A Liturgia do 2º Domingo da Páscoa (ano C), também chamado de Domingo da Misericórdia, nos convida a refletir sobre o papel da comunidade cristã como lugar privilegiado do encontro com Jesus Cristo Ressuscitado (na Palavra proclamada, no amor vivido, no pão partilhado e no corajoso testemunho dado).
Na passagem da primeira leitura (At 5,12-16), temos a confirmação da missão salvadora continuada pela comunidade, apresentando a proposta redentora da humanidade a partir de Jesus Cristo.
A pequena passagem enfatiza a atividade miraculosa dos Apóstolos, pois ela é continuadora da missão do Ressuscitado com o mesmo poder – “pelas mãos dos Apóstolos realizavam-se muitos milagres e prodígios entre o povo”.
Os sinais feitos pela comunidade revelam a presença libertadora e salvadora de Deus, que deseja vida plena para todos. Os gestos de amor, de partilha e de reconciliação são os maiores e belos sinais que uma comunidade que crê pode realizar.
Reflitamos:
– Como testemunhamos a força do Ressuscitado dentro e fora da Igreja?
– Quais são os sinais do Ressuscitado em nossa comunidade?
A segunda leitura (Ap 1,9-11a.12-13.17-19), escrita num contexto de dramática perseguição aos cristãos pelo Império romano, é um convite à perseverança na fé.
Do Ressuscitado, o Vencedor, vem a força para a comunidade continuar o seu caminho e testemunho.
Jesus é o “Filho do Homem”, o Senhor da história. Ele esteve morto, voltou à vida, e agora é o Senhor da vida que derrotou a morte (Ap 1,18), de modo que os cristãos não têm nada a temer.
A comunidade testemunhando o Ressuscitado vencerá todo medo e perseguição, e esta é a grande mensagem de João em seu livro, que não foi escrito para intimidar aquele que crê, muito ao contrário, escrito para encorajar no bom combate da fé. Um livro para ser lido e compreendido somente por quem tem fé e deseja testemunhar o Ressuscitado até o fim.
Na realização da missão evangelizadora, é preciso passar do pessimismo à esperança. O mundo precisa de mensagem de esperança e de compromisso com uma nova realidade, um novo céu e uma nova terra.
Reflitamos:
– Quais são as dificuldades que encontramos no testemunho da fé?
– Quais são as mensagens de esperança que temos a oferecer para o mundo?
– Onde e quando renovamos nossas forças para não sucumbirmos diante das dificuldades que possamos encontrar na vivência da fé?
Na passagem do Evangelho (Jo 20,19-31), Jesus Se manifesta vivo e ressuscitado, e Se apresenta como o centro da comunidade cristã, comunicando a paz (plenitude de bens), comunicando o Espírito para que os Apóstolos continuem a Sua missão.
A mensagem explicita a centralidade de Cristo na comunidade e esta por sua vez, é a testemunha credível da vida do Ressuscitado no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos, com a Palavra proclamada, com o Pão de Jesus partilhado e os compromissos com a justiça e a vida nova renovados.
O Ressuscitado rompendo as portas fechadas, onde os Apóstolos se encontram por medo dos judeus, disse-lhes: “A paz esteja convosco”. Nada mais pode impedir a ação do Ressuscitado.
É o primeiro dia da semana, é o tempo da nova criação alcançada pelo Ressuscitado, por isto guardamos o domingo como o Dia do Senhor, para adorá-Lo e encontrá-Lo, de modo especial na comunidade, quando a Palavra é proclamada e o Pão é partilhado: Cristo presente na comunidade de modo especialíssimo na Palavra e na Eucaristia.
Na primeira parte, Jesus saúda com o “shalom”: harmonia, serenidade, tranquilidade, confiança, plenitude dos dons à comunidade, de modo que a ela nada falta, pois o Ressuscitado Se faz presente.
E, a comunidade será portadora desta Boa Nova, empenhada na tríplice harmonia dos seres humanos com o Criador, com a própria criatura e com o cosmos.
Os Apóstolos são instrumentos da paz, da vida nova, da comunhão a ser vivida com Deus e com o próximo: shalom!
Quando reaprende a amar, a comunidade capacita-se para a missão de paz, e então se torna sal da terra, luz do mundo e fermento na massa.
A não vivência ou a recusa do amor impede que a paz aconteça… Paz que nos é dada como dom divino, compromisso humano inadiável…
Acolhendo o “sopro da misericórdia divina”, a comunidade não terá o que temer, porque não é enviada sozinha, mas com a força e a vida nova que nos vem do Santo Espírito – “E Jesus soprou sobre eles e disse-lhes: recebei o Espírito Santo”.
A segunda parte é o itinerário da profissão de fé feito por Tomé, ausente na primeira vez em que Jesus apareceu aos Apóstolos, e depois, quando presente, faz a grande profissão de fé: ”Meu Senhor e meu Deus”.
Tomé é proclamado bem-aventurado porque viu e tocou as Chagas gloriosas do Ressuscitado, e Jesus nos diz que felizes são aqueles que creram sem nunca terem visto, nem tocado (Jo, 20-29).
Tomé toca exatamente onde nascemos e nos nutrimos: no coração de Jesus, do qual jorrou Sangue e Água: Batismo e Eucaristia.
Esta é uma mensagem essencialmente catequética que nos convida a renovar hoje e sempre a nossa fé: somos felizes porque cremos sem nunca ter visto nem tocado.
A experiência vivida por Tomé não foi exclusiva das primeiras testemunhas do Ressuscitado, e pode ser vivida por todos os cristãos de todos os tempos.
Hoje, somos convidados a fazer esta mesma experiência.
Reflitamos:
– Creio na presença de Jesus Ressuscitado na vida da Igreja?
– Sinto a presença e ação do Ressuscitado em minha vida?
– Jesus Ressuscitado possui centralidade em minha vida?
– Jesus Ressuscitado ocupa o lugar central em minha comunidade?
– Como vivo a missão, por Ele, a mim confiada?
– Tenho acolhido o sopro do Espírito na missão vivida?
– O que tenho feito para que a paz, mais que sonho e desejo, se torne realidade?
– O Domingo é, de fato, para mim o Dia do Senhor, do encontro com o Ressuscitado, para escutá-Lo na comunidade, reconhecê-Lo e comungá-Lo quando Ele Se dá no Pão partilhado, na Eucaristia?
– Como tenho prolongado, em minha vida quotidiana, a ação e vida do Ressuscitado, a Eucaristia celebrada?
Com a Ressurreição do Senhor, nosso coração transborda de alegria.
Oremos:
“Ó Pai, que no Dia do Senhor
Reunis o Vosso Povo para celebrar
Aquele que é o Primeiro e o Último,
O Vivente que venceu a morte,
Dai-nos a força do Vosso Espírito,
Para que, quebrados os vínculos do mal,
Vos tributemos o livre serviço
Da nossa obediência e do nosso amor,
Para reinarmos com Cristo na glória eterna.
Amém”.
“A paz esteja convosco”. Aleluia!
Ninguém pode impedir a ação do Ressuscitado:
Alegremo-nos! Aleluia!
Fonte de pesquisa: www.Dehonianos.org/portal