A Palavra do Bispo

Mensagens e publicações do bispo diocesano, Dom Otacilio Ferreira de Lacerda.

O Senhor caminha conosco! Aleluia! III Domingo da Páscoa Ano A

Que a Boa Nova da Ressurreição de Jesus

seja nossa força na missão: A Ressurreição

de Jesus se descobre caminhando.

Uma reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (24,13-35), sobre a caminhada dos discípulos de Emaús.

Urge que descubramos Cristo vivo, que Se manifesta caminhando com os discípulos e com a humanidade.

Com Sua Palavra, medo, mágoas, tristezas, desânimo são superados, dando lugar à coragem, ao perdão, à alegria, à esperança.

Assim como Sua voz fez arder o coração dos discípulos de Emaús, enquanto lhes falava das Escrituras, também o nosso em cada Eucaristia que participamos e a Palavra de Deus ouvimos.

Do mesmo modo, nossos olhos se abrem ao partir e repartir o Pão, Corpo e Sangue do Senhor, como também o fez com os discípulos, ficando com eles naquele entardecer inesquecível, assim faz conosco em cada Banquete Eucarístico que participamos.

Contemplemos a presença de Cristo Vivo, Ressuscitado e Vitorioso, que caminha com a comunidade. Enche o coração dos discípulos de esperança, fazendo o mesmo arder, e Se dá a reconhecer na partilha do Pão.

Deus não intervém de forma espetacular, mas no caminhar, no comunicar Sua Palavra e no simples gesto do Partir do Pão (simples e com tons Eucarísticos).

Esta passagem é uma página verdadeiramente catequética, e não uma reportagem jornalística. O Evangelista quis levar a comunidade à acolhida da Palavra do Ressuscitado, para retomar o caminho com ardor missionário, nutridos pela presença do Ressuscitado, encontrada no Pão Eucarístico, na Ceia piedosa, consciente, ativa e frutuosamente celebrada, como a Igreja nos ensina ao longo dos tempos.

É preciso passar do contexto do fracasso, do desencanto, da frustração para uma nova postura: alegres e corajosos discípulos missionários que encontram e sentem a presença do Ressuscitado caminhando. A fé não permite que haja recuos, desistência da Novidade do Reino por Jesus inaugurado.

O Evangelista dirige sua mensagem à comunidade dos que creem e caminham; pelas dificuldades, desanimados e sem rumo, para que não deixem morrer os sonhos que parecem diluir e desmoronar, diante da realidade monótona, ou hostil, com suas provações e adversidades.

Quando se sente a presença de Jesus, que Se faz companheiro, que caminha junto, que conhece nossas alegrias e tristezas, angústias e esperanças, sentimos que não estamos sós, que Alguém, ainda que não vejamos, conosco caminha, e esta presença se dá desde que Ele nos comunicou, com o Seu Divino Sopro, o Espírito, e nos enviou como Suas testemunhas: ”Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15).

Coloquemo-nos a caminho, com a convicção de que Jesus caminha conosco, ao nosso lado, para que superemos crises, fracassos, desalentos, desânimos.

Reflitamos:

– Qual o lugar da Palavra de Deus em nossa vida?

– Arde nosso coração quando lemos, proclamamos, refletimos, pregamos a Palavra de Deus, sobretudo nas Missas que participamos?

– Nossos olhos se abrem na Partilha do Pão e reconhecemos a presença do Ressuscitado?

– Repetimos este gesto de amor e partilha, com nossos irmãos, no quotidiano?

– Voltar para Emaús e desistir ou voltar para “Jerusalém” e, com coragem, proclamar a Boa Nova da Ressurreição?

– Em nossas Missas, sentimos o que aconteceu com os discípulos de Emaús: arde nosso coração e se abrem nossos olhos?

– Cléofas e outro caminhavam de volta, desanimados, tristes, derrotados. Também já nos sentimos assim na caminhada da comunidade?

Vemos, portanto, que a história dos discípulos de Emaús é a nossa história de cada dia:

“Os nossos olhos fechados que não reconhecem o Ressuscitado… os nossos corações que duvidam, fechados na tristeza… os nossos velhos sonhos vividos com decepção… o nosso caminho, talvez, afastando-se do Ressuscitado…

N’Ele, durante este tempo, ajustemos o Seu passo ao nosso para caminhar junto de nós no caminho da vida.  Há urgência em abrir os nossos olhos para reconhecer a Sua Presença e a Sua ação no coração do mundo e para levar a Boa Notícia: Deus Ressuscitou Jesus! Eis a nossa fé! (1)

Renovemos a alegria de caminhar com Jesus, e também, a alegria de ser discípulo missionário, cujo coração arde pelo fogo da Palavra proclamada, acolhida, crida e vivida; cujos olhos se abrem e reconhecem Jesus no partir do Pão, um gesto tão simples, tão belo, tão divino, que há de se repetir em outros tantos gestos de amor e partilha no quotidiano a fim de que todos tenhamos vida plena, abundante.

A Ressurreição de Jesus se descobre caminhando, e esta é força na missão, a Boa Nova que nos dá coragem para avançarmos para as águas mais profundas, em plena confiança na Palavra de Deus.

Em cada Missa que participarmos, ouçamos Deus que nos fala ao coração, e que nos abre os olhos para que O reconheçamos.

Urge que o desalento, o desânimo, a frustração, o fracasso e a derrota cedam lugar à fidelidade, à esperança, à coragem, aos sonhos, à alegria. Tudo isto é possível quando o Amor de Deus é derramado em nossos corações por meio do Cristo Ressuscitado e a presença do Seu Espírito.

Aleluia! Aleluia! Aleluia!

 

(1) www.Dehonianos.org/portal

“A fé que se torna missão” – II Domingo da Páscoa (ano A)

C

Com a Liturgia do 2º Domingo da Páscoa (ano A), também chamado de “Domingo da Misericórdia”, à luz da Palavra de Deus, refletimos sobre o papel da comunidade cristã como lugar privilegiado do encontro com Jesus Cristo Ressuscitado: na Palavra proclamada, no pão partilhado, no amor vivido e no corajoso testemunho dado.

A comunidade de homens novos, que nasce da Cruz e da Ressurreição de Jesus, a Igreja, continuará a missão do Senhor: comunicar a vida nova que brota de Sua Ressurreição.

Na passagem da primeira leitura (At 2, 42-47), Lucas retrata os primeiros passos da comunidade cristã, assídua nos Ensinamentos dos Apóstolos, na Comunhão Fraterna, na Partilha do Pão e na Oração – quatro pilares básicos de uma autêntica comunidade, para que ela seja viva e frutuosa, na doação e serviço em favor dos irmãos, anunciando ao mundo a Salvação que Jesus veio trazer.

Nesta passagem, é como se Lucas nos oferecesse um “Raio-X” de nossas comunidades, percebendo sua estrutura, o que precisa ser reforçado, para que este retrato da comunidade não seja apenas saudosismo, mas um desafiador projeto a ser realizado, numa autêntica evangelização, no anúncio da Boa-Nova aos pobres, em empenho sincero de sua libertação, fazendo acontecer o urgente Ano da Graça do Senhor, como nos exorta o Evangelista Lucas (Lc 4, 16-21).

A comunidade precisa perseverar e cuidar destes pilares:

Ensinamentos dos Apóstolos:

Formação bíblica, teológica, doutrinal, Documentos da Igreja, Escola de Ministérios, subsídios diversos disponíveis, livros dos grupos de reflexão, plano de pastoral, e tantos outros meios pelos quais hoje podemos favorecer a formação doutrinal, aprofundamento da Palavra de Deus.Comunhão Fraterna:

É muito mais que um abraço, um canto de paz na Missa ou culto dominical, é a solidariedade concreta com os empobrecidos, através de diversas Pastorais e Serviços dentro e fora das comunidades, como tão bem nos é proposto nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil – CNBB.

