Há dores que podem ser aliviadas ou até mesmo evitadas;
Desnecessário nominá-las, pois bem as conhecemos.
Há, porém, dores que não têm como serem evitadas.
Uma delas, a mais cortante de todas: a dor da ausência.
Dor da ausência tão forte que nos consome vorazmente
A da ausência de quem partiu, sempre cedo demais.
Cedo demais, que não se explica pelo tempo pouco vivido,
Cedo demais, porque nunca preparados estamos.
Queremos que esteja sempre ao nosso lado quem amamos,
Mas todos partem; todos um dia partimos, inexoravelmente.
Ó dor suprema da ausência, que corta a alma de quem ama
Como navalha cortante, como que sangrando ininterruptamente.
Dor que sentimos quando ao despedir sem despedir
Porque não irá, quem no coração lugar especial ocupou.
Parte para o horizonte da eternidade, que cremos ser o céu,
Onde os que perseveram no Amor de Deus vivem para sempre.
Partem, mas ficam no espaço estreito e apertado do peito;
Serão inevitáveis as lembranças, a saudade, o santo desejo…
Santo desejo de um dia na outra margem também nos encontramos.
A dor da saudade enfim curada, porque como Anjos reencontrados.
E, na plenitude do amor, também envolvidos e acolhidos,
Já não há mais dor, nem luto, nem lágrimas, nem morte nem pranto.
Morte de quem amamos é assim: o dia do nascimento para quem parte,
O dia do outro nascimento para quem fica: a dor da saudade.
É ela, uma dor que nos consome e nos consumirá,
Diretamente proporcional ao amor vivido, silenciosamente crescerá…
Que a fé na Ressurreição, que a Palavra do Senhor nos console, pois
Para os que n’Ele creem e vivem para sempre viverão.
Ele também partiu e conosco está: moradas para quem partiu,
Para nós que também partiremos, foi nos preparar. Aleluia.
Postado por Dom Otacilio F. Lacerda em
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