Provavelmente para muitos ainda estão vivas as lembranças dos fogos de artifício do Ano Novo e o ano já chegou ao fim do primeiro trimestre. Há uma sensação de urgência pairando no ar, como se o tempo estivesse correndo cada vez mais rápido. E se do ponto de vista cronológico o tempo está lá como sempre foi, o que realmente mudou? Fato é que ouvimos constantemente a célebre frase “não tenho tempo”, como desculpa para o telefonema não dado, para o jardim sem flores, para a atividade física adiada, para o encontro que não aconteceu. Os encontros de amigos acontecem via Skype, as conversas via Whatsapp ou Messenger, tudo ao alcance de um clique. Não há mais o bate papo com o vizinho, muitas vezes nem sequer o conhecemos. Sem dúvida os hábitos mudaram.
Busca-se incessantemente o ter, que leva a correr de um lado a outro, num “estado de ansiedade” que nos impulsiona a fazer inúmeras coisas ao mesmo tempo. Assim, quando chega a noite, estamos exaustos e resta pouco tempo para tantas tarefas que ainda precisam ser feitas: entramos no automatismo. Somos diariamente bombardeados por informações que sugerem a busca da essência do ser, pelos mesmos canais que nos dizem que seremos pessoas ”mais legais” se tivermos o smarthphone do modelo mais recente. Quem vence a luta entre o ter e o ser?
Ariano Suassuna pode nos dar o tom da conversa quando diz: “A tarefa de viver é dura, mas fascinante.” É preciso nos deixar apaixonar pela vida e não apenas sermos levados pelo turbilhão de coisas que nos assolam. É sempre tempo de apreciar a beleza que está nas coisas simples do dia a dia, nos encontros reais. Rubem Alves em seu livro Concerto Para Corpo e Alma sabiamente escreve: “Sabedoria é a arte de provar e degustar a alegria, quando ela vem. Mas só dominam essa arte aqueles que têm a graça da simplicidade. Porque a alegria só mora nas coisas simples.”
Para você que chegou até aqui na leitura no texto, uma pergunta: qual foi a última vez que escutou o seu coração? Experimente parar agora e prestar atenção no seu batimento cardíaco. Vai perceber que o coração, mesmo trabalhando continuamente, faz pausas a cada batida. Traz consigo a metáfora de que precisamos de intervalos, pois a vida acontece em ciclos e pode ser muito mais que uma sucessão de acontecimentos entre o berço e o túmulo. Sempre é tempo de aproveitar o momento presente, vivenciando cada instante. Viver em vez de apenas sobreviver. Quem vence a luta entre o ter e o ser é aquele que você der mais atenção: a decisão é sempre sua! “Essas são bobagens de auto ajuda” dirão uns; “não tenho tempo para pensar sobre isso” podem decretar outros. Eu escolho a “pureza da resposta das crianças: é a vida, é bonita, e é bonita.”
Marizélia Martins
Psicóloga, trabalha em Guanhães com Psicoterapia Individual e de Grupos, Assessoria em Psicologia Organizacional e Gestão de Pessoas. Email: marizeliamartins@hotmail.com
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