Notícias

Diocese de Guanhães participa de Formação Permanente para Presbíteros do Regional Leste 2 da CNBB

A Diocese de Guanhães está representada na Formação Permanente para Presbíteros do Regional Leste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que ocorre de 27 a 31 de janeiro de 2025, em Minas Gerais. Participam do encontro o Padre José Geraldo, representante dos Presbíteros, e o Padre Bruno, vice-Chanceler da Cúria Diocesana, ambos membros da Pastoral Presbiteral.

A formação tem como tema central “A natureza e a finalidade da direção espiritual na vida do presbítero diocesano” e está sendo assessorada pelo padre Francys Silvestrini Adão, Sj.

As atividades tiveram início no dia 27 de janeiro, com a chegada dos participantes e a abertura oficial do evento. No dia 28, foi realizado um Dia de Espiritualidade sob a orientação do padre André Araújo, Sj. Nos dias 29 e 30, foram ministrados momentos de reflexão e estudo sobre o papel da direção espiritual no ministério sacerdotal. O encerramento será no dia 31 de janeiro, com a celebração da Santa Missa, seguida de avaliação e retorno dos participantes.

A Diocese de Guanhães reafirma seu compromisso com a formação contínua do clero, promovendo momentos de aprendizado e espiritualidade para um pastoreio cada vez mais comprometido com a evangelização e o bem-estar das comunidades.

Este slideshow necessita de JavaScript.

“A esperança não engana” (Rm 5, 5)  e fortalece-nos nas tribulações

Mensagem de Sua Santidade, o Papa Francisco, para o 33° Dia Mundial do Doente

11 de fevereiro de 2025

A esperança não engana” (Rm 5, 5)  e fortalece-nos nas tribulações

Queridos irmãos e irmãs!

Estamos a celebrar o XXXIII Dia Mundial do Doente no Ano Jubilar de 2025, durante o qual a Igreja convida a tornarmo-nos “peregrinos de esperança”. Nisto, somos acompanhados pela Palavra de Deus que, através de São Paulo, nos transmite uma mensagem de grande encorajamento: «A esperança não engana» (Rm 5, 5), aliás, fortalece-nos nas tribulações.

São expressões reconfortantes, mas que podem levantar algumas questões, sobretudo em quem sofre. Por exemplo: como é que nos mantemos fortes quando somos feridos na carne por doenças graves, que nos incapacitam, que talvez exijam tratamentos cujos custos vão para além das nossas possibilidades? Como fazê-lo quando, não obstante o nosso próprio sofrimento, vemos o daqueles que nos amam e que, embora próximos de nós, se sentem impotentes para nos ajudar? Em todas estas circunstâncias, sentimos a necessidade de um apoio maior do que nós: precisamos da ajuda de Deus, da sua graça, da sua Providência, daquela força que é dom do seu Espírito (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1808).

Detenhamo-nos, pois, por momentos, a refletir sobre a presença de Deus junto dos que sofrem, particularmente nos três aspetos que a caracterizam: o encontroo dom e a partilha.

1. O encontro. Quando Jesus envia os setenta e dois discípulos em missão (cf. Lc 10, 1-9), exorta-os a dizer aos doentes: «O Reino de Deus já está próximo de vós» (v. 9). Ou seja, pede-lhes que os ajudem a aproveitar a oportunidade de encontro com o Senhor, mesmo na doença, por muito que seja dolorosa e difícil de compreender. Com efeito, no momento da doença, se por um lado sentimos toda a nossa fragilidade – física, psíquica e espiritual – de criaturas, por outro lado experimentamos a proximidade e a compaixão de Deus, que em Jesus participou do nosso sofrimento. Ele não nos abandona e, muitas vezes, surpreende com o dom de uma tenacidade que nunca pensámos possuir e que, sozinhos, não teríamos encontrado.

A doença torna-se então a oportunidade para um encontro que nos transforma, a descoberta de uma rocha firme na qual descobrimos que podemos ancorar-nos para enfrentar as tempestades da vida: uma experiência que, mesmo no sacrifício, nos torna mais fortes, porque mais conscientes de não estarmos sós. Por isso se diz que a dor traz sempre consigo um mistério de salvação, porque nos faz experimentar, de forma próxima e real, a consolação que vem de Deus, a ponto de «conhecer a plenitude do Evangelho com todas as suas promessas e a sua vida» (São João Paulo II, Discurso aos jovens, Nova Orleães, 12 de setembro de 1987).

2. E isto leva-nos ao segundo ponto de reflexão: o dom. Efetivamente, em nenhuma outra ocasião como no sofrimento, nos damos conta que toda a esperança vem do Senhor e que, assim sendo, é antes de mais um dom a acolher e a cultivar, permanecendo «fiéis à fidelidade de Deus», segundo a linda expressão de Madeleine Delbrêl (cf. A esperança é uma luz na noite, Cidade do Vaticano 2024, Prefácio).

Além disso, só na ressurreição de Cristo é que cada um dos nossos destinos encontra o seu lugar no horizonte infinito da eternidade. Só da sua Páscoa nos vem a certeza de que nada, «nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus» (Rm 8, 38-39). E desta “grande esperança” derivam todos os outros raios de luz com que se podem ultrapassar as provações e os obstáculos da vida (cf. Bento XVI, Carta enc. Spe salvi, 27.31). E não apenas isso, porque o Ressuscitado também caminha connosco, fazendo-se nosso companheiro de viagem, como aconteceu com os discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-53). À semelhança destes, também nós podemos partilhar com Ele as nossas perturbações, preocupações e desilusões, podemos escutar a sua Palavra que nos ilumina e faz arder o coração, e reconhecê-Lo presente ao partir o Pão, recolhendo do seu estar connosco, apesar dos limites do tempo presente, aquele “mais além” que, ao aproximar-se, nos restitui a coragem e a confiança.

3. E assim chegamos ao terceiro aspeto, o da partilha. Os lugares onde se sofre são frequentemente espaços de partilha, nos quais nos enriquecemos uns aos outros. Quantas vezes se aprende a esperar à cabeceira de um doente! Quantas vezes se aprende a crer ao lado de quem sofre! Quantas vezes descobrimos o amor inclinando-nos sobre quem tem necessidades! Ou seja, apercebemo-nos de que todos juntos somos “anjos” de esperança, mensageiros de Deus, uns para os outros: doentes, médicos, enfermeiros, familiares, amigos, sacerdotes, religiosos e religiosas. E isto, onde quer que estejamos: nas famílias, nos ambulatórios, nas unidades de cuidados, nos hospitais e nas clínicas.

É importante saber captar a beleza e o alcance destes encontros de graça, e aprender a anotá-los na alma para não os esquecermos: guardar no coração o sorriso amável de um profissional de saúde, o olhar agradecido e confiante de um doente, o rosto compreensivo e atencioso de um médico ou de um voluntário, o rosto expetante e trepidante de um cônjuge, de um filho, de um neto, de um querido amigo. Todos eles são raios de luz que é preciso valorizar e que, mesmo durante a escuridão das provações, não só dão força, mas dão o verdadeiro sabor da vida, no amor e na proximidade (cf. Lc 10, 25-37).

Queridos doentes, queridos irmãos e irmãs que cuidais de quem sofre, neste Jubileu, mais do que nunca, vós desempenhais um papel especial. Na verdade, o vosso caminhar juntos é um sinal para todos, «um hino à dignidade humana, um canto de esperança» (Bula Spes non confundit, 11), cuja voz vai muito além dos quartos e das camas dos lugares de assistência em que vos encontrais, estimulando e encorajando na caridade «a sincronização de toda a sociedade» (ibid.), numa harmonia por vezes difícil de alcançar, mas por isso mesmo dulcíssima e forte, capaz de levar luz e calor aonde é mais necessário.

Toda a Igreja vos agradece por isso! Também eu o faço e rezo por vós, confiando-vos a Maria, Saúde dos Enfermos, através das palavras com que tantos irmãos e irmãs, nas suas necessidades, se dirigiram a Ela:

À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus.
Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades,
mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.

A todos vós, juntamente com as vossas famílias e entes queridos, vos abençoo e peço, por favor, que não vos esqueçais de rezar por mim.


Roma – São João de Latrão, 14 de janeiro de 2025

FRANCISCO

Gratidão e Despedida – Talia, Uma Serva Fiel da Diocese de Guanhães

Com o coração repleto de gratidão e saudade, nos despedimos de Talia, que serviu à nossa Diocese com dedicação, competência e um espírito verdadeiramente cristão. Sua presença na Mitra Diocesana foi um exemplo de serenidade, responsabilidade e amor ao próximo, qualidades que edificaram a vida de todos que tiveram o privilégio de caminhar ao seu lado.

Talia não foi apenas uma secretária; foi uma verdadeira serva do Senhor, que, com seu trabalho silencioso e eficiente, contribuiu para que a missão da nossa Igreja fosse vivida e anunciada. Sua serenidade e profissionalismo marcaram a história da Diocese de Guanhães, e seu legado de fé e dedicação permanecerá como inspiração para todos nós.

