A Palavra do Bispo
Mensagens e publicações do bispo diocesano, Dom Otacilio Ferreira de Lacerda.
Mensagens e publicações do bispo diocesano, Dom Otacilio Ferreira de Lacerda.

“Não tenhais medo daqueles que matam o corpo,
mas não podem matar a alma!”
A Liturgia do 12º Domingo do Tempo Comum (ano A) nos convida a refletir sobre a solicitude e o Amor de Deus para com aqueles que Ele chama e envia em missão, uma vez que a perseguição está sempre presente no horizonte dos discípulos de Jesus.
A passagem da primeira Leitura (Jr 20, 10-13) nos mostra que Jeremias, como tantos outros Profetas, sofreu o abandono dos amigos, o sofrimento, a solidão e a perseguição, por isto é um paradigma do Profeta sofredor, que merece ser lembrado para nos inspirar e fortalecer na caminhada de fé e no testemunho da vocação profética.
O Profeta Jeremias faz forte apelo à conversão e a fidelidade a Javé e à Aliança, num período, da história do Povo de Deus, marcado por desgraças, infidelidade e injustiça social.
Por sua veemência e fidelidade, Jeremias é chamado de o “amargo Profeta da desgraça” e é acusado de traidor. Sua missão tem um alto preço pago: o abandono e a solidão. Ele é tratado como objeto de desprezo e de irrisão e tido como um maldito, porque não é aceita e compreendida sua mensagem em nome de Javé.
Encontramos no Livro desabafos seus, expressando desilusão, amargura, queixas, confissões e frustração, mas mantém-se fiel, porque estava verdadeiramente apaixonado pela Palavra de Deus.
Apesar do abandono experimentado, até dos amigos mais íntimos, eleva hino de louvor, que expressa confiança em Deus, para além de todo sofrimento e perseguição.
Bem sabemos que o caminho do Profeta é marcado pelo risco da incompreensão e da solidão, e precisamos de coragem para trilhar este caminho, com a certeza e confiança de que Deus jamais nos abandona.
Na passagem da segunda Leitura (Rm 5,12-15), o Apóstolo fala da vida, que se coloca sempre diante de uma decisão: ou viver no egoísmo e autossuficiência que gera a morte; ou pôr-se decidida e corajosamente numa caminhada de fidelidade ao Projeto de Deus que gera vida nova. É preciso centralizar nossa fé em Cristo, e em Sua Palavra, enraizando a nossa vida.
Como discípulos missionários, cremos que a Salvação vem pela fé em Jesus Cristo e se destina a todos, indistintamente. Somente a fidelidade a Jesus é garantia de vida nova e vida plena, fazendo da nossa vida um dom, uma doação feita por amor à causa do Reino de Deus.
Na passagem do Evangelho (Mt 10,26-33), o tema da inevitabilidade da perseguição na vida dos discípulos é explícito, assim como vimos na primeira Leitura.
O Evangelista exorta à superação do desânimo e frustração decorrentes das perseguições.
Apresenta como que um “manual do missionário cristão”, que consiste no “discurso da missão” – “Para mostrar que a atividade missionária é um imperativo da vida cristã. Mateus apresenta a missão dos discípulos como a continuação da obra libertadora de Jesus.
Define também os conteúdos do anúncio e as atitudes fundamentais que os missionários devem assumir, enquanto testemunhas do Reino” (1)
Três vezes aparece a expressão “Não temais”, assegurando a presença, ajuda e proteção divina para superação do medo que impeça a proclamação da Boa Nova; o medo da morte física; e neste medo se pode experimentar a solicitude de Deus, um cuidado que desconhece limites.
A mensagem é que a vida em plenitude é para quem enfrentar o medo, na fidelidade, até o fim. O medo não pode nos deixar acomodados.
A ternura, a bondade e a solicitude divina são imprescindíveis, pois fortalecem na missão. É preciso se entregar confiadamente nas mãos de Deus:
“Jesus encoraja os Seus discípulos a alargar o horizonte da vida e a avaliar os riscos vividos por Sua causa, no contexto mais amplo da vida com Deus, da vida eterna.
O cristão é chamado a viver na confiança de que o Pai não o abandona nas mãos dos perseguidores (v.28), que a sua vida, a sua salvação custou o Sangue do Filho e tem por isso, aos Seus olhos, um valor imenso (vv. 29-31).
A fidelidade e a confiança no Senhor serão recompensadas por aquele ‘reconhecimento’ que já se manifestou na Ressurreição de Cristo” (2).
No testemunho da fé, é possível a perseguição, portanto é necessária a confiança.
Anunciar e testemunhar a Boa Nova é não deixar que o medo nos paralise, pois o medo nos impede de ser autênticos discípulos missionários:
“O cristão não é chamado a procurar o martírio como prova da sua fé, mas a viver constantemente a vida com os olhos fixos no Alto, isto é, a alargar aquele horizonte que hoje, mais do que nunca, tende a fechar-se no círculo dos benefícios desfrutáveis, aqui e agora.” (3)
Também nós precisamos ouvir a todo instante – “Não tenhais medo”. É preciso que a Palavra de Jesus ressoe em nossos ouvidos e fique entranhada no mais profundo de nosso coração:
“Impressiona a história de tantos mártires cristãos, antigos e atuais, que escolheram o caminho da coerência e da fidelidade ao Senhor a custo da própria vida.
É com eles que nos encontramos na Comunhão dos Santos, vivida, sobretudo, na Celebração Eucarística; uma companhia que a comunidade dos crentes gosta de ter ao seu redor, mesmo com as pinturas, os afrescos, os mosaicos que adornam as nossas Igrejas (hoje reduzidas muitas vezes a belas obras que se admiram em igrejas-museu) expressões artísticas surgidas para tornar humanamente visível o que vivemos na fé.” (4)
Antes de concluirmos com a expressiva Oração do Dia, da Missa, que muito bem expressa a realidade humana, marcada pela fragilidade, portanto, necessitada da força e intervenção divina, é preciso que como cristãos levantemos o olhar para a vida a que Cristo nos chama, ou seja, “viver a força de contestação profética que viveu Jeremias, que Jesus levou perante as autoridades judaicas e romanos e conduziu os Apóstolos ao martírio.
