Novena do padroeiro São Miguel em Guanhães

Os fiéis da paróquia São Miguel e Almas de Guanhães/ MG celebraram a  Novena e festa do padroeiro da paróquia e da Diocese, São Miguel Arcanjo, dos dias 22 a 30 de setembro. Durante os nove dias da Novena, Dom Jeremias, alguns padres de outras paróquias presidiram a santa Missa: Pe Hermes, Pe Wanderlei Rodrigues, pe Eduardo Dornelas, pe José Aparecido de Pinho e pe Bruno.

Pe Hermes Firmiano Pedro, administrador da paróquia São Miguel organizou a Novena, e para as reflexões  de cada dia, ele elaborou trechos inspirados no Documento 107 da CNBB e salmos bíblicos. Foi uma verdadeira catequese para todos que acompanharam os nove dias.

Abaixo, o resumo das reflexões:

  1. São Miguel, príncipe da justiça e da paz, ajudai-nos a testemunhar o Projeto de Deus para a humanidade; ensinando-nos, homens e mulheres, a viver a radicalidade dos valores do Reino de Deus.

T: Que a nossa comunidade seja a casa dos iniciados na fé. Comunidade evangelizada, para tornar-se comunidade evangelizadora. Que possamos investir na formação das famílias, adultos, adolescentes, jovens, crianças e demais lideranças de nossas comunidades.

D: Senhor, dá-nos a graça de aceitar o chamado para sairmos do comodismo, e coragem para caminharmos rumo a uma verdadeira conversão pastoral.

T: São Miguel, alcançai-nos  um novo ardor de ressuscitados para levar a todos o Evangelho da vida que vence a morte. Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos para que chegue a todos, o dom da beleza que não se apaga. Maria, Mãe do Evangelho vivente, manancial de alegria para os pequeninos, rogai por nós. Amém!

“Tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Tu estavas dentro de mim e eu te buscava fora de mim.(…) Brilhaste e resplandeceste diante de mim, e expulsaste dos meus olhos a cegueira. Exaltaste o teu Espírito e aspirei o teu perfume, e desejei-te. Saboreei-te, e agora tenho fome e sede de ti. Tocaste-me, e abrasei-me na tua paz”. (Santo Agostinho)

Muitos, sem saber, estão em busca dessa beleza. Agostinho e tantas outras pessoas descobriram tarde o encantamento pela proposta de Jesus. Isto poderá também, ter ajudado para um encontro mais profundo e uma entrega mais intensa, conhecendo em profundidade e uma consciência maior do vazio deixado por tantas outras buscas

A procura e a pergunta por Deus está em todos nós. Muitos são os que andam inquietos, descontentes  pelo mundo, com propostas que ainda não conquistaram a sua mente e o seu coração; há os que perderam de vista o transcendente, se deixaram levar pelo imediatismo, pelo materialismo e tantas outras seduções de uma sociedade que valoriza outras conquistas.

A pessoa humana vive à procura de respostas sobre a vida, sobre o sentido de si mesmo. Mesmo quando anda por caminhos alienantes e perigosos, as perguntas continuam: Por que estou no mundo? Quem sou eu? Que sentido tem as escolhas que a vida exige de nós? Peçamos a São Miguel para descobrirmos “Quem como Deus” em nossa vida.

O processo catecumenal da iniciação cristã surgiu em um momento em que a Igreja não podia contar com o apoio de uma cultura cristã na sociedade. Ele traz as etapas indispensáveis para mergulhar (batismo quer dizer mergulho) no mistério de Cristo e fazer parte da comunidade eclesial. A celebração dos sacramentos não pode ser uma espécie de “festa de despedida”. O sacramento é consequência de uma fé assumida e, ao mesmo tempo, é o que realimenta a fé. 

A iniciação à vida cristã é um desafio que precisa ser encarado com decisão, com coragem e criatividade, visto que em muitas partes a iniciação cristã tem sido pobre e fragmentada. O documento de Aparecida já nos alerta: “ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para seu seguimento, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora” (DAp, 287).

