O ESPÍRITO SANTO E A POLÍTICA – Diego de Lima Dias

 

 

O ESPÍRITO SANTO E A POLÍTICA

Aurea Marin Burocchi*
Belo Horizonte, MG
Diego de Lima Dias**
Santos Dumont, MG

Introdução

Esta reflexão surge num momento particular da história do país. Estamos vivendo em meio a polarizações de grupos políticos e ideológicos que estão carreando emoções e manifestações que estão dividindo grupos – familiares, de amigos, de trabalho e até eclesiais. Fenômeno preocupante e inédito na sociedade brasileira que, aparentemente, é acolhedora de posições diferenciadas.1

Embora o mito da sociedade brasileira miscigenada, pacífica e não racista possa ser uma ingenuidade que muitas vezes se mostra inválido e hipócrita, certamente o surgimento de conflitos aparentemente insolúveis, tendo por pano de fundo partidos políticos, não eram esperados pela maioria da população. Nem o era o cenário de corrupção que envolve políticos, cifras astronômicas e grandes empresas públicas e privadas; isto mostra a que nossos representantes eleitos pelo povo se dedicam no cumprimento dos seus mandatos.

Se as religiões, de modo geral, e também o Cristianismo pregam a tolerância, a abertura ao outro, o diálogo, o respeito, o que justifica o posicionamento de também “cristãos” em posturas tão opostas2 e em atividades tão condenáveis? A honestidade foi banida da face da terra? O diálogo foi excluído das relações interpessoais? O respeito por posições e opiniões diferentes não encontra mais lugar? Se inexistem abertura ao outro e respeito pelo seu ser diferente, como falar de amor e comunidade? Se não há compromisso ético, como falar de bem-comum e, portanto, de política?

Mais que buscar causas da atual situação ou acusar este ou aquele grupo, nossa proposta é refletir sobre a relação entre o Espírito Santo e a vida política. Qual a ação do Espírito nos homens? Quem é o ser político tomado pelo Espírito?

As indagações, as revoltas e a capacidade de tornar a teologia mais próxima da vida foram os principais combustíveis deste insight. Trazer a teologia para a vida e fazê-la com amor foi a pauta recorrente desta reflexão, afinal, como já disse Bruno Forte:

A teologia não é um aristocrático amor pela sabedoria reservado a poucos adeptos ao trabalho, ela é muito mais “a sabedoria do amor”: o esforço de levar à palavra o vivido pela caridade. A teologia cristã deve dizer o amor; e porque o Amor se disse a nós na vida de Jesus de Nazaré, Senhor e Cristo, a teologia cristã deve narrar o amor, narrando o mistérioda Páscoa, o evento pascal (Burocchi, 2008).

1. O Espírito Santo e a política

Relacionar a política com o Espírito Santo não foi fácil, pois as bibliografias disponíveis de Pneumatologia, além de serem limitadas, não fazem menção direta a este assunto. Desistir da empreitada não foi opção.

Afinal, parar não é obra do Espírito! Serviram de inspiração e fundamentação os textos bíblicos, filosóficos e teológicos.

1.1 Existe relação entre o Espírito Santo e a vida política?

É de fundamental importância compreender como o Espírito age na vida prática dos seres humanos e como, na atual conjuntura, se torna mais que necessário não dissociá-los. Atualmente há uma grande rejeição popular em relação à política. Isso decorre da pseudocompreensão do significado desta, que é fundamental para a vida humana. Há uma tendência geral de associar apenas o político eleito com política. Os escândalos de corrupção também colaboram para intensificar a aversão pelo tema.

Com o avanço das interações sociais pela internet, aparece uma grande massa que se propõe a discutir o assunto conforme seus interesses pessoais, muitas vezes de forma muito superficial e alienante, além de profundamente indisposta a contribuir efetivamente para a realização do bem comum. Sua filosofia é “deixa a vida me levar, vida levaeu”.3 Na vida cotidiana, é este, geralmente, o grupo que mais paga o preço pelas escolhas da maioria que abraçou o discurso de uma minoria gananciosa e corrupta.

Somam-se a este um grupo perigoso aqueles que, na época de eleições, vestem camisas, chapéus, bandeiras partidárias e compram ideias sem ao menos questioná-las. Estes ficam em evidência só em épocas eleitorais, pensando que sua participação política se restringe a eleger o nome mais afim, normalmente imposto pelas empresas que fabricam dados fictícios em pesquisas manipuladas. Infelizmente, eles não se dão conta de que participam do grupo daqueles sobre os quais pesam os preços da cesta básica, da conta de luz, do aluguel, dos remédios e de uma vida limitada pelo salário mínimo. O envolvimento deles é momentâneo e manipulado por uma estratégia de marketing coletivo. Este grupo tem como lema: “eu adoro a minha televisão. Ela me conta as coisas como elas são. Se as coisas vão mal, é só mudar de canal”.4

Há também o grupo dos “conscientes do mal”, que se ufanam por terem do seu lado a “desgraça dos inconscientes”, que favorecem e legitimam com seus votos ou seu silêncio a permanência da hegemonia corrupta. São os que “comem o caviar enquanto uns só ouviram falar”.5

Há, enfim, um grupo de pessoas conscientes, dispostas a lutar, discutir e reivindicar ideais coletivos de justiça, saúde, educação e ações de transformação do espaço público, provando que a política está viva em suas vidas. Estes são como “mosca na sopa”,6 pois vivem atrapalhando, com seu zumbido e impertinência, os que querem tomar a sopa sem dividir.

