A Palavra do Bispo
Mensagens e publicações do bispo diocesano, Dom Otacilio Ferreira de Lacerda.
Mensagens e publicações do bispo diocesano, Dom Otacilio Ferreira de Lacerda.

Ao celebrar a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo (ano C), a Liturgia nos convidará a refletir sobre o modo diferente de Sua realeza.
A realeza de Jesus se expressa numa vida marcada pelo amor vivido, no serviço, na doação de Sua vida e no perdão, concedido a quem se põe numa atitude sincera de arrependimento e conversão.
Com a Festa de Cristo Rei, celebramos a festa da soberania de Cristo sobre a comunidade que n’Ele professa a fé, em total e incondicional adesão, tornando-se, como Ele, servidora do Reino, para com Ele também reinar.
Na primeira Leitura, ouvimos uma passagem do Livro de Samuel, que nos apresenta Davi, como o rei de Israel, e um tempo marcado pela felicidade, abundância e paz (2 Sm 5,1-3).
Tempos depois, o Povo de Deus viveria situações totalmente adversas, e, com isto, o anúncio profético da vinda de seu descendente, que devolveria a este a alegria, a vida e a paz: o próprio Jesus.
Na segunda Leitura, ouvimos a passagem da Carta de Paulo aos Colossenses (Cl 1, 12-20), que nos apresenta a soberania de Jesus Cristo sobre toda a criação, sendo Ele a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda criatura (herdeiro principal), e também a fonte de vida plena para toda a humanidade, porque n’Ele, por Ele e para Ele, todas as coisas foram criadas.
Com isto, podemos afirmar que Jesus deve ter a centralidade em nossa vida, e n’Ele crer, implica numa nova conduta, novos pensamentos e sentimentos, porque a Ele totalmente configurados.
Na proclamação do Evangelho, ouvimos a passagem de Lucas (Lc 23, 35-43), com a realização da promessa que fora feita desde os tempos dos Profetas: Jesus é o Messias, o Rei, o enviado por Deus que vai transformar a realidade do povo, inaugurando o Reino de Deus, não edificado sobre a força, a violência, na lógica do extermínio, tão pouco na imposição, mas tem como pilares o amor, o perdão e o dom da vida.
A narrativa de Lucas nos apresenta Jesus crucificado entre dois malfeitores, e, diante de Si, um povo silencioso, perplexo, e sobre Sua Cruz a inscrição:
“Este é o rei dos judeus”: “Ele não está sentado num trono, mas pregado numa Cruz; não aparece rodeado de súditos fiéis que o incensam e adulam, mas dos chefes dos judeus que o insultam e dos soldados que O escarnecem. Ele não exerce autoridade de vida ou de morte sobre milhões de homens, mas está pregado numa Cruz, indefeso, condenado a uma morte infamante… Não há aqui qualquer sinal que identifique Jesus com poder, com autoridade, com realeza terrena” (1).
É exatamente na Cruz que Jesus manifesta plenamente a Sua realeza. A Cruz é o Seu trono. Reinar com o Senhor implica também que os discípulos tenham a coragem de tomar a sua cruz quotidiana, com as renúncias necessárias, para segui-Lo com disponibilidade, fidelidade.
Reinar com Jesus é experimentar a força desarmada do amor, e tão somente assim se torna digna e frutuosa a celebração da Solenidade de Cristo, Rei e Senhor do Universo.
Finalizando, é preciso repensar nossa existência como discípulos missionários do Senhor.
Reflitamos:
– Como testemunhamos Jesus, um rei despojado de tudo e pregado numa Cruz?
– vivemos um discipulado despido de pretensões de honras, glórias, títulos, aplausos, reconhecimento, ibope, glamour?
Uma vez que proclamamos Jesus como nosso Rei e Senhor, reinemos com Ele, no amor, no perdão e na entrega da vida, em sincera e frutuosa doação em favor da vida plena e feliz para todos.
Reinemos com Jesus, fazendo d’Ele e de Sua Palavra o centro de nossa vida.
