“Eis que faço novas todas as coisas…” (Ap. 21,5)
É linguagem comum que o ano correu veloz e é certo que logo mais ele se fará novo. Revendo a agenda, nos apercebemos do tempo vivido, dos acontecimentos alegres e daqueles que em nada agradaram e até nos fizeram sofrer. Tendemos por frisar com traços marcantes os momentos negativos, os infortúnios, as fatalidades que dizem da nossa impotência diante do desafio do viver. Porém, saber-nos frágeis não nos apequena, ao contrário, faz-nos mais fortes porque acorda outras potencialidades adormecidas. Digo com o apóstolo São Paulo que também sofria o espinho na carne: “Quando sou fraco, então é que sou forte!” (2Cor 12,10).
Para nós brasileiros, o ano de 2018 nasceu envolto em perspectivas sombrias e os analistas desenhavam um cenário de grandes crises e incertezas. À medida que o tempo passou e os acontecimentos se sucederam, novas luzes surgiram no horizonte pátrio. Respira-se um ar de esperança, palavra que deverá ser conjugada no verbo esperançar e não no verbo esperar, pois a realidade se impõe para que não fiquemos “deitados em berço esplêndido”.
Na perspectiva pessoal é também desejável a autocrítica com humildade, para rever atitudes e esquemas de pensamento que escravizam e são impeditivos de uma vida com sentido que vale a pena ser vivida, que seja plena e realizada. Um bom propósito pode ser início de algo verdadeiramente novo. Pode-se começar por perdoar mais e não se prender aos esquemas do passado! Pedir mais o perdão e recomeçar sempre que necessário! Partilhar mais e romper com o vício de consumir e acumular! Amar mais e desinteressadamente! Emprestar o ombro ao outro e ter coragem de pedir ajuda na própria fragilidade! Festejar nas alegrias e resignar-se nos infortúnios! Enfim, sacudir a poeira da velha humanidade farisaica e renascer, construindo “novos céus e nova terra!” (Ap 21,1).
Se Deus é por nós, quem será contra nós?! Isso significa que não estamos sozinhos e relegados à nossa própria sorte. No Natal que acabamos de celebrar, nos apercebemos que Deus veio participar da nossa história. O eterno fez-se carne, o transcendente desceu à terra, o grandioso apequenou-se, o infinito encontrou abrigo no seio de uma mulher… Divino e humano, tempo e eternidade se encontraram. Acolhamos, pois, esta bendita surpresa de Deus e seremos recriados, novos horizontes se abrirão e a vida sorrirá de novo.
Mais uma vez temos a oportunidade de aprender a lição do Deus amor: perdoar, partilhar, servir, amar incondicionalmente e nunca esmorecer na esperança.
Que o Ano Novo seja repleto das bênçãos de Deus para você e sua família!
São os meus votos e de todos os sacerdotes!
+ Darci José Nicioli, CSsR
Arcebispo Metropolitano de Diamantina (MG)
Administrador Apostólico de Guanhães (MG)