Que Deus abençoe esta nova etapa da sua vida, Talia, e conduza seus passos com alegria e paz. Você sempre terá um lugar especial em nossos corações e em nossas orações.

Boas-vindas à Mariele
Ao mesmo tempo, recebemos com grande alegria a Mariele, que assume agora a função de secretária na Mitra Diocesana. Desejamos a você, Mariele, as bênçãos de Deus para esta nova missão. Que o Espírito Santo a guie em cada passo e fortaleça sua caminhada na nossa comunidade diocesana.

Estamos certos de que, com sua dedicação e fé, você será uma colaboradora igualmente comprometida e uma nova presença que enriquece ainda mais a nossa equipe.

Unidos na fé e na missão de anunciar o Reino de Deus, seguimos em oração e comunhão fraterna. Que o Senhor abençoe a todos nós neste novo tempo de serviço e fraternidade!

Diocese de Guanhães

Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus 01/01/25 – às 9h – Homilia de Dom Otacilio F. de Lacerda com Gestores da cidade de Guanhães/MG

 

Amados irmãos e irmãs aqui presentes na catedral, bem como aqueles que nos acompanham pelos meios de comunicação social, minha saudação e votos de um feliz Ano-Novo!

Iniciamos este novo ano com o coração aberto para acolher a todos. Quero, de modo especial, saudar e acolher na pessoa do nosso Prefeito Municipal, Evandro Lot, todos os Vereadores desta cidade, além dos Secretários, Secretárias e demais autoridades que aqui se encontram. É muito importante esta comunhão e presença em nosso encontro eucarístico.

Hoje, ao celebrarmos esta Eucaristia, aproveito a oportunidade para elevar a Deus nossas orações, não apenas por estas autoridades, pelo Prefeito e Vereadores de Guanhães, mas também pelos eleitos das 30 cidades que compõem a nossa Diocese.

Na minha mensagem ao povo de Deus, recordei dois versículos das Sagradas Escrituras que são de grande importância. A nossa oração vai além do credo ou da profissão de fé que cada um possa ter, e respeito profundamente as diferenças e as diversas expressões religiosas, reconhecendo o papel delas em promover o bem, a fraternidade e a paz.

Minhas orações se unem às de tantos outros hoje, para que se realize o que São Paulo escreveu a Timóteo, e que também devemos guardar em nossos corações:

“Antes de tudo, peço que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todas as pessoas, pelos reis e pelas autoridades em geral, para que possamos levar uma vida calma e tranquila, com toda piedade. E dignidade.” (cf. 1 Tm 2,1-2).

Esse ensinamento, extraído da Primeira Carta a Timóteo, é uma inspiração para todos nós.

Como Bispo, coloco-me à frente no compromisso de rezar por todas as autoridades de nossas cidades: Prefeitos, Prefeitas, Vereadores, Vereadoras, Secretários e Secretárias.

Contem sempre com minhas orações e com a palavra da Igreja para que sejam, antes de tudo, promotores da boa política, conforme nos ensina o Papa Francisco: ela deve promover o bem comum, a vida, a fraternidade e a paz.

São Paulo VI também nos deixou um legado precioso ao afirmar que a política é uma forma elevada e exigente de serviço aos outros. Em sua exortação “Octogesima Adveniens”, de 1971, ele destacou a política como “uma maneira exigente, ainda que não a única, de viver o compromisso ao serviço dos outros”.

Essa visão foi mais tarde enriquecida pela ideia de que a boa política é uma forma sublime do exercício da caridade. Assim, ela se torna uma expressão viva do amor cristão, um testemunho concreto da caridade em ação.

A todos vocês, autoridades aqui presentes, faço um convite especial: aprofundem-se nos ensinamentos da Igreja e nos documentos do Papa Francisco, como a “Fratelli Tutti” e a “Laudato Si'”. Esses textos são fundamentais para quem se dedica à missão de dirigir uma cidade ou uma nação. Eles estão disponíveis e acessíveis em diversas plataformas digitais.

Caros irmãos e irmãs, com essa reflexão e essa dedicação à boa política, tenho certeza de que estaremos alinhados com a mensagem do Dia Mundial da Paz, celebrado desde 1968. Que possamos, juntos, construir um mundo mais justo, fraterno e em paz.

O Papa Francisco, neste dia, nos oferece uma mensagem profundamente inspiradora, que merece ser lida, conhecida e amplamente divulgada.

Ela pode ser considerada como um verdadeiro plano de governo para aqueles que tomam decisões em uma cidade, município, país ou em qualquer esfera de atuação.

A mensagem tem como tema “Perdoa-nos as nossas ofensas, concede-nos a tua paz!”.

Entre outras reflexões, o Papa faz votos de esperança e conclama todas as pessoas de boa vontade a superarem as realidades da miséria, da violência e da desigualdade social.

Com sua imensa sensibilidade diante dos clamores que sobem aos céus, ele nos lembra que todos somos devedores uns aos outros do amor e do compromisso.

O Papa Francisco também nos sensibiliza para a necessidade de uma ecologia integral, convidando-nos a cuidar da nossa casa comum — o planeta que habitamos. Isso inclui zelar por nossas cidades, bairros e até mesmo pelos pequenos espaços que ocupamos, como nossos quintais. Ele nos alerta que, por menor que seja a nossa ação, ela sempre terá um impacto, seja ele positivo ou negativo, no todo.

Nesse contexto, as autoridades têm um papel fundamental: criar uma cultura de promoção da vida, defesa da dignidade humana e cuidado com a casa comum. Contudo, o Papa também nos recorda que essa missão não é exclusiva das autoridades. Todos nós somos responsáveis.

Nenhum político, por mais capacitado e bem-intencionado que seja, pode resolver sozinho os desafios do mundo. É essencial a colaboração de cada cidadão, em espírito de corresponsabilidade.

A construção de uma sociedade mais justa, pacífica e solidária requer o esforço coletivo, o compromisso de cada um em fazer o bem, independentemente da magnitude de sua contribuição.

Que essa mensagem nos inspire a renovar o nosso compromisso com o bem comum e a cuidar do nosso planeta, começando por nossas ações diárias e por nossa comunidade.

O Papa Francisco faz três apelos importantes ao mundo: a redução ou o perdão total da dívida internacional, com a superação das desigualdades; promoção de uma cultura da vida — rejeitando a pena de morte; e promover a paz por meio da redução dos gastos com armas – esses recursos, ele sugere, poderiam ser redirecionados para políticas de desenvolvimento sustentável, educação, saúde, lazer e qualidade de vida.

O Papa demonstra uma sensibilidade única ao afirmar que a paz significa vida digna, e não apenas para alguns, mas para todos; e nos convida a cultivar a paz não apenas com grandes gestos, mas também com pequenos atos diários, como um sorriso, a honestidade, a amizade, o carinho e a atenção ao próximo. Segundo o Papa, a paz começa com um coração desarmado, livre do ódio, e disposto ao perdão e à solidariedade.

Espero que essas palavras toquem o coração das nossas autoridades e do nosso povo, enchendo-os de esperança. Essa mesma esperança que é o tema do Jubileu que estamos celebrando: “Somos peregrinos da esperança.” Em 2025, com a celebração do Jubileu em todo o mundo, esperamos dar passos significativos rumo a um mundo melhor.

A Liturgia de hoje nos oferece uma mensagem profundamente conectada a esses ideais. No Dia Mundial da Paz, a Igreja também celebra a Solenidade de Maria, Mãe de Deus.

Contemplando a imagem de Maria, somos lembrados de sua presença verdadeira em nosso meio, de sua intercessão nos céus, acompanhando-nos neste e em todos os anos.

Que Nossa Senhora proteja e guie os prefeitos, vereadores e todos os que têm a responsabilidade de servir ao povo durante seus mandatos.

Maria é, verdadeiramente, a Mãe de Deus e nossa mãe. Por meio dela, a divindade se encarnou.

Hoje, rogamos as bênçãos de Deus, como nos inspira a primeira leitura, e confiamos na proteção de Nossa Senhora.

Na Missa de ontem, recordei que o Ano Jubilar de 2025 nos convida a ter:

  • O olhar contemplativo de Maria, capaz de ver as maravilhas de Deus no mundo;
  • O coração meditativo de Maria, que guarda e reflete sobre a Palavra de Deus no coração;
  • Os lábios e os pés dos pastores, para proclamar verdades libertadoras, comunicar mensagens edificantes e construir amizades verdadeiras e fraternidade.

Um povo peregrino é um povo a caminho. Por isso, hoje acrescento mais um apelo: que não apenas os lábios e pés dos pastores, mas os corações e ações de todos nós estejam comprometidos com a missão de construir um mundo mais justo, fraterno e solidário.

Destaco algo de extrema importância que me tocou ao ouvir o Evangelho proclamado hoje, o mesmo de ontem, pois a liturgia permanece a mesma. No entanto, a Palavra de Deus nunca é repetitiva; ela sempre traz algo novo para o nosso coração.

No início do Evangelho, há uma expressão simples que pode passar despercebida, mas que é muito significativa: “Os pastores foram às pressas a Belém.” Lá encontraram Maria, José e o recém-nascido Jesus. Depois, ao testemunharem o que viram e ouvirem, ficaram maravilhados.

