E Deus viu que tudo era bom
“Vai todo mundo para o inferno”. Foi o desabafo de uma mãe diante da injustiça cometida a seu filho. Essa é uma, dentre tantas outras frases ouvidas pelos missionários da paróquia Nossa Senhora da Conceição durante o trabalho missionário ali realizado.
Tornou-se experiência concreta a canção que diz: “ninguém pode tocar a cruz do bom Jesus sem a seus pés deixar um pouco do que é seu e sem trazer pra si um pouco desta cruz” (Ir. Miria T. Kolling). Foi essa certeza que norteou as Santas Missões realizadas em Conceição do Mato dentro. A paróquia acolheu seminaristas e vocacionados para as visitas missionárias cujo tema e lema foi o mesmo proposto para o mês missionário extraordinário promulgado pelo papa Francisco para outubro deste ano; Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo.
Prevista a chegada dos seminaristas e vocacionados até sexta, dia 26 de Julho, na cidade mineira, as visitas foram realizadas com a participação fervorosa dos leigos e estendeu-se até quinta, início do mês de Agosto. Também, durante a semana houve momentos de espiritualidade com os jovens e com as famílias. Por analogia aos seis dias da criação e acrescido ao sétimo do descanso de Deus, tal qual se encontra literalmente no livro de gênesis, foram sete dias de missão cujo coroamento deu-se num breve repouso. E Deus viu que tudo era bom.
A canção da Irmã Miria expressa bem o que foram estes dias. Não podemos estar aos pés do Bom Jesus sem que nos sintamos interpelados ao deixar um pouco do que é nosso, levar conosco, também, um pouco do que é de Deus. De fato, carregamos um pouco daquilo que é de Deus quando nos identificamos com cada irmão e irmã visitados. Na certeza de que onde sofre um dos nossos também sofremos com ele e não se pode também deixar de se alegrar quando algum desses se regozija em Cristo Jesus.
À luz dessa canção pode-se dizer: não nos é dado o direito de bater numa porta se não há disposição de largar um pouco de si, nem tampouco, de acolher consigo um pouco do que é de outrem. É justamente nesta relação de experiências que se tornam leves os fardos daqueles a quem o Senhor diz: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso de vossos fardos, e eu vos darei descanso” (Mt 11, 28). As Santas missões foram, neste sentido, a oportunidade de irmanarmos ainda mais em Jesus através de tantos irmãos, católicos ou não que numa só voz elevaram ao Pai ação de graças por tão preciosos dons concedidos a todos quantos se abriram à ação do Santo Espírito nestes dias.
Do ponto de vista eclesial, torna-se momento propício para uma reflexão da atuação da Igreja na sociedade como um todo. Bem como de reconhecer e propor soluções aos principais desafios da evangelização no mundo atual. Urge a presença de uma Igreja mais próxima e sensível às dores de nossos irmãos. Para tanto, é necessário que nos mobilizemos numa profunda conversão pastoral para continuarmos a ser uma igreja em saída – como nos pede o Santo Padre. Aceitemos o desafio e nos comprometamos a tomar como nossas as palavras de Cristo dirigidas a seus discípulos: “pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para sua colheita!” (Mt 9, 38). Que Nossa Senhora da Conceição interceda a Cristo para que surjam em nossas comunidades pessoas dispostas a levar com entusiasmo a boa nova de Cristo a tantos corações. Nossa Senhora da Conceição, rogai por nós!
Gabriel Ferreira Oliveira,
seminarista