo com a dizimação de boa parte dos membros dessa mesma família. Oxalá poder exclamar amanhã: Ufa! foi por um vírus. Sim! Por causa dele as ruas tomaram nova forma e os trabalhos se modificaram. As religiões se redescobriram e as famílias puderam se amar ainda mais. Vale o questionamento, após a pandemia, como refletir a humanidade?

Que o ser humano aprenda com este momento de confronto mundial em que a solidariedade e a união batem à porta e pedem hospedagem para que num isolamento voluntário, todos juntos, contenhamos o avanço do coronavírus, preservando também as equipes de saúde. Do contrário, será uma inesquecível tragédia.

Filipe Ferreira Coelho

23 de março de 2020.

25 anos sem Dom Felippe

Imagem de São João Paulo II e Dom Felippe, extraída da Wikipedia (enciclopédia livre).

25 ANOS SEM DOM FELIPPE

Há vinte e cinco anos “por aqui passou um homem de Deus”. Sim , com imensa saudade lembro aqui de nosso saudoso primeiro bispo, Dom Antônio Felippe da Cunha, que faleceu no dia 5 de março de 1995. Um pastor zeloso que se preocupava com a evangelização e a missão. Tinha uma grande dedicação aos trabalhos pastorais; os grupos de reflexão eram a “ menina dos olhos dele”.

Sofreu bastante, pois era um ser humano, um bispo que tinha uma visão das coisas, do mundo, muito além de sua época. Não me esqueço dele nos bairros de Guanhães, fazendo missões, reunindo a comunidade; tive a oportunidade de participar de quando ele fez no Pito, celebrava debaixo da casa da tia Maria Nunes.

Fazia questão de marcar presença nos encontros diocesanos, sempre que possível, com muita alegria. Muito cavalheiro; era sempre dos últimos da fila para o almoço.

Se hoje, vivo ele fosse ainda, estaria vibrando com nosso papa Francisco. O jeito de ser e de agir do Francisco me lembra muito dom Felippe, quem o conheceu sabe muito bem do que estou falando.

Hoje, junto do Pai, continua amando nossa diocese e intercedendo por ela…Tanto é que coincidência ou providência, na mesma semana que ficamos sabendo que teríamos os restos mortais dele aqui, para fazermos um memorial, foi anunciado que teríamos novo bispo – Dom Otacílio-, que 25 anos depois, com seu jeito próprio, vem nos cativando e nos lembrando muito o jeito de dom Felippe.

Deus seja louvado! Obrigada, Senhor, por ter nos dado a chance de tê-lo conhecido e com ele convivido.

Edelveis Cássia de Alvarenga Pereira

O Tempo Quaresmal

Imagem extraída do Google.

Estamos vivenciando um tempo litúrgico muito importante na igreja, o tempo da Quaresma. O mesmo iniciou-se com a Quarta-feira de Cinzas e se estenderá até a Quinta-feira Santa exclusivamente; e é comumente conhecido como o período de 40 dias que precede – e nos prepara para a celebração central de nossa fé – a Páscoa. É um tempo com características próprias, sobretudo na liturgia, que nos convida ao recolhimento pessoal e comunitário, e na escuta da Palavra, que nos remete fortemente à conversão e reconciliação com Deus e com os irmãos. É um tempo de graça cujo convite é uma profunda preparação do coração e proximidade a Deus que nos chama à santidade, com ênfase na proposta clássica que a vida eclesial nos sugere: a oração, o jejum e a esmola.

Com origem na antiguidade, a palavra “quaresma” no latim era apenas um simples adjetivo. E se encontrava no início de uma marcante frase: “Quadragésima die Christus pro nobistradétur”, que se traduz: “Daqui a 40 dias, no quadragésimo dia, Cristo será entregue por nós”, para a nossa salvação. E a partir da frase em questão, o adjetivo passou a denominar um período do ano litúrgico. E nesse teor, por volta do ano 350 d.C., a Igreja decidiu aumentar o tempo de preparação para a Páscoa, que era apenas de três dias, e hoje esse período permaneceu como o Tríduo Sagrado da Semana Santa: Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa (Paixão) e Sábado Santo. A preparação para a Páscoa passou, então, a ter 40 dias. Isso aconteceu porque os cristãos perceberam que três dias eram insuficientes para que se pudesse preparar adequadamente tão importante evento. De modo geral, podemos compreender que a Quaresma é a simples abreviação de quadragésima e, portanto, a palavra utilizada para designar esse período de 40 dias no qual nós, católicos, realizamos a preparação para a Páscoa, a mais importante festa do calendário litúrgico cristão, que tem como auge a Ressurreição de Jesus, centralidade da nossa fé.