Essa palavra — “às pressas” — é cheia de significado. Vivemos em um mundo de pressa constante. Temos pressa para tudo: pressa para acessar a internet, para chegar ao destino, para resolver problemas, e até para tomar decisões importantes. Se algo demora, muitas vezes perdemos a paciência e desistimos. Essa cultura do imediatismo pode ser perigosa. Mas quero ressaltar aqui o lado positivo dessa “pressa”.

Os pastores foram às pressas a Belém não porque estavam ansiosos, mas porque tinham prontidão no coração. Essa pressa revela disposição, abertura ao mistério de Deus e uma resposta imediata ao chamado divino. É uma urgência santa, uma pressa de fazer o bem, de contemplar o Verbo Encarnado, o Mistério que foi revelado no tempo oportuno.

Essa lição nos convida a refletir: será que temos a mesma prontidão para buscar as coisas divinas? Temos pressa para fazer o bem ou, pelo contrário, adiamos as boas ações?

Não podemos cair na lentidão espiritual, no adiamento do que é justo e necessário. O bem não tem amanhã, o bem só tem uma palavra: HOJE.

Dou um exemplo prático: uma pessoa está com fome. Se dissermos: “Amanhã eu ajudo” ou “Semana que vem vou fazer algo por ela”, pode ser tarde demais. O bem precisa ser feito no momento presente.

Por isso, olhando para nossas autoridades — prefeitos, vereadores e todos os que servem à nossa sociedade —, como bispo, faço um apelo: tenham pressa de fazer o bem.

Não adiem, não posterguem o que pode transformar a vida das pessoas. Tenham celeridade na promoção da justiça, na defesa dos mais vulneráveis e na construção de uma cidade melhor para todos.

Que essa pressa santa nos inspire a agir com prontidão e generosidade, buscando sempre a vontade de Deus e servindo ao próximo com amor e dedicação.

Mas é preciso ressaltar: uma pressa sem atropelos, respeitando os processos necessários. Muitas vezes, as pessoas cobram do bispo uma decisão imediata, mas as coisas não funcionam assim.

Creio que no poder público também é assim. O bem precisa ser feito, mas não de qualquer jeito, porque, se mal planejado, o bem pode acabar se tornando um mal.

Ao mesmo tempo, não podemos ser lentos ou deixar o tempo passar, pois, quatro anos passam depressa. Por isso, não percam tempo. Esta é a mensagem que quero que vocês guardem no coração: não deixem para amanhã o bem que podem fazer hoje. Vocês foram eleitos não para daqui a cinco anos, mas para agir no presente.

Nossa cidade tem sua história, suas belezas e riquezas, mas também seus limites. Assim como o Bispo não faz tudo na diocese, ele passa e deixa desafios. Quem veio antes deixou desafios, e agora é hora de arregaçar as mangas, continuar e avançar, para que possamos construir uma cidade mais justa e fraterna, um lugar bom de se viver.

Costumam me perguntar se gosto muito de Guanhães, e eu respondo, “com todos os seus limites, sim, eu amo minha cidade.” Porque não faz sentido morar em uma cidade e não amá-la.

Da mesma forma, não faz sentido estar em uma diocese com a mente em outro lugar. Se estamos aqui, somos cidadãos daqui, e é com essa cidade que devemos nos comprometer. Se amanhã for outra cidade, será outro compromisso, mas o “agora” exige nossa dedicação ao bem a ser feito, à justiça a ser promovida e ao bem comum a ser buscado.

Deixo essa mensagem no coração das autoridades, especialmente na pessoa do Senhor Prefeito, e estendo-a a todos os Prefeitos e demais líderes de nossa região.

Que saibamos construir não muros que separam, mas pontes que conectam. Não me refiro apenas a pontes físicas, que também são importantes, mas às pontes do respeito, da proximidade, da solidariedade e da fraternidade.

Autoridades não são constituídas para gerar ou fomentar divisões, mas para serem construtores de pontes e não de muros. Sejamos próximos no bem que precisa ser feito, e distantes — muito distantes e tardios — no mal, que jamais deve ser realizado.

O tempo passa rapidamente, e nós, cidadãos, esperamos muito de vocês. “A esperança não decepciona”. Por isso, não nos decepcionem. Cumpram as promessas feitas, e estou certo de que o rebanho que me foi confiado terá mais alegria e vida.

Contem sempre com nossas orações, como Paulo nos exortou no início desta mensagem. Feliz Ano-Novo, com muito trabalho.

Não adianta esperar que coisas bonitas caiam do céu por acaso. O bem é fruto de suor, esforço e dedicação. Com muito trabalho e combate, a vitória virá.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Para sempre seja louvado!

Diante dessa mensagem e da Palavra de Deus, vamos agora professar nossa fé: “Creio em Deus Pai…”

(PS: Editada para postagem).

 

Abertura do Jubileu 2025 na Diocese.

No domingo, 29 de dezembro de 2024, em que a Igreja celebrou a Festa da Sagrada Família, foi a ocasião definida pelo Papa Francisco para a abertura diocesana do Jubileu 2025, com o tema “Peregrinos de Esperança”. Em cada Igreja particular, em todo o mundo, os bispos reuniram o povo de Deus para uma caminhada em peregrinação até a Igreja Catedral.

Em Guanhães, o rito preparado constou-se do início da Missa, em frente a Igreja matriz São Miguel, com a leitura de trechos da Bula de Proclamação do Ano Jubilar.  Após a peregrinação, com cânticos e orações, foi dada sequência à celebração eucarística, com abertura da Porta Central da entrada da catedral e aspersão.

Confira, abaixo a Homilia proferida por Dom Otacilio Ferreira de Lacerda:

Amados irmãos e irmãs,

Estamos reunidos para a abertura do Santo Jubileu 2025.

Minha saudação inicial vai para você que nos acompanha pela Rádio Vida Nova, a rádio da nossa diocese, que agora alcança mais lugares, aproximando-nos de cada uma e cada um de vocês.

Saúdo também todos que participam conosco pelos meios de comunicação social espalhados por esta extensa diocese. Muitos estão celebrando conosco pelo YouTube, Facebook e outras plataformas.

Minha saudação especial aos que estão aqui, presentes nesta catedral, em um dia marcado por uma chuva suave. Para mim, essa chuva simboliza as graças de Deus que já começaram a ser derramadas sobre nós com a abertura do Jubileu e que continuarão a nos alcançar. É como se Deus regasse com Sua graça o coração de cada um de nós.

Minha saudação se estende, mais uma vez, a essa maravilha, essa beleza do nosso clero, aqui reunidos para esta Concelebração.

Sei que não foi fácil estar aqui hoje, mas vocês não mediram esforços para atender ao convite. E este convite não foi apenas do Bispo, mas do Papa que nos convocou a estarmos aqui. Muitas vezes, eu os convoco, mas, desta vez, também fui convocado pelo Papa para celebrar esta Missa.

Somos, por que não dizer, convidados especiais do Papa. Nosso ministério não existe sem a comunhão com o Papa Francisco e com o bispo desta diocese. Por isso, Deus seja louvado!

Meu irmão no episcopado, Dom Marcello, sempre presente, especialmente nesses seus 30 anos de ministério, é uma grande alegria celebrar com você. Também celebro com gratidão cada ano de ministério dos nossos irmãos no ministério presbiteral, meus amados filhos presbíteros.

Minha saudação especial vai aos seminaristas, religiosos, consagrados, consagradas, cristãos leigos e leigas, e a todas as pessoas presentes neste dia histórico para nós.

Parece estranha a pergunta que vou fazer: onde você estava há 25 anos? Ano 2000. Minha resposta: eu estava iniciando a missão em Rondônia. Hoje estou aqui com vocês. Quando eu tiver 89 anos? Não sei, só Deus sabe.

Agora, responda essa pergunta para você mesmo. Alguns de vocês nem estavam aqui ainda, mas já eram pensados por Deus, mesmo antes desses 25 anos.

Por isso, queridos irmãos e irmãs, não podemos deixar passar este dia histórico para nós. Quem aqui já participou de uma abertura de Jubileu? Levante a mão. Poucos, não é?

Mas hoje temos essa graça! Nosso querido padre Mário já participou de muitas aberturas, não é, padre Mário? Pode ficar de pé. Fique de pé, padre Mário! E o padre Peter também, junto com o padre Elair, que está em comunhão conosco.

Quantos Jubileus vocês já participaram? E daqui a 25 anos? A gente se encontra novamente, se Deus assim permitir, não é?

Então, vamos viver este Jubileu para valer, porque o próximo, só Deus sabe. O presente é dom de Deus, o futuro é mistério, e o passado é a história que guardamos no coração. O passado é a história, o presente é o dom de Deus, e o futuro é um mistério.

Com essa introdução, quero manifestar minha alegria por abrir o Jubileu, que traz um logotipo muito bonito, que será amplamente divulgado em nossas comunidades.

Você talvez já o tenha visto na internet. Ele representa uma barca no mar, a cruz, e quatro pessoas se apoiando na cruz de Nosso Senhor. A cruz está acompanhada por uma âncora, adentrando o mar.

