A Comissão para a Ação Social Transformadora do Regional Leste 2 (Minas Gerais e Espírito Santo) da CNBB,por meio do bispo referencial, Dom Otacílio Ferreira de Lacerda, divulgou nesta sexta-feira, 04 de setembro, uma mensagem sobre o 26º Gritos dos Excluídos celebrado neste 07 de setembro por entidades e movimentos populares do Brasil.
Neste ano o Grito dos Excluídos tem como tema “Vida em Primeiro Lugar” e lema “Basta de Miséria, Preconceito e Repressão! Queremos TERRA, TRABALHO, TETO e PARTICIPAÇÃO!”.
Leia a mensagem da Comissão para a Ação Social Transformadora sobre o 26º Grito dos Excluídos:
“Vida em primeiro lugar”
“Abre a tua mão para o teu irmão” (Dt 15,11)
O Grito dos excluídos e excluídas tem sua origem na Campanha da Fraternidade de 1995, cujo tema foi: “Eras Tu, Senhor”.
Esta exclamação é o espanto daqueles que na hora do juízo final não atenderam à advertência de Jesus sobre o cuidado com o outro, ao afirmar que tudo o que fizermos de bom ou de mal aos irmãos, por mais insignificante que seja, é a Ele que o fazemos (cf Mt 25).
Celebra-se o Grito no dia sete de setembro, com o objetivo de dar vez e voz aos excluídos e excluídas, que ainda não foram incluídos no processo de independência de nossa Pátria, iniciado com o Grito do Ipiranga, a fim de que todos tenham vida plena.
O 26º Grito traz como Tema: Vida em primeiro lugar! Lema: Basta de miséria, preconceito e repressão. Queremos trabalho, terra, teto e participação!
O Grito em sintonia com a 6ª Semana Social Brasileira, a Campanha da Fraternidade, o Mês da Bíblia, as Pastorais Sociais, os Movimentos Populares e com todas as pessoas, grupos e movimentos que lutam por uma sociedade politicamente democrática, economicamente justa, ecologicamente sustentável e culturalmente plural.
As Pastorais Sociais do Regional Leste 2 com o olhar para a nossa Pátria, unem-se ao Cristo crucificado e Ressuscitado presente em tantos irmãos e irmãs desta nação brasileira e fazem ecoar em nossos corações e no coração de nosso Deus os clamores que sobem deste chão banhado por tanto sangue e tantas lágrimas inocentes.
A Deus elevamos nossa súplica:
“Senhor, fazei-nos instrumentos do resgate dos excluídos e excluídas de nossa sociedade, a fim de que sejamos uma Pátria livre, democrática e soberana sem preconceito e repressão!
Onde houver a política de morte que promove a violência, a propagação das armas de fogo e realização de despejos dos sem-terra e dos sem-teto de suas ocupações urbanas e rurais, mesmo em tempo de pandemia, que persegue as populações em situação de rua e exclui as populações encarceradas, que tenhamos a coragem de denunciar tais políticos e seus mandatários promovendo a resistência e uma nova política comprometida com a vida e não com o capital.
Onde houver corrupção, impunidade, machismo, racismo, extermínio da juventude negra, feminicídio, criminalização dos movimentos populares, política de extermínio dos povos indígenas e quilombolas, apropriação de seus territórios, que tenhamos sabedoria e discernimento para apoiar e promover iniciativas do sociedade civil de enfrentamento destas forças de morte e promover o diálogo, o encontro, a ética e a cultura da vida e da paz.
Onde houver empresas extrativistas e mineradoras que, com sua fúria enlouquecida pelo acúmulo de capital, acabam com nossas águas, nosso solo e extraem à exaustão nossos minérios, destruindo nosso meio ambiente, ecossistema e a criação divina, que sejamos solidários às comunidades impactadas e promovamos uma nova lei, uma nova justiça e uma nova economia que respeite a natureza, as gerações presentes e futuras, sinais de uma ecologia integral..
Onde houver dominação dos meios de comunicação social, que disseminam a mentira e o ódio provocando a divisão e a violência, que divulguemos a verdade, promovamos a cidadania e a participação popular.
Ó Mestre, fazei que procuremos sempre colocar a vida em primeiro lugar, a ética na política, lutar contra o autoritarismo, o “fascismo”, a busca de privilégio, o enriquecimento ilícito, a violência e cultura de morte.
Ó Mestre, sobretudo neste tempo de pandemia, todas as Pastorais e, de modo mais intenso, as Pastorais Sociais procurem unir os movimentos populares, os grupos religiosos e políticos comprometidos com a vida, promovendo, junto às dioceses, paróquias e comunidades em momentos celebrativos e reflexão, dando voz ao povo no dia da nossa independência, denunciando seus clamores e anunciando suas esperanças, acompanhado de nossos louvores.
Ó Mestre, ensinai-nos a vencer todas as formas de pandemias com seus vírus, com atitudes de doação, serviço e solidariedade, promovendo e garantido os direitos humanos e civis para todos, sobretudo, os excluídos, na construção da verdadeira independência, na promoção da vida democrática de uma nação, sinal e começo do vosso Reino, onde todos tenham trabalho, terra e teto, com vida, dignidade e participação.
Sob o olhar materno e cuidadoso de nossa mãe Aparecida, rogamos as bênçãos dos céus sobre nossa Pátria brasileira que tanto amamos. Amém”.
Guanhães – MG, 4 de setembro de 2020.
Dom Otacílio Ferreira Lacerda
Bispo da Diocese de Guanhães
Bispo Referencial da Comissão para Ação Social Transformadora da CNBB Leste 2Rodrigo Pires Vieira
Secretário Executivo da Comissão para Ação Social Transformadora da CNBB Leste 2