Eucaristia ou Fração do Pão:

A Celebração Dominical na qual Deus Se faz nosso Alimento e nos fortalece pela Sua Palavra. Quando celebramos nossa vida, com suas alegrias e tristezas, angústias e esperanças, em busca de novos horizontes para que o Reino de Deus aconteça.

A Eucaristia é, verdadeiramente, o ponto alto e a fonte de toda a nossa vida. A Eucaristia edifica a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia, como nos falou o Papa São João Paulo II.

Oração:

Individual, familiar e comunitária. Trinta minutos, ao menos por dia, como nos exortou um grande Bispo da Igreja do Brasil (D. Pedro Casaldáliga).

A Oração muito mais do que uma reza sistemática, rotineira, é um diálogo profundo com o Eterno que habita em cada um de nós. É colocar-se no colo de Deus, ser beijado e acariciado pelo mesmo e, se preciso, levar um “puxão de orelha” para nossa orientação… A Oração é diálogo no aparente silêncio de Deus.

Reflitamos:

– Como vivenciamos as dimensões acima apresentadas?

– Eucaristia celebrada e na vida prolongada. Como relacionamos a Eucaristia que celebramos com o nosso quotidiano?

A segunda leitura é uma passagem da Carta de São Pedro (1Pd 1,3-9), dirigida aos cristãos das cinco províncias romanas da Ásia menor.

A Carta tem como objetivo ajudar a manter firme a fé, esperança e a caridade. É preciso viver na solidariedade, alegria, coerência e fidelidade à adesão feita ao Cristo Ressuscitado: identificarmo-nos com Jesus, Aquele a quem amamos, sem O termos visto, pois Ele é o Cristo, que por amor se entregou ao Pai em favor de todos nós. Se assim também o fizermos, chegaremos, com Ele, à Ressurreição.

É preciso nas contrariedades manter a esperança, confiando no amor de Deus, que nos envolve e nos impulsiona, para que jamais recuemos no testemunho da fé, no revigoramento da caridade, nas virtudes divinas, que nos movem permanentemente.

Na passagem do Evangelho (Jo 20,19-31), Jesus Se manifesta vivo e ressuscitado, e Se apresenta como o centro da comunidade cristã, comunicando:  a paz (plenitude de bens) e o Espírito, para que os Apóstolos continuem a Sua missão.

A mensagem explicita a centralidade de Cristo na comunidade e esta, por sua vez, é a testemunha credível da vida do Ressuscitado no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos, com a Palavra proclamada, com o Pão de Jesus partilhado e os compromissos com a justiça e a vida nova.

O Ressuscitado, rompendo as portas fechadas, onde os Apóstolos se encontram por medo dos judeus, disse-lhes: “A paz esteja convosco”. Nada mais pode impedir a ação do Ressuscitado.

É o primeiro dia da semana, é o tempo da nova criação alcançada pelo Ressuscitado, por isto guardamos o Domingo como o Dia do Senhor, para adorá-Lo e encontrá-Lo, de modo especial na comunidade: Cristo presente na comunidade de modo especialíssimo na Palavra e na Eucaristia.

Na primeira parte, Jesus saúda com o “shalom”: harmonia, serenidade, tranquilidade, confiança, plenitude dos dons à comunidade, de modo que a ela nada falta, pois o Ressuscitado Se faz presente.

E a comunidade será portadora desta Boa-Nova, empenhada na tríplice harmonia dos seres humanos com o Criador, com a própria criatura e com o cosmos.

Os Apóstolos são instrumentos da paz, da vida nova, da comunhão a ser vivida com Deus e com o próximo: shalom!

Quando reaprende a amar, a comunidade capacita-se para a missão de paz, e então se torna sal da terra, luz do mundo e fermento na massa.

A não vivência ou a recusa do amor impede que a paz aconteça… Paz que nos é dada como dom divino, compromisso humano inadiável.

Acolhendo o “sopro da misericórdia divina”, a comunidade não terá o que temer, porque não é enviada sozinha, mas com a força e a vida nova que nos vem do Santo Espírito – “E Jesus soprou sobre eles e disse-lhes: recebei o Espírito Santo”

A segunda parte, é o itinerário feito por Tomé, ausente na primeira vez em que Jesus apareceu aos Apóstolos, e depois, quando presente, faz a grande profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus”.

Tomé é proclamado bem-aventurado porque viu e tocou as Chagas gloriosas do Ressuscitado, e Jesus nos diz que felizes são aqueles que creram sem nunca terem visto, nem tocado (Jo, 20,29).

Tomé toca exatamente onde nascemos e nos nutrimos: no coração de Jesus, do qual jorrou Água e Sangue: Batismo e Eucaristia.

Esta é uma mensagem essencialmente catequética, que nos convida a renovar hoje e sempre a nossa fé: somos felizes porque cremos sem nunca termos visto nem tocado.

A experiência vivida por Tomé não foi exclusiva das primeiras testemunhas do Ressuscitado, e pode ser vivida por todos os cristãos de todos os tempos. Hoje, somos convidados a fazer esta mesma experiência.

Reflitamos:

– Creio na presença de Jesus Ressuscitado na vida da Igreja?

– Sinto a presença e ação do Ressuscitado em minha vida?

– Jesus Ressuscitado possui centralidade em minha vida?

– Jesus Ressuscitado ocupa o lugar central em minha comunidade?

– Como vivo a missão, por Ele, a mim confiada?

– Tenho acolhido o sopro do Espírito na missão vivida?

– O que tenho feito para que a paz, mais que sonho e desejo, se torne realidade?

– O Domingo é, de fato, para mim o Dia do Senhor, do encontro com o Ressuscitado, para escutá-Lo na comunidade, reconhecê-Lo e comungá-Lo quando Ele Se dá no Pão partilhado, na Eucaristia?

– Como tenho prolongado, em minha vida quotidiana, a ação e vida do Ressuscitado, a Eucaristia celebrada?

Urge que a fé na Ressurreição do Senhor, faça transbordar de alegria nosso coração.

                                                                                         Oremos:

“Ó Pai, que no Dia do Senhor reunis o Vosso Povo para celebrar

Aquele que é o Primeiro e o Último, o Vivente que venceu a morte,

Dai-nos a força do Vosso Espírito, para que, quebrados os vínculos do mal, Vos tributemos o livre serviço da nossa obediência e do nosso amor, para reinarmos com Cristo na glória eterna.

Amém. Aleluia!”

“A paz esteja convosco!”

Ninguém pode impedir a ação do Ressuscitado!

Alegremo-nos!

Aleluia!

Fonte de pesquisa: www.Dehonianos.org/portal.

Sejamos alegres testemunhas do Ressuscitado

“Sabemos que o nosso velho homem foi

crucificado com Cristo, para que seja destruído

o corpo de pecado, de maneira a não mais servirmos ao pecado” (Rm 6, 6)

A Alegria do Tempo Pascal é diretamente proporcional

Ao quanto nos empenhamos no Itinerário Quaresmal,

Assim como no Tríduo Pascal, dias tão especiais,

Com Liturgias próprias, imensuráveis de riquezas…

Faço votos de um Feliz Tempo Pascal.

Que estes dias de alegria, esplendor e exultação

Pela Boa Nova da Ressurreição, tornem

Cada vez mais Pascal nossa existência.

Que a fé no Ressuscitado e na Ressurreição,

Por Ele prometida para quem n’Ele viver e crer,

Mais que promessa, seja um dia para nós realidade,

Quando, então, O contemplaremos gloriosamente na eternidade.

Contemplemos o Mistério Pascal com sua riqueza infinda,

Acolhamos, na fé, a Deus que é Pai e que Se dá a nós,

Por Cristo Ressuscitado gloriosamente no Espírito,

Presente no mais profundo de nosso coração.

Contemplemos com júbilo e exultação incontidas

O Mistério Pascal, deixando-nos envolver

Por este movimento ininterrupto e envolvente de Amor,

Para vivermos a vida nova, liberta de todo medo e incerteza.

Estabeleçamos vínculos fraternos sólidos e sinceros,

Configurando-nos a Cristo Morto e Ressuscitado,

Guiados pela ação do Espírito que é garantia

De saborosos frutos de comunhão, amor e paz.