É na relação íntima e comunitária que vivemos com Deus, no desejo de sermos reconhecidos por Ele que se reforça a adesão a Cristo e ao seu Evangelho, com a esperança libertadora de vivermos confiando no Pai.” (5)
Oremos:
“Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de Vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que firmais no Vosso amor. Por N. S. J. C. Amém.”
(2) (3) (4) Lecionário Comentado p. 560.
(5) Idem p. 561.
Retomo esta reflexão que fiz, por ocasião do encerramento do Ano Sacerdotal (2009-2010), por sua pertinência, para que tenhamos Presbíteros conforme o Coração de Jesus.
O Lema que o motivou ressoará para sempre no coração de cada Sacerdote e no coração de todo o Povo de Deus: “Fidelidade de Cristo, fidelidade do Sacerdote”, bem como a célebre frase do Padroeiro de todos os Padres: “O Sacerdote é o amor do Coração de Jesus” – São João Maria Vianney.
É preciso tornar o coração do Presbítero semelhante aos mais Belos Corações: O Imaculado Coração de Maria e o Dulcíssimo Sagrado Coração de Jesus, e assim o lema e a frase acima encontrem conteúdo e iluminem o seu caminhar.
A exemplo de Maria deve ter:
– um coração pleno de ternura, para ser sinal d’Aquele que é Fonte de toda ternura;
– um coração radiante porque se nutre Daquele que é a Fonte dos bens mais necessários;
– um coração alegre, porque servidor Daquele que é Fonte da plena alegria;
– um coração pleno de esperança, porque a reacende na Fonte da preciosa e eterna chama que jamais se apaga;
– um coração transparente, para revelar ao mundo a Face Divina, em perfeita configuração ao Cristo, em envolvente relação de apaixonamento;
– um coração singelo e meigo, para acolher no coração a Semente do Verbo, em que flores e frutos do Reino abundantemente se multiplicam;
– um coração que perdoa, porque servo do perdão que vem Daquele que da humanidade é Fonte de redenção;
– um coração com marcas da solidariedade, porque aprendiz e servidor da Solidariedade Divina, que não consentiu que ficasse para sempre decaída a humanidade pelo pecado;
– um coração pleno de virtudes, porque enriquecido por Aquele do qual procede todos os carismas, virtudes em infinidade;
– um coração plenamente livre, porque ama, testemunha o Evangelho Daquele que é a Verdade que nos Liberta;
– um coração iluminado, pleno de luz, porque é sinal d’Aquele que das nações é a Eterna Luz;
– um coração cristalino, porque sacia sua sede Naquele que é Fonte de toda Água cristalina!
– um coração inebriante, porque se nutre do mais puro Pão, do Sangue d’Aquele que na Cruz, abundantemente derramou. Sangue inebriante, que nos redime e inebria, presente na Eucaristia!
Deste modo será apaixonado pela vida, porque servidor d’Aquele que dela é Fonte, e por isto amante e defensor da sacralidade da vida, portadora da imaculada e inviolável dignidade.
Deste modo, viverá o Puro Amor, amando a humanidade como Aquele que a humanidade, até o fim amou, com um coração indiviso à vontade Divina, para servir e consagrar Aquele que foi Todo fidelidade a Deus! São estes, entre outros, os compromissos que devem estar enraizados em seu coração, ocupando as entranhas de sua alma…
É imperativo que o sacerdote tenha um coração semelhante ao Imaculado Coração de Maria, porque somente assim ele será o amor do Coração do Filho, o amor do Coração de Jesus! Somente assim poderá, revigorado a cada dia em seu Ministério, ser da massa o fermento, da terra o sal, do mundo um raio de luz!
Dom Otacilio F. de Lacerda.
Sejamos enriquecidos pela carta de São Policarpo de Esmirna (séc. II), sobre a Carta aos Filipenses, em que nos apresenta Jesus Cristo que nos deixou um exemplo em Sua própria Pessoa.
“Que os presbíteros tenham entranhas de misericórdia e se mostrem compassivos para com todos, tratando de trazer ao bom caminho aqueles que se extraviaram; que visitem aos enfermos e não descuidem das viúvas, dos órfãos e dos pobres, antes, que procurem o bem diante de Deus e diante dos homens; abstendo-se de toda ira, de toda acepção de pessoas, de todo juízo injusto; que vivam afastados do amor ao dinheiro e não se precipitem crendo facilmente que os outros tenham agido mal, que não sejam severos em seus juízos, tendo presente a nossa natural inclinação ao pecado.
Portanto, se pedimos ao Senhor que perdoe nossas ofensas, também nós devemos perdoar aos que nos ofendem, já que estamos sob o olhar de nosso Deus e Senhor, e todos compareceremos diante do tribunal de Deus, e cada um prestará contas a Deus de si mesmo.
O sirvamos, portanto, com temor e com grande respeito, conforme nos ordenaram tanto o próprio Senhor como os Apóstolos que nos pregaram o Evangelho, e os profetas, aqueles que antecipadamente nos anunciaram a vinda de nosso Senhor.
Busquemos o bem com dedicação, evitemos os escândalos, afastemo-nos dos falsos irmãos e daqueles que levam o nome do Senhor de forma hipócrita e arrastam ao erro os insensatos.
Todo aquele que não reconhece que Jesus Cristo veio na carne é do anticristo, e aquele que não confessa o testemunho da Cruz procede do diabo, e o que interpreta falsamente as sentenças do Senhor segundo suas próprias concupiscências, e afirma a inexistência da ressurreição e do juízo, esse tal é o primogênito de Satanás.
Por conseguinte, abandonemos os vãos discursos e falsas doutrinas que muitos sustentam e voltemos aos ensinamentos que nos foram transmitidos desde o princípio; sejamos sóbrios para entregar-nos à oração, perseveremos constantemente nos jejuns e supliquemos com rogos ao Deus que tudo vê, a fim de que não nos deixe cair em tentação, porque, como disse o Senhor, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.
Mantenhamo-nos, pois, firmes em nossa esperança e a Jesus Cristo, recompensa de nossa justiça; Ele, carregando nossos pecados, subiu ao lenho, e não cometeu pecado nem encontraram engano em Sua boca, e por nós, para que vivamos n’Ele, tudo suportou.