Esse logotipo é mais do que um símbolo: é um emblema riquíssimo do nosso Jubileu. Ele nos lembra que, somente caminhando juntos e abraçando a cruz de Nosso Senhor, nossa barca não afundará. Assim, enfrentaremos os mares das dificuldades e provações com fé e esperança.

Tenho certeza de que os padres, mais tarde, irão aprofundar esse tema com as comunidades. Preciso ser breve, mas o logotipo é algo que você pode contemplar por horas, rezando e refletindo sobre o seu significado.

Com o Jubileu, vamos atravessar juntos o mar das dificuldades dos 25 anos vindouros, como fizemos até o presente. Abracemos a cruz de Nosso Senhor, pois ela é a nossa âncora e a nossa esperança. É caminhando juntos que seguimos em frente, porque, sozinhos, o mar nos devora. Quem consegue viver sozinho? Quem enfrenta a vida sozinho? Ninguém.

Precisamos uns dos outros. Os padres precisam reconhecer: “Eu preciso de você, meu irmão padre. Eu preciso da comunidade.” E a comunidade, por sua vez, também precisa dizer: “Nós precisamos de vocês, padres.” Assim como as comunidades precisam dos padres, os padres também precisam das comunidades. Se não nos unirmos, o mar das dificuldades nos devorará.

Creio que esta diocese tem uma história muito bonita de comunhão entre os padres e suas comunidades, e entre as comunidades e seus padres. Por isso, o Jubileu é mais que um evento; é um tempo de travessia, um tempo de misericórdia, um tempo de renovação e um tempo de transformação para todos nós.

Este não é apenas mais um Jubileu; é o Jubileu — o mais importante da minha vida. É um momento significativo para toda a Igreja, um tempo de reavivar e reafirmar a nossa esperança naquele que nos deu a única via para a eternidade e a vida plena: viver os mistérios da salvação.

Portanto, o Jubileu é um tempo de renascimento e fortalecimento da nossa fé. É um tempo de esperança, e a esperança não decepciona aqueles que têm fé. Se você não tiver fé, não há esperança que o mova.

Jamais podemos separar as virtudes divinas, as virtudes teologais: fé, esperança e caridade. Elas são inseparáveis e nos sustentam na caminhada.

Como bispo, meu desejo é que hoje você volte para casa cheio de fé, esperança e amor.

Aqui temos representantes de várias paróquias que não pertencem à matriz da Paróquia São Miguel e Almas. Por isso, peço que os representantes dessas paróquias fiquem de pé. Se você é de Santa Maria, Água Boa, Rio Vermelho ou de qualquer outra comunidade, por favor, levante-se. Até mesmo a Comunidade de José Raydan, que ainda não é paróquia, está presente.

Vocês vieram de outras cidades e enfrentaram dificuldades para chegar até aqui. Não foi fácil, especialmente com essa chuva que quase os impediu de vir, não é? Tenho certeza de que os padres presentes reconhecem o esforço de suas comunidades. Padres, fiquem de pé também!

Vocês que estão aqui hoje são privilegiados por essa oportunidade única. Muitos gostariam de estar no lugar de vocês, mas vocês disseram “sim”. Por isso, convido todos a darem uma calorosa salva de palmas para esses representantes que enfrentaram tantos desafios para estar aqui.

Sei que não é fácil ir e vir das paróquias, mas o amor sempre fala mais alto. Muito obrigado! Podem se sentar.

Confesso que fiquei emocionado, porque não é simples superar as adversidades. Muitos enfrentaram até atoleiros, certamente. Mas, pior do que os atoleiros de barro são os atoleiros da vida – os lamaçais que nos desafiam diariamente. E mesmo assim, vocês enfrentaram tudo isso para estarem aqui.

Quero, ainda, trazer uma palavra do Papa Francisco sobre o Jubileu. Em um mundo onde progresso e retrocesso se entrelaçam, o Papa disse:

“A cruz de Cristo permanece a âncora da salvação, sinal de esperança que não desilude, porque está fundada no amor de Deus, misericordioso e fiel.”

Essas palavras foram ditas pelo Papa em 21 de setembro de 2022, durante uma Audiência Geral.

Como já mencionei, a cruz permanece a nossa âncora de salvação. Para nós, a cruz não é derrota; é vitória! Por isso, entoamos com fé: “Vitória, tu reinarás! Ó cruz, tu nos salvarás!”

Neste terceiro ponto, após a saudação e a explicação do sentido do Jubileu, quero refletir sobre a liturgia de hoje, que é inesgotável em sua riqueza.

Abrimos o Jubileu celebrando a festa da Sagrada Família: Jesus, Maria e José. Minha família e a tua família pertencem a eles. A Sagrada Família é uma escola de aprendizado.

Na passagem do evangelho de hoje, somos convidados a nos abrir ao mistério de Deus, à prioridade das coisas divinas e ao cuidado com elas.

Jesus, no Templo, passa pela experiência da perda e do reencontro — um mistério gozoso que contemplamos ao rezar o terço.

Quantas lições bonitas a Sagrada Família nos oferece! Queridas famílias, queridos irmãos e irmãs, se há uma escola da qual nunca podemos fugir, é a Sagrada Família.

Quer salvar sua família? Aprenda com a Sagrada Família: amor, compreensão, respeito, carinho e abertura aos mistérios divinos. Maria e José, embora não compreendessem totalmente as palavras de Jesus, meditavam tudo em seus corações.

O Papa São Paulo VI, em 1964, chamou a Sagrada Família de uma “escola do silêncio, do trabalho e da oração.” O Papa Francisco, em uma belíssima homilia, reforçou que é também uma escola do diálogo, da solidariedade e da comunhão. Maria e José sorriram com Jesus, mas também enfrentaram momentos de incompreensão e dor.

Maria teve que carregar em seus braços o corpo sem vida do Filho, mas manteve a esperança em seu coração. Durante três dias, Maria e José buscaram Jesus perdido no Templo. Esse episódio prefigura o que Maria viveria mais tarde: três dias de espera enquanto Jesus estava escondido na sepultura.

Que paralelo belo e profundo a Igreja nos ensina!

  • Três dias de busca pelo Menino que se perdeu no Templo;
  • Três dias até a gloriosa Ressurreição, após sua descida à mansão dos mortos.

Para Maria, a perda no Templo foi uma experiência dolorosa, mas não se compara à desolação e à tristeza enquanto esperava pela ressurreição de Jesus.

Imaginemos o pânico de Maria e José ao perderem Jesus por aqueles dias; agora imaginemos a dor que Maria sentiu ao vê-lo na sepultura. Porém, essa dor foi transformada em glória com a ressurreição na madrugada do terceiro dia.

Isso é profundo demais. Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça!

Aos queridos irmãos e irmãs, o convite que faço é retomar, durante as férias de janeiro, essa rica liturgia de hoje.

Reúnam-se em família, em seus grupos de reflexão, e façam uma leitura orante das passagens.

A primeira leitura destaca o cuidado com os idosos, um dos sinais que o Papa mencionou sobre o Jubileu. Esse cuidado se estende às crianças, à vida, à paz, aos jovens e a tantos outros aspectos.

O Papa Francisco nos desafia a sermos uma família unida, onde tudo está interligado. Devemos cuidar uns dos outros e também de nossa casa comum, pois é nela que nossas famílias vivem.

Meu convite: retome a Palavra de Deus em casa. Faça da liturgia de hoje uma fonte de reflexão, começando pela segunda leitura, que é extremamente bela e relevante para a nossa vida. Como mencionei anteriormente, a Sagrada Família é uma escola, e São Paulo, ao escrever aos Colossenses, nos ensina virtudes indispensáveis para a família: misericórdia, perdão, compreensão, solidariedade, louvor e gratidão.

Essas virtudes devem ser cultivadas em nossas casas, porque a Palavra de Deus é viva e eficaz. Tenho certeza de que ela será refletida por cada um de vocês.

Agora, desejo abordar algumas reflexões adicionais sobre o Jubileu, que hoje se torna ainda mais marcante. A esperança não decepciona! Essa verdade me levou a formular três perguntas:

  1. Que esperança tenho em relação à minha família?
  2. Que esperança tenho em relação à minha Igreja?
  3. Que esperança tenho em relação à sociedade?

Sobre a família:

Creio na família! Acredito que a família pode salvar o mundo, porque sem ela o mundo está perdido. Quem de nós consegue viver sem uma família? Aliás, ontem o programa “Hora da Família” abordou esse tema. Vale a pena ouvir as reflexões do Padre Bruno e do  Seminarista Warley.

A família precisa aprender o silêncio, a oração, o diálogo, o perdão e o trabalho. É como um jardim, e os pais são os jardineiros. Um jardineiro precisa de paciência: plantar, podar, cultivar, adubar e esperar os frutos.

Eles não surgem quando queremos. A mesma lógica se aplica aos filhos. Não podemos esperar que sejam exatamente como idealizamos; é preciso plantar virtudes como amor, verdade, justiça e liberdade. A esperança não decepciona!