O número 40 é bastante significativo dentro das Sagradas Escrituras. O dilúvio teve a duração de 40 dias e 40 noites e foi a preparação para uma nova humanidade, purificada pelas águas. Por 40 anos, o povo hebreu caminhou pelo deserto rumo à terra prometida, atravessando o Mar Vermelho. Antes do perdão de Deus, os ninivitas fizeram penitência por 40 dias. Elias caminhou 40 dias e 40 noites para chegar à montanha de Deus. Jesus jejuou durante 40 dias e 40 noites. Os povos antigos atribuíam ao número 40 diversos significados. E para nós, hoje, a intensa preparação para a Páscoa. É um dos quatro tempos do ano litúrgico e para a igreja é refletido com intensidade em cada um dos detalhes de cada momento celebrativo. Quanto mais sentido e vivência dermos ao tempo, mais frutuosamente poderemos experimentar toda a riqueza espiritual por ele oferecido. É tempo de vivermos as renúncias interiores e exteriores. Nesse contexto exterior, entendemos a renúncia para mim em prol do outro, no aspecto social; a partilha, a caridade etc. Até porque a penitência quaresmal deve ser também externa e sócia. É tempo de reeducarmos em vários aspectos de nossa vida; a pedagogia da Quaresma, escolhida pela liturgia própria do tempo, serve para nos educar na fé e na resposta à nossa caminhada cristã diante de Deus e dos irmãos.

É tempo de vivência do grande êxodo (penitência). E isso percebemos claramente nas características presentes na liturgia da Palavra e na oração; algo que nos convida a viver algumas práticas próprias desse rico tempo: retiros espirituais, via sacra, confissão, adoração ao Santíssimo, celebrações penitenciais, meditação do Rosário, leitura orante e piedosa da Bíblia, e guardando os dias de jejum e abstinência: (Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa)

Amados, é o tempo favorável da conversão. Conversão com (Eu), com o irmão (Próximo) e com (Deus). Vivamos intensamente a quaresma, no amor caridoso que nos move e nos purifica, para assim, celebrarmos com grande júbilo, a Páscoa do Senhor.

Michel Hoguinele

Fontes:

– Diretório da Liturgia/2020 – CNBB e Instrução Geral do Missal Romano- (IGMR, nº 308 f)

– DIGITAL, ACI. 2015. Disponível em: <https://www.acidigital.com/fiestas/quaresma/quaresma.htm>. Acesso em: 15 fev. 2020.

Missal – Cotidiano e Dominical – Ed Paulus, 1995.

Os Vicentinos em nossa paróquia

Logotipo oficial da Sociedade de São Vicente de Paulo (Vicentinos)

Apresentamos nesta página o trabalho de um Movimento de nossa paróquia, que vive com palavras e ações, principalmente o Pilar da Caridade: Os Vicentinos.

A sociedade e os Vicentinos

A Sociedade são Vicente de Paulo, ou seja, os vicentinos atuam em nossa cidade há mais de cem anos. São grupos obrigatoriamente católicos, de origem francesa, nascida com a especial finalidade de assistir aos pobres. Todo vicentino participa das reuniões semanais com atas de cada reunião onde são relatados os trabalhos feitos na semana e marcados novos trabalhos. São pessoas de vida simples quase anônimas na Igreja, pois fazem um trabalho sigiloso e sem ambição de reconhecimento.O ponto alto do trabalho vicentino é a visita ao necessitado ou assistido como é conhecido. São pessoas idosas, doentes e carentes. Após visita, são levantadas possibilidades de ajuda com remédios e/ou alimentos. Não podem declarar apoio a partidos políticos, sendo a SSVP (Sociedade São Vicente de Paulo) regida por regras e organizada por hierarquias que visam a santificação através de seus mestres e senhores, os pobres.É também da responsabilidade dos vicentinos a manutenção das obras unidas a SSVP, que são: creches, hospitais, lar dos idosos (asilos). Temos em nossa cidade o Lar São Vicente de Paulo que é a moradia de pessoas desamparadas que recebem o carinho e dignidade no seu dia a dia. A coordenação das obras unidas funciona com estatutos e regimentos internos aprovados e registrados em cartório. Cumprem obrigatoriamente toda a legislação brasileira e estatuto do idoso, além das regras de procedimento da SSVP. São nove grupos na cidade, além de 2 em Correntinho, 1 em Virginópolis e 2 em Dores de Guanhães. Cada um com seu dia de reunião e o nome de um santo patrono para distinguir uma das outras.É um trabalho desafiador, diante das grandes necessidades que nem sempre são materiais, às vezes espirituais. Temos a certeza de estar cumprindo o Evangelho das bem aventuranças. Estive com fome e me destes de comer, com sede e me destes de beber, doente e fostes me visitar. A messe é grande e os trabalhadores poucos.Estamos de portas abertas para sua visita, venha nos conhecer e partilhar seu tempo, sua alegria e orações com os necessitados. São Vicente de Paulo, a virgem Maria, padroeira da SSVP no Brasil e o beato Antônio Frederico Ozanan nos abençoem e protejam.