Inflame-se e aumente a caridade ativa em nós,

Regenere e consolide-se a fé pura e inabalável,

Renove-se a esperança de um novo céu e nova terra,

Para que anunciadores e testemunhas do Senhor sejamos.

“Pois, se fomos de certo modo identificados a Jesus Cristo

por uma morte semelhante à Sua, seremos semelhantes

a Ele também pela Ressurreição” (Rm 6, 5).

Isto é Páscoa:

Ser, no mundo, alegres anunciadores e testemunhas do Ressuscitado.

Aleluia! Aleluia! Aleluia!

Riquezas infinitas do Tríduo Pascal

O Tríduo Pascal nos envolve completamente, e se vivido intensamente algo muda substancialmente na vida de quem o celebra ativa, consciente, piedosamente, para que seja abundante em frutos de alegria, vida e paz!

Com a Missa do Crisma, agradecemos a Deus a graça da Instituição do Sacerdócio, e somos enriquecidos com a bênção dos Santos Óleos dos Catecúmenos para o Sacramento do Batismo, o Óleo dos Enfermos e a Consagração do Óleo do Santo Crisma para também ser usado nas Ordenações Presbiterais, Episcopais, dedicação de altar e igrejas.

Na noite de quinta-feira, iniciando o Tríduo Pascal, celebrando a Missa da Ceia do Senhor, agradecemos a Deus de infinita bondade, a Instituição da Eucaristia, como memorial da Sua Nova e Eterna presença; recebemos o Mandamento Novo do Amor e aprendemos com Jesus, numa lição de humildade, a nos colocarmos sempre a serviço, quando lavou os pés dos discípulos.

Nessa Missa, a Palavra de Deus nos convida a refletir sobre a Eucaristia, ponto alto e fonte da vida cristã. Eucaristia celebrada no altar para no quotidiano ser vivida.

A Missa não tem fim em si mesma, continua em todo o nosso existir. Somos a presença d’Aquele que recebemos no mundo. Transformamo-nos n’Aquele que recebemos, vivendo o Novo Mandamento que Ele nos deu, criando laços mais humanos, belos e fraternos em atitude de servidores do Reino da Vida.

Em resumo, há um estreito vínculo indissolúvel entre a Eucaristia, a fraternidade universal, o amor e o serviço. Eucarísticos que somos, testemunhas críveis do amor também o seremos quando nossa vida for marcada por compromissos solidários em favor da vida, sobretudo dos mais empobrecidos – “Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que Eu fiz…” (Jo 13,15).

Após a Missa, a Igreja fica em Vigília, em intensa adoração, recolhidos diante do Amor visível e tangível no Santíssimo Sacramento, a ser transladado para lugar oportuno.

As portas do Sacrários ficam abertas e vazias, assim como Ele aniquilou-Se, despojou-Se de tudo para nos enriquecer de todos os bens e de toda graça, nos devolvendo a condição filial perdida, fazendo resplandecer a face sem brilho pelo pecado de nossos primeiros pais.

Quando a tarde de Sexta-Feira anunciar quinze horas, num silêncio profundamente tocante, sensíveis diante do incrível Mistério do Amor de Deus que nos amou até o fim, celebraremos a Paixão e Morte do Senhor.

A Palavra anunciada nos leva a refletir sobre o incrível Amor de Deus, que não sabe fazer outra coisa se não nos amar e nos amar até o fim, dando Sua vida em nosso favor.

Aprenderemos com o Servo Sofredor no que consiste o verdadeiro Amor que se concretiza na obediência filial, fidelidade incondicional e na sinceridade e transparência vivida contra todo abandono, traição, negação, ultraje, humilhação, aniquilamento, desfiguração “… – tão desfigurado Ele estava que nem parecia ser um homem ou ter aspecto humano…” (Is 52,14).

Contemplaremos Seu Coração trespassado: “… mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança e logo saiu Sangue e Água.” (Jo 19,34) – Água e Sangue jorram simbolizando o nascimento e o alimento, o Batismo e a Eucaristia. De onde nascemos jorra também o nosso Alimento. Deus não somente quis nos fazer renascer, mas quis Se fazer e Se dar em Alimento no Seu Corpo e Sangue: a Santa Eucaristia!

A Via Sacra completará nossa configuração com Jesus. Se com Ele vivemos, caminhamos, padecemos as múltiplas faces da Paixão, da dor, do sofrimento, do pranto, do luto, com Ele também Ressuscitaremos.

A Via Sacra, com sua extrema profundidade, nos traz à mente e ao coração os momentos máximos do Amor. Jesus leva-nos inevitavelmente a um clima de intensa oração, ao mergulho nas profundidades da Misericórdia Divina, às lágrimas, ao recolhimento, e silêncio orante.

Cada momento nos leva a pensar e rezar por tantos outros rostos que vivem verdadeiras “vias sacras”, não como algo do passado, mas memória da Verdadeira Paixão e Morte do Senhor.

Sábado Santo! Parece que as horas não passam… Estaremos aguardando a grande Vigília Pascal – a mãe de todas as vigílias, por ser a mais antiquíssima delas.

A grande Vigília tem sua beleza própria: a fogueira, o fogo novo, o Círio pascal, a proclamação da passagem, a nossa Páscoa, a riqueza da Palavra de Deus, a bênção da água e a renovação batismal de todos os fiéis, a Santa Eucaristia.

Que chegue a noite escura tão esperada! O Fogo novo do Círio Pascal, Palavra Proclamada, Água santificada e aspergida, batismo renovado, Eucaristia comungada – Será a Páscoa tão desejada, após um rico e longo Itinerário Quaresmal, e o culminar de um Santo Tríduo Pascal.

Que chegue a noite escura tão esperada!

Pois quando o sol se puser e a luz da lua vier iluminar a noite,  

celebraremos a Verdade que ilumina todas as noites escuras de nossa existência. Pouco a pouco, a alegria da Boa-Nova da Ressurreição

 vai aparecendo em nossos corações,  olhos e lábios, 

porque, de fato, Ele Ressuscitou! 

Então cantaremos o Aleluia!

Domingo de Ramos e da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo- Ano A

                              “Contemplemos e fiquemos abismados diante da mais bela História do Amor de Deus por nós:
Jesus Cristo, 0 Filho Amado do Pai.”
Com a Santa Missa do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, iniciamos a Semana Santa, que culminará na Ressurreição do Senhor.
A Liturgia (Ano A) nos convida a contemplar a ação de Deus que vem ao encontro da humanidade, por meio de Jesus Cristo, que Se fez o Servo da humanidade, em doação total de Sua vida por amor, não fugindo do horizonte da Cruz sempre presente em Sua missão.
Na passagem da primeira Leitura (Is 50,4-7), é nos apresentado o terceiro Cântico de Javé, e a figura do Servo sofredor, que a fé cristã identifica perfeitamente com a pessoa de Jesus Cristo no Mistério de Sua Paixão e Morte:
“A vida de Jesus realiza plenamente esse destino de dom e entrega da vida em favor de todos; e a sua glorificação mostra que uma vida vivida deste jeito não termina no fracasso, mas na Ressurreição que gera vida nova” (1)
O Servo sofredor escuta, sofre, resiste e confia na intervenção de Deus que jamais abandona aqueles a quem chama. O Profeta tem convicção de que não está só, e que a força de Deus é sempre mais forte que a dor, o sofrimento e a perseguição, e que jamais ficará decepcionado.
Reflitamos:
– Temos coragem de fazer da nossa vida uma total entrega ao Projeto de Deus, no compromisso de libertação de tudo que seja sinal de morte e opressão?
– De que modo vivemos a vocação profética que Deus nos concedeu pela graça do Batismo?
– Temos confiança na força de Deus, como o Servo sofredor que é o próprio Senhor?
O Apóstolo Paulo, na passagem da segunda Leitura (Fl 2, 6-11), apresenta-nos o exemplo de Jesus Cristo que viveu obediência, fidelidade e amor total ao Pai por amor à humanidade.
Embora a comunidade de Filipos, gozando de afeto especial do Apóstolo, seja entusiasta, generosa e comprometida, é exortada a aprofundar sua prática de desprendimento com maior humildade e simplicidade, como pode acontecer com toda comunidade que adere ao Senhor.
Paulo nos apresenta, portanto, numa breve e densa passagem, a missão de Jesus:
“Em traços precisos, o hino define o ‘despojamento’ (‘Kenosis’)  de Cristo: Ele não afirmou com arrogância e orgulho a Sua condição divina, mas aceitou fazer-Se homem, assumindo com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar totalmente aos homens o Ser e o Amor do Pai.
Não deixou de ser Deus, mas aceitou descer até aos homens, fazer-Se servidor dos homens, para garantir vida nova para os homens. Esse ‘abaixamento’ assumiu mesmo foros de escândalo: Jesus aceitou uma Morte infamante – a Morte de Cruz – para nos ensinar a suprema lição do serviço, do Amor radical, da entrega total da vida” (2).
Em consequência disto, Deus o fez “Kyrios” (Senhor), para reinar sobre toda a terra e sobre toda a humanidade.
A comunidade dos seguidores de Jesus haverá de fazer sempre este mesmo caminho de despojamento, amor, doação e fidelidade total a Deus, para alcançar a glória da eternidade.