1.2 Mas o que é política?

A palavra vem do termo grego pólis, que significa cidade. Na pólis grega, destacavam-se dois pontos: a acrópole, local mais alto onde eram construídos o templo e o ponto estratégico de defesa; e a ágora, praça principal onde aconteciam a interação, o comércio e onde os cidadãos tinham a possibilidade de debater os assuntos da cidade e resolver os problemas legais. Assim, política significa a administração da vida da cidade, trata dos assuntos relativos a todos os cidadãos, é expressão da participação e responsabilidade daqueles que são destinados à atuação pública. Para os gregos, é vocação de todo cidadão a) vida pública, ou seja, fazer política é a forma de garantir direitos, discutir os deveres, executar as leis e defender a vida.

Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., compreendia a política como forma de alcançar a felicidade. Ele definia o homem como zoon politikon (animal político), ou seja, um ser por excelência relacional, que traz na sua essência a necessidade de interagir para viver e executar duas virtudes indissociáveis que são a base para a vida do cidadão: a justiça e a amizade. O termo amizade (philia) deve ser entendido no sentido mais amplo da palavra, como a concordância entre as pessoas da qual resulta o companheirismo. Daí a importância da educação na formação ética dos indivíduos, porque os prepara para viver em comunidade.
Se a cidade é a associação dos iguais, a justiça é o que garante o princípio da igualdade. Justiça, para Aristóteles, é dar a cada qual o que lhe é devido, ou seja, quem precisa de mais deve receber mais, e quem carece de menos, menos. Isso é fazer justiça entre desiguais, pois só assim é possível garantir equidade. Logo, a cidade deve impedir a má distribuição das riquezas e das oportunidades e punir quem se comporta com injustiça.

Pode-se concluir que no conceito de política não cabe a corrupção. Infelizmente, não compreender isso tem levado os políticos a dedicarem-se aos próprios interesses e o povo a identificar política com a corrupção.

Por isso, não é difícil escutar: “odeio política!!!”

1.3 Criando políticos

Partindo da concepção de política e dos ideais aristotélicos acima mencionados e analisando a história humana, não é difícil constatar que vários povos e diferentes culturas em diferentes épocas buscaram e buscam a efetivação da verdadeira política. Esse tema está atrelado à história dos homens, aparece nas diversas manifestações artísticas, nas melhores obras da literatura clássica, medieval, moderna e contemporânea. Aparece também com grande destaque nas religiões, inclusive na judaico-cristã.

A própria Bíblia, como registro da experiência religiosa de um povo, nos textos tanto do Antigo como do Novo Testamento, está toda permeada de narrativas políticas. Inclusive, é nas experiências de organização, participação, discussão, lutas, busca por direitos e deveres que o povo vai, paulatinamente, identificando a presença, a força e a imagem de seu Deus. Tal constatação é possível ser feita do primeiro ao último livro. Se a Bíblia fala da relação de um povo com seu Deus e a política trata das relações humanas, seria impossível falar de Deus sem tratar das interações sociais.

No Gênesis, o relato da criação do mundo e dos seres humanos apresenta a imagem de Deus em profunda relação com suas criaturas. O autor sagrado evidencia que Deus cria seres relacionais (Gn 1,28), não deseja que o homem esteja só (Gn 2,18), por isso, cria um ser semelhante para estar em relação com ele (Gn 2,20-24). Ao homem Deus concede o sopro de vida, 7,רוַּה tornando-o um ser vivente (Gn 2,7), que tem a força para dominar, multiplicar, habitar e cuidar da terra e de todos os seres criados. Ao dar vida aos homens e mulheres, Deus, que se revela como relação, cuidado e organização, torna o ser humano um ser político e convida-o a participar da obra de criação constante da vida, do mundo e da história. O homem é chamado a ser com o mundo aquilo que Deus Trindade8 é: relação, união, amor, comunidade.

O primeiro presente que Deus dá ao homem é a vida, por meio da ruah, entendida no Antigo Testamento “como vento, sopro do ar, é a força viva do homem, princípio da vida-respiração, sede de conhecimento e dos sentimentos, força de vida de Deus, pela qual ele age e faz agir’’ (Congar, 2005, p. 17). Deus cria o homem para a vida em comunidade e aparece na Sagrada Escritura sempre atuando a favor do seu povo. Esse Deus que quer se relacionar não abandona os seus quando o ser humano não corresponde ao seu desígnio e o equilíbrio, a liberdade e a unidade são rompidos. Se pelo sopro de vida faz viver, a ruah também faz desaparecer “os que cultivam a injustiça” (Rivas, 2001, p. 14).

