Em Belém, a 10 km de Jerusalém, no começo de novembro, a cidade inicia as tradicionais decorações para o Natal. Ali, o primeiro Natal da história cristã foi celebrado pela sagrada família de José e Maria, alguns pastores e uns animais sob a luz misteriosa de uma estrela que brilhava nos corações bem-aventurados! O centro da cena era o Menino-Deus feito homem! Deus veio habitar entre nós!
Já faz algum tempo que quando se fala em Natal a primeira ideia que surge na mente é a de festa, comidas e bebidas, troca de presentes, luzes piscando etc. A palavra Natal já não lembra nascimento, num primeiro momento. Para uma pequena minoria, Natal lembra presépio, lembra o Menino Jesus, José e Maria – a Sagrada Família.
Belém, antiga Éfrata (Gn 35,19-20; 48,7; Rt 4,11), é hoje uma cidade muçulmana, cheia de mesquitas. Ali há poucos cristãos. Não há judeus. No mesmo largo da igreja da Natividade há, defronte, uma imensa mesquita que chama insistentemente os fiéis para a oração, o dia inteiro. Parece que o propósito da mesquita é o de abafar as atividades do templo católico.
Localizada na Cisjordânia, em território da Autoridade Palestina, a terra natal de Jesus e do Rei David possuía certamente um pão especial, pois a cidade se chama “Casa do Pão” (tanto em árabe como em hebraico esse é o significado de Belém). O Menino-Messias, o Príncipe da Paz, nasceu ali, e sua Mãe o colocou entre as palhas onde os animais se alimentavam, ou seja, na manjedoura, no cocho. Ele sentiu o hálito quente do jumento e do boi em seu corpinho frágil e santo. E sorriu. E o Seu sorriso iluminou a cidade, iluminou a Judeia inteira; o brilho foi-se espalhando pelo mundo, pelos astros… E brilha até hoje. Quem é da paz percebe e sente esse brilho!
Anunciado pelo Profeta Miqueias (Mq 5, 1), foi na cidade de Belém que o Pão Vivo veio do Céu em forma humana para mudar a história do mundo. Os coros de Anjos cantaram Aleluia três vezes! Os Magos, vindos de pontos geográficos diferentes, viram a Estrela no Céu. Os Pastores também viram. E todos os povos da Terra são chamados a vê-la em seus corações.
Costumamos trocar presentes no Natal, imitando os magos do Oriente, que levaram à manjedoura ouro, incenso e mirra, simbolizando a realeza, a divindade e o martírio do Salvador da humanidade. Mesmo que o Natal tenha se tornado um período de forte comércio, isso não tira a beleza da festa, época de congraçamento, de união familiar, uma ocasião verdadeiramente mágica, que contagia os cristãos do mundo inteiro.
Belém, a Casa do Pão, pode ser hoje sua casa, a nossa casa, a casa da nossa família. O Menino pode nascer dentro dela, fazer aí o seu presépio. Nossos templos, os templos de todas as Igrejas precisam ser verdadeiramente “casas do pão”, onde as pessoas se alimentem e se fortaleçam. Que as Famílias tenham Jesus presente nelas, fazendo delas uma comunidade de vida e de amor! E de partilha de pão!
Feliz Natal! E, desde já, um abençoado 2019 para todos!
Ismar Dias de Matos, professor de Filosofia na PUC Minas
p.ismar@hotmail.com