O encontro de Jesus com a Samaritana inspirou a reflexão do primeiro capítulo do documento da CNBB n. 107, sobre a Iniciação à vida cristã, que tem como exemplo inspirador o encontro de Jesus com a Samaritana. A samaritana foi a primeira pessoa a colher da boca de Jesus a declaração messiânica. “Para “tornar-se” algo novo é preciso passar por um processo de iniciação que envolve mais do que conhecer ideias. O Encontro de Jesus com a Samaritana é um belo exemplo  da maneira como Jesus se faz conhecer àqueles que o procuram.

Lentamente a Samaritana vai descobrindo quem é Jesus. Como Jesus a beira do poço, também nós, devemos nos sentar ao lado dos homens e mulheres de hoje, para tornar presente o Senhor na sua vida, porque só o seu Espírito é água que dá a vida verdadeira.

 “Propomos que o processo catequético de formação adotado pela Igreja para a Iniciação Cristã seja assumido em todo o continente como a maneira ordinária e indispensável de introdução na vida cristã e como a catequese básica e fundamental. Depois virá a catequese permanente que continua o processo de amadurecimento da fé…” (DA, 294). A expressão “Iniciação à Vida Cristã” se refere tanto ao caminho catequético de cada fase preparatória aos sacramentos quanto à catequese permanente. 

A inspiração catecumenal proposta pelo Magistério da Igreja é  uma pedagogia, uma mística, que nos convida a entrar sempre mais no mistério do amor a Deus . Esta entrada no amor divino é que marca a mística que se concretiza no encontro com Deus e com o próximo. Diz o Papa Francisco: “cada vez que nos encontramos com um ser humano no amor, ficamos capazes de descobrir algo de novo sobre Deus”.

No espírito catecumenal, cada etapa do caminho catequético (Batismo, Crisma, Eucaristia) é visto como progressiva e não fechada uma à outra, mas aberta à seguinte em um crescimento dinâmico em busca da vivência cristã. Cada etapa deve ter o propósito de favorecer experiências que toquem as pessoas profundamente e as impulsionem à conversão.

A comunidade cristã tem um papel importante, ajudando os catecúmenos (catequizandos) pelo seu exemplo, a obedecerem com maior generosidade aos apelos do Espírito Santo. A presença do Espírito Santo junto aos catecúmenos, acontece pela presença testemunhal dos membros de todas as pastorais, acompanhando-os durante o processo e dando  amparo e motivação após a recepção dos sacramentos. 

O processo catecumenal nos leva a uma  progressiva revisão das atitudes, escolhas e comportamentos, convocando toda a comunidade a uma efetiva conversão da própria vida, de cada discípulo missionário, das pastorais e da própria participação nas celebrações litúrgicas.

O Batismo é a primeira entrada para a participação no mistério do Senhor e iniciação de um processo de identificação com Cristo. O Batizado é chamado de neófito (planta nova), renascido em Cristo, nova criatura.

Iniciação à Vida Cristã é graça transformadora que nos precede e nos cumula com os dons divinos do Pai, em Cristo, pelo Espírito Santo. 

A Crisma complementa a configuração do batizado com Cristo e encaminha-o para a participação na Eucaristia. Pela Crisma, somos confirmados com o selo do Espírito Santo para celebrar o Pentecostes.

Pelo Batismo assumimos a condição de filhos do Pai. Pela Crisma, somos ungidos com a unção do Espírito Santo; Pela Eucaristia, somos alimentados com o próprio Cristo, o Filho.

Batismo e Crisma nos direcionam para a Eucaristia. Iniciados nos mistérios da Páscoa, podemos sentar à mesa da Eucaristia. Assim, a Eucaristia é o sacramento da plenitude, pois realiza plenamente o que os dois outros sacramentos (Batismo e Crisma) anunciam.

Não é mais possível nos prendermos aos métodos tradicionais. Como levar as pessoas a um contato vivo e pessoal com Jesus Cristo? Para começar é preciso uma mudança de foco. Sair da mentalidade de Iniciação Cristã como sinônimo de “preparação para receber sacramentos”; para “o processo de quem quer tornar-se cristão”. E essa mudança é missão de todos nós!

