As Cooperadoras da Família, presentes na Arquidiocese de Diamantina e Diocese de Guanhães estiveram reunidas no final de semana, dias 19 e 20 de março – para celebrarem o Cinquentenário do retorno do Venerável Servo de Deus Pe. Joaquim Alves Brás, para o seio da Trindade Santa.
Mas quem é este homem? Nascido em Portugal, oriundo de uma família numerosa, onde Deus ocupava o centro de suas vidas, o pequeno Joaquim aprendeu a amar a Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma e com todas as suas forças. Acometido por uma coxalgia aos 11 anos, soube reverter essa situação para evangelizar. Deitado em seu leito aproveitava o tempo para catequizar as crianças que o visitavam. Foi durante a sua doença que ele acalentou o sonho de ser padre ao menos por um ano e Deus lhe concedeu a graça de ser padre durante 41 anos. Apesar das muitas dificuldades que foram surgindo ao longo da sua vida, ele nunca desistiu de realizar o projeto de Deus. Pelo contrário, as dificuldades se transformaram em possibilidades, sonhos e realizações. Perante o sofrimento das jovens que vinham da zona rural para trabalharem nas cidades, nutrindo sonhos de uma vida melhor, muitas delas acabavam por ser abusadas a todos os níveis do seu ser. Para minimizar o sofrimento dessas jovens o Pe. Alves Brás fundou a Obra de Santa Zita e um ano depois fundou o Instituto Secular das Cooperadoras da Família para dar orientação, formação humana, profissional, moral e religiosa e acolher a quem estava desprovido de tudo. Ao realizar esse trabalho o Fundador do Instituto Secular das Cooperadoras da Família tinha em mente ajudar a promover e santificar a família. Esse trabalho lhe mereceu o título de: “Apóstolo da Família”. Esse foi e é o carisma, espírito e missão que ele deixou para todas as Cooperadoras da Família. Ele tinha um “coração compassivo e empreendedor”, como diz o Papa Francisco a seu respeito, capaz de se compadecer das fragilidades humanas, e promover e dignificar a pessoa que tinha perdido a razão de viver e até o sentido da vida, ciente que a glória de Deus era o bem do homem. Como homem e como padre passou toda a sua vida fazendo o bem sem olhar a quem, amando e cuidando das “ovelhas feridas” através da sua vida e ação. Mais tarde fundou o Jornal “Bem-Fazer” e o “Jornal da Família”, o Movimento por um Lar Cristão e os Centros de Cooperação Familiar para espalhar a Boa Nova do Reino de Deus e concretizar ainda mais o trabalho de apoio e ajuda às famílias. Durante toda a sua vida o Pe. Joaquim Alves Brás se preocupou em fazer a vontade de Deus, a quem amava apaixonadamente. Mas sua paixão por Deus se manifestava na paixão pela humanidade, principalmente pelos mais pobres e fragilizados. Ele soube aproveitar o tempo que Deus lhe concedeu nesta terra para realizar as obras de misericórdia, regadas pela alegria de ser padre e pelo sacrifício que a vida lhe impunha, sem reclamar. Morreu santamente no dia 13 de março de 1966, em consequência de um grave acidente. Mas durante a sua vida deixou rastro por onde passou e deixou suas obras às quais as Cooperadoras procuram dar vida, atualizando-as de acordo com as realidades onde estão inseridas.
Durante o encontro nós, Cooperadoras da Família, revivemos muitos dos ensinamentos que o Fundador nos deixou como herança, reavivando na fonte nosso crisma e missão e com muita gratidão e alegria agradecemos à Trindade Santa o dom da vida do Venerável Pe. Brás que soube acolher os apelos de Deus e lhe deu vida com a sua vida e ação. Dizia ele: “Desejava acrescentar só mais um “a” ao meu nome. Em vez de me chamar Brás queria ser uma Brasa e assim vós, brasas bem acesas ireis pelo mundo afora atear e aquecer todas as almas no fogo do amor de Deus”. No dia da sua morte um grupo de Cooperadoras estava a caminho de Madrid para abrir uma casa nessa cidade. No dia anterior à sua morte, ele tinha conversado com a Maria Otília que o seu desejo era partir junto com essas Cooperadoras, mas Deus não lhe permitiu e ele estava no leito do hospital fazendo a vontade de Deus e oferecendo todo o seu sacrifício pelos bons frutos do trabalho missionário que as Cooperadoras iam iniciar em terras estrangeiras. Um ano após a morte do Fundador um grupo de cinco Cooperadoras vieram para Guanhães, para realizarem a missão e o carisma do Instituto, dando sequência ao pedido de Dom Geraldo de Proença Sigaud – na época arcebispo da arquidiocese de Diamantina – ao então Monsenhor Joaquim Alves Brás. Este pedido foi descoberto na correspondência que estes dois homens trocaram durante mais ou menos dois anos. O Venerável Pe. Joaquim Alves Brás retornou para o Pai, mas suas obras permanecem vivas e são atualizadas de acordo com as necessidades do tempo e do lugar onde as Cooperadoras da Família vivem. Acreditamos que o Fundador é um dos grandes intercessores junto de Deus. Ele mesmo dizia: “Quando eu for para o Céu estarei sempre agarradinho a Nosso Senhor, pedindo por todas vós”.
O encontro das Cooperadoras da Família foi marcado por momentos fortes de oração, reflexão, convívio, muita alegria e descontração e para terminar foram agraciadas com a presença do Dom Jeremias Antônio de Jesus durante o almoço. Muito obrigada Dom Jeremias pela sua presença de Pastor e amigo.
Arminda Jesus Batista
Cooperadora da Família