A passagem do Evangelho (Mt 26,14-27,66) nos apresenta a Paixão de Nosso Senhor Jesus.

Com Mateus, o primeiro Evangelista, contemplamos a Paixão de Jesus: uma vida feita dom e serviço, culminando na morte de Cruz, em que revela o Amor de Deus que nada guarda para Si, que Se faz um dom total, para que sejamos redimidos.

Na narrativa de Mateus tem algumas particularidades em relação aos outros Evangelistas: a iniquidade do processo e a inocência de Jesus; o sonho da mulher de Pilatos, sugerindo que não foi o império romano, mas sim o próprio judaísmo que rejeitou Jesus e Sua Proposta do Reino; a descrição dos fatos que acompanharam a Sua Morte (o véu do Templo que se rasga em duas partes, de alto a baixo; o tremor da terra e o fender das rochas; a abertura dos túmulos e muitos corpos de santos que tinham morrido ressuscitaram; o episódio da guarda do sepulcro, com o objetivo de confirmar que o corpo não foi roubado, mas Ele foi Ressuscitado).
A mensagem central: a morte de Jesus é a consequência lógica do anúncio do Reino, que provocou tensões, resistências, pelos que detinham o poder religioso, econômico, político e social do Seu tempo.
A Morte de Jesus é o culminar de Sua vida: “é a afirmação última, porém, mais radical e mais verdadeira (porque marcada com Sangue), daquilo que Jesus pregou com Palavras e com gestos: o Amor, o dom total, o serviço” (3)
Que a celebração da Semana Santa, rica em espiritualidade, repleta de ritos significativos, renove nosso apaixonamento por Jesus, assim como Ele foi um apaixonado de Deus Pai, com a força e presença do Espírito, em todos os momentos.

Os amigos do Senhor não morrem para sempre V Domingo da Quaresma Ano A

Os amigos do Senhor não morrem para sempre

A Liturgia do 5º Domingo da Quaresma (ano A) nos convida a refletir sobre a ressurreição de Lázaro, contemplando a ação e o poder de Jesus Cristo sobre tudo, inclusive sobre a própria morte.

Somente Deus pode nos dar uma vida que ultrapasse a vida biológica: a vida eterna, que vence a morte pela Ressurreição de Jesus Cristo.

Com este sinal, renovamos e professamos nossa fé em Cristo, que é Ressurreição para a nossa vida: “Eu sou a Ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá” (Jo 11,25).

A primeira Leitura é uma passagem do Livro do Profeta Ezequiel. Em um contexto de dor, sofrimento, lágrimas, luto, Ezequiel, o Profeta da esperança, enfrenta o exílio, a deportação, a desolação, com o desafio de plantar a esperança no coração de quem em nada mais cria, nada mais esperava (Ez 37,12-14).

Os “ossos ressequidos”, que voltarão a ter vida, mencionados ao longo capítulo, sinalizam que ainda há esperança:

“Ó meu povo, vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel” (Ez 37, 12). E ainda: “Porei em vós o meu espírito, para que vivais e vos colocarei em vossa terra. Então sabereis que Eu, o Senhor, digo e faço – oráculo do Senhor” (Ez 37, 14).

Reflitamos:

– De que modo sou um sinal de esperança, assim como foi o Profeta Ezequiel?

– Quais são as realidades de morte que clamam pela ação profética, como Igreja que somos?

Com a passagem da segunda Leitura (Rm 8,8-11), o Apóstolo Paulo reacende, também em nós, a esperança e vida eterna, pois o Espírito de Deus tudo vivifica:

“Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo Seu Espírito que habita em vós.” (Rm 8,11). De fato, Deus tem um Projeto de salvação e vida plena para todos.

Deste modo, o batizado deve ser coerente em suas atitudes, para realizar as obras de Deus e viver segundo o Espírito, plenamente aberto aos desígnios divinos, na obediência e adesão a Jesus Cristo; na acolhida da graça; na acolhida do Espírito Santo, que comunica vida nova plena e definitiva. Todo o batizado é alguém que escolheu identificar-se com Cristo.

A mensagem é um convite a viver segundo o Espírito, numa vida pautada pelos valores da caridade, da alegria, da paz, da fidelidade e da temperança. É preciso abandonar as obras da carne (autossuficiência, ciúmes, ódio, ambição, inveja, libertinagem), como vemos também na Carta aos Gálatas (cf. Gl 5,1-12).

Reflitamos:

– Vivemos segundo as obras da carne ou do Espírito?

– Abrimo-nos à ação do Espírito que nos renova e vivifica?

Na passagem do Evangelho (Jo 11,1-45), com a ressurreição de Lázaro, amigo do Senhor, vemos que Jesus tem poder sobre a vida e a morte, e a ressurreição do amigo é o grande sinal deste poder.

A compaixão de Jesus para com Lázaro, ressuscitando-o, revela-nos, também, que ser amigo de Jesus, é aderir à Sua proposta, numa vida de entrega e obediência ao Pai, como Ele assim o fez:

Ser amigo de Jesus é saber que Ele é Ressurreição e a vida e que dá aos Seus a vida plena, em todos os momentos. Ele não evita a morte física; mas a morte física é, para os que aderiram a Jesus; apenas a passagem (imediata) para a vida verdadeira e definitiva. Para os ‘amigos’ de Jesus – para aqueles que acolhem a sua proposta e fazem da sua vida uma entrega a Deus e um dom aos irmãos – não há morte… Podemos chorar a saudade pela partida de um irmão, mas temos de saber que, ao deixar este mundo, ele encontrou a vida plena, na glória de Deus” (1).

Há uma questão fundamental que se sobressai neste Domingo: “não há morte para os ‘amigos’ de Jesus – isto é, para aqueles que acolhem a sua proposta e que aceitam fazer da sua vida uma entrega ao Pai e um dom aos irmãos. Os ‘amigos’ de Jesus experimentam a morte física; mas essa morte não é destruição e aniquilação: é, apenas, a passagem para a vida definitiva. Mesmo que estejam privados da vida biológica, não estão mortos: encontram a vida plena junta de Deus.” (2)

Além da morte de alguém muito querido e da própria morte, como expressão máxima de dor, muitas vezes, em nossa existência, passamos por situações de desespero em que tudo parece ruir, a vida parece perder todo o seu sentido.

Pode ser o enfraquecimento de laços familiares; a indesejável e sofrível traição de um amigo ou de alguém que tenhamos em alta estima; a perda de um emprego; a solidão devoradora, que se prolonga com as horas; a falta de perspectivas e objetivos; o vazio da alma; o desencanto com o outro; e outras inúmeras situações com “matizes sepulcrais”.