Para que o processo catecumenal seja eficaz,  é necessária a participação de toda a comunidade, pois é ela o rosto da Igreja a ser visto pelos catecúmenos.

Quem se aproxima da comunidade cristã precisa ser acolhido, ver o testemunho e sentir a responsabilidade dos cristãos face aos desafios pastorais. A iniciação dos chamados ao discipulado se dá pela comunidade e na comunidade cristã. 

A Igreja, “comunidade de comunidades” é quem realiza a Iniciação à Vida Cristã. É dela e em seu nome que os agentes da Iniciação à Vida Cristã recebem o mandato eclesial para introduzir no mistério de Cristo Jesus e da sua Igreja. A comunidade eclesial é o lugar da Iniciação à Vida Cristã e da educação da fé dos adultos, jovens, adolescentes e crianças.

A Iniciação à Vida Cristã é uma urgência que precisa ser assumida com decisão, coragem e criatividade. Ela renova a vida comunitária e desperta seu caráter missionário. Isso requer novas atitudes evangelizadoras e pastorais.

Por isso é necessária a conversão da comunidade cristã ao processo da Iniciação à Vida Cristã, que nada mais é que assumir o espírito missionário em todas as ações das pastorais. Assim, a comunidade poderá viver na prática e de modo adaptado o processo da Iniciação à Vida Cristã, envolvendo Bispo, Padres e leigos (as) em um caminho de formação de discípulos missionários.

Não existe Iniciação à Vida Cristã sem abertura Missionária. O ponto de partida desta conversão missionária é sair, aproximar-se das pessoas e acolhê-las nas situações em que se encontram. A dinâmica da acolhida, portanto, dá a tônica a este primeiro tempo: o anúncio do querigma.

Ao anunciar a “Boa Nova”, a Igreja se torna querigmática e missionária e se torna peregrina, desinstalada, samaritana, misericordiosa, enfim, uma Igreja missionária.

Não se pode tornar o querigma como anúncio de milagres ou só de progresso individual, sem compromisso comunitário. O importante é que o mesmo desperte nas pessoas a prática da fraternal convivência e que desejem sempre seguir perseverantes no seguimento de Jesus. No coração do anúncio do querigma está Jesus Cristo, que provoca o despertar para a caridade.

 É portanto um novo viver, onde se deixa envolver pelo mistério amoroso de Deus, despertando-se para novas relações e ações, transformando a vida no campo pessoal, comunitário e social. 

Assim, pois, no centro do processo formativo e progressivo do catecumenato está Jesus Cristo, Filho único do Pai. Todos são chamados à experiência do encontro com Jesus de Nazaré. É desta experiência marcante que nasce o testemunho capaz de contagiar os outros

O discípulo, atraído pela beleza do seguimento, torna-se um iniciador de outros na vida de Cristo, que requer um processo de passos de aproximação do mistério.

 Em uma comunidade querigmática e missionária, a Iniciação à Vida Cristã assume um rosto evangelizador, que favorece a verdadeira experiência da fé. Promove o encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo e insere o discípulo missionário na comunidade cristã, incentiva a sua participação na liturgia e no engajamento nas pastorais para a transformação da sociedade. 

 Tudo o que precisamos conhecer de Deus e seu mistério, encontramos na pessoa de Jesus.

 Nele – “chave, centro e fim de toda a história humana”- se faz presente o mistério do Reino de Deus. Para entrar neste mistério não há outro caminho senão o encontro pessoal com Cristo.

 O encontro com Cristo se dá pela ação do Espírito Santo. É isso que faz a Igreja ser uma realidade plena da comunhão com o Espírito Santo, pois todos confessam Cristo como Senhor na força do Espírito.

Daí a necessidade da pessoa ser incorporada à Igreja pelo Batismo, ser ungida pelo sacramento da Crisma para que encontre o sentido verdadeiro da fé, e possa ser agraciada com os diversos carismas, em vista da edificação comum. Por este processo, todos os cristãos são chamados a testemunhar Jesus Cristo, a participar ativamente da missão que Ele nos confiou e criar vida e comunhão na comunidade cristã para que ela seja fermento, sal e luz.