O mesmo sopro (Espírito) de vida dispensado ao homem na criação várias vezes aparece nos clamores dos oprimidos e desfavorecidos. Os salmos são expressões desse clamor por justiça e liberdade (Sl 2; 18; 21; 45; 72; 101; 110). Os juízes e os profetas são apresentados como aqueles que são despertados pelo Espírito para promover o direito e denunciar as iniquidades a que são submetidos os pobres. Há a consciência de que o rei deveria governar o povo com equidade (Sl 72,1); o rei davídico deveria ser um modelo de justiça para com os humilhados (2Sm 8,15), como foram Davi e Josias (Jr 22,15ss).

O Antigo Testamento apresenta um Deus que atua na história do povo eleito e não se identifica com nenhum tipo de política de exclusão e marginalização, um Deus que promete enviar o Messias para restabelecer no mundo o direito e a justiça (Is 7) (cf. CODINA, 1997). Os textos do Antigo Testamento anunciam que “irá chegar um novo dia, um novo céu, uma nova terra, um novo mar… E neste dia os oprimidos, numa só voz, a liberdade irão cantar”.9

2. A vida do Messias político

No Novo Testamento, Deus continua presente na vida de seu povo. Agora encarnado em uma realidade histórica (Mt 1,1ss), pela ação do Espírito Santo (Mt 1,18; Lc 1,35), aquele que gera a vida (Gn 2,7), o Pai, se dá na vida do Filho que, por sua vez, nos dá a conhecer o Pai: “O meio histórico central da revelação cristã é Jesus de Nazaré” (Haight, 2004, p. 91).

2.1 Jesus, um modelo para o político

Como um ser humano que convive com pessoas e constrói relacionamentos, Jesus, do seu nascimento até a hora de sua morte e ressurreição, potencializou todas as relações que viveu, pode-se dizer, num certo sentido, a vida política,10 e assim revelou o Pai. O Filho de Deus foi contra todo tipo de injustiça, indiferença e miséria que não geram vida, mas escravidão (At 10,34-38). Ele se identificou com os pobres (Mt,25), dirigindo-lhes sua mensagem (Lc 4,18). Esteve do lado dos que lutavam por saúde (Mt 8,16; Lc 8,43-47), tocou-os e os curou.

Reuniu um grupo de amigos, valorizando as amizades (Jo 11,4). Identificou e denunciou as contradições das autoridades (Mc 12, 38-44; Lc 11,37-39). Com todos, viveu a partilha (Mc 6,41). Acusou e recusou todo legalismo que gerava excluídos (Lc 13,10-17) e propôs novos preceitos de vida (Mc 12,30-31), colocando o ser humano e suas necessidades como parâmetros para novos relacionamentos, uma sociedade sadia.

Por tudo isso, pode-se dizer que “Jesus estava implicado nas questões políticas do seu tempo” (Rohden, 2001, p. 38). Ele se preocupava com o bem-estar do povo e dedicou o seu ministério ao anúncio da Boa Nova do Reino de Deus, reino de paz e justiça, onde todos têm suas necessidades básicas satisfeitas, gozam de liberdade e convivem com os irmãos na comunhão de vida e do pão. Legalismo, ritualismo, despotismo e qualquer forma de opressão não têm lugar no Reino que ele proclama ter chegado (Lc 17,21).

Nisso tudo Jesus comunicou o Pai. Sua vida foi doação constante de si à sua comunidade. Nas relações cotidianas, Ele comunicou o amor do Pai de modo concreto aos homens (Jo 15,12; Jo 13,12), ou seja, Jesus foi o modelo do homem político cheio do Espírito Santo. Viver a radicalidade do Amor foi a sua política. E, até a hora de sua morte, Ele viveu intensamente, revelando o Pai que quer que estejamos em comunhão consigo e deseja incluir-nos no seu projeto de amor.

Morrendo, Jesus entregou o seu Espírito como legado aos seus seguidores e herdeiros (Jo 19,30). Pode-se dizer que toda ação de Jesus é também ação do Espírito (1Cor 12,3), no sentido que ele está cheio do Espírito Santo e uma vez que o sentido de sua vida foi gerar vida. E, cumprindo sua promessa, quando chegou o tempo, o Paráclito se manifestou para que todos aqueles que aderissem à sua palavra pudessem agir pelo mesmo Espírito, como nos relata o autor de Atos:

1.Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. 2.De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. 3.Apareceulhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. 4.Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. Os que receberam a sua palavra foram batizados. E naquele dia elevou-se a mais ou menos três mil o número dos adeptos […].

42.Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações. 44.Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. 45.Vendiam as suas propriedades e os seus bens e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um. 46.Unidos de coração, frequentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração, 47.louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo. E o Senhor cada dia lhes ajuntava outros que estavam a caminho da salvação (At 2,1-4.42.44-47).

