A autêntica Oração e o crescimento espiritual – XXIX Domingo do Tempo Comum Ano C

O trecho da “Carta a Proba”, do Bispo Santo Agostinho (Séc. V) nos fala sobre a autêntica Oração, na qual exercitamos a nossa vontade.

“Por que nos dispersamos entre muitas coisas e, temendo rezar de modo pouco conveniente, indagamos o que pedir, em vez de dizer com o Salmo:

Uma só coisa pedi ao Senhor, a ela busco: habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para contemplar as delícias do Senhor e visitar Seu Templo? (Sl 26,4).

Pois ali os dias não vêm e vão, o fim de um não é o princípio de outro. Todos ao mesmo tempo não têm fim, ali onde nem a própria vida, a que pertencem estes dias, tem fim. 

Para alcançarmos esta vida feliz, a verdadeira Vida nos ensinou a orar. Não com multiplicidade de palavras, como se quanto mais loquazes fôssemos, mais nos atenderia.

Mas rogamos Àquele que conhece, conforme Suas mesmas Palavras, aquilo que nos é necessário, antes mesmo de lhe pedirmos (cf. Mt 6,7-8). 

Pode alguém estranhar por que motivo assim dispôs quem já de antemão conhece nossa necessidade. Temos de entender que o intuito de nosso Senhor e Deus não é ser informado sobre nossa vontade, que não pode ignorar.

Mas despertar pelas Orações nosso desejo, o que nos tornará capazes de conter aquilo que se prepara para nos dar. Isso é imensamente grande, mas nós somos pequenos e estreitos demais para recebê-lo.

Por isto, nos é dito: Dilatai-vos; não aceiteis levar o jugo com os infiéis (2Cor 6,13-14). 

Isso é tão imensamente grande que os olhos não o viram, porque não é cor; nem os ouvidos ouviram, porque não é som; nem subiu ao coração do homem (cf. 1Cor 2,9), já que o coração do homem deve subir para lá.

Isso nós o recebemos com tanto maior capacidade quanto mais fielmente cremos, com mais firmeza esperamos, mais ardentemente desejamos. 

Por conseguinte, nesta fé, esperança e caridade, sempre oramos pelo desejo incessante. Contudo, em certas horas e tempos também rezamos a Deus com palavras, para nos exortar a nós mesmos, mediante seus símbolos, e avaliar nosso progresso neste desejo e a nos estimular com maior veemência a aumentá-lo.

Pois tanto mais digno resultará o efeito, quanto mais fervoroso preceder o afeto. 

É também por isso que diz o Apóstolo: Orai sem cessar! (1Ts 5,17). O que isso pode significar a não ser: desejai sem cessar a vida feliz, a eterna, e nenhuma outra, recebida d’Aquele que é o único que a pode dar?”

A Oração nos coloca no caminho da busca de uma vida plena e feliz até o encontro definitivo com Deus, na glória da eternidade.

A Oração sem a luta, sem os compromissos concretos é uma fuga. A labuta quotidiana sem a Oração é desespero, inapelavelmente.

A prática da autêntica Oração não se limitará em tão apenas a repetição de fórmulas prontas, em lugares ou tempo especiais, exclusivos; falaremos com Deus com nossas próprias palavras, num diálogo sincero e aberto, expressando nossas alegrias e tristezas, angústias e esperanças.

Pediremos, agradeceremos, louvaremos e renovaremos nossas forças para a ação, para as indispensáveis obras. A Oração assim nos impele para o bem fazer, sem jamais nos omitirmos, sem jamais adiarmos sagrados compromissos.

A Deus nos dirigiremos em todo e qualquer lugar, e em todo tempo, sem reduzirmos nossa Oração à recitação de fórmulas, em tempos e espaços limitados.

O encontro com o Amado leva-nos à contemplação; de modo que se dilata o nosso coração e entramos em outra dimensão de diálogo, espaço e tempo.

Participando desta Escola da Oração de tantos Santos, continuemos nosso aprendizado e oração bem feita para fazermos progressos maiores na vida espiritual, para que vivamos a graça da missão de discípulos missionários do Senhor mais comprometidos com a causa do Reino.

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