Dom Otacilio Ferreira de Lacerda
https://peotacilio.blogspot.com/2019/11/jesus-o-senhor-e-o-centro-de-nossa-vida.html

Senhor, que jamais nos vangloriemos de participar ativamente da Igreja, possuir ministérios ou ter um serviço na comunidade eclesial de que fazemos parte, porque tudo é obra de Tua graça.
Senhor, que jamais, por pertencermos a uma comunidade que professa a fé em Ti, substituamos as relações de serviço por relações de poder, de domínio, de opressão, na busca da promoção pessoal, somada à desvalorização de outras pessoas.
Ensina-nos, Senhor, a viver uma religião autêntica, que consiste em adorar ao Deus vivo e verdadeiro, sem a promoção do culto a si próprio, buscando a satisfação dos próprios interesses, e jamais fazer do Altar um “palco de si mesmo”.
Assim, Senhor, estaremos vigilantes, participando do Teu Reino, numa vida expressa em doação, serviço e entrega por amor, e tão simplesmente por amor a Ti, servindo-Te na pessoa de quem mais precisa. Amém.
Fonte inspiradora: passagem do Evangelho Lucas 19, 45-48
Cristãos Leigos e Leigas
Senhor Jesus Cristo, Vivo e Ressuscitado, Vós nos ap
resentastes, o Sermão da Montanha, como um Projeto de vida plena e feliz a ser vivido na planície, com renúncias necessárias, em total adesão e fidelidade, carregando nossa cruz de cada dia, na prática das bem-aventuranças.
Senhor, que sejamos pobres em espírito, abertos e confiantes na onipotência da Misericórdia do Vosso Pai, para que, como templos do Espírito Santo, irradiemos luminosidade onde vivemos, e como sal da terra, cuidemos do planeta em que habitamos, nossa casa comum.
Que saibamos viver os sins e os nãos, com sabedoria e firmeza, quando formos chamados a dar razão de nossa esperança, no fecundo testemunho da fé, acompanhado de gestos concretos de partilha, comunhão, solidariedade, como sinais do Vosso Reino.
Que saibamos dizer não à cultura do descartável; à globalização da indiferença; à violência de mil rostos; à idolatria do poder e do dinheiro; à busca do sucesso, fama e glória a qualquer preço; ao autoritarismo; à omissão de sagrados compromissos com a dignidade e sacralidade da vida.
Mas, que saibamos dizer sim à beleza da vida; à alegria da evangelização, missão que nos confiastes de ser sal da terra, luz do mundo e fermento na massa; à vida de comunidade; à comunhão com os ministérios ordenados, numa fecunda espiritualidade de comunhão ao Vosso Evangelho; à graça dos Sacramentos; ao amor fraterno; à vocação universal de santidade.
Senhor, nós Vos adoramos e glorificamos, Vós que viveis e reinais com o Pai na mais bela e plena comunhão com o Espírito, por nos acolher como filhos e filhas pelo batismo, e pedimos que nos acompanhe com Vossa graça, para que Vos seguindo, com o nosso agir, a verdade, a justiça, o amor e a solidariedade floresçam e se espalhem em nosso mundo
Fazei que compreendamos melhor que a nossa missão é o sair de si, em doação generosa, dando sabor de Deus à vida, dissolvendo silenciosamente em favor da vida plena e feliz e cheia de luz, com um coração sábio para gerar luz, sabedoria, como Vós fizestes, na fidelidade ao Vosso Evangelho, Luz para todos os povos.
Senhor, afastai de nós todo o medo, firmai nossos passos, solidificai nossa fé, esperança e caridade, num vínculo a ser vivido até a glória eterna, unindo-nos aos que nos precederam, e que já se encontram no repouso eterno, contemplando Vossa face luminosa. E por fim, que tenhamos Vossa Mãe como companheira e figura da Igreja. Amém.
Postado por Dom Otacilio F. Lacerda
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Vigilância ativa e perseverança na fé
“É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” (Lc 21,19)
Na proximidade do final do Ano Litúrgico, a Liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum (Ano C) nos convida a refletir sobre o sentido da História da Salvação e para onde Deus nos conduz: um mundo marcado pela felicidade plena e vida definitiva.
