Nos últimos anos, pairou sobre nós brasileiros grande descrença com a política e os políticos. Tal fato decorre da sucessão de escândalos envolvendo pagamento de propinas, desvios de recursos públicos e caixa dois em campanhas eleitorais. A onda de corrupção atingiu quase todas as siglas partidárias, o que fez com que vários partidos tivessem que mudar o nome de suas siglas com o intuito de se desvincular deste presente/passado tenebroso, o que tem se mostrado ineficaz. Em recente pesquisa do INTC, aproximadamente 80% dos entrevistados disseram não acreditar em partidos políticos.
Em se tratando de um ano eleitoral, estes números se tornam preocupantes, uma vez que as eleições de 2018 se apresentam, ou pelo deveriam apresentar, como uma grande oportunidade de mudança dos rumos da política estadual e federal; mas mudar para qual direção? Tomando como referência o cenário das eleições para presidente, temos hoje por volta de 20 pré-candidaturas com discursos que vão da extrema direita ao radicalismo esquerdista, e mesmo diante desta grande oferta de postulantes ao Palácio do Planalto, o eleitorado encontra-se descrente que um destes represente seus anseios e as expectativas de mudanças que tanto se almeja.
Fato é que, por mais desanimadoras que sejam as perspectivas do futuro político do país, é neste momento que a mobilização da sociedade deve se tornar mais intensa. O vazio de lideranças e a descrença na política podem conduzir este país a caminhos os quais já experimentamos e que pagamos muito caro para reconduzi-lo a um ambiente democrático. O oportunismo político sempre busca espaço quando os bons se furtam de participar dos processos; os discursos sedutores de mudança, sem sustentação e pouco claros de alguns ganham corpo em uma sociedade desmobilizada e acrítica. Como bem disse Platão, “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”.
O Cristão neste contexto é chamado à participação política e a omissão se torna um anti-testemunho. Há que se buscar a promoção do debate e a conscientização do voto em família, no trabalho, escolas e grupos comunitários. Conhecer a vida pregressa e a atuação política dos candidatos, bem como suas propostas, torna-se o dever de casa para cada um de nós. A defesa da política e da democracia como instrumentos positivos de transformação da sociedade deve ser o nosso mantra.
Flávio Puff, professor do IF