Nossa pastoral familiar precisa de mais entusiasmo e compromisso. Todos nós, inclusive eu como bispo, devemos reconhecer que, por mais que façamos, ainda é pouco. Tudo passa pela família: as vocações nascem nas famílias.

Sobre a Igreja:

Família e Igreja não caminham separadas. Não adianta querer salvar a Igreja e esquecer a família, ou o contrário. Ambas devem caminhar juntas. Na Igreja, precisamos sair do papel e colocar as decisões em prática, vivendo os estatutos que escrevemos e assinamos.

Caminhar juntos!

Nenhum padre ou bispo é uma ilha; precisamos decidir juntos, acertar juntos e errar o mínimo possível.

Quanto aos ministérios, estamos sonhando com a instituição do Ministério de Catequistas, mas não como algo meramente simbólico, e sim como fruto de um verdadeiro compromisso.

Todos os ministérios — leitores, acólitos, ministros da Eucaristia — devem ser vividos não como obrigações ou fardos, mas como uma graça ministerial.

Conclusão:

Pergunto a você: que esperança você tem para a sua família? Que respostas pode dar em relação à sua Igreja e à sociedade?

É fundamental refletir sobre isso, porque o Jubileu não é apenas um evento. Ele nos chama à transformação e ao compromisso com nossa fé, nossa família e nossa comunidade.

Vamos juntos, porque a esperança não decepciona!

Ministério Presbiteral e Pastoral Presbiteral:

O ministério presbiteral precisa ser cada vez mais fecundo. Por isso, é essencial o cuidado e o fortalecimento da Pastoral Presbiteral, para que tenhamos padres saudáveis e, consequentemente, comunidades saudáveis.

Um padre triste ou infeliz reflete em uma comunidade também triste e infeliz. Assim, é fundamental cuidar bem de nossos padres, para que eles cuidem bem das comunidades. E as comunidades, por sua vez, devem cuidar bem de seus padres.

É fácil criticar, mas difícil é ajudar a progredir e avançar. Portanto, essa relação de cuidado mútuo deve ser uma prioridade em nossa vivência eclesial.

Fortalecimento das Pastorais:

O Jubileu nos convida a revitalizar nossas pastorais, sejam elas da Criança, da Juventude, da Pascom — que cresceu significativamente durante a pandemia — ou outras que, infelizmente, encontram-se paradas em algumas paróquias e até na diocese. Viver o Jubileu significa dar novo vigor às nossas pastorais e vocações.

Assembleia Diocesana:

A importância da Assembleia Diocesana, que somente será frutífera se cada um fizer a sua parte. Assembleia não é apenas um evento de um dia; é um processo exigente que demanda reflexão, participação e compromisso ao longo de semanas, meses e até anos.

Não adianta chegar na Assembleia e esperar luzes, se, durante o processo de preparação, não houve envolvimento, não se refletiu, não se respondeu aos relatórios ou questionamentos. Uma Assembleia é construída coletivamente e com dedicação.

Lembro que nossa Assembleia já deveria ter ocorrido, mas foi adiada pela pandemia. Ainda assim, nenhuma diocese pode caminhar sem ela, pois é um momento maravilhoso na vida da Igreja para discernir caminhos e tomar decisões importantes.

Compromisso com a Sociedade:

Em relação à sociedade, o Papa nos desafia a assumir compromissos concretos com a vida, a fraternidade universal e a ecologia integral. Isso inclui respeito ao meio ambiente, cuidado com nossa casa comum e um uso consciente dos bens da criação, como a água e os recursos naturais, evitando desperdícios e destruições.

Perguntas Instigantes:

Por fim, deixo perguntas para nossa reflexão:

  • O que espero em relação à minha família?
  • O que espero em relação à minha Igreja, minha paróquia e minha comunidade?
  • O que espero do mundo em que vivo?

A esperança não decepciona! Que possamos encontrar respostas concretas e agir com fé e compromisso, renovando nosso espírito e nossas práticas.

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje trago uma grande notícia: a indulgência, o perdão que recebemos, e as confissões que nos convidam a procurar o Sacramento da Penitência. Esse é o caminho para buscar o perdão e a indulgência e viver plenamente tudo o que falamos.

No entanto, buscar indulgência sem mudança de vida é algo sem sentido. A indulgência significa compromisso em ser melhor. Significa dizer: “Eu quero mudar, quero ser uma pessoa melhor”.

Para isso, procuramos a confissão, rezamos pelo Papa, participamos da Missa, e vivemos como católicos de verdade. Um verdadeiro católico valoriza a indulgência como expressão de compromisso com Deus e com a comunidade.

Para facilitar esse processo, teremos três locais principais:

  1. Aqui na Catedral — onde haverá vários acontecimentos relacionados ao Jubileu.
  2. No Santuário do Senhor Bom Jesus de Matozinhos — que já conta com uma programação regular.
  3. Em Santa Maria do Suaçuí — também com sua rica programação como já conhecemos.

As romarias para esses locais podem e devem ocorrer, mas precisam ser organizadas com propósito. Não é apenas uma visita ou passeio; é um compromisso.

Por exemplo, se uma paróquia de Joanésia quiser vir em romaria à Catedral para receber a indulgência e participar da Missa, será necessário planejar previamente com os responsáveis.

Padres e Comunidade em Ação:

A organização cabe aos padres junto às comunidades. Padres, vocês têm um papel fundamental em motivar e estruturar essas peregrinações. Comunidades, por sua vez, cobrem dos seus padres, mas também façam sua parte. É uma via de mão dupla: o padre dá apoio, mas a comunidade também deve se mobilizar.

Agradeço aos padres dos mencionados lugares que estão prontos para acolher e ajudar no que for possível.  Todos vocês, com criatividade e zelo, farão o que estiver ao alcance para garantir o êxito desse Jubileu.

Encerramento
Temos três locais principais e não precisamos de mais. Já temos o Santuário do Senhor Bom Jesus, esta Catedral maravilhosa, e o Servo de Deus, a caminho da venerabilidade. Com isso, já temos muito para celebrar e viver intensamente o Jubileu.

Oração de São Miguel Arcanjo

Concluo esta mensagem voltando meu olhar para São Miguel Arcanjo, nosso padroeiro. Inspirado pelo Jubileu, pelas lutas, pelas dificuldades e pelo sofrimento do povo, escrevi esta oração.

Que São Miguel Arcanjo, quem como Deus? Ajude-nos a viver a graça do Jubileu no bom combate, para que possamos experimentar a misericórdia, garantia de vida nova.

Peço que todos fiquem de pé agora, olhando para São Miguel, enquanto rezamos juntos essa oração. E, com a intercessão da Sagrada Família, concluímos com fé e esperança este momento de comunhão.

Oremos:

Vossos Arcanjos enviai-nos, Senhor, suplicamos:

Enviai-nos, de modo especial, Vosso Arcanjo São Miguel, cujo nome revela uma missão: “Quem é como Deus?”, para que, com ele, vençamos os combates de nomes tantos do cotidiano, bem como a força do maligno. Amém.

São Miguel Arcanjo, rogai por nós (3x)

Viva a nossa Diocese! Viva nossas paróquias! Viva nossos padres! Viva Nossa Senhora! Viva Sagrada Família! Viva São Miguel Arcanjo!

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado.

 

Jubileu da Esperança 2025: Diocese de Guanhães Inicia um Tempo de Renovação e Peregrinação

A Diocese de Guanhães anunciou com alegria o início do Ano Jubilar da Esperança, que será celebrado de 29 de dezembro de 2024 a 28 de dezembro de 2025, conforme a Bula Spes non confundit do Papa Francisco, datada de 9 de abril de 2024.

O Jubileu, inspirado no tema bíblico “A esperança não decepciona” (Rm 5,5), convida os fiéis a se tornarem peregrinos da esperança, assumindo uma caminhada espiritual de renovação interior e compromisso com a transformação pessoal e social, conforme ressaltado por Dom João Justino Medeiros Silva, vice-presidente da CNBB.

Celebrações de Abertura

A programação terá início no dia 29 de dezembro de 2024, às 9h, com uma Santa Missa na Catedral de Guanhães, presidida por Dom Otacílio Ferreira de Lacerda, com a participação do clero e representantes das paróquias, religiosas, seminaristas e fiéis de toda a Diocese.

Símbolos do Ano Jubilar

Dois símbolos marcarão este tempo especial:

1. A unidade entre nós/sinodalidade, representada pela celebração da Santa Missa no dia 29 de dezembro de 2024.

2. A Peregrinação com a Cruz Missionária, que passará por todas as paróquias, unindo comunidades e fortalecendo a animação missionária em prol da evangelização.

Um Ano de Conversão e Solidariedade

O Jubileu da Esperança será um tempo de perdão, indulgência plenária e um convite à vivência de uma fé comprometida com a justiça, reconciliação e cuidado com os mais necessitados. A Diocese reforça seu compromisso com os encarcerados, enfermos, jovens, idosos, pobres e migrantes, promovendo uma caminhada de fraternidade e solidariedade.