É preciso renascer em nós a esperança, para que dela brote a coragem para o enfrentamento das dificuldades, provações próprias na construção do Reino de Deus.
A primeira Leitura (Mal 4,1-2) retrata o período pós-exílio, uma realidade marcada pelo desânimo, apatia e falta de confiança. O Profeta Malaquias (“o meu mensageiro”) convoca o Povo de Deus à conversão e à reforma da vida cultual, pois vivendo a fidelidade aos Mandamentos da Lei Divina reencontrará a vida e a felicidade.
Seu anúncio sobre o Dia do Senhor é uma mensagem de confiança e esperança. Virá o Sol da Justiça. Este Sol é o próprio Jesus que brilha no mundo e insere a humanidade na dinâmica de um mundo novo, que consiste na dinâmica do Reino.
Numa situação difícil vivida pelo povo, é preciso viver a espera vigilante e ativa, reconhecendo a presença de Deus que intervém e comunica Sua força e poder. É preciso fortalecer a esperança, vencendo todo medo que paralisa.
A segunda Leitura (2 Ts 3,7-12) nos fala da vida futura e definitiva, que deve ser esperada sem preguiça e comodismo. A comunidade não pode cruzar os braços, tão pouco “viver nas nuvens”, assim como não pode perder tempo com futilidades, e nada de útil fazer.
É forte a mensagem dirigida à comunidade: não há lugar para parasitas que vivam à custa dos demais, o que se caracterizaria em consumidores.
Há uma exortação à responsabilização de todos, porque o Reino de Deus começa aqui e agora e a todos compromete. Não é a evasão do mundo:
“…Jesus de Nazaré não traz uma plenitude totalmente pronta. Não em uma intervenção mágica que desresponsabiliza o homem. É verdade que chegou a plenitude prometida, mas espera ser completada. É um dom, mas simultaneamente uma conquista”. (1)
A passagem do Evangelho (Lc 21, 5-19) retrata a aproximação do final da caminhada de Jesus para Jerusalém. E no Templo de Jerusalém que realiza o Seu último discurso público acerca do cumprimento da Sua vida e da História inteira.
Na fidelidade ao Senhor, a Igreja, na realização de sua missão, também poderá sofrer dificuldades e perseguições, mas precisa manter-se confiante e perseverante.
Podemos falar em três tempos:
– O tempo da presença de Jesus e Sua missão, seguido da destruição do Templo alguns anos mais tarde;
– O tempo da missão da Igreja;
– O tempo da vinda do Filho do Homem.
Enquanto aguardamos a segunda vinda do Senhor, Ele nos alerta para que não nos deixemos enganar por falsos pregadores (21,8); haverá catástrofes, terremotos, fome, epidemias (21,10-11), mas ainda não será o fim do mundo; assim como as perseguições serão inevitáveis para os que n’Ele crerem (21,12).
Por causa do Nome do Senhor Jesus, Seus discípulos serão levados aos tribunais e às “sinagogas”, na presença de reis e lançados nas prisões. Mas contarão sempre com a força de Deus para enfrentar os adversários e as dificuldades.
“Quem segue a Cristo poderá encontrar dificuldades, mesmo no seio da própria família; aderir a Jesus, de fato, muitas vezes comporta uma ruptura com as próprias tradições, e conflitos com o ambiente de onde se provém, a ponto de incorrer na denúncia dos próprios familiares (21,16-17). (2)
Nesta vigilância ativa e no testemunho dado é que a comunidade vivificará a fé, reencontrará a intimidade com Jesus, superará todo medo e alcançará a vida eterna plena e feliz: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” (21,19).