Aquele sopro de vida, aqui compreendido como Espírito que deu vida e ânimo às criaturas, imagem e semelhança do seu Criador, suscitou profetas, reis e sábios, que estava presente quando o Pai ressuscitou Jesus, está hoje suscitando homens e mulheres que promovem a vida, a liberdade e a justiça. Se o Espírito é aquele que transforma, muda, impulsiona e gera a novidade, torna-se de fundamental importância percebê-lo também na política. Mas, como identificar os sinais do Espírito na atual vida política?

2.2 A “política” da Trindade é a relação 

É preciso, primeiramente, afirmar mais uma vez que política não é corrupção. A primeira gera comunhão, organização, cuidado, a segunda gera sempre maldição, exclusão e negação da vida. A política é boa, expressa a eficiência do poder público e das leis em prol do ser. A corrupção gera sempre burocracia desnecessária e lentidão na execução de tudo que deveria transmitir o amor e o interesse de uma comunidade de pessoas em prol do bem comum. Uma sempre gera comunhão, a outra sempre expressa “o grito de um povo que sofre e pede justiça, liberdade e respeito aos direitos mais fundamentais do homem e dos povos” (Puebla, n. 87).

Depois, é necessário observar o movimento do Espírito. Deus-Trino na sua infinita bondade quer em todas as suas obras e movimentos revelar-Se.

Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade (cf. Ef 1,9), segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina (cf. Ef 2,18; 2Pd 1,4) (DV, 2).

Em diferentes momentos da história, a iniciativa é sempre dele de se comunicar a nós. Conhecemos o mundo do Pai e do Filho pela ação do Espírito que nos abre o acesso a Deus.

O espírito (ruah) é, já no Antigo Testamento, princípio de vida, que franqueia o acesso ao novo e faz a unidade do processo vital vindo, como vem, do Deus vivo (cf. Gn 1,2; Sl 33,6 e 104,29s, Sb 1,7; 7,22-8,1). Ao Espírito se liga a inspiração dos profetas, que suscitam futuro na história de Israel e chamam constantemente o povo à fidelidade à aliança (cf., por exemplo, Nm 11,25; 24,2; 27,18; 1Sm 10,6; 19,24; Is 61,1; Ez 2,2; 3,24; Zc 7,12: cf. 1Pd 1,11 e 2Pd 1,21). O tempo messiânico é esperado como tempo da efusão do Espírito, portadora do futuro escatológico e da vida nova com o Deus vivo (cf., por exemplo, Is 11,2; 32,15ss; 42,1; Ez 11,19; 18,31; 37, 27; 37,1-14; Gl 3,1s etc.), assim como o tempo do exílio é, por contraste, marcado pela ausência do Espírito, tempo em que o futuro parece fechado e Israel desagregado (cf., por exemplo, a meditação sobre a história de Israel em Is 63,7-64,11, em particular 63,10). O mesmo Espírito é denominado “Espírito de Santidade” (Sl 51,13; Sb 9,17), expressão vertida pelos Setenta por “Espírito Santo” (Cf. Dn 5,12; 6,3; Sb 1,5; 7,22) com um adjetivo que se refere à mais íntima característica do Deus vivo (cf. Os 11,9; Sl 99,3 etc.) (Forte, 1987, p. 112-113).

Segundo Forte, o Espírito tem duas funções: abre o mundo de Deus ao mundo dos homens e unifica o dividido. O Espírito que esteve presente na criação habitou o Verbo encarnado e conduziu sua missão. Conforme Burocchi:

Os testemunhos das primeiras comunidades fixados nos escritos do Novo Testamento apresentam o Espírito como integrante da Trindade, principalmente nos eventos que marcam sua missão: concepção virginal de Maria, batismo de Jesus, nas obras que Jesus de Nazaré vai realizando por onde passa, na sua jornada terrena e, especialmente, na sua Paixão, Morte na Cruz e Ressurreição (Burocchi, 2008, p. 173).

O Espírito Santo “age em toda a vida e obra de Jesus”, abrindo “o mundo de Deus ao mundo dos homens e a história humana à história Trinitária, e ao mesmo tempo o que une os dois mundos e constitui a unidade dos homens no amor do Pai e do Filho” (Forte, 1987, p. 113-114). Este Espírito que é amor, vinculum caritatis entre o Pai e o Filho, protagoniza a “unidade dos crentes no espaço e no tempo, à imagem da unidade Trinitária” (Forte, 1987, p. 133). O mesmo Espírito Santo une também o passado e o presente, atualizando os eventos salvíficos, ao fazer memória do mistério vivido e celebrado. E, ainda, no espaço ele une os crentes entre si, como princípio de unidade da Igreja, por isso, ele é Espírito de comunhão, pois realiza a unidade de todo o Corpo de Cristo.