Sejamos imitadores de Sua paciência e, se por causa de Seu nome temos de sofrer, O glorifiquemos; já que este foi o exemplo que nos deixou em Sua própria Pessoa, e isto é o que nós cremos.” (1)
Na fidelidade a Jesus Cristo, como discípulos missionários, sigamos Seus passos.
Elevemos a Deus orações, para que todos os presbíteros “tenham entranhas de misericórdia e se mostrem compassivos para com todos…”
Assim, também, toda a comunidade mantenha firme a esperança no Senhor, imitadora da paciência do Senhor, e se acaso vier o sofrimento, que seja motivo para glorificá-Lo com fé, em expressão viva de caridade. Amém.
Dom Otacilio F. de Lacerda.
(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pp.158-159

Na passagem da primeira Leitura do Livro de Oseias (Os 6,3-6), refletimos sobre o ministério profético de Oseias numa época bastante conturbada (Reino do Norte – Israel), em termos políticos e marcado por violência, insegurança e derramamento de sangue; em termos religiosos por uma grande confusão.
O profeta exorta para que o povo reconheça a infidelidade cometida, vivida na idolatria, e redescubra o amor do Senhor, expresso em gestos concretos de amor, ternura, bondade e misericórdia (“hesed”) em favor dos irmãos e irmãs.
Reflitamos:
– Qual é a sinceridade, fidelidade e profundidade de adesão ao Projeto que Deus tem para nós?
– Qual o desejo e sinais que expressam atitudes de conversão ao amor de Deus?
– Como vivemos este amor a Deus no amor ao próximo?
Na passagem da segunda Leitura (Rm 4,18-25), dirigindo-se aos cristãos que vêm do judaísmo (preocupados com o estrito cumprimento da Lei de Moisés, bem como os que vêm do paganismo), o Apóstolo Paulo reflete sobre o essencial: a fé.
Com a passagem do Evangelho (Mt 9,9-13), vemos quão misericordioso é o nosso Deus. Jesus nos chama para segui-Lo, pecadores que somos.
De fato, Mateus aceitou o convite sem discussão, e o seguiu de forma incondicional, e esta adesão ao chamamento se chama “Fé”.
Nisto consiste o caminho do discípulo missionário do Senhor: encontrá-Lo, escutá-Lo, aceitá-Lo e segui-Lo, acolhido e transformado por Sua Misericórdia.
Assim Se expressa o Senhor:
– “Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’. De fato, Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores” (Mt 9,13).
Vejamos o que nos diz o Comentário do Missal quotidiano:
“Deus foi sempre o grande incompreendido por parte dos homens. Incompreendido em Seu agir, em Suas intervenções, incompreendido em Seu silêncio, incompreendido em Suas exigências e em Sua lei.
Mas a incompreensão maior e mais estranha refere-se à Sua misericórdia. É a incompreensão de quem não crê na misericórdia de Deus, de quem tem medo d’Ele, de quem treme ao pensar em comparecer à Sua presença, e foge do mal unicamente para evitar os Seus castigos…”.
Quem souber viver a misericórdia para com o próximo, na sincera e frutuosa prática da acolhida, do perdão, superação, compreenderá o Coração de Deus.
Deste modo, saboreará a mais bela e pura alegria, que nasce do perdão dado e recebido.
Como discípulos missionários do Senhor, não podemos permitir que o ódio, o rancor, o ressentimento fossilizem ou criem raízes nas entranhas mais profundas do coração.
Jamais permitir que a obscuridade ao outro deva ser para sempre imposta pelo seu erro, tropeço, falha.
Urge compreender, na exata medida, o erro cometido, sem nada acrescentar, e ter também a maturidade de se colocar no lugar do outro, porque todos somos passíveis de erros.
Isto é possível quando nosso coração de pedra se transforma em um coração de carne, terno e manso, para que nele Deus possa frutuosa e ricamente fazer Sua morada.
Tão somente assim, tendo os mesmos sentimentos do Senhor Jesus (Fl 2,5), teremos a possibilidade de novas ações, formando e gerando Cristo em nós e no outro, sempre impelidos pelo Amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5,5).
Nisto consiste a edificação de uma Igreja Sinodal: caminharmos todos juntos, vivendo e comunicando a misericórdia, em permanente atitude missionária, sobretudo nas periferias existenciais, como nos fala o Papa Francisco.
Reflitamos:
– Qual a consistência do nosso amor por Jesus, como Seus discípulos missionários?
– Como Igreja Sinodal, como testemunhar a Misericórdia Divina que se destina a todos os povos?
Oremos:
Quem poderá compreender o Vosso coração, Senhor?
Ó incompreendido amor de Deus, que questiona o amor humano, tão pequeno, quantificável, porque limitado, medido, calculado, com parcimônia por vezes comunicado.
Ó incompreendido amor de Deus, que o nosso assim também o seja.
Ensinai-nos, que o amor não é para ser compreendido, amor é para amar, simplesmente; sem teorias, explicações, racionalizações.
Ajudai-nos a viver o Amor de Cruz, que ama, acolhe, perdoa, renova, faz renascer e rompe a barreira do aparentemente impossível.
O amor vivido no extremo da Cruz, que foi, é e será para sempre o verdadeiro amor.
Amor tão incompreendido, mas tão necessário e desafiador para a humanidade em todo tempo.
Amor que, se vivido, nos credencia para a eternidade de Deus, que é a vivência e mergulho na plenitude de Seu amor, luz, alegria, vida e paz. Amém.

Ao celebrar a Solenidade da Santíssima Trindade, contemplamos a ação de Deus Uno e Trino que é amor, família, comunidade e nos convida a participar deste Mistério pleno de amor. Trata-se, portanto, de uma impressionante e incomparável história de amor.
Na primeira Leitura (Ex 34,4b-6.8-9), Deus se manifesta a Moisés estabelecendo uma Aliança, revelando Sua verdadeira face, com desproporcional misericórdia, que é infinita, ilimitada: Deus Se revela cheio de amor, bondade, ternura e de fidelidade incondicional, clemente, compassivo, lento para a ira e rico em misericórdia.
Espera que o Povo que lhe pertence, corresponda com escuta atenta, comunhão e intimidade através da oração, da escuta de Sua Palavra, tão somente assim, ouvindo Sua voz, teremos a vida pautada pelos Seus valores, e poderemos vencer os desafios. É preciso, quotidianamente, subir ao Monte da Aliança para fortalecer esta comunhão.