“A coragem de resistir sob a pressão do mundo (mesmo para nós hoje) é condição importante para sermos verdadeiros discípulos de Jesus, dispostos a segui-Lo até a Cruz. É aí que Cristo reina! Assim nos preparamos para a Solenidade de Cristo Rei” .(3)
Considerando que “Toda a Igreja é missionária, em virtude da mesma caridade com que Deus enviou Seu Filho para a Salvação de todos os homens. E única é sua missão, a de se fazer próxima de todos os homens e todos os povos, para se tornar sinal universal e instrumento eficaz da paz de Cristo (RdC 8)” (4), ao término de mais um Ano Litúrgico, é tempo de avaliarmos e projetarmos uma nova caminhada.
Reflitamos:
– Qual foi o testemunho de fé que demos ao longo desta caminhada litúrgica?
– Tenho permanecido firme na fé, ou tenho vacilado em alguns momentos?
– Diante das dificuldades que marcam a vida de cada um e da história, qual confiança tenho em Deus para enfrentá-las?
– Qual esperança cultivo no coração?
– Como estou preparando a segunda vinda do Senhor?
– Quais os reais compromissos com o Reino que multiplico como expressão de uma vigilância ativa?
– Como tenho consumido o tempo na espera do Senhor que vem?
Oremos renovando nosso compromisso diante de Deus para que permaneçamos firmes na fé, e um dia alcancemos a vida eterna:
“Ó Deus, princípio e fim de todas as coisas,
Que reunis a Humanidade no Templo vivo do Vosso Filho,
Fazei que através dos acontecimentos,
Alegres e tristes deste mundo,
Mantenhamos firme a esperança do Vosso Reino,
Com a certeza de que, na paciência,
possuiremos a vida. Amém.” (5)
+Dom Otacilio Ferreira de Lacerda
Bispo Diocesano de Guanhães
(1) – Missal Dominical – pp. 1295-1296.
(2) (3) – Lecionário Comentado – p. 807.
(4) – Missal Dominical – p. 1296.
(5) – Lecionário Comentado – p. 809.

Disse o Senhor na passagem do Evangelho (Lc 21,5-19) proclamada no 33º Domingo do Tempo Comum (ano C): “Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos e amigos. E eles matarão alguns de vós” (Lc 21, 16).
Retomo um trecho do Sermão do Papa e Doutor da Igreja, São Gregório Magno (séc. VI):
“Nós sofremos menos pelos males causados por estranhos, porém nos são mais cruéis os tormentos que sofremos da parte daqueles em cujo amor confiávamos; porque, além do tormento do corpo, sofremos o amor perdido, eis por que de Judas, Seu traidor, diz o Senhor pelo salmista:
‘Na verdade que, se o ultraje viesse de um inimigo meu, teria sofrido com paciência; e se a agressão partisse daqueles que me odeiam, poderia ter-me salvo deles; mas tu, meu companheiro, meu guia e meu amigo; com quem me entretinha em doces colóquios, que andávamos juntos na casa de Deus’.
E novamente: ‘Até o próprio amigo em quem eu confiava, que partilhava do meu pão, levantou contra mim o calcanhar’. Como se de seu traidor dissesse claramente: ‘sua traição me é tanto mais dolorosa quanto mais íntimo me parecia ser aquele de quem a sofri’”.
São Gregório retrata possíveis experiências que possamos já ter vivido. Podemos já sofrido por um amor perdido, como assim vivenciou Nosso Senhor, em relação à traição de Judas, a quem tanto amou, e não foi correspondido, e nem por isto deixou de amá-lo. Quem mais poderia amá-lo e nos amar tanto assim?
Quanto ainda temos que nos converter e amadurecer para amar, incondicionalmente, como Jesus nos ama?
Findando mais um Ano Litúrgico, ainda temos um longo aprendizado na prática do Mandamento Maior do amor a Deus, que se expressa no amor ao próximo, para que O coroemos e O glorifiquemos como Senhor de nossa vida e de todo o Universo.
(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – P.755
Postado por Dom Otacilio F. Lacerda
https://peotacilio.blogspot.com/2019/11/sofremos-o-amor-perdido-33dtcc.html
Cremos na Ressurreição da carne e na vida eterna
Com a Liturgia do 32º Domingo do Tempo Comum (ano C), refletimos sobre o horizonte da humanidade: uma vida que nunca se acaba, plena, total e nova: a vida eterna.