Quando parece não haver mais esperança, Deus lança a mais preciosa semente da vida e tudo então se renova, floresce, frutifica.

Em Deus e com Deus, há esperança de que as coisas novas virão: a morte cederá lugar à vida, a violência à paz, a dor ao prazer, o luto à Ressurreição, o sacrifício, acompanhado de eternos louvores, à eternidade!

É preciso sair do sepulcro e avançar, dando um decidido passo ao encontro da Vida Plena, que somente Jesus pode nos oferecer (cf. Jo 10,10).

É n’Ele que esta promessa se cumpre, é n’Ele que somos arrancados das sepulturas da vida e da sepultura da morte; é no Seu Espírito Santo, derramado sobre nós, que o Pai nos vivifica. Jesus nos devolve o sentido derradeiro de nossa existência.

Não podemos sucumbir, curvar-nos diante da morte e, muito menos, nos fecharmos num sepulcro, sem futuro e sem esperança.

Bem sabemos que vivemos num mundo que procura desesperadamente a vida, a felicidade…

Urge neste tempo favorável de conversão e salvação, renovar nossos compromissos com a construção do Reino, amando e servindo a Jesus, Senhor da vida e da morte, a fim de que Ele reine em nosso coração e em todo o Universo.

Da mesma forma, que sementes de justiça e paz sejam lançadas, para que todos tenham vida, e a tenham em abundância.

Numa época como a nossa, em que se tem sede de um sentido para a existência, Jesus Se apresenta a nós como a própria Vida,  Ressurreição e Aquele que tem coração, rosto, voz e Amor sem fim!

Entreguemo-nos ao Espírito que habita em nós, para nos comprometermos com a plenitude de vida, que somente Deus pode nos alcançar.

Reflitamos:

– Como é a nossa amizade com o Senhor?

– Quais são os sinais de morte que clamam por vida, e nos desafiam aos compromissos concretos de solidariedade em sua transformação?

– Cremos em Jesus, Ressurreição e Vida, n’Ele vivendo e crendo, com a esperança da promessa da vida eterna?

A vida tem sentido quando não perdemos a esperança, cultivamos a fé, com gestos multiplicados de caridade, e cada passo deve ser dado com plena confiança em Deus, que jamais nos abandona e jamais nos decepciona.

Nem a vida nem a morte podem nos separar de Deus e dos Seus planos para nós, como tão bem expressou o Apóstolo Paulo:

“Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada?” (Rm 8, 35)

(1) Citação extraída do site: http://www.dehonianos.org/portal/default.asp

(2) Idem

Somente Deus mata nossa sede – Homilia III Domingo da Quaresma – Ano A

Somente Deus mata nossa sede

“Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. 
Mas quem beber da Água que Eu lhe darei, 
esse nunca mais terá sede.

E a água que Eu lhe der 
se tornará nele uma Fonte de Água

que jorra para a vida eterna” (Jo 4, 13-14).

A Liturgia do 3º Domingo da Quaresma (Ano A), traz como tema: O Senhor Jesus, e somente Ele, sacia a nossa sede de amor, vida e paz, damos mais um passo no Itinerário Quaresmal rumo à Páscoa do Senhor.

A Liturgia da Palavra nos revela que Deus está sempre presente na caminhada do Seu Povo, e o conduz à realização plena, na perfeita felicidade rumo à eternidade.

Na passagem da primeira Leitura (Ex 17, 3- 7), Deus presente na caminhada do povo hebreu pelo deserto do Sinai, apesar de provocado, suportando toda murmuração e contestação, infidelidade e pecado de Seu povo, não lhe nega a fidelidade, o Amor e a possibilidade da liberdade e felicidade.

O tema da água aparece tanto na Leitura como no Evangelho: água que sacia a sede como sinal da vida que Deus pode oferecer do rochedo. Este rochedo, depois, na releitura cristã, será o coração trespassado do Senhor, do qual jorrou Sangue e Água para nos fazer renascer, e também do mesmo lado o Alimento que nos redime, fortalece e nos salva (Jo 19,34).

Assim como o Povo de Deus, precisamos descobrir a presença e fidelidade do Senhor, que não nos abandona nunca, tão pouco nos momentos das dificuldades e sofrimentos, que são ocasiões propícias para o nosso crescimento e amadurecimento e fortalecimento na fé.

À medida que se avança, irmanados na fé, renovamos e nos transformamos, alargarmos horizontes, firmamos os passos, tornamo-nos mais responsáveis, conscientes, adultos e mais Santos, superando todo indesejável infantilismo espiritual, que também podemos incorrer, como aconteceu com o Povo de Deus na travessia do deserto.

Na passagem da segunda Leitura (Rm 5,1-2.5-8), o Apóstolo reforça a mensagem de que Deus é sempre presente e pronto para nos perdoar, apesar de todo pecado e infidelidade que possamos cometer. Assim como na primeira Leitura, o Apóstolo nos garante que Deus nunca abandona o Seu Povo em caminhada pela história.

Deus está sempre ao nosso lado, em cada passo que damos, oferecendo-nos por meio de Seu Filho e de Seu Espírito, gratuitamente, com pleno amor, a Água que mata a nossa sede de vida e felicidade.

Somente em Cristo nos tornamos criaturas novas, e é Ele quem nos plenifica de todos os bens e dons: paz, esperança e o Seu imprescindível Amor.

Contemplemos o Amor de Deus, que jamais desistiu de nós, e, por meio de Jesus, a máxima expressão de Sua presença e Amor por nós, vindo pessoalmente ao nosso encontro, para conosco caminhar, em tudo semelhante a nós, exceto no pecado, para dele nos libertar – “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).

Na passagem do Evangelho (Jo 4, 5-42), no encontro de Jesus com a samaritana à beira do poço de Jacó, acolhemos a alegre mensagem: somente Jesus sacia nossa sede de vida eterna; acolher e aceitar o Dom de Deus, Jesus, o Salvador do mundo, nos faz homens novos.

Jesus é o “novo poço” no qual encontramos a água cristalina que sacia a sede da humanidade de vida plena e felicidade autêntica.

A água que Jesus tem a nos oferecer é a “Água do Espírito” que o é o grande dom de Jesus, derramado sobre toda a Igreja com Sua Paixão, Morte e Ressurreição.

Este Espírito, quando acolhido no mais profundo do coração do homem, impresso como um selo, renova, transforma e o torna capaz de amar a Deus acima de tudo, vivendo na paz e na concórdia com o próximo.

O diálogo de Jesus com a samaritana nos revela qual a missão de Jesus, que consiste em comunicar ao homem o Espírito Santo que dá vida. Seu Espírito desenvolve e fecunda o coração daquele que O acolhe, capacitando para viver um amor como Ele, Jesus, ama, um Amor imensurável.

Somente de Jesus, com Sua Palavra e Seu Espírito, água viva para a humanidade, é que nasce a comunidade dos Homens Novos, filhos de Deus que têm por missão ser a presença de Deus, com palavras e ação, em todos os âmbitos do mundo.

Esta saciedade que a samaritana encontrou em Jesus a fez discípula missionária, e nos leva a nos questionar sobre o tempo presente, sobre a inquieta busca da felicidade, e o seu não encontro:

“A modernidade criou-nos grandes expectativas. Disse-nos que tinha a resposta para todas as nossas procuras e que podia responder a todas as nossas necessidades.

Garantiu-nos que a vida plena estava na liberdade absoluta, numa vida vivida sem dependência de Deus; disse-nos que a vida plena estava nos avanços tecnológicos, que iriam tornar a nossa existência cômoda, eliminar a doença e protelar a morte; afirmou que a vida plena estava na conta bancária, no reconhecimento social, no êxito profissional, nos aplausos das multidões, nos “cinco minutos” de fama que a televisão oferece…

No entanto, todas as conquistas do nosso tempo não conseguem calar a nossa sede de eternidade, de plenitude, dessa “mais qualquer coisa” que nos falta para sermos, realmente, felizes.