Procure-nos!, Nos escritórios paroquiais das paróquias se encontram nossos contatos.

Joélcio Santos de Souza

Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023

Esquema explicativo da Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023. (CNBB)

DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA NO BRASIL 2019-2023 – (DGAEs) DOCUMENTO 109 – 57ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil.

EVANGELIZAR no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude”. Este é o objetivo geral destas Diretrizes do quadriênio 2019-2023. Na introdução , o Documento diz: Jesus Cristo – o missionário do Pai – veio anunciar a Nova do Reino: “Reino da verdade e da vida, Reino da Santidade e da graça, Reino da justiça, do amor e da paz”. (Prefácio da Solenidade de Cristo Rei). Consiste na nossa missão: “Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16,15). Diretrizes: uma das expressões mais significativas de colegialidade e missionariedade da Igreja no Brasil. A comunidade eclesial autêntica é necessariamente missionária e gera novas comunidades. É preciso colocar a missão de Jesus no coração da Igreja. Quatro Pilares contemplam as urgências das Diretrizes anteriores:

– Palavra: Iniciação à vida cristã e animação bíblica;

– Pão: Liturgia e Espiritualidade;

– Caridade: serviço à vida plena;

– Ação Missionária: estado permanente de missão.

O Jornal Partilhando , amigo leitor, em cada edição , trará informações , pistas de ações e também ações concretas já executadas na paróquia São Miguel e Almas . Nesta edição, será contemplado o Pilar da Caridade. Sobre o Pilar da Caridade , o Documento apresenta:

Pilar da Caridade: serviço à vida plena

Eram perseverantes (…) na comunhão fraterna” (At 2,42).

Na fé cristã, a espiritualidade centra-se na capacidade de amar a Deus e ao próximo.

Uma “Igreja pobre para os pobres”: superar ambições, consumismo e insensibilidade diante do sofrimento (como nos lembra o Papa Francisco).

Comunidade cristã deve promover a cultura da vida: enfrentar a questão da violência em suas diversas faces; falta de moradia digna; as condições que levam e mantêm populações em situação de rua e encarcerada; a complexa realidade das migrações humanas; o abandono e a exploração das crianças e dos idosos; a falta de perspectiva para juventude e a crise familiar; o complexo mundo do trabalho, da educação, da saúde, do transporte; as provocações do ambiente acadêmico universitário, da ciência e da tecnologia; as problemáticas que envolvem os meios de comunicação social e as novas mídias e as questões sobre a ecologia integral (DGAE n.109.111).

Contemplar o Cristo sofredor na pessoa dos pobres é compromisso com todos os que sofrem: pessoas com crise de sentido, depressão, pânico, transtornos de personalidade e até o suicídio (DGAE n. 110).

Superação da xenofobia e tráfico humano (DGAE n.112).

Preocupação com povos indígenas, quilombolas e pescadores, nômades (DGAE n.113).

Podem-se ler no Documento alguns encaminhamentos práticos:

Pilar da Caridade: a serviço da vida

– Fundamentação na Palavra de Deus e na Doutrina Social da Igreja;

– defesa da vida desde a fecundação até o seu fim natural;

– promover a solidariedade com os sofredores nas cidades (Bom Samaritano);

– priorizar as ações com as famílias e com os jovens;

– aguçar a atenção às inúmeras e novas formas de sofrimento e exclusão, nem sempre acolhidas pela ação caritativa e sociotransformadora até então desenvolvida;

– ousar ainda mais e transformar o acolhimento e a fraternidade da vida de comunidade, em apoio à resiliência e encontro de novos rumos para a vida;

– integrar o contato com a Palavra de Deus levando à solidariedade com os que sofrem, nos quais encontramos a presença do Senhor;

– desenvolver grupos de apoio às vítimas da violência (de todas as formas);