Acolhendo pessoas que desejam conhecer Jesus, a Igreja se torna mistagógica e materna, e assim volta o seu olhar para Maria, Mãe do Evangelho vivente. A Igreja aprende de Maria a ser próxima, carinhosa, solícita e presente em todas as ocasiões.

Maria é um modelo. É aquela cristã por excelência. Em Maria há uma realidade que ela como criatura, se coloca totalmente a disposição de Deus: ‘faça-se em mim segundo a vossa palavra. 

Maria é o modelo para a evangelização, para que a Igreja se torne a casa para muitos, uma mãe para todos os povos. Assim, seguindo o modelo mariano, a Igreja se torna instrumento que torna possível o nascimento de um mundo novo e de pessoas

A implantação da Iniciação à Vida Cristã nas comunidades requer o cultivo da mística do encontro, fazendo com que as pessoas que nos procuram e, também aquelas que procuramos, a exemplo da mulher da Samaria sejam auxiliados não tanto a ouvirem e falarem sobre Deus, mas sim a ouvirem e falarem com Deus.

 Devemos dizer muitas coisas à pessoa que encontramos, mas falar muito mais a Deus por ela, do que a ela sobre Deus.  É um convite à comunidade para que coloque em suas orações as pessoas que encontram pelo caminho.

Esta interação da comunidade com novas pessoas é que renova a consciência da comunidade cristã, que percebe que a formação não se dá por etapas separadas, mas que é uma ação formativa continuada, necessitada de solidariedade de todos continuamente.

Quem se insere na Igreja assume os compromissos da obra evangelizadora – não importa a idade – e é ajudado por todos os membros da comunidade cristã através da oração e da prática solidária.

 Do espírito de oração é que brotará o desejo missionário daqueles que se aproximaram da comunidade por conta da oração e do testemunho dos discípulos missionários. A este conjunto da oração e da ação é que chamamos também de atitude mistagógica.

A liturgia é fonte inesgotável de formação do discípulo missionário. As celebrações, pela riqueza de suas palavras e ações, mensagens e sinais, podem ser consideradas como catequese em ato. Não somente os catecúmenos, mas todos os membros da comunidade precisam ser constantemente formados para a vida.

Devemos sempre enfatizar que a Paróquia nunca pode deixar de se lembrar que a família é o primeiro ambiente da educação da fé. A família é chamada a ser o lugar de iniciação, onde se aprende a rezar e a viver os valores da fé. Aos pais cristãos cabe a primeira responsabilidade pela formação de seus filhos no seguimento de Jesus Cristo.

 A família transmite a fé que vive. Os pais não podem transmitir aquilo em que não acreditam e que não vivem. Não se pode transmitir o Evangelho, se na base não houver o desejo de viver com Jesus, no Espírito, a experiência do Pai. 

 Assumindo plenamente o processo de Iniciação à Vida Cristã, não significa suprimir o Batismo de crianças recém-nascidas em famílias, que já têm vivência cristã e pedem o sacramento. Ao crescer, elas também serão evangelizadas de acordo com o procedimento da iniciação. Suas famílias, ao acompanharem o processo, poderão reafirmar seu compromisso de fé.

 Para educar os filhos na fé e ajudá-los a conhecer Jesus Cristo, fascinar-se por Ele e optar por segui-Lo, é necessário que os pais façam a experiência do encontro pessoal com Cristo.

A ação do Espírito Santo  faz, por meio da Iniciação à Vida Cristã, com que a Igreja se torne Mãe, geradora de filhos e filhas, que à medida que vão sendo inseridos no mistério de Cristo, tornam-se, ao mesmo tempo, crentes, profetas, servidores e testemunhas.

O processo da iniciação à vida cristã deve ser vivido com paciência e perseverança. Muitos ministérios e serviços serão renovados e outros surgirão. É a Igreja, movida pelo Espírito Santo, sempre a caminho.

A Iniciação à Vida Cristã e a formação contínua com inspiração catecumenal se apresentam hoje como desafios e oportunidades extremamente importantes, uma obra a ser realizada, por toda a Igreja, com dedicação, paixão formativa e evangelizadora, com coragem e criatividade.

 

 

 

 

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