Reflitamos:
– Experimentamos a presença do Deus de amor, bondade, ternura, misericórdia, fidelidade e comunhão em nossa vida de fé?
– De que modo vivemos esta Aliança de amor com Deus?
Na segunda Leitura (2 Cor 13,11-13), o Apóstolo Paulo nos apresenta Deus que é comunhão, família, envolvendo-nos nesta dinâmica de amor, o que aparece claramente em suas palavras, que se tornaram uma das fórmulas litúrgicas de saudação, no início da Missa: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”.
Diante das dificuldades, tensões e conflitos vividos, o Apóstolo pede para que os membros da comunidade sejam alegres e não desistam na busca da perfeição, fortalecendo os vínculos fraternos, com mesmos sentimentos, vivendo em harmonia, uma vez que pertencem à família Trinitária.
Devido a esta pertença, o relacionamento dos membros deverá refletir o amor, a ternura, a misericórdia, a bondade, o perdão e o serviço.
Reflitamos:
– Sentimo-nos como membros da comunidade pertencentes à família Trinitária?
– Somos e vivemos como família de Deus?
– Os relacionamentos de nossa comunidade refletem o que acima foi mencionado?
– De que modo acolhemos e vivemos a saudação acima citada (graça, amor e comunhão)?
Na passagem do Evangelho (Jo 3,16-18), contemplamos o amor de Deus por nós, enviando Seu filho único ao mundo, que em pleno cumprimento do Plano do Pai, fez de Sua vida total doação, até a morte, e morte de Cruz, a fim de que tenhamos vida plena e definitiva. Verdadeiramente uma história de amor que revela a imensidão do coração de Deus, que tanto nos ama.
O Evangelista é abismado na contemplação do amor de um Deus que não hesitou em enviar ao mundo o Seu Filho Único, a fim de oferecer à humanidade a salvação, vida plena e definitiva.
A passagem está contida na conversa de Jesus com Nicodemos apresentada em três etapas ou fases, tratando-se da terceira, na qual Jesus descreve o Projeto de salvação divina, que Ele realiza por Sua morte na Cruz, e com Sua exultação:
“Esse Homem que vai ser levantado na Cruz, veio ao mundo, encarnou-Se na nossa história humana, correu o risco de assumir a nossa fragilidade, partilhou a nossa humanidade; e, como consequência de uma vida gasta a lutar contra as forças das trevas e da morte que escravizam os homens, foi preso, torturado e morto numa Cruz. A Cruz é o último ato de uma vida vivida no amor, na doação, na entrega” (1).
De fato, a Cruz é “a expressão suprema do amor de Deus pelos homens” (2). A vinda do Filho único ao encontro dos homens é o cumprimento de dois objetivos:
– libertar a humanidade da escravidão, da alienação, da morte. A morte de Jesus na cruz revela que a vida definitiva, encontramos na obediência aos planos do Pai e no dom total da própria vida;
– veio porque o Pai nos ama e quer a nossa salvação: veio oferecer vida definitiva, ensinando-nos a amar sem medida, e comunicando-nos o Espírito, que nos transforma em novas criaturas.
Deste modo temos responsabilidade pela vida definitiva ou pela morte eterna, pois podemos aceitar a proposta de Jesus, com adesão a Ele e recebendo Seu Espírito, vivendo no amor e na doação; ou ficarmos escravos de esquemas de egoísmo e autossuficiência, que excluem a possibilidade de salvação.
Em resumo, Deus enviou o Seu Filho único ao mundo, porque ama a humanidade, e esta oferta nunca é retirada, e continua aberta e à espera de nossa resposta:
“Diante da oferta de Deus, o homem pode escolher a vida eterna, ou pode excluir-se da salvação” (3).
Reflitamos:
– Nossa comunidade dá testemunho do amor Trinitário?
– Como acolho a Proposta de Deus?
– Como nossas famílias vivem o amor Trinitário?
Finalizemos com esta afirmação de Santo Agostinho: “Deus é tão inexaurível que quando encontrado ainda falta tudo para encontrá-Lo”.
De fato, todo aprofundamento da ideia de Deus equivale a um novo nascimento, porque o Mistério de Deus não é um Mistério de solidão, mas de convivência, criatividade, conhecimento, amor, doação e recebimento, e por isto, somos o que somos, como vemos no Missal Dominical:
“Quem quer viver com Deus não se encontra diante de uma conclusão, mas sempre diante de um início novo como cada dia”.
(1) (2) (3) www.Dehonianos.org/portal
É Pentecostes!
A Solenidade de Pentecostes consiste na vinda do Espírito que acompanha a missão da Igreja cumulando-a com Seus Dons para com êxito proclamar sua mensagem.
É imperativo que a Igreja dê sempre espaço para a presença do Espírito e a acolhida de Seus inefáveis e imprescindíveis Dons: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor para exercer os diferentes ministérios e carismas.
Para a Vida Nova do Ressuscitado não há nada que impeça Sua ação e manifestação. Ele rompe as portas fechadas pelo medo, pusilanimidade e covardia para nos comunicar a Sua paz, a plenitude dos Dons messiânicos.
Sopra-nos comunicando o Seu Espírito para que sejamos, ao mundo, enviados para romper o círculo vicioso do pecado, ligar e desligar as correntes que nos aprisionam. Ele ocupa para sempre o centro da vida da comunidade e de nossas vidas. Ele está em nosso meio, não há por que temermos a graça de participarmos da missão. Bem disse Santo Agostinho: “Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti”.
É Pentecostes a ser celebrado, acolhida do Espírito Santo que dá vida, renova, transforma e constrói a comunidade fazendo nascer o Homem Novo para viver em perfeita comunhão, colocando os dons a serviço, pois todos eles d’Ele procedem.
Urge que entendamos que Dons do Espírito são para o bem da comunidade, não podemos deles nos apropriar.
Todos somos importantes diante de Deus, não há uma hierarquia com cristãos de “segunda” ou de “primeira”. Ser cristão, de fato, é o que conta.
Os sinais que a Liturgia evoca (vento de tempestade e o fogo) são símbolos da revelação de Deus no Sinai, quando a Lei de Deus foi a Moisés e ao povo, entregue. São símbolos que evocam a força irresistível de um Deus incansável, sempre tomando a iniciativa de vir ao nosso encontro.
