Uma Igreja aos moldes de Francisco

*Por Alvim Aran

Um tema muito caro para o Papa Francisco é “Uma igreja em saída” que vai ao encontro dos fiéis, principalmente dos mais excluídos (Evangelii Gaudium, Cap I, noº 48), que procure estar presente na vida das pessoas e que não seja uma subcultura dentro de nossa sociedade. O que queremos dizer com subcultura? Por que a igreja se tornaria uma subcultura dentro da sociedade? Partindo dessas duas perguntas, após breve reflexão, pretendemos mostrar uma visão de Igreja partindo de Jesus Cristo e o esvaziamento de sua condição divina assumindo a condição humana.

Paulo, na carta aos Filipenses, mostra de maneira clara um Deus que se faz carne, que assume a condição humana e vem ao encontro daqueles que necessitam (Filipenses 2, 1 – 11), assim como no cap I do evangelho escrito por João (Jo 1, 14). A Igreja que Francisco busca é exatamente essa, uma Igreja que não fica presa em si mesma, mas se abre ao outro e assume a história humana (realidade material-histórica) assim como Jesus fez. Mas para isso é preciso sair das sacristias, de outra forma, é preciso assumir a posição missionária que é a atitude da Igreja por excelência.

Essa missão assumida por todos os batizados e batizadas coloca novamente a Igreja no mundo, na cultura popular e faz com que essa deixe de ser uma subcultura. Com subcultura queremos dizer que a Igreja está fechada em si mesma, não participa da vida concreta do povo de Deus em sua realidade histórica. De outra forma, as pessoas que participam da igreja (mais ativos) são um grupo seleto formado por aqueles e aquelas que estão mais próximos das pastorais.

Sabemos pelas realidades de nossas comunidades que a maioria das pessoas não são procuradas pela Igreja, são elas que procuram o templo ou a paróquia. Temos uma Igreja paroquial centrada na matriz de determinada cidade. E por experiência dizemos que os bairros mais afastados da matriz e da “paróquia” não tem assistência da Igreja, e com isso vemos o aumento das igrejas neopentecostais.

Esse afastamento da Igreja parte do clero, não de todos, mas da maioria acomodada que quer um povo que vai até a Igreja, mas não quer que a Igreja vá até o povo, e também das pessoas que acham no tradicionalismo uma forma de barca segura contra o avanço do mundo, são acostumados com uma Igreja de portas fechada para novas experiências. O novo nos assusta, não nos deixa andar para frente, pois é mais fácil ficar preso a movimentos ultrapassados do que se abrir a novidades.

Com esse movimento antiquado, ao invés de irem enfrentar o mundo, ficam esperando, fazendo uma analogia, a ovelha vir até o pastor e não o contrário. Sendo assim, a Igreja se torna subcultura, um grupo isolado, pois não são todos e todas que procuram ir ao templo e viver a radicalidade de Cristo, ou seja, a Igreja não participa do todo da comunidade, mas apenas de uma parte seleta.

Jesus não foi isolado do mundo, antes se fez presente em nossa realidade “assumindo em tudo a condição humana” (Filipenses 2, 1 – 11). Assim também a Igreja deve ser em tudo igual Jesus, não ficar presa em si, mas ir ao encontro daqueles e daquelas que precisam de ajuda e assumir a causa da libertação do povo de Deus.

Por isso a Igreja em saída é um termo caro para o Papa Francisco, não se pode evangelizar presos em sacristias, casas paroquiais ou templos chiques e caros. É preciso colocar o pé na lama, tirar os sapatos e ir pregar a boa nova anunciada por Jesus. Fazer igual aos primeiros discípulos do Caminho (Como os primeiros cristãos eram chamados), ir ao encontro das pessoas e não esperar as pessoas vir até os cristãos.

São Carlos de Foucauld, nosso irmão universal, rogai por nós.

A Palavra do Pastor
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