Na história do Espírito, o Espírito revela-se a nós na história, desde o princípio, como a ruah, princípio de vida, inspiração, vínculo, unidade, atualização e comunhão. Uma vez que é o Espírito que nos abre ao conhecimento do Pai e do Filho e, assim, nos permite adentrar no interior da relação entre Amante e Amado, é ele quem nos dá acesso à “política” trinitária, à relação por excelência.

O homem, imagem do Deus Triuno, reflete a imagem do seu Criador que é relação. Ou seja, o homem está profundamente marcado pela necessidade da relação, não é uma solidão incomunicável da substância individual – o ser em si – mas é, como a Trindade, pessoa-relação, um ser “com” os outros, aberto à comunhão no amor: “originariamente, no mais profundo do seu ser criatural, marcado pelo sinal do eterno Amado, o homem precisa do outro! No realizar-se dessa constitutiva chamada à ‘companhia da vida’, o homem revela em si a presença do Espírito Santo” (Forte, 1987, p. 172).

A Trindade é, em si mesma, relação. O Pai quis comunicar-se com a humanidade desde a criação e consumou sua união com o mundo na entrega gratuita do Filho, imagem perfeita do Pai, que se encarnou na história, sofreu a paixão, morreu e ressuscitou. Em tudo isso o Espírito esteve presente. Este Espírito que pairou sobre as águas primordiais, que falou pelos sábios e profetas e que pela sua força o Pai ressuscitou Jesus e animou os discípulos, infundindo-lhes a coragem para assumir e testemunhar o Ressuscitado continua atuando no mundo em todas as relações que sinalizam o Amor.

Como ensina Leonardo Boff no livro A Santíssima Trindade é a melhor comunidade, “Deus não é solidão. É comunhão de três pessoas divinas. Portanto, a Primeira e a Última realidade é relação é extravasamento de si mesmo, é vida e amor” (p. 13). O Deus Triuno é relação de amor na sua intimidade e relaciona-se com o mundo, amando os viventes, estabelecendo o arquétipo da perfeita política. E por que quis Deus revelar-se relacional-político? Para que o ser humano se humanize! Bem já ensinou MURAD:

A revelação de Deus não é dirigida à pessoa para que esta saiba mais, mas para que seja de outra maneira, que atue melhor e viva em um nível mais humano. A verdade da revelação transforma a existência humana. E a fé nesta revelação, longe de desviar a mente daquilo que seria temporal e efêmero em favor do pretenso necessário e eterno, “orienta a mente para soluções plenamente humanas” diante dos problemas históricos. (GS 11) Quem acolhe a revelação cristã tem uma indispensável tarefa: traduzi-la numa verdade transformadora da história para que o processo comunicativo, iniciado por Deus, chegue à sua plenitude (Murad, 1994, p. 19).

3. Testemunhas da “política” trinitária pela força do Espírito 

O Paráclito continuamente suscita formas de “não somente auscultar, mas discernir os sinais dos tempos” (GS 4; 11; e 44), talvez por isso a política seja o modo mais ecumênico de se falar da presença do Espírito no mundo. Em “tempos líquidos’’, segundo Zigmunt Bauman,11 quando as relações se tornam cada vez mais vazias e os sentimentos estimulam a satisfação do prazer imediato, é urgente que os homens e as mulheres reaprendam a viver e a relacionar-se uns com os outros. E, por ser “templo do Espírito” (1Cor 6,19), é papel do cristão testemunhar a força deste, pois é ele que dá vida às relações cotidianas, onde deve brilhar a ética do: amar uns aos outros sem nenhum tipo de exclusão ou condição, assim como a Trindade nos ensina. O cristão é responsável também pelo universo: ele se relaciona com toda a criação através das suas decisões pessoais, das escolhas coletivas e da política que faz.

Através dos documentos que compõem a Doutrina Social da Igreja, esta se empenha por, progressivamente, refletir a respeito das relações humanas, por isso, é recorrente sua preocupação com a vida política em vista da promoção da dignidade humana. Em 1891, o Papa Leão XIII inaugurou uma nova fase do comprometimento da Igreja com a vida social, com a encíclica Rerum Novarum. Após esta, Pio XI em 1931, publicou a Quadragesimo Anno, reafirmando a preocupação eclesial com o ser humano e, na sequência, outros papas também o fizeram. João XXIII publicou, em 1961, a Mater et Magistra; Paulo VI, a encíclica Populorum Progressio, em 1967, e a carta apostólica Octagesima Adveniens; em 1971; João Paulo II publicou três encíclicas sociais: Labores Exercens (1981), Sollicitudo Rei Socialis (1987) e, finalmente Centesimus Annus em 1991. Na mesma tradição, Bento XVI publicou a Caritas in Veritate, em 2009; e, por fim, Francisco brindou a comunidade cristã e não cristã em 2015, na Solenidade de Pentecostes, com a encíclica Laudato Si’.