A afirmação essencial que o Evangelho de hoje faz é: só Jesus Cristo oferece a Água que mata definitivamente a sede de vida e de felicidade do homem”. (1)

Reflitamos:

– Onde e em quem buscamos a nossa felicidade?

– Sentimos a presença de Deus amante, atuante, que nos ama e conosco caminha?

– Nosso encontro pessoal com o Senhor, ou nosso encontro com Ele na Ceia Eucarística, tem saciado nossa sede de vida plena e feliz?

– A samaritana, saciando sua sede de eternidade em Jesus, tornou-se uma alegre discípula missionária. Assim também acontece conosco?

– Como e onde comunicar este encontro com o Senhor e a Sua Boa Nova que sacia a sede de humanidade?

– Quais são os poços que o mundo oferece para saciar nossa sede existencial?

– Sendo a Quaresma tempo favorável de nossa conversão, é possível que procuremos nossa felicidade na água que o mundo oferece, em vez da água pura e cristalina que o Senhor tem a nos oferecer?

Encerro com as palavras do Papa Bento XVI:

“Aqui, no poço de Jacó, encontramos Jacó como antepassado que tinha oferecido com o poço a água como elemento fundamental da vida.

Mas no homem encontra-se uma sede maior, que vai mais além da água da fonte, porque ele procura uma vida que está para além da esfera biológica”. (2)

(1) Citação extraída do site:

http://www.dehonianos.org/portal/default.asp

(2) Papa Bento XVI – in Jesus de Nazaré – p. 210

“Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. 
Mas quem beber da Água que Eu lhe darei, 
esse nunca mais terá sede.

E a água que Eu lhe der 
se tornará nele uma Fonte de Água

que jorra para a vida eterna” (Jo 4, 13-14).

A Liturgia do 3º Domingo da Quaresma (Ano A), traz como tema: O Senhor Jesus, e somente Ele, sacia a nossa sede de amor, vida e paz, damos mais um passo no Itinerário Quaresmal rumo à Páscoa do Senhor.

A Liturgia da Palavra nos revela que Deus está sempre presente na caminhada do Seu Povo, e o conduz à realização plena, na perfeita felicidade rumo à eternidade.

Na passagem da primeira Leitura (Ex 17, 3- 7), Deus presente na caminhada do povo hebreu pelo deserto do Sinai, apesar de provocado, suportando toda murmuração e contestação, infidelidade e pecado de Seu povo, não lhe nega a fidelidade, o Amor e a possibilidade da liberdade e felicidade.

O tema da água aparece tanto na Leitura como no Evangelho: água que sacia a sede como sinal da vida que Deus pode oferecer do rochedo. Este rochedo, depois, na releitura cristã, será o coração trespassado do Senhor, do qual jorrou Sangue e Água para nos fazer renascer, e também do mesmo lado o Alimento que nos redime, fortalece e nos salva (Jo 19,34).

Assim como o Povo de Deus, precisamos descobrir a presença e fidelidade do Senhor, que não nos abandona nunca, tão pouco nos momentos das dificuldades e sofrimentos, que são ocasiões propícias para o nosso crescimento e amadurecimento e fortalecimento na fé.

À medida que se avança, irmanados na fé, renovamos e nos transformamos, alargarmos horizontes, firmamos os passos, tornamo-nos mais responsáveis, conscientes, adultos e mais Santos, superando todo indesejável infantilismo espiritual, que também podemos incorrer, como aconteceu com o Povo de Deus na travessia do deserto.

Na passagem da segunda Leitura (Rm 5,1-2.5-8), o Apóstolo reforça a mensagem de que Deus é sempre presente e pronto para nos perdoar, apesar de todo pecado e infidelidade que possamos cometer. Assim como na primeira Leitura, o Apóstolo nos garante que Deus nunca abandona o Seu Povo em caminhada pela história.

Deus está sempre ao nosso lado, em cada passo que damos, oferecendo-nos por meio de Seu Filho e de Seu Espírito, gratuitamente, com pleno amor, a Água que mata a nossa sede de vida e felicidade.

Somente em Cristo nos tornamos criaturas novas, e é Ele quem nos plenifica de todos os bens e dons: paz, esperança e o Seu imprescindível Amor.

Contemplemos o Amor de Deus, que jamais desistiu de nós, e, por meio de Jesus, a máxima expressão de Sua presença e Amor por nós, vindo pessoalmente ao nosso encontro, para conosco caminhar, em tudo semelhante a nós, exceto no pecado, para dele nos libertar – “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).

Na passagem do Evangelho (Jo 4, 5-42), no encontro de Jesus com a samaritana à beira do poço de Jacó, acolhemos a alegre mensagem: somente Jesus sacia nossa sede de vida eterna; acolher e aceitar o Dom de Deus, Jesus, o Salvador do mundo, nos faz homens novos.

Jesus é o “novo poço” no qual encontramos a água cristalina que sacia a sede da humanidade de vida plena e felicidade autêntica.

A água que Jesus tem a nos oferecer é a “Água do Espírito” que o é o grande dom de Jesus, derramado sobre toda a Igreja com Sua Paixão, Morte e Ressurreição.

Este Espírito, quando acolhido no mais profundo do coração do homem, impresso como um selo, renova, transforma e o torna capaz de amar a Deus acima de tudo, vivendo na paz e na concórdia com o próximo.

O diálogo de Jesus com a samaritana nos revela qual a missão de Jesus, que consiste em comunicar ao homem o Espírito Santo que dá vida. Seu Espírito desenvolve e fecunda o coração daquele que O acolhe, capacitando para viver um amor como Ele, Jesus, ama, um Amor imensurável.

Somente de Jesus, com Sua Palavra e Seu Espírito, água viva para a humanidade, é que nasce a comunidade dos Homens Novos, filhos de Deus que têm por missão ser a presença de Deus, com palavras e ação, em todos os âmbitos do mundo.

Esta saciedade que a samaritana encontrou em Jesus a fez discípula missionária, e nos leva a nos questionar sobre o tempo presente, sobre a inquieta busca da felicidade, e o seu não encontro:

“A modernidade criou-nos grandes expectativas. Disse-nos que tinha a resposta para todas as nossas procuras e que podia responder a todas as nossas necessidades.

Garantiu-nos que a vida plena estava na liberdade absoluta, numa vida vivida sem dependência de Deus; disse-nos que a vida plena estava nos avanços tecnológicos, que iriam tornar a nossa existência cômoda, eliminar a doença e protelar a morte; afirmou que a vida plena estava na conta bancária, no reconhecimento social, no êxito profissional, nos aplausos das multidões, nos “cinco minutos” de fama que a televisão oferece…

No entanto, todas as conquistas do nosso tempo não conseguem calar a nossa sede de eternidade, de plenitude, dessa “mais qualquer coisa” que nos falta para sermos, realmente, felizes.

A afirmação essencial que o Evangelho de hoje faz é: só Jesus Cristo oferece a Água que mata definitivamente a sede de vida e de felicidade do homem”. (1)

Reflitamos:

– Onde e em quem buscamos a nossa felicidade?

– Sentimos a presença de Deus amante, atuante, que nos ama e conosco caminha?

– Nosso encontro pessoal com o Senhor, ou nosso encontro com Ele na Ceia Eucarística, tem saciado nossa sede de vida plena e feliz?

– A samaritana, saciando sua sede de eternidade em Jesus, tornou-se uma alegre discípula missionária. Assim também acontece conosco?

– Como e onde comunicar este encontro com o Senhor e a Sua Boa Nova que sacia a sede de humanidade?

– Quais são os poços que o mundo oferece para saciar nossa sede existencial?

– Sendo a Quaresma tempo favorável de nossa conversão, é possível que procuremos nossa felicidade na água que o mundo oferece, em vez da água pura e cristalina que o Senhor tem a nos oferecer?

Encerro com as palavras do Papa Bento XVI:

“Aqui, no poço de Jacó, encontramos Jacó como antepassado que tinha oferecido com o poço a água como elemento fundamental da vida.