A Festa de Pentecostes é mais que uma súplica é a certeza de que “O Espírito Santo vem em socorro à nossa fraqueza”, diz S. Paulo (Rm 8,26).
Pentecostes: a chama do Espírito Santo transformou totalmente os Apóstolos, e celebrando esta Festa suplicamos a Deus que esta mesma chama ilumine e aqueça a nossa vida no caminho da Unidade, do Bem e da Verdade para que sejamos uma Igreja de pedras vivas em que a Lei maior seja visibilizada, o amor, a língua do Espírito, pois é o Espírito do Amor de Deus que tudo une. Maravilhoso laço do Amor divino que nos une, vínculo da paz, exclamamos (Ef 4,3).
Celebrando piedosa e frutuosamente esta Festa seremos curados de toda miopia e, sobretudo, da mais indesejável: a miopia divina de não contemplarmos Deus na pessoa do outro, sobretudo quando este estiver desfigurado e faminto, com frio ou com sede…
Daremos passos firmes na superação da imaturidade no amor, eliminando vestígios de divisões e contendas, abolindo as rivalidades que contradizem a essência do Evangelho.
Há que se vigiar para não fazer da comunidade um campo de batalha, logo há que se vigiar também para que vírus da prepotência e autoritarismo não se multipliquem contaminando relações dentro e fora da comunidade, fazendo perder o sal, a luz e a propriedade essencial do fermento, fazendo crescer o Reino de Deus.
Que a beleza da vida da comunidade, sua força seja a irradiante alegria de podermos amar e servir.
Que ecoem estas palavras de um autor do século VI que assim literalmente diz em seu Sermão “… Esta é a casa de Deus, edificada com pedras vivas. Nela o Eterno Pai gosta de morar; nela Seus olhos jamais devem ser ofendidos pelo triste espetáculo da divisão entre Seus filhos”.
Ilumine-nos o que disse São João da Cruz – que o Espírito Santo, com a Sua chama fere a nossa alma, gastando e consumindo-lhe as imperfeições dos seus maus hábitos para que criemos relações mais humanas, mais fraternas, de modo que ao nos virem, digam – “vejam como se amam”.
Celebrar Pentecostes é compromisso de renovar o que naquele dia aconteceu: falar uma língua que todos entendam, a linguagem da justiça e do amor. A linguagem de Cristo é uma “língua de fogo!”.
Que o vento de Pentecostes e seus rumores sejam acolhidos pelos nossos ouvidos; que seu fogo seja contemplado pelos nossos olhos e que o seu amor derramado seja, em nosso coração, acolhidos!
“Vinde Espírito Santo, enchei o coração dos Vossos
fiéis e acendei neles o fogo do Vosso amor
e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Oremos:
Ó Deus que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito e gozemos de sua consolação.
Por Cristo Senhor Nosso. Amém”


Com a Festa da Ascensão do Senhor (ano A), renovamos a alegria de crermos que, após um caminho percorrido com amor e doação, desabrochamos na eternidade, plena comunhão com Deus, assim como foi a vida de Jesus Cristo.
Renovamos também a alegria de sermos continuadores da missão que Ele realizou, e a nós confiou, enviando-nos do Pai o Espírito Santo de Deus, o Paráclito, fato que celebraremos com a Festa de Pentecostes.
Na primeira Leitura (At 1,1-11), Jesus depois de ter apresentado ao mundo o Projeto do Reino, entrou na comunhão plena e definitiva do Pai, e este é também o destino daqueles que percorrem o mesmo caminho. Fica com isto, afastada toda possibilidade de passividade alienante, imobilismo estéril.
A comunidade vivia um contexto de crise (anos 80dc), e se fazia necessário manter-se firme no testemunho do Ressuscitado, sem jamais vacilar na fé, esmorecer na esperança e tão pouco esfriar na caridade.
A descrição da elevação de Jesus ao céu, assim como a nuvem, os discípulos a olhar para o céu, os homens vestidos de branco têm uma mensagem própria: os discípulos, animados pelo Espírito, devem continuar no mundo a história e obra de Jesus, aguardando a Sua segunda vinda definitiva e gloriosa.
A comunidade não pode ficar “olhando para o alto e de braços cruzados”, precisa seguir o caminho que é o próprio Jesus, com olhar para o futuro, renovando quotidianamente os compromissos com o Projeto de Salvação que Deus tem para a humanidade.
Deste modo podemos afirmar que a Ressurreição e Ascensão de Jesus, nos garante uma vida vivida na fidelidade ao projeto do Pai: “Uma vida destinada à glorificação, à comunhão definitiva com Deus. Quem percorre o mesmo ‘caminho’ de Jesus subirá, com Ele, à vida plena”. (1)
Com a segunda Leitura (Ef 1,17-23), acolhemos uma mensagem de confiança e esperança, em que a comunidade é exortada a pôr-se a caminho, numa comunhão sólida, formando um só Corpo, que é a Igreja, cuja cabeça é o próprio Cristo.
A comunidade cristã é um corpo – “o corpo de Cristo” – formado por muitos membros, e que Paulo já havia dito em outras Cartas, mas agora escreve da prisão, e faz parte das “cartas do cativeiro”.
Cristo sendo cabeça e a comunidade um corpo, juntos forma-se uma comunidade indissolúvel, da qual Cristo está no centro, e nada falta a Igreja para levar a diante a missão por Ele confiada:
“Dizer que a Igreja é a ‘plenitude’ (‘pleroma’) de Cristo significa dizer que nela reside a ‘plenitude’”, a ‘totalidade’ de Cristo.
Ela é o receptáculo, a habitação, onde Cristo Se torna presente no mundo; é através desse ‘corpo’ onde reside que Cristo continua todos os dias a realizar o Seu Projeto de salvação em favor dos homens. Presente nesse ‘corpo’, Cristo enche o mundo e atrai a Si o universo inteiro, até que o próprio Cristo ‘seja tudo em todos’ (vers. 23)”. (2)
Com isto a Igreja é chamada a testemunhar Cristo, torná-Lo presente no mundo, comprometida com o Projeto de Libertação que Ele inaugurou em favor da humanidade. Esta missão só findará, quando pelo testemunho, fidelidade, ação daqueles que creem, Cristo seja ‘um em todos’.