Vários outros documentos reservam partes significativas para o tema da política. O documento do Concílio Vaticano II, que trata sobre a Igreja no mundo de hoje, a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, reserva o capítulo IV todo para a política e afirma:

Natureza e fim da comunidade política. Os indivíduos, as famílias e os diferentes grupos que constituem a sociedade civil têm consciência da própria insuficiência para realizar uma vida plenamente humana e percebem a necessidade duma comunidade mais ampla, no seio da qual todos conjuguem diariamente as próprias forças para cada vez melhor promoverem o bem comum. E por esta razão constituem, segundo diversas formas, a comunidade política. A comunidade política existe, portanto, em vista do bem comum; nele encontra a sua completa justificação e significado e dele deriva o seu direito natural e próprio. Quanto ao bem comum, ele compreende o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição (GS, n. 74).

Por sua vez, em 2004, no Compêndio da Doutrina Social da Igreja, fruto do trabalho do Pontifício Conselho Justiça e Paz, o tema política ganhou todo o Capítulo VIII: Comunidade Política. Aqui fica muito evidente que a Igreja, fruto do Espírito, se interessa pela vida, pelo mundo e pela política.

No Brasil, os textos e temas das Campanhas da Fraternidade12 provocam a reflexão e a tomada de consciência sobre situações específicas de exclusão e de pecados contra a vida, a justiça, a dignidade humana, o meio ambiente. O homem, criatura de Deus, destinado a atuar na organização política da criação, aparece como primeiro responsável na tarefa de cuidar da casa comum. Daí o apelo das campanhas, anualmente, para mobilizar o maior número possível de pessoas, cristãs e não cristãs, em torno dos temas sociais e políticos. Só assim a Igreja, sinal visível do Espírito que atua no mundo, vai colaborando na transformação das realidades de injustiça, opressão e morte.

3.1 A constante conversão-atualização: dom do Espírito Santo

O ser humano, ungido pelo Espírito, não compactua com nenhum tipo de corrupção, alienação e má política. Ele se posiciona e age, pessoal e comunitariamente, nos assuntos que tocam a vida comum, de forma concreta:

É plenamente conforme com a natureza do homem que se encontrem estruturas jurídico-políticas, nas quais todos os cidadãos tenham a possibilidade efetiva de participar livre e ativamente, dum modo cada vez mais perfeito e sem qualquer discriminação, tanto no estabelecimento das bases jurídicas da comunidade política, como na gestão da coisa pública e na determinação do campo e fim das várias instituições e na escolha dos governantes. Todos os cidadãos se lembrem, portanto, do direito e simultaneamente do dever que têm de fazer uso do seu voto livre em vista da promoção do bem comum. A Igreja louva e aprecia o trabalho de quantos se dedicam ao bem da nação e tomam sobre si o peso de tal cargo, em serviço dos homens (GS, n. 75).

“O Deus que entregou o próprio Filho à morte por amor dos homens não pode querer o sofrimento humano!” (Forte, 1987, p. 176). Nesse sentido, pode-se dizer que pecar contra o Espírito é fomentar a indiferença política, é negar a participação dos mais pobres no que é justo, é ver a desigualdade acontecer e não agir, enfim, o pecado é isolar-se. Quem está repleto da unção do Espírito Santo não demoniza o mundo, mas atua nele, provocando verdadeiras transformações. Deus colocou no homem o sopro da vida para que ele, junto com os demais, fosse livre e feliz, afinal, a maior característica da Ruah é a liberdade.

Papa Francisco exorta, na Encíclica Laudato Si’, sobre a importância da política como princípio pelo qual os homens redescobrem que precisam uns dos outros, que todos têm responsabilidades para com os outros e o mundo, e que vale a pena ser bons e honestos.

Vivemos já muito tempo na degradação moral, baldando-nos à ética, à bondade, à fé, à honestidade; chegou o momento de reconhecer que esta alegre superficialidade de pouco nos serviu. Tal destruição de todo o fundamento da vida social acaba por colocar-nos uns contra os outros na defesa dos próprios interesses, provoca o despertar de novas formas de violência e crueldade e impede o desenvolvimento duma verdadeira cultura do cuidado do meio ambiente (LS, n. 229).

Pelas palavras do Pontífice, o amor civil e político acontece todas as vezes que não se perde a oportunidade duma palavra gentil, dum sorriso, de qualquer pequeno gesto que semeie paz e amizade, assim como uma ecologia integral é feita de simples gestos quotidianos, pelos quais quebramos a lógica da violência, da exploração, do egoísmo.

O amor, cheio de pequenos gestos de cuidado mútuo, é também civil e político, manifestando-se em todas as ações que procuram construir um mundo melhor. O amor à sociedade e o compromisso pelo bem comum são uma forma eminente de caridade, que toca não só as relações entre os indivíduos, mas também “as macrorrelações como relacionamentos sociais, econômicos, políticos”. Por isso, a Igreja propôs ao mundo o ideal duma “civilização do amor”. O amor social é a chave para um desenvolvimento autêntico: “Para tornar a sociedade mais humana, mais digna da pessoa, é necessário revalorizar o amor na vida social – nos planos político, económico, cultural – fazendo dele a norma constante e suprema do agir”. Neste contexto, juntamente com a importância dos pequenos gestos diários, o amor social impele-nos a pensar em grandes estratégias que detenham eficazmente a degradação ambiental e incentivem uma cultura do cuidado que permeie toda a sociedade (LS, n. 231).