Mas no homem encontra-se uma sede maior, que vai mais além da água da fonte, porque ele procura uma vida que está para além da esfera biológica”. (2)

(1) Citação extraída do site:

http://www.dehonianos.org/portal/default.asp

(2) Papa Bento XVI – in Jesus de Nazaré – p. 210

A Boa-Nova: Amar até os inimigos – VII Domingo do Tempo Comum do Ano A

Com a Liturgia do 7º Domingo Comum (Ano A), aprofundamos sobre a vivência do Mandamento do Amor, inclusive aos inimigos.
Este Mandamento do Senhor é novo e revolucionário pela formulação, conteúdo e forte exigência.
Vejamos o que nos diz o Missal Dominical sobre o tema:
É novo pelo seu universalismo, por sua extensão em sentido horizontal: não conhece restrições de classe, não leva em conta exceções, limitações, raça, religião; dirige-se ao homem na unidade e na igualdade da sua natureza. É novo pela medida, pela intensidade, por sua dimensão vertical.
A medida é dada pelo próprio modelo que nos é apresentado: “Dou-vos um mandamento novo, que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei assim amai-vos uns aos outros” (Jo 13,34). A medida do nosso amor para com o próximo é, pois, o amor que Cristo tem por nós; ou melhor, o mesmo amor que o Pai tem por Cristo: porque “Como o Pai me amou, também eu vos amei” (Jo 15,9. Deus é amor (1Jo 4,16) e nisto se manifestou o seu amor: Ele nos amou primeiro e enviou seu Filho para expiar nossos pecados (1Jo 4,10).
É novo pelo motivo que nos propõe: amar por amor de Deus, pelas mesmas finalidades de Deus; exclusivamente desinteressado; com amor puríssimo; sem sombra de compensação (Mt 4,46). Amar-nos como irmãos, com um amor que procura o bem daquele a quem amamos, não a nosso bem. Amar como Deus, que não busca o bem na pessoa a quem ama, mas cria nela o bem, amando-a.
É novo porque Cristo o eleva ao nível do próprio amor por Deus. Se a concepção judaica podia deixar crer que o amor fraterno se põe no mesmo plano dos outros mandamentos (Lv 19,18) a visão cristã lhe dá um lugar central, único. No Novo Testamento o amor do próximo está indissoluvelmente ligado ao preceito do amor de Deus.
A fé… lembra ao cristão os mandamentos de Deus e proclama o espírito das bem-aventuranças; convida a ser paciente e bondoso, a eliminar a inveja, o orgulho, a maledicência, a violência; ensina a tudo crer, tudo esperar, tudo sofrer, porque o amor nunca passará” (RdC47) 
Mas insiste ainda: “Ama teu inimigo… oferece a outra face… Não pagues o mal com o mal”. Quanto cristãos fizeram da palavra de Jesus a lei da sua vida! A história da Igreja está cheia de exemplos sublimes a este respeito: J. Gualberto, que perdoa, por amor de Cristo crucificado, o assassínio de seu irmão; pais que esquecem heroicamente ofensas recebidas dos filhos; esposos que superam as ofensas e culpas; homens políticos que não conservam rancor pelas calúnias, difamações, derrotas; operários que ajudam o companheiro de trabalho que tentou arruiná-los, etc…
Em nome da religião e de Cristo, os cristãos se dividiram, dilacerando assim o Corpo de Cristo. Viram no irmão um inimigo, se “excomungaram” reciprocamente, chamando-se hereges, queimando livros e imagens… Derramou-se sangue, explodiu ódio em guerras de religião. O orgulho, o desprezo e a falta de caridade caracterizaram as diatribes teológicas e os escritos apologéticos. Os inimigos de Deus, da Igreja, da religião foram combatidos com armas e com ódio. Travaram-se lutas, organizaram-se cruzadas.
Hoje, a Igreja superou, ou se encaminha para superar, muitas dessas limitações. Não há mais hereges, mas irmãos separados; não há mais adversários, mas interlocutores; não consideramos mais o que divide, mas antes de tudo o que une; não condenamos em bloco e a priori as grandes religiões não cristãs, mas nelas vemos autênticos valores humanos e pré-cristãos que nos permitem entrar em diálogo.
Mas a intolerância e a polêmica estão sempre de atalaia. Não estaremos acaso usando, dentro da própria Igreja, aquela agressividade e polêmica excessivas que outrora usávamos com os de fora da Igreja? Quantos cristãos engajados, uma vez faltando o alvo de fora, começaram a visar com “inimigos” aos próprios irmãos na fé, e os combatem obstinadamente, sem amor e sem perdão!” (1)
Viver o Amor do Senhor, em seu universalismo e novidade. Um amor que ama sem medida, e que se estende até os inimigos. É esta maturidade cristã que somos chamados a alcançar, não obstante qualquer dificuldade.
Configurados a Cristo temos que ter d’Ele mesmos sentimentos (Fl 2,5). Deste modo, “amar como Jesus ama” precisa estar impresso, como selo, em nossa alma, nas mais profundas entranhas de nosso ser.
 Amar em nossa medida com cálculos e retornos, condições e reciprocidade, não é o que nos fará sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-16), e tão pouco viveremos as Bem-Aventuranças propostas por Jesus no Evangelho de Mateus (Mt 5,1-12a).
Cremos que a felicidade que Deus tem a nos oferecer é diretamente proporcional à nossa capacidade amar, à nossa intensidade de amor, que não ama apenas os bons, mas ama até os inimigos.
Cremos, também, que Deus não nos ama porque somos bons, mas para que sejamos todos bons.
Linhas novas da História precisam de novos conteúdos, que sejam escritos com a tinta do Amor que nos vem do Santo Espírito.
(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus – pp.693-694.

Sejamos instrumentos nas mãos de Deus – III Domingo do Tempo Comum Ano A

No 3º Domingo do Tempo Comum (Ano A), refletimos sobre o Projeto de Salvação e de Vida plena que Deus tem a oferecer à humanidade em todo o tempo.

Na passagem da Primeira Leitura (Is 8, 23b – 9,3), encontramos o anúncio, pelo Profeta Isaías, de que a luz de Deus brilhará por cima das montanhas da Galileia, eliminando toda a injustiça, sofrimento e desespero.

É um anúncio que comunica confiança, esperança e alegria, pois o povo está oprimido pelos inimigos, mas o Profeta exorta à total confiança e fidelidade em Deus.

O Profeta fala de uma promessa, descortinando os sinais de liberdade no horizonte. Deus cumprirá esta promessa.

O Apóstolo Paulo na passagem da segunda Leitura (1 Cor 1,10-13.17), convida-nos a reassumir os compromissos batismais, tendo em Jesus a verdadeira centralidade de nossa vida de fé, superando toda e qualquer forma de divisão, grupos dentro da comunidade, tudo fazendo para a promoção da concórdia e da unidade:

“A lembrança do seu Batismo deve levar os Coríntios a compreender que eles são de Cristo e somente de Cristo. A unidade da Igreja apoia-se na pessoa de Cristo e na Sua ação salvífica na Cruz.

Este reconhecimento requer de todos os crentes unanimidade de pensamento e de ação (cf. v. 10). A unidade apoia-se na confissão de fé em Cristo: sem esta base, a unidade da comunidade dos crentes fica comprometida nos seus fundamentos. Unidade, no entanto, não significa nivelamento do pensamento e uniformidade de opinião”. (1)

A vida cristã consiste em um encontro pessoal com Jesus Cristo, e em crer que somente n’Ele e com Ele e d’Ele nos vem a Salvação.

Tendo Jesus como centro, evitaremos tantos perigos que machucam e fragilizam a comunidade cristã, que deve ficar sempre atenta a um dos maiores perigos, as divisões.

Portanto, deve empenhar-se para viver como família, e todos devemos ter consciência de que somos simples instrumentos nas mãos de Deus.

A nossa adesão deve ser incondicional a Jesus, o único e verdadeiro Mestre. Ninguém é imprescindível, insubstituível e inamovível.

