Entre os dias 11 e 12 de setembro ocorreu o XX Encontro Nacional da Pastoral da Educação. O evento foi realizado on-line, com transmissão pelo YouTube, devido à pandemia causada pelo novo coronavírus. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação, promoveu com educadores de todo o país um debate sobre a ação da Igreja na escola pública.
Neste tempo de pandemia, milhares de estudantes enfrentam dificuldades para realizar os estudos na educação básica. Muitos Estados construíram estratégias, a partir do ensino remoto, para garantir que os índices de evasão não se intensifiquem e o direito à aprendizagem não seja negado aos estudantes brasileiros. Mas isso não é suficiente. A pandemia acentuou as desigualdades educacionais no país. Há alunos que avistaram o percurso educativo sendo interrompido por falta de recursos educacionais e tecnológicos que viabilizem o acesso ao conhecimento escolar.
O Anuário Brasileiro da Educação Básica aponta que, desde 2012, o número de jovens que concluem o Ensino Médio tem crescido, mas o país ainda não atingiu a meta de 85% prevista pelo Plano Nacional de Educação (PNE). Em 2019, 71,1% dos jovens estavam matriculados na última etapa da educação básica. Mas as desigualdades relativas à raça/cor, renda e localidade os empurram para fora das unidades de ensino antes de concluírem os estudos. Os dados confirmam que 674,8 mil estão fora da escola. A realidade mostra que a pandemia fez esse número crescer de forma linear.
Como a Igreja pode se fazer presente nesse cenário? Há muitos cristãos leigos presentes na escola pública. Muitos profissionais da educação atuam, inclusive, na ação pastoral católica. Iniciar um diálogo com os educadores sobre o cotidiano escolar já seria um passo importante; ouvir as dificuldades enfrentadas pelos estudantes para concluírem a educação básica, o passo seguinte. Assim, outras questões apareceriam no contexto da vida eclesial e da comunidade escolar. O XX Encontro Nacional da Pastoral da Educação reacende o debate sobre o valor da escola pública e a luta por uma educação de qualidade social.
Está na hora de iniciar uma conversação sobre a valorização dos professores, violência na escola, ausência da família no processo educativo, a precariedade das estruturas físicas escolares, os cortes de verbas na educação, a estagnação das metas do PNE, a reforma do Ensino Médio etc. Ver a Igreja tomando uma iniciativa assim é um sinal muito positivo. E é o Papa Francisco quem, ao convocar nações, igrejas, religiões, governos, desperta a Igreja para compreender a educação como um bem comum e um direito universal.
Luís Carlos Pinto
Professor de educação básica