Papa Francisco ensina que, quando alguém reconhece a vocação de Deus para intervir juntamente com os outros nestas dinâmicas sociais, deve lembrar-se que isto faz parte da sua espiritualidade, é exercício da caridade e, deste modo, ele pode amadurecer e se santificar. Nessa lógica, não é difícil reconhecer a importância da política e como é possível vivê-la desde as microrrelações até as macro. Viver a política e lutar pela sua efetiva realização entre os homes e mulheres é viver a missão que nasce em Pentecostes: anunciar o Ressuscitado.

3.2 Unidade: dom do Espírito na diversidade

Bem adverte Forte (Cf. 1987, p. 176) que toda opressão do homem pelo homem deturpa a imagem divina da qual é portador e ignora o seu Criador, pois a vocação humana é viver relações de reciprocidade na liberdade, que sejam relações justas para todos.

Trabalhar para a humanização do mundo é trabalhar para Deus, é desenvolver todo o homem em cada homem, isto é, em todos a imagem divina impressa desde a origem. Longe de ser “ópio dos povos” e “sedução dos espíritos”, o Deus que criou o homem no Espírito do amor e da liberdade é o Deus libertador, que ama na liberdade e liberta no amor, sustentando o empenho de quem quer que trabalhe pela liberdade, fazendo- o com amor… (Forte, 1987, p. 176).

Cabe à Igreja, sinal sacramental do Amor de Deus no mundo, ajudar todo o povo de Deus, Templo vivo do Espírito, a encontrar meios de discernir os sinais dos tempos, não demonizar a política e não se acovardar diante das injustiças causadas pela corrupção. Ela deve ser presença no mundo dos excluídos, pois para ter credibilidade é necessário dar testemunho da vida em Cristo.

Considerações finais

Em tempos “líquidos”, é mais que oportuna uma reflexão teológica “sólida”, com significados práticos e que correspondam aos sinais dos tempos. Grandes pensadores já advertiram sobre os problemas da reflexão filosófico-teológica que não geram sentido, tornando-se inúteis. Por isso, relacionar a vida e as relações que nela se constroem ao desígnio de Deus significa dizer que o Espírito atua no mundo potencializando a ação política.

Sobre a política, ficou evidente a compreensão de que ela é o meio pelo qual o homem tem a possibilidade de relacionar-se com os demais, lutar por seus direitos, conhecer os seus deveres, promover a justiça e construir laços afetivos. Se Deus deu aos homens o Sopro-Espírito de vida, fazendo com que eles interagissem com o mundo e com seus semelhantes, Deus mesmo quis fazer de sua criatura um ser político.

Ao tornar o ser humano cheio do Espírito de Vida, Deus lhe delegou o direito de cuidar, multiplicar, conviver, celebrar e lutar por uma terra cada vez melhor, não aceitando a miséria, a injustiça e a falta de compromisso político. Assim, Ele sempre esteve junto dos mais pobres e abandonados e hoje continua, pela força do Paráclito, atuando na boa política sempre a favor da vida, da liberdade e da justiça.

Endereço dos Autores:
Aurea Marin Burocchi
Rua Frei Luiz de Souza, 933/202
Bairro João Pinheiro
30530-310 Belo Horizonte – MG/BRASIL
E-mail: <aureamarin@gmail.com>

Diego de Lima Dias
Rua José Salvador,199, casa 1.
Bairro São Sebastião
36.240-000 Santos Dumont – MG/BRASIL
E-mail: <difilosofia@gmail.com>

Citações:

* Professora do ISTA e da PUC Minas. Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado em Teologia Sistemática na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), de Belo Horizonte.
** Graduado em Filosofia, acadêmico do curso de Bacharelado em Teologia no Instituto Santo Tomás de Aquino (ISTA). Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Funcionário público.

1. Basta considerar as famílias onde convivem membros de diferentes confissões religiosas. Nessas famílias têm aparecido divergências e conflitos políticos – não religiosos! –, que estão levando à desconfiança e a rupturas de relacionamentos familiares. Certamente, também temos presentes os fenômenos de intolerância religiosa que têm levado a agressões de templos e pessoas. A CNBB, reunida em Aparecida no mês de abril, enviou uma Mensagem da 56ª Assembleia Geral da CNBB ao povo brasileiro sobre as eleições: “Neste ano eleitoral, o Brasil vive um momento complexo, alimentado por uma aguda crise que abala fortemente suas estruturas democráticas e compromete a construção do bem comum, razão da verdadeira política”.
2. Podemos mencionar também as posturas radicais de grupos católicos ditos “conservadores”, que se manifestam contrários à grande maioria da própria Igreja católica e seus dirigentes.
3. Deixa a vida me levar, de autoria de Serginho Meriti e Eri do Cais. Interpretada por Zeca Pagodinho que a lançou em 2002.
4. Música: Eu adoro minha televisão. Compositores: Dinho Ouro Preto, Alvin L. Faz parte do décimo primeiro álbum da banda Capital Inicial.
5. Alusão feita à música Caviar. Composição: Trio Calafrio (Luiz Grande, Barbeirinho do Jacarezinho e Mauro Diniz). Interpretada por Zeca Pagodinho.
6. Mosca na sopa, do cantor e compositor Raul Seixas, lançada em 1973. Nesta canção, o músico indica que há um vínculo estabelecido entre a mosca e a sopa por uma relação de oposição, ou seja, um é contrário ao outro. O autor utiliza esses dois elementos para representar os cidadãos brasileiros (mosca) que incomoda e perturba os governantes (sopa) e que se opõem ao regime com os movimentos pela democracia, lutas, marchas em objeção à política de interesses. PAULA, F.F. de; SÁ, L.S.B.C. Análise da Canção “Mosca na Sopa”, p. 209-216.
7. Segundo o professor Luis Heriberto Rivas, desde as primeiras noções sobre o Espírito de Deus até a revelação da Trindade, são muitas as imagens e as manifestações do Espírito Santo nos livros do Antigo e do Novo Testamento. No grego, a palavra utilizada é πνεῦμα = pneuma, no hebraico, = רוַּה ruah, e no latim, spiritus = espírito. Tais palavras são identificadas muitas vezes por “vento”, “alento”, “sopro”, “respiro”, “fôlego”, “brisa”… A compreensão de que o Espírito Santo é uma pessoa divina será alcançada somente com os escritos do Novo Testamento, mediante a reflexão da Igreja e do seu Magistério. (cf. RIVAS, L.H. O Espírito Santo, p. 9-15).
8. Vale, desde já, esclarecer que as referências feitas à Sagrada Escritura e à Trindade são interpretações pós-pascais, ou seja, é uma reflexão teológica feita a partir do evento Páscoa–Pentecostes.
9. Música Axé. Composição: Vera Lúcia Nascimento.
10. Embora, na realidade, teólogos e exegetas prefiram, acertadamente, utilizar a designação de “vida pública” para se evitar confusões com “poder político”, coisa que Jesus evitou a todo custo. Utilizamos aqui a terminologia “política” no sentido proposto no início deste artigo.
11. Sociólogo, nascido na Polônia em 1925, falecido em 2017, em várias de suas obras Bauman usa a palavra “líquido” como metáfora para designar “incerteza em relação ao futuro, fragilidade da posição social e insegurança existencial” (BAUMAN, 2004, p. 132), instabilidade do mercado de trabalho, inconsistência dos compromissos e das parcerias. Na “líquida, consumista e individualizada sociedade moderna” (Idem, p. 87), existe grande dificuldade de manterem os vínculos afetivos, sociais e familiares, constata.
12. A Campanha da Fraternidade teve início em 1962 e segue, todos os anos, com temas pertinentes.

Referências

Axé. [S.l.], 2014. Conteúdo do Youtube. Interpretação: Banda Pj e Raiz. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=j3Po-JR3t5A>. Acesso em: 23 set. 2017.
BAUMAN, Z. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
Bíblia Sagrada: Edição Pastoral. São Paulo: Paulus, 1990.
BOFF, L. A Santíssima Trindade é a melhor comunidade. São Paulo: Vozes, 1988.
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CELAM. A evangelização no presente e no futuro da América Latina: conclusões – Puebla. São Paulo: Loyola, 1979.
CNBB. Mensagem da 56ª Assembleia Geral da CNBB ao povo brasileiro sobre as eleições. Aparecida, 19 abr. 2018.
CODINA, V. Creio no Espírito Santo: pneumatologia narrativa. São Paulo: Paulinas, 1997.
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Deixa a vida me levar. Direção: Universal Music. São Paulo, 2010. Conteúdo do Youtube (3:37 min.). Interpretação: Zeca Pagodinho. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=oTREAvZbmME>. Acesso em: 01 out. 2017.
Eu adoro a minha televisão. [S.l.], 2014. Conteúdo do Youtube. Interpretação: Capital Inicial. Disponível em <https://www.youtube.com/ watch?v=tqufdxfK7Ww>. Acesso em: 23 set. 2017.
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PAULA, F.F. de; SÁ, L.S.B. de C. Análise da canção “Mosca na Sopa” pela semântica de Pottier. Mimesis, Bauru, v. 36, n. 2, p. 209-216, 2015.
RIVAS, L.H. O Espírito Santo nas sagradas escrituras. São Paulo: Paulinas, 2001.
ROHDEN, C.C.S. A reflexão teológica como obra do amor. 2001. Tese de Doutorado em cumprimento parcial das exigências do Instituto Ecumênico de Pós-Graduação em Teologia, Escola Superior de Teologia para obtenção do grau de Doutor em Teologia. São Leopoldo.

 

 

 

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