– encorajar o laicato a continuar o empenho apostólico inspirado na DSI, na transformação da realidade, com engajamento consciente em todas as realidades temporais: política partidária, pastorais sociais, mundo da educação, conselhos de direitos, elaboração e acompanhamento de políticas públicas, o cuidado da natureza e todo o planeta (nossa Casa Comum);

– continuar apoiando a organização do conselho do laicato nos níveis nacional, regional e local;

– contribuir para o resgate do espaço público da cidade como ágora e foro: lugar do encontro, convivência, deliberação e inclusão dos “não citadino” ou “resíduos urbanos”, garantindo para todos o direito de ser cidade;

– cuidado com a Casa Comum – implantar a Pastoral da Ecologia – novo modo de estar e viver no mundo;

– apoiar e incentivar as pastorais da mobilidade humana;

– assumir a promoção da paz como prioridade;

– ser voz dos que clamam por vida digna (Terra, Trabalho e Teto);

– firmar e fortalecer as iniciativas de diálogo ecumênico e inter-religioso, a partir da identidade cristã, para a defesa dos direitos humanos e promoção da cultura da paz.

Para enriquecer um pouco mais sobre “ a caridade”, Dom Otacilio nos fala sobre “A verdadeira caridade”

Para aprofundarmos sobre a prática da caridade, sejamos enriquecidos pelo Tratado escrito pelo Papa e Doutor da Igreja São Gregório Magno (séc. VI):

A Lei de Deus, da qual se fala neste lugar, deve entender-se que é a caridade, pela qual podemos sempre ler em nosso interior quais são os preceitos de vida que temos que praticar.

A respeito desta Lei, diz Aquele que é a própria verdade: Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros. A respeito dela diz São Paulo: Amar é cumprir toda a Lei. E também: Ajudai-vos uns aos outros a carregar os vossos fardos, e deste modo cumprireis a Lei de Cristo.

O que melhor define a Lei de Cristo é a caridade, e esta caridade a praticamos de verdade quando toleramos por amor as cargas dos irmãos.

Porém, esta Lei abrange muitos aspectos, porque a caridade zelosa e solícita inclui os atos de todas as virtudes. O que começa somente por dois preceitos se estende a inumeráveis facetas.

Esta multiplicidade de aspectos da Lei é enumerada adequadamente por Paulo, quando diz: O amor é paciente, afável; não tem inveja; não é presunçoso nem é vaidoso; não é ambicioso nem egoísta; não se irrita, não guarda rancor; não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.

O amor é paciente, porque tolera com serenidade os males que lhe são infligidos. É afável, porque devolve generosamente o bem pelo mal. Não tem inveja, porque, ao não desejar nada deste mundo, ignora o que é a inveja pelos êxitos terrenos. Não é presunçoso, porque deseja ansiosamente o prêmio da retribuição espiritual, e por isto não se vangloria dos bens exteriores. Nem é vaidoso, porque tem por único objetivo o amor de Deus e do próximo, e por isto ignora tudo o que se afasta do reto caminho. Não é ambicioso, porque, dedicado com ardor ao seu proveito interior, não sente desejo algum das coisas alheias e exteriores. Nem é egoísta, porque considera como alheias todas as coisas que possui aqui de modo transitório, já que só reconhece como próprio aquilo que perdurará juntamente com ele. Não se irrita, porque, ainda que sofra injúrias, não se deixa levar por desejos de vingança, pois espera um prêmio muito superior aos seus sofrimentos. Não guarda rancor, porque sua alma está livre de toda maquinação doentia. Não se alegra com a injustiça, porque, desejoso unicamente do amor para com todos, não se alegra nem da ruína de seus próprios adversários. Alegra-se com a verdade, porque, amando aos outros como a si mesmo, ao observar nos outros a retidão, alegra-se como se fosse de seu próprio progresso. Vemos, portanto, como esta Lei de Deus abrange muitos aspectos.” (1)

O Tratado do Papa São Gregório em muito nos ajuda à compreensão do Mandamento dos inseparáveis amores, o amor a Deus e ao próximo.

Ainda mais, nos ajuda à compreensão do que consiste a verdadeira caridade, que o Apóstolo Paulo tão bem expressou em sua Carta (1 Cor 13).

No seguimento de Jesus Cristo, como discípulos missionários d’Ele, somos eternos aprendizes destes Mandamentos, para que cresçamos na prática esforçada da caridade, e assim seremos atuantes na fé e firmes na esperança, nas mais diversas realidades e âmbitos da existência.

  1. Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – p.238-239

Dom Otacilio Ferreira de Lacerda

Bispo Diocesano de Guanhães/MG

 

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