Lugares de Peregrinação

Os locais escolhidos como destino para as peregrinações jubilares incluem:

  • Catedral de Guanhães
  • Santuário Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Conceição do Mato Dentro
  • Paróquia Santa Maria Eterna, em Santa Maria do Suaçuí

Dom Otacílio convida todos os fiéis a participarem deste momento de fé e renovação, rogando a intercessão de São Miguel Arcanjo, padroeiro da Diocese, e da Bem-Aventurada Virgem Maria, para que sejam guiados por um espírito de esperança e unidade.

Que este Jubileu seja uma oportunidade para reafirmarmos nossa missão cristã e fortalecermos nossa caminhada espiritual rumo a um mundo mais justo e fraterno.

Diocese de Guanhães
Guanhães, MG – 19 de dezembro de 2024

JUBILEU DA ESPERANÇA – 2025

MENSAGEM AO AMADO POVO DE DEUS, JUNTAMENTE COM SEUS PASTORES DAS PARÓQUIAS DE NOSSA DIOCESE

“A esperança não decepciona” (Rm 5, 5)

Graça e paz da parte de N.S.J.C.!

Neste esperançoso tempo de preparação natalina, estamos às vésperas de iniciarmos um grande acontecimento na história da nossa Igreja e da nossa história de fé: O Ano Jubilar da Esperança de 29/12/2024 a 28/12/2025, conforme a Bula “Spes non confundit” de 9 de abril de 2024, de nosso Papa Francisco.

É o Senhor quem nos convida a renovar nossas esperanças, como peregrinos da esperança, pois “Ser um peregrino de esperança é assumir um caminho espiritual que envolve não apenas a busca de lugares sagrados, mas também uma atitude de renovação interior e compromisso com a transformação pessoal e social” (Dom João Justino Medeiros Silva – Vice-Presidente da CNBB).

Em comunhão com o Papa Francisco, exorto cada batizado, cristãos leigos e leigas, ministros ordenados e todas as pessoas de boa vontade, a celebrarmos juntos este acontecimento em favor da promoção da sacralidade da vida, desde a concepção ao seu declínio natural, conscientes de que esperançar é a nossa missão, na fidelidade a Jesus Cristo que conosco caminha (Cf. Fl 3,14).

Alegra-nos o testemunho das diversas comunidades (rurais e urbanas), das pastorais, dos movimentos e das associações de um amor a Deus para com o próximo e nossas famílias: na acolhida, na atenção às necessidades, no cuidado da vida e da Casa Comum numa necessária Ecologia Integral, convictos de que tudo está interligado.

Assim fazemos, crendo em Jesus Cristo, a Porta de Salvação (Cf. Jo 10,7.9), a porta da entrada no Reino Celeste, chamados e comprometidos com a libertação em todas as suas dimensões, ao perdão das dívidas, à reconciliação e ao restabelecimento de uma ordem mais justa e fraterna, com compromissos de proximidade e solidariedade com os encarcerados, enfermos, jovens, migrantes, idosos, pobres, etc.

Nosso esperado primeiro e promissor momento acontecerá no próximo dia 29, às 09h, na Catedral, em Guanhães, com a Celebração da Santa Missa, com todo o Clero e representantes de nossas Paróquias, religiosas, consagradas, seminaristas.

Dois símbolos marcarão este ano jubilar – a unidade entre nós/sinodalidade com a Santa Missa dia 29/12 e a Peregrinação com a Cruz Missionária em todas as paróquias, um símbolo importante para a evangelização dos povos e na animação missionária, conforme programação a ser oportunamente comunicada.

Seja o Jubileu um tempo de peregrinações, perdão e indulgência plenária como nos orienta a mencionada Bula.

Deste modo teremos três lugares em nossa Diocese: a Catedral, Santuário Senhor Bom Jesus de Matosinhos – Conceição do Mato Dentro e a Paróquia Santa Maria Eterna em Santa Maria do Suaçuí.

Que São Miguel Arcanjo, Padroeiro de nossa Diocese e a Bem-Aventurada Virgem Maria, a “Estrela da Evangelização” nos acompanhe nesta peregrinação jubilar da Esperança.

+ Dom Otacilio Ferreira de Lacerda
Bispo diocesano de Guanhães, MG

Guanhães MG, 19 de dezembro de 2024

 

“Perdoa-nos as nossas ofensas, concede-nos a tua paz.”

MENSAGEM
DO SANTO PADRE
FRANCISCO
PARA O LVIII
DIA MUNDIAL DA PAZ

1 DE JANEIRO DE 2025

Perdoa-nos as nossas ofensas, concede-nos a tua paz

I. Na escuta do grito da humanidade ameaçada

1. Na aurora deste novo ano que nos é dado pelo nosso Pai celeste, um tempo jubilar dedicado à esperança, dirijo os meus mais sinceros votos de paz a cada mulher e a cada homem, especialmente àqueles que se sentem prostrados pela sua condição existencial, condenados pelos seus próprios erros, esmagados pelo julgamento dos outros e já não veem qualquer perspectiva para a sua própria vida. A todos vós, esperança e paz, porque este é um Ano de Graça, que vem do Coração do Redentor!

2. Em 2025, a Igreja Católica celebra o Jubileu, um acontecimento que enche os corações de esperança. O “jubileu” remonta a uma antiga tradição judaica, quando a cada quarenta e nove anos o toque da trombeta (em hebraico: yobel) anunciava um tempo de clemência e de libertação para todo o povo (cf. Lv 25, 10). Este apelo solene deveria ecoar por todo o mundo (cf. Lv 25, 9), a fim de restabelecer a justiça de Deus nos diferentes âmbitos da vida: no uso da terra, na posse dos bens, na relação com o próximo, sobretudo os mais pobres e os que tinham caído em desgraça. O toque da trombeta recordava a todo o povo, aos ricos e a quem tinha empobrecido, que ninguém vem ao mundo para ser oprimido: somos irmãos e irmãs, filhos do mesmo Pai, nascidos para ser livres segundo a vontade do Senhor (cf. Lv 25, 17.25.43.46.55).

3. Também nos dias de hoje, o Jubileu é um acontecimento que nos impele a procurar a justiça libertadora de Deus em toda a terra. Em vez da trombeta, no início deste Ano de Graça, nós gostaríamos de estar atentos ao «desesperado grito de ajuda» que, como a voz do sangue de Abel, o justo, se eleva de muitas partes da terra (cf. Gn 4, 10) e que Deus nunca deixa de escutar. Nós, por nossa vez, sentimo-nos chamados a unir-nos à voz que denuncia tantas situações de exploração da terra e de opressão do próximo. Estas injustiças assumem, por vezes, o aspecto daquilo a que São João Paulo II definiu como «estruturas de pecado», porque não se devem apenas à iniquidade de alguns, mas estão, por assim dizer, enraizadas e contam com uma cumplicidade generalizada.

4. Cada um de nós deve sentir-se, de alguma forma, responsável pela devastação a que a nossa casa comum está sujeita, a começar pelas ações que, mesmo indiretamente, alimentam os conflitos que assolam a humanidade. Assim, fomentam-se e entrelaçam-se os desafios sistémicos, distintos mas interligados, que afligem o nosso planeta. Refiro-me, em particular, às desigualdades de todos os tipos, ao tratamento desumano dispensado aos migrantes, à degradação ambiental, à confusão gerada intencionalmente pela desinformação, à rejeição a qualquer tipo de diálogo e ao financiamento ostensivo da indústria militar. Todos estes são fatores de uma ameaça real à existência de toda a humanidade. No início deste ano, portanto, queremos escutar este grito da humanidade para nos sentirmos chamados, todos nós, juntos e de modo pessoal, a quebrar as correntes da injustiça para proclamar a justiça de Deus. Alguns atos esporádicos de filantropia não serão suficientes. Em vez disso, são necessárias transformações culturais e estruturais, para que possa haver também uma mudança duradoura.

II. Uma mudança cultural: somos todos devedores

5. O evento jubilar convida-nos a empreender várias mudanças para enfrentar a atual condição de injustiça e desigualdade, recordando-nos que os bens da terra não se destinam apenas a alguns privilegiados, mas a todos. Pode ser útil recordar o que escreveu São Basílio de Cesareia: «Mas que coisas, diz-me, são tuas? De onde as tiraste para as incluir na tua vida? […] Não saíste totalmente nu do ventre da tua mãe? Não voltarás, de novo, nu para a terra? De onde vem o que tens agora? Se dissesses que te veio por acaso, estarias a negar Deus, a não reconhecer o Criador, e não estarias grato ao Doador». Quando não há gratidão, o homem deixa de reconhecer os dons de Deus. Mas o Senhor, na sua infinita misericórdia, não abandona os homens que pecam contra Ele: antes, confirma o dom da vida com o perdão da salvação, oferecido a todos mediante Jesus Cristo. Por isso, ensinando-nos o “Pai Nosso”, Jesus convida-nos a pedir: «Perdoa-nos as nossas ofensas» ( Mt 6, 12).