Na passagem da primeira Leitura do Segundo Livro do Macabeus (2 Mac 7,1-2.9-14), refletimos sobre o testemunho de sete irmãos que deram a vida pela fé, movidos pela certeza de que Deus reserva a vida eterna àqueles que percorrem, com fidelidade, os caminhos por Ele propostos.
O texto nos fala do martírio de uma mãe e dos seus sete filhos, que se recusaram a violar a fé e as tradições judaicas, e por isto, foram mortos.
“Os sete irmãos tiveram a coragem de defender a sua fé até a morte, porque acreditavam que Deus lhes devolveria, outra vez a vida, uma vida semelhante àquela que lhes ia ser tirada. O Deus criador tem, de acordo com a catequese aqui feita, o poder de ressuscitar os mártires para a vida eterna”. (1)
Havia um contexto de perseguição contra os judeus, feita por Antíoco IV Epifanes (175-164a.C.). Muitos judeus, ao manterem vivas as suas tradições, foram cruelmente perseguidos e mortos.
Com isto, temos pela primeira vez a doutrina da ressurreição explicitamente apresentada na Bíblia. Esta verdade será desenvolvida e culminará com a Ressurreição de Jesus Cristo.
A mensagem catequética nos convida a não ficarmos paralisados pelo medo, renovando compromissos com a justiça e a verdade e nossa coragem e força para o testemunho da fé.
Reflitamos:
– Quais os valores pelos quais consumimos a nossa vida, ou seja, que acreditamos e pelos quais somos capazes de morrer?
– Somos capazes de defender com a própria vida as verdades de nossa fé?
– Somos capazes de lutar contra a corrente, se preciso for, pelos valores significativos para a nossa vida de fé?
Na segunda leitura, ouvimos a passagem da Segunda Carta de Paulo aos Tessalonicenses (2 Ts 2,16-3-5), e temos um convite para que a comunidade mantenha um diálogo e comunhão com Deus, na espera da segunda vinda gloriosa de Cristo, e, com ela, a vida nova a nós reservada.
Deste modo, a comunidade precisará estar atenta e orante, a fim de que seja fiel ao Evangelho e anuncie a todos a Boa-Nova da Salvação, rezando também uns pelos outros:
“O cristão nunca é uma pessoa isolada, mas o membro de uma família de irmãos, chamados a viver no amor, na partilha, na entrega da vida, como membros de um único corpo – o Corpo de Cristo”. (2)
Na espera da segunda vinda do Senhor, a comunidade viverá o processo de salvação em dois planos: o primeiro de que a Salvação é dom de Deus, e o segundo exige esforço de fidelidade de todos nós.
Reflitamos:
– Temos consciência e que nossas vitórias e conquistas não se devem apenas de nossos esforços, méritos e qualidades, mas como expressão da graça e bondade divinas?
– Como estamos preparando a segunda vinda gloriosa do Senhor?
– Qual a profundidade e intensidade de nossa oração e confiança na força divina?
– Como enfrentamos medo e desânimo na missão evangelizadora?
– rezamos uns pelos outros em expressão de comunhão e solidariedade?
Com a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 20,27-38), refletimos sobre a ressurreição e a realidade última que nos espera nos céus.
A passagem retrata os últimos dias antes da morte de Jesus, e as grandes controvérsias d’Ele com as autoridades judaicas. Neste caso, trata-se dos saduceus que formavam um grupo aristocrático, recrutado entre os sacerdotes da classe superior.
Conservadores, enquanto política, e de bom entendimento com a dominação romana; de modo que pretendiam manter a situação, para não ver comprometidos os benefícios políticos, sociais e econômicos que desfrutavam.
Apoiando-se na “Torah”, não aceitavam a ressurreição dos mortos. A questão colocada para Jesus tinha como objetivo a ridicularização da crença na ressurreição e do próprio Jesus.
