“Será que tudo está podre, será que todos estão vazios? Não existe razão, nem existem motivos. Não adianta suplicar porque ninguém responde, não adianta implorar, todo mundo se esconde. É difícil acreditar que somos nós os culpados, é mais fácil culpar Deus ou então o diabo.” (Violência – Titãs)
“Fraternidade e superação da violência” é o tema da CF/2018. O Evangelho de Mateus inspira o lema: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). A CF/2018 tem como objetivo “construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça.”
No mapa da violência 2016 constata-se que morrem muito mais pessoas negras que brancas. Isso pode ser verificado nos homicídios cometidos contra jovens. O número de mulheres vítimas da violência é também significativo. A pobreza e a miséria constituem em uma das piores formas de violência que uma criança pode enfrentar. É desta camada da população que os traficantes de pessoas encontram suas vítimas para a exploração sexual, comércio de órgãos, pornografia infantil, tornando o ser humano numa mercadoria. Outra face da violência do Brasil atual é o narcotráfico.
A razão de tanta violência talvez seja a incapacidade do ser humano de conviver! Na Bíblia temos a famosa história do assassinato de Abel. Caim não consegue admitir a presença de Abel e o mata. A morte de Abel é, assim, uma das primeiras grandes rupturas entre os seres humanos.
Saber conviver com as diferenças humanas, ainda hoje, se coloca pra nós com um dos maiores desafios. Não raro, vivemos sentimentos cotidianos como de Caim, de anular alguém. Vale lembrar que existem várias formas de “violentar”. Mata-se com tiro, mata-se com pancada, mas também, mata-se com palavras, mata-se com mentiras, mata-se com conchavos, mata-se com corrupção, mata-se com machismo, são as diversas caras da violência.
No final da história do assassinato de Abel (Gn 4, 1-15.25), Deus revela que é criador e ama mesmo quem rompe com o seu plano. Aos que esperavam um “castigo” a Caim, Deus revela amor. Ninguém tem o direito de tirar a vida. Deus pede que nos aproximemos.
Pe. Hermes F. Pedro