6. Quando uma pessoa ignora a própria ligação com o Pai, começa a nutrir um pensamento de que as relações com os outros podem ser regidas por uma lógica de exploração, em que o mais forte pretende ter o direito de prevalecer sobre o mais fraco. Tal como as elites do tempo de Jesus, que se aproveitavam do sofrimento dos mais pobres, também hoje, na aldeia global interligada, o sistema internacional, se não for alimentado por uma lógica de solidariedade e interdependência, gera injustiças que, exacerbadas pela corrupção, aprisionam os países pobres. A lógica da exploração do devedor também descreve sucintamente a atual “crise da dívida”, que aflige vários países, especialmente no Sul do planeta.

7. Não me canso de repetir que a dívida externa se tornou um instrumento de controle, através do qual alguns governos e instituições financeiras privadas dos países mais ricos não hesitam em explorar indiscriminadamente os recursos humanos e naturais dos países mais pobres para satisfazer as necessidades dos seus próprios mercados. A isto se acrescenta que várias populações, já sobrecarregadas pela dívida internacional, vejam-se obrigadas a suportar também o peso da dívida ecológica dos países mais desenvolvidos. A dívida ecológica e a dívida externa são dois lados da mesma moeda, desta lógica de exploração que culmina na crise da dívida. Inspirando-me neste ano jubilar, convido a comunidade internacional para que atue no sentido de perdoar a dívida externa, reconhecendo a existência de uma dívida ecológica entre o Norte e o Sul do mundo. É um apelo à solidariedade, mas sobretudo à justiça.

8. A mudança cultural e estrutural para superar esta crise ocorrerá quando finalmente reconhecermos que somos todos filhos do mesmo Pai e, perante Ele, confessarmos que somos todos devedores, mas também todos necessários uns aos outros, segundo uma lógica de responsabilidade partilhada e diversificada. Poderemos descobrir, enfim, «que precisamos e somos devedores uns dos outros».

III. Um caminho de esperança: três ações possíveis

9. Se deixarmos que o nosso coração seja tocado por estas necessárias mudanças, o Ano de Graça do Jubileu pode reabrir o caminho da esperança para cada um de nós. A esperança nasce da experiência da misericórdia de Deus, que é sempre ilimitada.

Deus, que não deve nada a ninguém, continua a conceder incessantemente graça e misericórdia a todos os homens. Isaque de Nínive, um Padre da Igreja Oriental do século VII, escreveu: «O teu amor é maior do que as minhas dívidas. Pouca coisa são as ondas do mar comparadas com a quantidade dos meus pecados, mas se eu pesar os meus pecados, comparados com o teu amor, eles desaparecem como se nada fossem».  Deus não calcula o mal cometido pelo homem, mas é imensamente «rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou» ( Ef 2, 4). Ao mesmo tempo, ouve o grito dos pobres e da terra. Bastar-nos-ia parar por um momento, no início deste ano, e pensar na graça com que Ele sempre perdoa os nossos pecados e anistia todas as nossas dívidas, para que o nosso coração se encha de esperança e de paz.

10. Por isso, Jesus, na oração do “Pai Nosso”, depois de termos pedido ao Pai a remissão das nossas ofensas (cf. Mt 6, 12), exigentemente afirma «assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido». Para perdoar uma dívida aos outros e dar-lhes esperança, é preciso que a própria vida esteja cheia dessa mesma esperança que vem da misericórdia de Deus. A esperança é superabundante em generosidade, não é calculista, não olha para a contabilidade dos devedores, não se preocupa com o seu próprio lucro, mas tem um único objetivo: levantar os caídos, curar os quebrantados de coração, libertar de todas as formas de escravidão.

11. Gostaria, portanto, de sugerir, no início deste Ano de Graça, três ações que podem devolver a dignidade à vida de populações inteiras e colocá-las de novo no caminho da esperança, para que a crise da dívida possa ser ultrapassada e todos possam voltar a reconhecer-se como devedores perdoados.

Antes de mais, retomo o apelo lançado por São João Paulo II, por ocasião do Jubileu do ano 2000, para que se pense numa «consistente redução, se não mesmo no perdão total da dívida internacional, que pesa sobre o destino de muitas nações». Reconhecendo a dívida ecológica, os países mais ricos sentir-se-ão chamados a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para perdoar as dívidas dos países que não estão em condições de pagar o que devem. Certamente, para que não se trate de um ato isolado de beneficência, que corre o risco de desencadear de novo um ciclo vicioso de financiamento-dívida, é necessário, ao mesmo tempo, desenvolver uma nova arquitetura financeira que conduza à criação de um acordo financeiro global, baseado na solidariedade e na harmonia entre os povos.

Além disso, faço apelo a um firme compromisso de promover o respeito pela dignidade da vida humana, desde a concepção até à morte natural, para que cada pessoa possa amar a sua vida e olhar para o futuro com esperança, desejando o desenvolvimento e a felicidade para si e para os seus filhos. Com efeito, sem esperança na vida, é difícil que surja no coração dos jovens o desejo de gerar outras vidas. Particularmente neste sentido, gostaria de convidar, uma vez mais, para um gesto concreto que possa favorecer a cultura da vida. Refiro-me à eliminação da pena de morte em todas as nações. Em realidade, esta punição, além de comprometer a inviolabilidade da vida, aniquila toda a esperança humana de perdão e de renovação.

Atrevo-me também a lançar um outro apelo às jovens gerações, recordando São Paulo VI e Bento XVI, neste tempo marcado pelas guerras: utilizemos pelo menos uma percentagem fixa do dinheiro gasto em armamento para a criação de um fundo mundial que elimine definitivamente a fome e facilite a realização de atividades educativas nos países mais pobres que promovam o desenvolvimento sustentável, lutando contra as alterações climáticas. Devemos tentar eliminar qualquer pretexto que possa levar os jovens a imaginar o seu futuro sem esperança, ou como uma expectativa de vingar o sangue derramado por seus entes queridos. O futuro é um dom que permite ultrapassar os erros do passado e construir novos caminhos de paz.

IV. A meta da paz

12. Aqueles que empreenderem, através dos gestos propostos, o caminho da esperança, poderão ver cada vez mais próximo a tão desejada meta da paz. O Salmista confirma-nos nesta promessa: quando «a verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão» ( Sal 85, 11). Quando me despojo da arma do crédito e devolvo o caminho da esperança a uma irmã ou a um irmão, contribuo para a restauração da justiça de Deus nesta terra e caminhamos juntos para a meta da paz. Como dizia São João XXIII, a verdadeira paz só pode vir de um coração desarmado da ansiedade e do medo da guerra.

13. Que 2025 seja um ano em que a paz cresça! Aquela paz verdadeira e duradoura, que não se detém nas querelas dos contratos ou nas mesas dos compromissos humanos. Procuremos a verdadeira paz, que é dada por Deus a um coração desarmado: um coração que não se esforça por calcular o que é meu e o que é teu; um coração que dissolve o egoísmo para se dispor a ir ao encontro dos outros; um coração que não hesita em reconhecer-se devedor de Deus e que, por isso, está pronto para perdoar as dívidas que oprimem o próximo; um coração que supera o desânimo em relação ao futuro com a esperança de que cada pessoa é um bem para este mundo.

14. Desarmar o coração é um gesto que compromete a todos, do primeiro ao último, do pequeno ao grande, do rico ao pobre. Por vezes, é suficiente algo simples como «um sorriso, um gesto de amizade, um olhar fraterno, uma escuta sincera, um serviço gratuito». Com estes pequenos-grandes gestos, aproximamo-nos da meta da paz, e lá chegaremos mais depressa quanto mais, ao longo do caminho, ao lado dos nossos irmãos e irmãs reencontrados, descobrirmos que já mudámos em relação ao nosso ponto de partida. Com efeito, a paz não vem apenas com o fim da guerra, mas com o início de um mundo novo, um mundo no qual nos descobrimos diferentes, mais unidos e mais irmãos do que poderíamos imaginar.

15. Concede-nos, Senhor, a tua paz! Esta é a oração que elevo a Deus ao dirigir as minhas saudações de Ano Novo aos Chefes de Estado e de Governo, aos Chefes das Organizações Internacionais, aos líderes das diferentes religiões e a todas as pessoas de boa vontade.

Perdoa-nos as nossas ofensas, Senhor,
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,
e, neste círculo de perdão, concede-nos a tua paz,
aquela paz que só Tu podes dar
para aqueles que deixam o seu coração desarmado,
para aqueles que, com esperança, querem perdoar as dívidas aos seus irmãos,
para aqueles que confessam sem medo que são vossos devedores,
para aqueles que não ficam surdos ao grito dos mais pobres.

Vaticano, 8 de dezembro de 2024

FRANCISCO

___________________________

Diocese de Guanhães convida para celebração de Admissão às Ordens Sacras

A Diocese de Guanhães anuncia com grande alegria a realização da Solene Celebração Eucarística de Admissão às Ordens Sacras dos seminaristas Abel de Pinho Mourão e Evanilton Santos Gonçalves.

A cerimônia será presidida por Dom Otacilio Ferreira de Lacerda, bispo diocesano, no próximo dia 22 de dezembro de 2024, às 8h, na Catedral São Miguel, localizada na cidade de Guanhães-MG.