Não se trata de pensar a vida eterna com as categorias que marcam a nossa existência finita e limitada; a existência de ressuscitado é plena, total e nova. Como será não pode ser descrita, mas, no horizonte de quem crê, encontra-se a Ressurreição:
“A nossa capacidade de compreensão deste mistério é limitada, pois estamos a contemplar as coisas e classificá-las à luz das nossas realidades terrenas; no entanto, a ressurreição que nos espera ultrapassa totalmente a nossa realidade terrena” (2)
Na segunda parte da resposta, remetendo-se ao Livro do Êxodo, Jesus fala que o Deus, a quem se deve amar e servir, é o Deus dos vivos e não dos mortos, e todos devem viver para Ele (Lc 20,37-38).
Deste modo, após a morte, nos encontraremos com o Deus vivo; e assim, a ressurreição é a esperança que dá sentido a toda a caminhada do cristão.
A fé cristã torna a esperança da ressurreição uma certeza absoluta, pois Cristo ressuscitou, e quem com Ele se identificar, nascerá com Ele para a vida nova e definitiva:
“A ressurreição não é a revivificação dos nossos corpos e a continuação da vida que vivemos neste mundo; mas a passagem para vida nova onde, sem deixarmos de ser nós próprios, seremos totalmente outros… É a plenitudização de todas as nossas capacidades, a meta final do nosso crescimento, a realização da utopia da vida plena” (3).
Urge caminhar, confiantes e alegres, rumo à nova realidade, ainda que tenhamos as dificuldades, sofrimentos, dores… A fé na Ressurreição nos dá coragem para enfrentarmos as forças da morte que dominam o mundo, convictos de que cada ser humano que vem ao mundo é, verdadeiramente, “um pedaço de eternidade”:
“Cada ser humano será para sempre ‘ele’ e não um outro. Cada ser humano viverá para sempre, enraizado no amor eterno de Deus. Pela Sua ressurreição, Jesus abri-nos o caminho da nossa própria vida em plenitude em Deus.
A fé na Ressurreição e o enraizamento no amor de Deus nos credencia para o bom combate, e nos prepara para a glória futura, na espera do Senhor que veio, vem e virá, gloriosamente” (4).
Renovemos nossa coragem e fidelidade aos planos de Deus, movidos pelas verdades de nossa fé que professamos ao rezar o Credo nas Missas e celebrações:
“Creio em Deus-Pai, todo-poderoso…”
+ Dom Otacilio Ferreira de Lacerda – Bispo Diocesano de Guanhães.
Fonte de pesquisa e citações (1) (2) (3) (4): www.dehonianos.org

Há dores que podem ser aliviadas ou até mesmo evitadas;
Desnecessário nominá-las, pois bem as conhecemos.
Há, porém, dores que não têm como serem evitadas.
Uma delas, a mais cortante de todas: a dor da ausência.
Dor da ausência tão forte que nos consome vorazmente
A da ausência de quem partiu, sempre cedo demais.
Cedo demais, que não se explica pelo tempo pouco vivido,
Cedo demais, porque nunca preparados estamos.
Queremos que esteja sempre ao nosso lado quem amamos,
Mas todos partem; todos um dia partimos, inexoravelmente.
Ó dor suprema da ausência, que corta a alma de quem ama
Como navalha cortante, como que sangrando ininterruptamente.
Dor que sentimos quando ao despedir sem despedir
Porque não irá, quem no coração lugar especial ocupou.
Parte para o horizonte da eternidade, que cremos ser o céu,
Onde os que perseveram no Amor de Deus vivem para sempre.
Partem, mas ficam no espaço estreito e apertado do peito;
Serão inevitáveis as lembranças, a saudade, o santo desejo…
Santo desejo de um dia na outra margem também nos encontramos.
A dor da saudade enfim curada, porque como Anjos reencontrados.
E, na plenitude do amor, também envolvidos e acolhidos,
Já não há mais dor, nem luto, nem lágrimas, nem morte nem pranto.
Morte de quem amamos é assim: o dia do nascimento para quem parte,
O dia do outro nascimento para quem fica: a dor da saudade.