Na passagem do Evangelho (Mt 28,16-20), encontramos a descrição do encontro final de Jesus com Seus discípulos no monte da Galileia. Além de reconhecer Jesus como Senhor, a comunidade recebe d’Ele a missão de continuar o Seu Projeto de Libertação da humanidade, no testemunho do Reino por Ele inaugurado.
O Evangelista Mateus, por três momentos significativos, nos fala da montanha:
– A tentação de se atirar do alto monte (Mt 4,8);
– No Monte Tabor, com a Transfiguração (Mt 17,1)
– E finalmente na Sua Ascensão. No Antigo Testamento, de modo especial, monte é sempre o lugar onde Deus se revela às pessoas (Moisés, Elias etc.).
E ainda mais, foi na Galileia que Jesus viveu quase toda a Sua vida; foi onde começou a anunciar o Evangelho do Reino (Mt 4,12-22). É também lá que se recomeça a missão. Onde tudo começou foi onde tudo recomeçou…
Sendo assim, Celebrar a Ascensão de Jesus é:
– Tomar consciência da missão que foi confiada aos discípulos e sentir-se responsável pela presença do “Reino” na vida dos homens;
– Tomar consciência também de que, como Igreja, comunidade dos discípulos de Jesus, somos a presença libertadora e salvadora de Jesus no meio dos homens;
– Rever como procuramos testemunhar o Reino de Deus em todos os âmbitos da vida;
– Assumir a missão que Jesus confiou aos discípulos, que consiste numa missão universal: as fronteiras, as raças, a diversidade de culturas, não podem ser obstáculos para a presença de Sua Proposta libertadora no mundo.
Concluindo, é viver o Batismo, inseridos na mais perfeita comunidade de comunhão e amor, a comunidade Trinitária: Pai, Filho e Espírito Santo.
Vivendo a Boa Nova anunciada, em confronto com o mundo, pode gerar desilusão, sofrimento e frustração. Mas é exatamente aqui que o discípulo deve dar razão da esperança que possui, testemunho de n’Aquele em quem confia, Jesus, com a força e ação do Espírito Santo Paráclito, o Defensor, O Espírito da Verdade que estará conosco até o fim dos tempos.
Que esta certeza alimente a nossa coragem para que testemunhemos o que acreditamos e professamos; o que nos move e nos direciona rumo ao encontro definitivo com Deus, na mais perfeita e plena comunhão de amor, empenhados, por ora, na construção do Reino de amor, vida, alegria, luz e paz.
Seja a Festa do Envio, da continuidade da missão que Jesus nos confia –“Ide pelo mundo e ensinai todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19).
(1) (2) www.Dehonianos.org/portal
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“O Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de
receber, porque não O vê nem O conhece”
No 6º Domingo da Páscoa (ano A), a Liturgia nos convida a contemplar a proximidade e paternidade de Deus, que não nos deixa órfãos.
A presença divina é sempre discreta, mas de eficácia tranquilizadora na história da Igreja. O que Jesus disse aos discípulos, num contexto de despedida, tornou-se uma verdade para sempre – “Não vos deixarei órfãos; voltarei a vós” (Jo 14,18).
Na passagem da primeira Leitura (At 8,5-8.14-17), vemos a ação da comunidade cristã testemunhando a Boa Nova de Jesus, numa presença libertadora e salvadora da vida humana.
A mensagem é explícita: O Espírito Santo somente se manifestará e atuará se a comunidade se propuser a viver uma fé integrada, numa família de irmãos que se reúnem em comunhão com o Pai e o Filho:
“Para que uma comunidade se constitua como Igreja, não basta uma aceitação superficial da Palavra, nem manifestações humanas (por muito impressionantes que sejam).
Ao mesmo tempo, é preciso que qualquer comunidade cristã tenha consciência de que não é uma célula autônoma, mas que é convidada a viver a sua fé integrada na Igreja universal, em comunhão com a Igreja universal.
Toda a comunidade que quer fazer parte da família de Jesus deve, portanto, acolher a autoridade e buscar o reconhecimento dos pastores da Igreja universal. Só então se manifestará nela o Espírito, a vida de Deus” (1)
A passagem da segunda Leitura (1Pd 3,15-18) é uma exortação para que a comunidade permaneça confiante, apesar das hostilidades e dificuldades encontradas. É ocasião favorável para o testemunho sereno da fé, num autêntico amor, até mesmo pelos seus perseguidores, assim como o próprio Cristo, que fez da Sua vida um dom de Amor a todos:
“Os cristãos devem, também, estar sempre dispostos a apresentar as razões da sua fé e da sua esperança – isto é, a dar testemunho daquilo em que acreditam (vers. 15b).
No entanto, devem fazê-lo sem agressividade, com delicadeza, com modéstia, com respeito, com boa consciência, mostrando o seu amor por todos, mesmo pelos seus perseguidores.
Dessa forma, os perseguidores ficarão desarmados e sem argumentos; e todos perceberão mais facilmente de que lado está a verdade e a justiça (vers. 16).
Os cristãos devem, ainda, em qualquer circunstância – mesmo diante do ódio e da hostilidade dos perseguidores – preferir fazer o bem do que fazer o mal (vers. 17)”. (2)
A comunidade dos que creem em Deus deve pautar a vida pela lógica de Jesus e não pela lógica do mundo, fazendo a doação da vida, por amor, alcançando assim, a glória da Ressurreição. Deve manter viva a confiança, a alegria, a fidelidade, a esperança…
Na passagem do Evangelho (Jo 14,15-21), numa ceia de despedida, Jesus assegura aos discípulos, inquietos e assustados com Sua eminente partida para junto do Pai, a vinda do Paráclito.
Sua missão será conduzir a comunidade em direção à verdade, à comunhão cada vez mais profunda, íntima e intensa com Ele. Tão somente assim a comunidade se tornará a morada de Deus no mundo, no fiel testemunho da Salvação oferecida por Deus à humanidade.
Vivendo o Mandamento do Amor, permanecerão com Ele, e junto do Pai enviará o Defensor, o Paráclito:
“Se me amais, guardareis os meus Mandamentos, e Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco: O Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não O vê nem O conhece” (Jo 14, 15.17a).
Após a missão de Jesus, caberá ao Paráclito assistir a comunidade que dará continuidade a esta:
“Enquanto esteve com os discípulos, Jesus ensinou-os, protegeu-os, defendeu-os; mas, a partir de agora, será o Espírito que ensinará e cuidará da comunidade de Jesus.
