A Liturgia do 13º Domingo do Tempo Comum (Ano C) nos convida a refletir sobre o discipulado na fidelidade ao Senhor que nos chama, e a necessária disponibilidade, radicalidade e o dom total da própria vida.
Na passagem da primeira Leitura (1 Rs 19, 16b.19-21), refletimos sobre o chamado que Deus faz a Eliseu: é Deus que chama e espera a nossa pronta resposta.
A vocação do Profeta Eliseu nos ilumina: Deus nos chama não porque estejamos no ócio, ao contrário, por estarmos devidamente ocupados com as coisas do quotidiano: o Profeta “não vem do céu” pronto para a missão e tão pouco se trata de alguém que não sirva para outra coisa.
A vocação profética, antes, é uma prerrogativa divina, uma missão querida e destinada por Deus a quem Ele quiser e chamar.
Para que a vocação profética seja vivida em plena correspondência aos planos divinos, é necessário disponibilidade, generosidade e empenho quotidiano. Ninguém nasce Profeta ou se faz Profeta, tão pouco é um projeto com acabamento final.
Na passagem da segunda Leitura, ouvimos a passagem da Carta de Paulo (Gl 5, 1.13-18), em que somos exortados a nos identificarmos plenamente com Jesus, vivendo a vida nova que Ele nos oferece, na plena liberdade, pois é para a liberdade que Ele nos libertou (Gl 5,1).
A verdadeira liberdade consiste, portanto, num fruto do Espírito. Viver segundo o Espírito é viver uma liberdade que ninguém pode oferecer, a não ser o próprio Espírito.
Esta verdadeira liberdade consiste em viver no amor: somente é autenticamente livre quem se libertou de si próprio e vive para doar-se inteiramente aos outros, fazendo da vida um dom de si mesmo.
Uma vida na escravidão consiste em viver centrado em si mesmo, no egoísmo, orgulho, egocentrismo, autossuficiência, individualismo, isolamento empobrecedor.
A passagem do Evangelho (Lc 9,51-62) nos apresenta o caminho do discípulo e as exigências para seguir o Senhor, haja vista o contexto em que Jesus decide ir para Jerusalém consumar a obra da Redenção da humanidade, pelo Mistério de Sua Paixão, Morte e Ressurreição.
Vislumbra-se a presença do Mistério da Cruz presente no caminho, como aparente sinal de fracasso, mas verdadeiramente sinal de vitória, de quem nos ama e nos ama até o fim, dando a Sua vida para nos salvar.
O Evangelista nos apresenta o itinerário que deve ser feito por aqueles que creem e aderem a Jesus, Sua Palavra e Pessoa, no compromisso com a Boa-Nova do Reino: é preciso renúncia de tudo e até mesmo da própria vida, amando até as últimas consequências.
A primeira lição que aparece na primeira parte da passagem: o Reino de Deus não acontece pela imposição da força, tão pouco por uma resposta violenta. É preciso sempre reaprender o caminho da não violência.
Na segunda parte, aprendemos que este caminho deve ser percorrido com total disponibilidade sem hesitações ou restrições (despojamento material), sempre abertos ao novo que Deus tem a nos oferecer (que os mortos enterrem os mortos), sem jamais olhar para trás, como sinal de fuga, desistência (quem põe a mão no arado não pode olhar para trás).
Urge que nos coloquemos sempre a caminho, como discípulos missionários do Senhor, no bom combate da fé.
Renovemos a alegria de termos sido escolhidos, amados, chamados e enviados em missão pelo Senhor. É preciso sempre amar, aderir e seguir o Senhor, na mais perfeita e autêntica liberdade.
Reflitamos:
– O que ainda nos impede de viver a autêntica liberdade, fidelidade, doação e entrega da vida na missão que o Senhor nos confiou?
– O que ainda nos prende e não nos permite de nos abrirmos ao novo que Deus tem a nos oferecer, e que somente quem se abre ao Espírito, é capaz de captar e compreender?
– Somos uma comunidade marcada por relações de amor e doação?
– Damos testemunho da autêntica liberdade no dom da vida ao outro?
Caminhemos para frente, com coragem, ousadia, vivendo a graça da vocação profética. Dando razão de nossa esperança, testemunhando nossa fé numa prática frutuosa da caridade.
Lembremos o que nos ensina a Igreja: na vida de fé quando não se avança, recua-se. Não há tempo a perder, o tempo é breve e a urgência do Reino nos desinstala e o fogo do Espírito nos inflama. Amém.
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