Apressadamente, como Maria em visita a sua prima Izabel (Lc 1, 39-45), aproveitemos este fato para tornar o “mundo” o melhor lugar para viver.
Estamos acostumados a ouvir o tempo todo que a esperança é (ou deve ser) a última que morre. Em um 2015 repleto de crises de toda espécie – política, econômica, cultural, ética – cabe uma pergunta: temos razão para celebrar o Natal? Quando celebramos esta data, tão especial para os cristãos do mundo inteiro, mas não somente, recordamos alegremente o nascimento do menino Jesus, filho de Maria de Nazaré e de José (Lc 4, 22). Comemoramos o nascimento do Filho de Deus, do Cristo, em um ato de fé que perpassa gerações.
Uma vida que nos trouxe mais vida. Um evento que nos tornou mais íntimos de Deus, mais próximos, mais irmãos. Uma história que transformou a humanidade. Porque somos filhos de Deus, somos irmãos uns dos outros. Cresce a nossa responsabilidade ética para com o próximo. Todos se irmanam, fazendo-se corpo de Cristo. O Natal desperta a solidariedade, a paz, o desejo de que as famílias se reúnam para trazer à memória que a vida venceu a morte e o amor permanece soberano nas relações interpessoais.
Mas não nos enganemos. Mais do que promover abraços, oferecer presentes, entoar cantigas de Natal, fiquemos atentos aos sinais de desesperança que insistem em permanecer: crianças sofrendo com o trabalho escravo, jovens mortos diariamente nas grandes cidades, vítimas de todo tipo de violência, adultos desempregados, aumentando o número de famílias em situação de risco e vulnerabilidade social, a corrupção corroendo o sistema político do nosso país, estado, cidade, instituições religiosas transformando o ato de fé do crente em produto de mercado.
Aproveitaremos o Natal para reacender nossa esperança? A força do Natal poderá modificar esta realidade? O que vamos solenizar com o nascimento do Menino Jesus? O Natal é a festa da família cristã, porque todos se reúnem devota e afetuosamente para celebrar o nascimento de Jesus. Apressadamente, como Maria em visita a sua prima Izabel (Lc 1, 39-45), aproveitemos este fato para tornar o “mundo” o melhor lugar para viver.
Luís Carlos Pinto
Foto: reprodução/ internet