O Espírito desempenhará, neste contexto, um duplo papel: em termos internos, conservará a memória da pessoa e dos ensinamentos de Jesus, ajudando os discípulos a interpretar esses ensinamentos à luz dos novos desafios; por outro, dará segurança aos discípulos, guiá-los-á e defendê-los-á quando eles tiverem de enfrentar a oposição e a hostilidade do mundo.
Em qualquer dos casos, o Espírito conduzirá essa comunidade em marcha pela história, ao encontro da verdade, da liberdade plena, da vida definitiva”. (3)
Renovemos a alegria de continuar a missão de Jesus, contando com a força e presença do Paráclito, do Espírito Santo, que conduz, ilumina, orienta, fortalece a Igreja, como tão bem vamos celebrar, em breve, na Festa de Pentecostes.
Também hoje a Evangelização coloca à nossa frente desafios, provações, inquietações. Não podemos estacionar, menos ainda recuar no testemunho da fé. Dar razão da esperança é preciso, pois Deus habita em nós e na Sua Igreja.
A razão de nossa esperança passa necessariamente pela qualidade do testemunho do nosso amor, que torna válida, frutuosa a nossa fé, fecundando o mundo novo, como instrumento da realização do Reino por Jesus inaugurado.
(1) (2) (3) www.Dehonianos.org/portal

Sejamos cristãos alegres, corajosos, convictos a caminho do céu, vivendo no tempo presente a nossa fé em Jesus Cristo, que nos conduz ao Pai, com a força, presença e ação do Seu Espírito.
No 5º Domingo da Páscoa (ano A), a Liturgia nos convida a refletir sobre a missão da Igreja, que nasce de Jesus na fidelidade ao Pai, é vivificada com a presença e ação do Espírito Santo, continuando o caminho que é o próprio Jesus: Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6).
Na passagem da primeira Leitura (At 6,1-7), Lucas nos fala do testemunho da Igreja de Jerusalém, apresentando-nos alguns aspectos que dão identidade a ela.
Trata-se de uma comunidade santa, embora formada por pecadores, num contínuo processo de conversão, procurando viver a fidelidade apesar das falhas e dificuldades.
Possui uma organização hierárquica com a responsabilidade de conduzir e orientar a direção da comunidade, favorecendo o diálogo e a participação consciente, ativa e frutuosa.
Uma comunidade de servidores que colocam em comum os dons de Deus recebidos.
Finalmente, uma comunidade criada, animada e dinamizada pelo Espírito Santo, para que dê testemunho de Jesus Cristo Ressuscitado.
Na passagem da segunda Leitura (1Pd 2,4-9), nos é apresentado o fundamento, a Pedra Angular, a Pedra principal da Igreja que é Jesus Cristo, no qual os cristãos são pedras vivas.
Como Igreja se constitui um povo sacerdotal, com a missão de viver uma obediência incondicional aos planos do Pai, no amor aos irmãos, e nisto consiste o verdadeiro culto agradável a Deus.
Deste modo, a Igreja precisa crescer na fé para alcançar a Salvação, vencendo todas as dificuldades, hostilidades, incompreensões e perseguições, consciente de sua missão no testemunho do Ressuscitado, com a força vivificante do Espírito Santo, infundida no coração dos discípulos.
Como comunidade da Nova Aliança, a Igreja precisa oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus e, como Povo de Sacerdotes, ofertar uma vida santa, vivida na entrega a Deus e no dom da vida aos irmãos, com amor total e incondicional, superando todo medo em total fidelidade e confiança em Deus.
A comunidade não pode se contentar com um “verniz” cristão que a torne indiferente a todos os problemas que cercam a vida humana.
Sendo Cristo o fundamento da Igreja, e o amor o distintivo dos cristãos, a missão da Igreja será colocar-se em todos os âmbitos, profeticamente, como instrumento da vida plena e definitiva.
Na passagem do Evangelho (Jo 14,1-12), a comunidade continua a missão de Jesus, no anúncio e testemunho do Evangelho, como homens novos, com vida em plenitude, porque integrados à Família Trinitária: Pai, Filho e Espírito Santo.
A passagem retrata um contexto de despedida de Jesus, e com isto Ele quer deixar no coração dos discípulos uma palavra de confiança e esperança, para que não se desviem e nem abandonem a caminhada com Ele iniciada: Ele vai para o Pai e garante a todos que O seguirem o mesmo destino, ou seja, a glória da eternidade.
A comunidade, acolhendo o Espírito que Ele enviará do Pai, viverá na obediência e fidelidade a Deus, em total entrega de amor e serviço ao outro.
No entanto, para fazer parte de Sua família é preciso que os discípulos vivam esta total obediência a Deus, trilhando o Caminho que é o próprio Jesus que ama até o fim, porque de fato, cristãos são os que se põem a caminho. Não se pode viver uma fé instalada, acomodada, e tão pouco conceber possíveis recuos, pois “a fé começa pelos pés”.
Sejamos cristãos alegres, corajosos, convictos a caminho do céu, vivendo no tempo presente a nossa fé em Jesus Cristo, que nos conduz ao Pai, com a força, presença e ação do Seu Espírito.
Celebrando mais um Domingo neste Itinerário Pascal, renovemos em nosso coração, o Amor de Deus infundido em nós pela ação do Espírito, para continuarmos com os pés firmes neste Bom Caminho que nos conduz aos céus, à comunhão plena e eterna de Amor: Céu.

No IV Domingo da Páscoa (Ano A), o Dia do Bom Pastor, que é o próprio Jesus e também Dia Mundial de Oração pelas Vocações.
A Liturgia nos apresenta, na primeira Leitura, uma passagem dos Atos dos Apóstolos (At 2, 14a.36-41), um discurso catequético sobre a atitude correta para que se acolha a proposta de Salvação que Deus nos faz, por meio de Jesus Cristo.
Professar a fé em Cristo, o Bom Pastor, requer conversão, para que se viva o Batismo como vida nova: adesão, seguimento, acolhida do Espírito Santo para deixar recriar, vivificar e se transformar por esta presença divina em nós.
A conversão (metanoia) é consequência de ter sentido “pontadas no coração”, a aflição e o remorso por ter feito algo contrário à justiça.
A “metanoia” implica na atitude que conduz ao arrependimento. É o primeiro passo para a mudança de vida:
“É a atitude de quem reconhece a verdade das acusações que lhe são imputadas, de quem admite os seus erros e limitações e de quem está verdadeiramente disposto a reequacionar a vida, a corrigir os esquemas errados que têm orientado, até aí, a sua existência […]
Significa a mudança radical da mente, dos comportamentos, dos valores, de forma a que o coração do crente se volte de novo para Deus […]
É a renúncia ao egoísmo e a autossuficiência, e o aceitar a proposta de Salvação que Deus faz através de Jesus. Implica o acolher Jesus como o Salvador e segui-Lo, no caminho do amor, da entrega, do dom da vida.” (1)
Por isto, dirigem a pergunta a Pedro e aos outros Apóstolos: “O que havemos de fazer, irmãos?” (At 2,37).
Ao que Pedro responde – “Convertei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão dos vossos pecados. E vós recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2, 38).
Receber o Batismo implica no desejo de conversão e receber o Espírito Santo, optando por Cristo, acolhendo-O no coração, de modo que a vida daquele que crê ganha um dinamismo divino, e a cada instante é recriado, vivificado e transformado.
Deus, que deseja nossa mudança, acredita no bom propósito de nossa conversão. É preciso tomar consciência dos caminhos errados que possam ter sido trilhados, da ausência de sentido em certas opções que se tenha feito.
A “metanoia” nos pede atitude corajosa, porque é mais fácil viver comodamente instalados, na autossuficiência, do que com humildade reconhecer os erros, “dar o braço a torcer”.
Ela exige a eliminação dos preconceitos mais diversos, de esquemas mentais; admissão das falhas, limites e incoerências que marcam a condição humana. E trata-se de um processo ininterrupto.
Na passagem da segunda Leitura (1 Pd 2, 20b-25), Pedro nos diz como deve agir aquele que segue o Bom Pastor, respondendo à injustiça com o amor, ao mal com o bem.
O contexto vivido pela comunidade na década de 80 era de perseguição, dificuldades, hostilidade por parte daqueles que defendiam a ordem romana:
“O autor da carta conhece perfeitamente a situação de debilidade em que estas comunidades estão e prevê que, num futuro próximo, o ambiente se vá tornar menos favorável ainda.
Recorda, pois, aos destinatários da carta, o exemplo de Cristo, que sofreu e morreu, antes de chegar à Ressurreição. É um convite à esperança: apesar dos sofrimentos que têm de suportar, os crentes estão destinados a triunfar com Cristo; por isso, devem viver com alegria e coragem o seu compromisso batismal.” (2)
Jesus é o modelo para os que creem, conduz e guarda a todos que n’Ele confiam. O cristão segue e testemunha a fidelidade a este Jesus que sofreu sem culpa e que suportou os sofrimentos com Amor, rejeitando absolutamente o recurso da violência, com total mansidão, porque tão somente o amor gera a vida nova e transforma o mundo:
‘Ele sofreu (v. 21) sem ter feito mal nenhum (v. 22); maltratado pelos inimigos, não respondeu com agressão e vingança (v. 23); pelo dom da Sua vida, eliminou o pecado que afastava os homens de Deus e uns dos outros (vs. 24); por isso, Ele é o Pastor que conduz e guarda os crentes (v. 25)’” (3)
A passagem do Evangelho (Jo 10,1-10): Jesus é o Bom Pastor que conduz a humanidade às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas de onde brota vida em plenitude.
A imagem do Bom Pastor, que nos remete ao Livro do Profeta Ezequiel (Ez 34), é a mensagem catequética de que a promessa de Deus se cumpriu em Jesus Cristo: o Bom Pastor, esperado e prometido por Deus, agora presente no meio da humanidade.
No entanto, esta presença é recusada pelas autoridades de Seu tempo, quando Jesus cura o cego de nascença (cf. Jo 9).
As autoridades religiosas não somente preferiram continuar nas trevas da autossuficiência, como também impediram o Povo que lhes foi confiado de descobrir a luz libertadora que Jesus tinha para oferecer:
“Jesus não usa meias Palavras: os dirigentes judeus são ladrões e bandidos (cf. Jo 10,1), que se servem das suas prerrogativas para explorar o povo (ladrões) e usam a violência para o manter sob a sua escravidão (bandidos).
Aproximam-se do Povo de Deus de forma abusiva e ilegítima, porque Deus não lhes confiou essa missão (“não entram pela porta”): foram eles que a usurparam. O seu objetivo não é o bem das “ovelhas”, mas o seu próprio interesse”. (4)
Diferentemente, Jesus estabelece com as pessoas uma relação pessoal de Amor e proximidade: Suas ovelhas reconhecem a Sua voz e O seguem, porque encontram segurança, liberdade e vida plena e definitiva (Jo 10,10).
Jesus não somente caminha diante das ovelhas, mas Se fez o próprio Caminho (Jo 14, 6).
Estabelece uma relação de respeito à dignidade de cada um, à sua individualidade. Relaciona-Se de forma humana, tolerante, amorosa e que também deve ser vivida pelo Seu rebanho, no cumprimento do Mandamento do Amor a Deus e ao próximo, de tal modo que se possa dizer: “tal Cristo, tal Pastor…”, numa coerência entre o crer, pregar e viver.
O rebanho reconhece a Sua voz e não se deixa seduzir pelo “canto da sereia”.
Jesus também diz que Ele é a “Porta”, e quem por ela entrar será salvo. Passar por esta “Porta” é encontrar a liberdade desejada e a vida em plenitude, numa total e incondicional adesão a Ele e seguimento até o fim, acolhendo e vivendo a Sua proposta, numa vida marcada pela doação, entrega e serviço por amor.
Ao celebrarmos o Dia do Bom Pastor, como Igreja Sinodal, Povo de Deus caminhando juntos, renovemos a alegria de pertencermos ao rebanho do Senhor, com maior solicitude e fidelidade à Sua Voz para que nos empenhemos no caminho da santidade a serviço no mundo, cada vez mais comprometidos com a ação evangelizadora.
Oremos:
“Deus eterno e Todo-Poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor. Por N. S. J. C. Amém”.
(1) (2) (3) (4) www.Dehonianos.org/portal