Chamados, amados e enviados para a missão – X Domingo Tempo Comum Ano A


Com o 10º Domingo do Tempo Comum (Ano A), a Liturgia nos convida a refletir sobre a misericórdia querida por Deus e não os sacrifícios, pois para Ele o essencial não são os atos de culto ou declarações de boas intenções, mas uma adesão verdadeira e coerente ao Seu chamado e proposta de Salvação.

Na passagem da primeira Leitura do Livro de Oseias (Os 6,3-6), refletimos sobre o ministério profético de Oseias numa época bastante conturbada (Reino do Norte – Israel), em termos políticos e marcado por violência, insegurança e derramamento de sangue; em termos religiosos por uma grande confusão.

O profeta exorta para que o povo reconheça a infidelidade cometida, vivida na idolatria, e redescubra o amor do Senhor, expresso em gestos concretos de amor, ternura, bondade e misericórdia (“hesed”) em favor dos irmãos e irmãs.

Reflitamos:

– Qual é a sinceridade, fidelidade e profundidade de adesão ao Projeto que Deus tem para nós?
– Qual o desejo e sinais que expressam atitudes de conversão ao amor de Deus?
– Como vivemos este amor a Deus no amor ao próximo?

Na passagem da segunda Leitura (Rm 4,18-25), dirigindo-se aos cristãos que vêm do judaísmo (preocupados com o estrito cumprimento da Lei de Moisés, bem como os que vêm do paganismo), o Apóstolo Paulo reflete sobre o essencial: a fé.

Abraão é apresentado como um exemplo para todos nós, por sua adesão total, incondicional e plena a Deus e aos Seus Projetos. Em Deus, esperou “contra toda a esperança” (Rm 4,18).

De fato, a Salvação é um dom para toda a humanidade, e deve ser acolhida e vivida com confiança, entrega e obediência.

Reflitamos:

– O que o exemplo de Abraão nos ensina?
– Como acolho e vivo a Salvação como dom de Deus?

Com a passagem do Evangelho (Mt 9,9-13), vemos quão misericordioso é o nosso Deus. Jesus nos chama para segui-Lo, pecadores que somos.

De fato, Mateus aceitou o convite sem discussão, e o seguiu de forma incondicional, e esta adesão ao chamamento se chama “Fé”.

Nisto consiste o caminho do discípulo missionário do Senhor: encontrá-Lo, escutá-Lo, aceitá-Lo e segui-Lo, acolhido e transformado por Sua Misericórdia.

Assim Se expressa o Senhor:

– “Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’De fato, Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores” (Mt 9,13).

Vejamos o que nos diz o Comentário do Missal quotidiano:

Deus foi sempre o grande incompreendido por parte dos homens. Incompreendido em Seu agir, em Suas intervenções, incompreendido em Seu silêncio, incompreendido em Suas exigências e em Sua lei.

Mas a incompreensão maior e mais estranha refere-se à Sua misericórdia. É a incompreensão de quem não crê na misericórdia de Deus, de quem tem medo d’Ele, de quem treme ao pensar em comparecer à Sua presença, e foge do mal unicamente para evitar os Seus castigos…”.

Quem souber viver a misericórdia para com o próximo, na sincera e frutuosa prática da acolhida, do perdão, superação, compreenderá o Coração de Deus.

Deste modo, saboreará a mais bela e pura alegria, que nasce do perdão dado e recebido.

Como discípulos missionários do Senhor, não podemos permitir que o ódio, o rancor, o ressentimento fossilizem ou criem raízes nas entranhas mais profundas do coração.

Jamais permitir que a obscuridade ao outro deva ser para sempre imposta pelo seu erro, tropeço, falha.

Urge compreender, na exata medida, o erro cometido, sem nada acrescentar, e ter também a maturidade de se colocar no lugar do outro, porque todos somos passíveis de erros.

Isto é possível quando nosso coração de pedra se transforma em um coração de carne, terno e manso, para que nele Deus possa frutuosa e ricamente fazer Sua morada.

Tão somente assim, tendo os mesmos sentimentos do Senhor Jesus (Fl 2,5), teremos a possibilidade de novas ações, formando e gerando Cristo em nós e no outro, sempre impelidos pelo Amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5,5).

Nisto consiste a edificação de uma Igreja Sinodal: caminharmos todos juntos, vivendo e comunicando a misericórdia, em permanente atitude missionária, sobretudo nas periferias existenciais, como nos fala o Papa Francisco.

Reflitamos:

– Qual a consistência do nosso amor por Jesus, como Seus discípulos missionários?
– Como Igreja Sinodal, como testemunhar a Misericórdia Divina que se destina a todos os povos?

– Como vivemos a radicalidade no seguimento de Jesus: conversão e misericórdia?
– Como se dá o encontro, escuta, acolhida e seguimento do Senhor, que nos chama apesar de sermos pecadores?

Oremos:

Quem poderá compreender o Vosso coração, Senhor?

Ó incompreendido amor de Deus, que questiona o amor humano, tão pequeno, quantificável, porque limitado, medido, calculado, com parcimônia por vezes comunicado.

Ó incompreendido amor de Deus, que o nosso assim também o seja.

Ensinai-nos, que o amor não é para ser compreendido, amor é para amar, simplesmente; sem teorias, explicações, racionalizações.

Ajudai-nos a viver o Amor de Cruz, que ama, acolhe, perdoa, renova, faz renascer e rompe a barreira do aparentemente impossível.

O amor vivido no extremo da Cruz, que foi, é e será para sempre o verdadeiro amor.

Amor tão incompreendido, mas tão necessário e desafiador para a humanidade em todo tempo.

Amor que, se vivido, nos credencia para a eternidade de Deus, que é a vivência e mergulho na plenitude de Seu amor, luz, alegria, vida e paz. Amém.

A Palavra do Pastor
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