Deve ser banido da comunidade toda forma de culto da personalidade. Nela não há espaço para incensados ou endeusados. Adoração e incenso, devem ser somente para Deus.

Se trabalhamos numa Pastoral, vamos à Missa, fazemos um serviço na Igreja ou fora dela, o façamos em nome do Senhor Jesus e para Ele.Tudo o que fizermos não seja por alguém, tão pouco por causa de um padre, pois se assim o fizermos, há o perigo de estabelecermos um ponto final e abandono na primeira dificuldade encontrada.

Reflitamos:

– Qual a centralidade de Jesus em minha vida?

– Como nossa comunidade enfrenta e supera o perigo das divisões?

– O que faço para que a concórdia, unidade, comunhão seja um testemunho da presença de Jesus na comunidade?

Na passagem do Evangelho (Mt 4,12-23), vemos que Jesus é a plena realização desta promessa de Salvação para todos os povos: sobre a ação de Jesus, a luz começa a brilhar na Galileia, da periferia para o centro.

Jesus propõe a Boa Nova e começa a formar o Seu grupo de Apóstolos para que sejam enviados nesta alegre missão do anúncio da chegada do  Reino.

O anúncio da Salvação parte de uma região periférica, geralmente desprezada pelo paganismo, expressão da universalidade da Salvação de Deus para todos os povos.

O Evangelista Mateus, antes dos milagres, descreve o chamamento dos primeiros discípulos: Pedro e André, Tiago e João. Estes acolheram o chamamento e responderam com toda prontidão, sem hesitação, antes mesmo de compreenderem o real significado em termos de humilhação e grandeza, provação e alegria, Cruz e Ressurreição.

Há três ideias fundamentais nesta passagem em que somos chamados a contemplar o anúncio de Jesus e abismarmos nesta incrível história de Amor de Deus por nós: a salvação é universal;  a conversão é uma exigência indispensável (metanoia); o chamado para o seguimento, para o discipulado, é iniciativa divina e a resposta é livre e pessoal.

De fato, o Senhor chama a cada um de nós pelo nome, como chamou os primeiros discípulos e espera a nossa resposta. É preciso que deixemos em  segundo plano os afetos, as seguranças, os valores que consideramos para colocar a vontade e o Projeto de Deus acima de tudo e de todos.

No entanto, para que isto aconteça, é necessária a conversão, que nos possibilita maior liberdade e fidelidade na resposta que um dia demos ao Senhor.

Reflitamos:

 Quando foi o nosso encontro pessoal com Jesus?

–  Como este encontro tem determinado a nossa vida pessoal?

– Como discípulos missionários de Jesus irradiamos a Sua luz e alegria?

– Por que muitos cristãos não são alegres mesmo professando a fé em Jesus que é a divina fonte de alegria? Talvez por que o anúncio da alegria do Evangelho não tenha ainda descido na profundidade do coração?

Oremos:

“Ó Deus, que fundastes a vossa Igreja sobre a fé dos Apóstolos, fazei que as nossas comunidades, Iluminadas pela Vossa Palavra e unidas no vínculo do Vosso Amor, se tornem sinal da Salvação e de esperança para todos os que nas trevas desejam a luz. Amém!” (2)

(1)     Lecionário Comentado – Editora Paulus – p.108

(2)     Idem – p.111

Apresentar e testemunhar Jesus, a Luz das Nações – II Domingo do Tempo Comum Ano A

Apresentar e testemunhar Jesus, a Luz das Nações

“Melhor é calar-se e ser do que falar e não ser.

Coisa boa é ensinar, se quem diz o pratica.”

A Liturgia do 2º Domingo do Tempo Comum (Ano A) nos apresenta as passagens bíblicas: Is 49,3.5-6; Sl 39, 2.4.7-10-11ab; 1 Cor 1,1-3; Jo 1,29-34.

Na primeira Leitura, uma passagem do Antigo Testamento, o Profeta Isaías anuncia a ação divina, que fará do Servo Sofredor a luz das nações, para que seja a Salvação de Deus oferecida a toda a humanidade. Trata-se do segundo cântico do Servo Sofredor.

A Tradição cristã viu sempre nesta página o anúncio profético do Messias, que veio ao mundo como luz e Salvação para a Humanidade.

O Salmo traz um refrão que deve iluminar toda a nossa vida, sobretudo nossa prática pastoral como discípulos missionários do Senhor – “Eu disse: ‘Eis que venho, Senhor, com prazer faço a Vossa vontade!’”.

Servir a Deus com alegria, exultação, sinceridade, doação… Sem reclamar, sem sentir-se obrigado a qualquer coisa. Impulsionados pelo amor, quando algo fazemos, o prazer e a alegria são mais que alcançados, notados e partilhados.

Não encontramos nenhum gosto saboroso naquilo que não fazemos por amor e com prazer, sobretudo quando se refere à vontade divina, que pode exigir de nós algo mais: renúncia, sacrifício.

A passagem da segunda Leitura é a introdução da Carta que Paulo dirige à comunidade de Corinto, convidando todos a trilhar o caminho de santidade e a viver a única vocação que Deus tem para nós: sermos santos.

Finaliza a Carta com uma preciosa saudação que devemos trocar mutuamente, sobretudo quando estivermos esmorecidos, não enxergando a mão e a intervenção amorosa de Deus, que nos concede toda graça e toda paz: “A graça e a paz de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo estejam convosco”.

Na passagem do Evangelho, vemos a presença de João que nos apresenta Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

João batizou Jesus, não porque este fosse pecador, mas para santificar a água na qual todos seríamos batizados. João viu e dá  testemunho sobre Jesus:  Ele,  João, viu, no dia do Batismo, descer do céu sobre Jesus o Espírito como uma pomba. É Jesus, batizado por João, o Messias esperado, o enviado de Deus para com o Batismo no Espírito comunicar Luz e salvação para toda a humanidade.

Oportuna a citação do Lecionário Comentado: “Hoje a Palavra de Deus qualifica João como o ‘apresentador do Messias.

Estamos habituados a assistir às entrevistas na televisão, em que o apresentador se serve de personagens famosas para ganhar audiência: os outros são para ele um pretexto para aumentar sua popularidade.

João, não! Não se serve de Jesus para aumentar a sua fama, ao invés convida os seus discípulos a seguirem Jesus” (p. 62).

A propósito, João dirá em outra passagem: “É necessário que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30).

Iniciando o ano, somos todos convidados a renovar a alegria da graça do Batismo e também sermos no mundo sinal da Luz que é o Cristo Senhor.

É nossa missão sermos também apresentadores do Senhor, com o anúncio do Evangelho em todos os espaços e por todos os meios.

Mas não basta apresentar Jesus, falar de Jesus. É preciso que nossa vida corresponda ao que anunciamos, ou seja, é necessário o testemunho permanente e incansável, até que um dia possamos contemplar a face d’Aquele que nos foi apresentado, e também ao mundo apresentamos, na glória da eternidade.

Finalizo com as palavras de Santo Inácio de Antioquia (séc I):

Melhor é calar-se e ser do que falar e não ser. Coisa boa é ensinar, se quem diz o pratica. Pois só um é o Mestre que disse e tudo foi feito, mas também, tudo quanto Ele fez em silêncio é digno do Pai”.

Peçamos a Deus a graça de continuarmos apresentando o Senhor ao mundo, sempre acompanhado do necessário testemunho, em constante atitude de amor, diálogo, comunhão e serviço.

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    Ajudai, Senhor, a fim de que todos os presbíteros mantenham a mansidão e a doçura, virtudes tipicamente cristãs,...
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O Presbítero e os meios de comunicação social

O Presbítero e os meios de comunicação social

Sobre a missão dos Presbíteros nos meios de comunicação social, sobretudo neste tempo que estamos vivendo, em que se multiplica...
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Cidades mais humana

Cidades mais humana

   “Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago” (Lc 10,18) É sempre oportuno e necessário refletir sobre a...
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Ensina-me, Senhor, a perdoar como Vós perdoastes

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