Os bens e o Bem Maior! – Homilia – XXV Domingo do Tempo Comum Ano C

A Liturgia do 25º Domingo do tempo comum (ano C) reflete sobre a correta utilização dos bens que passam, a fim de que abracemos os que não passam: os bens são necessários, mas não são deuses.

Na passagem do Livro Profeta Amós (Am 8,4-7) temos um brado profético contra a exploração dos pobres na defesa da justiça de Deus, que se concretiza na construção de relações justas e fraternas.

O Profeta denunciou com coragem e ousadia as práticas para o aumento do lucro à custa dos empobrecidos.

Embora nosso contexto de exploração, enriquecimento e empobrecimento seja muito diferente do citado no tempo de Amós, constatamos que esta relação, lamentavelmente, persiste com novas expressões, às vezes mais sutis, mas não menos insanas (preços exorbitantes de medicamentos indispensáveis, a publicidade que gera falsas necessidades, produtos adulterados e impróprios para o consumo, produtos que deveriam ser evitados, pois absolutamente antiecológicos e tantos outros fatos).

Com a passagem da segunda Leitura (1 Tm 2,1-8), aprendemos que a Oração feita por um coração límpido, os horizontes da fraternidade, amizade, comunhão e solidariedade geram vida e a paz.

São Basílio Magno (séc. IV) já nos acenava que toda concentração ou desperdício gera situações de miséria e indigência.

São duras e inesquecíveis suas palavras, mas muito mais do que isto são extremamente questionadoras para todos nós:

“Não és acaso um ladrão, tu que te apossas das riquezas cuja gestão recebeste?(…)

Ao faminto pertence o pão que conservas; ao homem nu o manto que manténs guardado; ao descalço, os sapatos que estão estragando em tua casa; ao necessitado, o dinheiro  que escondeste. Cometes assim tantas injustiças quantos são aqueles a quem poderias dar.”

Evidentemente que a passagem do Evangelho não faz uma apologia à corrupção (Lc 16,1-13). É indubitavelmente impensável fazer este tipo de leitura, no mínimo, ingênuo.

O coração do discípulo deve ser indiviso e seduzido pelo Bem Maior – Deus! Com habilidade os discípulos podem gerar uma nova sociedade pondo os bens a serviço de todos, numa clara postura profética contra a ambição e a acumulação.

Considerando o contexto da Parábola de Jesus, trata-se da capacidade de renúncia de algo em favor de um bem maior.

O administrador abriu mão do lucro assegurando seu futuro na espera da gratidão de seus devedores. O que o fez injusto não foi isto, mas o que anteriormente fez e que o levou a ser despedido.

Jesus nos ensina que os discípulos devem usar os bens deste mundo, não como um fim em si mesmo, mas para conseguir algo mais importante e mais duradouro, como sinais do Reino.

As riquezas jamais devem se tornar obstáculo à Salvação e a honestidade é virtude que deve perpassar em todas as nossas relações.

Reflitamos:

–  Qual deve ser o lugar dos bens materiais na vida dos discípulos do Senhor?

–  Como sermos hábeis e não desonestos na busca do essencial, visto que não podemos servir a dois senhores?

–  Como lido com os bens que tenho?

–  Possuo os bens ou são eles que me possuem, me escravizam?

–  Os bens que tenho me impedem de partilhar com alegria e  desprendimento?

– Alguns têm pouco e são escravos deste pouco, outros têm muito e nunca estão  felizes, outros ainda se alegram e são felizes com o que possuem. E eu, com quem me identifico?

De fato, o discípulo deve ser livre de todos os bens, porque tem um Bem Maior: Deus.

Na “Primavera Divina”  seremos julgados 

pela administração dos bens que o Senhor nos confiou. 

Ele espera colher muitas flores e frutos

do amor, da justiça, da verdade e da paz!

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