Este é um momento especial para a Igreja local, marcando mais um passo na vocação sacerdotal dos seminaristas. A comunidade é convidada a participar desta celebração de fé, comunhão e gratidão.

Venha celebrar conosco e unir-se em oração por Abel e Evanilton, neste importante marco de suas jornadas vocacionais.

Pe Dilton Maria Pinto recebe Medalha de Embaixador Cultural da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

Padre Dilton Maria Pinto, Pároco da Paróquia Santa Maria Eterna, em Santa Maria do Suaçuí – MG, mais uma vez eleva o nome da Diocese de Guanhães, especialmente da Paróquia Santa Maria Eterna, ao ser condecorado pela Academia de Letras de Teófilo Otoni com o título de Embaixador Cultural. Essa honraria reconhece sua significativa contribuição às ciências, artes e cultura.

No dia 24 de agosto deste ano, Pe. Dilton já havia sido agraciado com a Medalha de Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Mucuri, além da Medalha de Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni, reafirmando sua relevância no cenário cultural e intelectual da região.

Na mesma ocasião,  Pe. Ismar também recebeu a Medalha de Sócio Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni e o título de Membro Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Mucuri, somando mais um marco significativo para a cultura e história regional.

Nós, da Diocese de Guanhães – MG, expressamos nossas felicitações ao Pe. Dilton e ao Pe Ismar reconhecendo que essas homenagens são mais do que merecidas. Elas refletem a essência e a contribuição inestimável que eles oferecem à cultura, tanto no âmbito da Paróquia Santa Maria Eterna quanto em toda a Diocese de Guanhães.

Parabéns, Pe. Dilton! Parabéns, Pe Ismar!

 

Dom Otacílio Orienta Diocese de Guanhães na Acolhida aos Políticos Eleitos

Em preparação para o início das gestões municipais 2025-2028, Dom Otacílio Ferreira de Lacerda, Bispo Diocesano de Guanhães, publicou uma mensagem pastoral destinada a orientar as paróquias e comunidades da Diocese na acolhida dos políticos eleitos nas eleições de outubro deste ano.

A mensagem enfatiza a missão da Igreja Católica em promover a evangelização em “Caminho Sinodal e a favor da Vida Integral” e reforça a importância da política como uma forma elevada de caridade social. Dom Otacílio destacou que a atividade política deve ser um serviço ao bem comum, incentivando a ética, a unidade e a paz.

Entre as orientações, o bispo indicou que, embora não haja a tradicional “Missa de Posse”, as paróquias poderão incluir orações especiais pelos eleitos nas celebrações regulares. Além disso, as comunidades têm liberdade para organizar momentos de acolhida aos gestores em ambientes como a Prefeitura ou Câmara Municipal, conforme a realidade de cada localidade.

“A Igreja valoriza a política como instrumento de serviço ao próximo e ao bem comum”, afirmou Dom Otacílio, citando também as “Bem-aventuranças do Político”, destacadas pelo Papa Francisco. Esses princípios reforçam valores como integridade, coerência e compromisso com mudanças que promovam a dignidade humana e os direitos fundamentais.

A mensagem, publicada às vésperas do Dia Mundial da Paz, celebrado em 1º de janeiro, ressalta o papel da Igreja em colaborar com todos os cidadãos, independentemente de crenças, para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

Com a intercessão de São Miguel Arcanjo, padroeiro da Diocese, Dom Otacílio concluiu a mensagem pedindo bênçãos sobre os gestores e suas comunidades. “Rezemos para que cada eleito exerça seu mandato com responsabilidade, justiça e compromisso com a promoção do bem comum”, incentivou o bispo.

Assessoria de Comunicação da Diocese de Guanhães

 

Acolhida aos Gestores/as Municipais 2025-2028

Amado Povo de Deus

“Antes de tudo, peço que se façam súplicas, orações, intercessões, ação de graças, por todas as pessoas, pelos reis e pelas autoridades em geral, para que possamos levar uma vida calma e tranquila, com toda a piedade e dignidade.” (cf. 1 Tm 2,1-2)

Graça e Paz da Parte de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Vimos, por meio desta, confirmar nosso compromisso de Igreja com uma Evangelização em “Caminho Sinodal e a favor da Vida Integral”.

Na proximidade das celebrações do dia primeiro de janeiro de 2025 – Solenidade Santa Maria, Mãe de Deus e Dia Mundial da Paz, rezaremos pelos eleitos/as eleitos das eleições de outubro de 2024, para a gestão municipal de 2025-2028, e havemos por bem dar algumas orientações:

– A Igreja valoriza a atividade política, considerando-a como uma forma privilegiada e sublime de caridade social. Deste modo, incentiva os cristãos leigos e leigas a assumirem suas responsabilidades no serviço ao bem comum, que é a razão de ser da atividade política.

– Tendo presente que a Igreja Católica age em prol de todos os cidadãos nas coisas que se referem à Fé e a defesa da Vida, não teremos a chamada “MISSA DE POSSE” conforme as orientações litúrgicas, mas podem ser elevadas orações nas celebrações ordinárias das paróquias, com eventual acolhida daqueles que às celebrações se dirigirem. Pode-se também fazer celebração noutro momento na Prefeitura ou Câmara, dentro das possibilidades de cada Paróquia.

Reforçamos nosso dever de pastores em rezar e zelar por todas as pessoas, pois todos são criados à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1,26a), e como nos diz a Igreja – “Ao negligenciar os seus deveres temporais, o cristão negligencia os seus deveres para o próximo e o próprio Deus e coloca em perigo a sua salvação eterna” (GS, 43).

Fundamentais as palavras do Papa Francisco, sobre “As bem-aventuranças do político” em sua Mensagem para o 52º Dia Mundial da Paz, celebrado no dia 1º de janeiro de 2019, escritas por uma testemunha fiel do Evangelho, o Cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan, falecido em 2002:

 

  • “Bem-aventurado o político que tem uma alta noção e uma profunda consciência do seu papel.
  • Bem-aventurado o político de cuja pessoa irradia a credibilidade.
  • Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para os próprios interesses.
  • Bem-aventurado o político que permanece fielmente coerente.
  • Bem-aventurado o político que realiza a unidade.
  • Bem-aventurado o político que está comprometido na realização duma mudança radical.
  • Bem-aventurado o político que sabe escutar.
  • Bem-aventurado o político que não tem medo”.

 

Urge que tenhamos o exercício da boa política a serviço da paz e da promoção do bem comum; respeitando e promovendo os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres recíprocos, para que se estabeleça um vínculo de confiança e gratidão entre as gerações do presente e as futuras.

Com a intercessão de São Miguel Arcanjo, Padroeiro de nossa Diocese, rogo a Deus copiosas bênçãos sobre todos e todas.

Guanhães, 04 de dezembro de 2024

 

Dom Otacílio Ferreira de Lacerda

Bispo Diocesano

 

A Palavra do Pastor
“Enviai-me, Senhor”

“Enviai-me, Senhor”

Somos enviados por Deus em missão, como aconteceu com o Profeta Isaías: “Ouvi então a voz do Senhor, que dizia:...
Read More
Cidades mais humanas

Cidades mais humanas

 “Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago” (Lc 10,18) É sempre oportuno e necessário refletir sobre a missão...
Read More
Presbíteros: construtores da esperança e pontes de paz

Presbíteros: construtores da esperança e pontes de paz

De 19 a 21 de maio de 2025, celebramos o Jubileu do Clero da Província de Diamantina, composta pelas arquidiocese...
Read More
Que o Presbítero seja Sinal do Cristo Bom Pastor

Que o Presbítero seja Sinal do Cristo Bom Pastor

  A Igreja precisa de Presbíteros com características muito próprias para o exercício Ministerial neste tempo de pós-modernidade. Deste modo,...
Read More
Coração indiviso, por Cristo seduzido: Sacerdote feliz!

Coração indiviso, por Cristo seduzido: Sacerdote feliz!

É sempre tempo para que o Presbítero reveja a fidelidade a Cristo e à Sua Igreja, a fim de que...
Read More
Presbítero: homem da imersão e da emersão…

Presbítero: homem da imersão e da emersão…

  “Imerso no Amor para fazer emergir a vida...” Em todo tempo, mas de modo especial na Quaresma, vivemos, como...
Read More
Presbíteros testemunhas da mansidão e da doçura

Presbíteros testemunhas da mansidão e da doçura

    Ajudai, Senhor, a fim de que todos os presbíteros mantenham a mansidão e a doçura, virtudes tipicamente cristãs,...
Read More
O Presbítero e os meios de comunicação social

O Presbítero e os meios de comunicação social

Sobre a missão dos Presbíteros nos meios de comunicação social, sobretudo neste tempo que estamos vivendo, em que se multiplica...
Read More
Cidades mais humana

Cidades mais humana

   “Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago” (Lc 10,18) É sempre oportuno e necessário refletir sobre a...
Read More
Ensina-me, Senhor, a perdoar como Vós perdoastes

Ensina-me, Senhor, a perdoar como Vós perdoastes

                                       ...
Read More

Empresas que possibilitam este projeto:

Arquivo