É ela, uma dor que nos consome e nos consumirá,
Diretamente proporcional ao amor vivido, silenciosamente crescerá…
Que a fé na Ressurreição, que a Palavra do Senhor nos console, pois
Para os que n’Ele creem e vivem para sempre viverão.
Ele também partiu e conosco está: moradas para quem partiu,
Para nós que também partiremos, foi nos preparar. Aleluia.
Postado por Dom Otacilio F. Lacerda em
https://peotacilio.blogspot.com/2019/11/a-dor-da-saudade.html

O tema da iniciação à vida cristã e a necessária catequese permanente, que nos possibilita um crescimento constante mais do que desejável, é de extrema pertinência.
Sabemos, porém, que o caminho de fé feito pela comunidade tem momentos diversos, como nos ilumina as palavras do Apóstolo Paulo aos Romanos:
”Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, a perseverança a virtude comprovada, e a virtude comprovada a esperança. E a esperança não decepciona porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,3-5).
Urge buscar novos caminhos de evangelização, sobretudo para a desafiante realidade da família, que deve estar inserida num processo permanente de formação catequética.
Ainda que muitas sejam as dificuldades, mas não podemos esmorecer. Tribulações suportadas, e enfrentadas na perseverança, acompanhada da esperança, um novo horizonte para a família e para o mundo é possível, porque o amor de Deus é sempre derramado abundantemente em nossos corações pelo Espírito Santo que anima e conduz à Sua Igreja.
Em comunhão com a Igreja do Brasil, cremos que a família é local privilegiado para que se incentive a iniciação à vida cristã, como muito bem expressa as Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (Doc. 94, n 40):
“Há um grande desafio que questiona a fundo a maneira como estamos educando na fé e como estamos alimentando a experiência cristã. Trata-se, portanto, de desenvolver, em nossas comunidades, um processo de iniciação à vida cristã que conduza a um encontro pessoal, cada vez maior com Jesus Cristo […] É preciso ajudar as pessoas a conhecer Jesus Cristo, fascinar-se por Ele e optar por segui-Lo”.
Neste processo de catequese permanente é preciso que a família seja, de fato, o santuário da vida, e nela tenhamos momentos fecundos de silêncio orante para que escutemos e façamos a Palavra florescer.
Quanto mais verdadeiro for nosso encontro com o Senhor, e quanto maior for nosso fascínio por Ele, maior será nosso empenho, dedicação e busca de caminhos, para que continuemos lançando as sementes do novo de Deus, que é sempre o melhor que está por vir.
Sentindo-nos amados por Deus Uno e Trino, fonte inesgotável de Amor, maior necessidade de sentiremos de corresponder ao Seu Amor.
De fato, amor exige amor, e amor fiel, que suporta as tribulações na perseverança, com a semente da esperança germinada com amor e fé.
Postado por Dom Otacilio F. Lacerda
https://peotacilio.blogspot.com/2019/10/catequese-permanente-frutos-abundantes.html
“Senhor, fazei de nós instrumentos da Vossa paz…”
Retomemos a oração conclusiva da Mensagem do Papa Francisco, para o 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que teve como Lema “A verdade vos tornará livres” (Jo 8, 32), e como tema: – “Fake news e jornalismo de paz”.
Inspirada na conhecida oração franciscana:
“Senhor, fazei de nós instrumentos da Vossa paz.
Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão.
Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos.
Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs.
Vós sois fiel e digno de confiança;
fazei que as nossas palavras sejam sementes de bem para o mundo:
onde houver rumor, fazei que pratiquemos a escuta;
onde houver confusão, fazei que inspiremos harmonia;
onde houver ambiguidade, fazei que levemos clareza;
onde houver exclusão, fazei que levemos partilha;
onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade;
onde houver superficialidade,
fazei que ponhamos interrogativos verdadeiros;
onde houver preconceitos, fazei que despertemos confiança;
onde houver agressividade, fazei que levemos respeito;
onde houver falsidade, fazei que levemos verdade. Amém.”
PS: Acesse, se desejar, e leia a mensagem na integra: