Com a Liturgia do 28º Domingo do Tempo Comum (ano C), refletimos sobre o Projeto de Salvação que Deus tem para toda a humanidade, e ao mesmo tempo, um convite para acolhê-lo com amor e gratidão, embora não merecedores sejamos.
A misericórdia de Deus não exclui ninguém do Seu Projeto, e Ele está sempre pronto a acolher, curar e perdoar, para que assim, com Ele, possamos manter uma relação de amor, fidelidade e gratidão, numa fé solidificada, que cumulará graça sobre graça.
Na passagem da primeira leitura (2 Rs 5,14-17), temos a cura de um leproso, o sírio Naamã. A mensagem desta cura: a vida e a salvação de Deus destinam-se a todos os povos, sem exceção, e uma vez alcançada, deve ser acompanhada de gratidão à fonte da cura e salvação: Deus, e não baal (ídolo).
A passagem é um convite para que os israelitas redescobrissem os fundamentos de sua fé, abandonando toda possibilidade de idolatria, numa confiança exclusiva em Deus, Autor da criação e da vida.
É uma catequese sobre Deus: Deus é o Deus da vida; único, salva a todos, espera a gratidão de suas criaturas e, por fim, não se deixa manipular por nenhuma pessoa, ou qualquer outro poder.
Também, trata-se de um convite a colocarmos nossa esperança de vida plena tão somente em Deus, e não nos ídolos (falsos deuses), que possam nos seduzir.
A passagem da segunda Leitura (2Tm 2,8-13) tem como mensagem a nossa identificação com Jesus Cristo, dando substancial matiz à nossa vida cristã, marcada pela fidelidade, doação, amor e entrega, em confiança inabalável em Deus, em todas as circunstâncias, favoráveis ou adversas.
Urge que perseveremos na fé; mantenhamos fidelidade à doutrina da fé que abraçamos e na pertença à comunidade, uma vida marcada pela total dedicação e serviço à causa da evangelização, do anúncio e testemunho do Evangelho.
Na passagem do Evangelho (Lc 17,11-19), temos a cura de dez leprosos e somente um que foi curado, volta para agradecer a Jesus pela cura alcançada.
Interessante notar que a cura se deu quando estavam a caminho; de modo que também a nossa cura se dá quando não nos instalamos, acomodamos, mas quando nos colocamos sempre no caminho, em total fidelidade e comunhão com o Senhor e Seu Projeto de vida e salvação.
Trata-se de mais um aprendizado para os discípulos que estão caminhando com Jesus, rumo a Jerusalém, onde culminará a Sua missão, passando pela paixão, morte e Ressurreição: a salvação (cura) é dom de Deus, e deve ser acompanhada sempre de nossa gratidão. É preciso uma resposta de gratidão e de adesão à Salvação que Deus tem a nos oferecer.
Este acontecimento é narrado exclusivamente no terceiro Evangelho (Lucas) e tem como objetivo a apresentação de Jesus, como o Deus que Se fez um de nós, exceto no pecado, trazendo-nos a salvação e libertação, com Palavras e gestos concretos, tendo como privilegiados destinatários os empobrecidos, excluídos e marginalizados.
Com a passagem, contemplamos um Deus que dá a graça a todos, e nós haveremos de dar graças a Deus pelo dom de Seu amor em nosso favor, Sua misericórdia que jamais nos abandona.
Envolvidos pela ternura e amor divinos, vida plena e feliz teremos. De todos os males que nos marginalizam, nos atemorizam e nos fazem sofrer, seremos libertos; em nossas fragilidades seremos fortalecidos e, nossos escuros caminhos, pela Luz da Sua Sagrada Palavra serão iluminados, e iluminantes seremos.
Sejamos curados por Deus de nossas enfermidades. Reconheçamos Seu poder e ação libertadora em nossas vidas. Mas também reaprendamos a dizer “obrigado a Deus”, de modo especial na Eucaristia, o momento maior de Ação de Graças, onde expressamos nosso obrigado a Deus, que Se fez nosso Alimento, Comida e Bebida que nos fortalecem, enquanto estamos a caminho da eternidade, e um dia possamos alcançar, com inadiáveis e irrenunciáveis compromissos com a Boa-Nova do Evangelho, como frágeis e desejáveis instrumentos por Deus querido.
Concluindo, digamos:
“Basta-nos a Sua graça, Senhor”. Muito obrigado!