Em termos pastorais, pode-se dizer que a Igreja sempre se interessou pela comunicação e vem evoluindo ao longo dos séculos. Desde a encíclica Vigillanti Cura (1936), direcionada aos bispos americanos, sobre a indicação ou não de filmes no cinema até os dias atuais, com o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, Doc. 99 da CNBB, 2014, quando “lança um olhar sobre a Igreja em sua dimensão missionária e aspira que todas as pessoas, setores e organismos vinculados à Igreja não se sintam alheios ao grande plano de comunicação que se espera ver realizado e plenamente estabelecido em todas as instâncias da vida eclesial”. O Diretório de Comunicação diz que a Pascom se estrutura a partir dos documentos da Igreja, dos estudos e pesquisas na área da comunicação e das práticas comunicativas vividas e experienciadas pelas comunidades e grupos, tornando-se o eixo de todas as pastorais. (n.244).
Eixos da Pascom
A Pascom não se limita a ações isoladas, como produção de informativos, construções de sites e outros meios. Tudo isso deve fazer parte de uma política global que gere comunhão e interatividade, alicerçada em quatro eixos: 1) formação, 2) articulação, 3) produção e 4) espiritualidade, que são as dimensões do projeto nacional da Pascom. A Pascom, sustentada por esses eixos, deve incentivar a reflexão e estimular ações com sentido comunicativo, que conduzam à comunhão e à ação evangelizadora. (Doc. 99, CNBB, n.249).
“A espiritualidade constitui o alicerce de todos os eixos. Sem a prática e a vivência da espiritualidade, o comunicador esvazia-se, fragiliza-se como sujeito e torna-se vulnerável às dificuldades que se apresentam ao longo do caminho”. (Doc. 99, CNBB, n.253).
“A educação e a formação para a comunicação devem fazer parte integrante da formação dos agentes de pastorais e dos sacerdotes”. (Aetatis novae, n.18).
Atenta a essa necessidade, a Pastoral da Comunicação da Regional Leste 2 (Minas Gerais e Espírito Santo), da CNBB, realizou nos dias 2 e 3 de junho, em Belo Horizonte, o I MUTIRÃO REGIONAL DA COMUNICAÇÃO; direcionado a bispos, padres, religiosos, agentes da Pascom e profissionais de comunicação com o objetivo de estreitar vínculos, trocar experiências, consolidar a caminhada pastoral do Regional Leste 2, o evento contou com a presença de 19 das 32 (arqui)dioceses. Da Diocese de Guanhães estiveram presentes os comunicadores Fernando Araújo e Ronion Barroso, da Rádio Vida Nova FM, emissora católica da Diocese, e Mariza Pimenta, da Folha Diocesana. Para a abertura do evento, estiveram presentes Dom Darci José Nicioli, presidente da CNBB para a Comunicação e atual arcebispo e Diamantina; padre Roberto Marcelino, Secretário Executivo do Regional Leste 2, e Dom Gil Antônio Moreira – Bispo Referencial do Leste 2 para a Comunicação e Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora. Na abertura, dom Gil ressaltou a necessidade de a Igreja investir na Comunicação “sem investir, ficaremos para trás e a Igreja não cumprirá seu papel; A Igreja é responsável por continuar a Boa Nova de Jesus”. Sobre a mídia atual, ele questionou: “Cristo está presente nas telas?” Dom Gil permaneceu no encontro até o encerramento, quando presidiu a Celebração Eucarística. Dom Darci falou sobre a mensagem do Papa Francisco e enfatizou : “Se não formos íntimos de Cristo, o que vamos comunicar?”
O I MUTICOM contou com a assessoria do Professor Mozahir Salomão Bruck, padre Antônio Camilo Vieira, de Juiz de Fora; padre Rafael Vieira, assessor de Imprensa da Pascom CNBB, e Dra Helen Sardenberg, delegada de Polícia, que abordou o assunto “Crimes na Internet”. Oficinas de Fotografia, Sonorização, Produção de Textos, Redes Sociais e Pascom foram disponibilizadas aos participantes.
Padre Rafael Vieira, em sua palestra, citou Joana Puntel: “Não basta dispor de meios ou de instrumento profissional; é preciso uma formação cultural, doutrinal e espiritual, bem como considerar a comunicação mais do que um simples exercício da técnica”. “O maior agente de Comunicação na paróquia é a secretária”; “É preciso que a Comunicação (Pascom) tenha a marca da espiritualidade”, disse padre Rafael Vieira.
Com o Tema: “’Não tenhas medo, que Eu estou contigo’ (IS 43,5). Comunicar esperança e confiança no nosso tempo”, Papa Francisco dirigiu-nos mensagem pelo 51º Dia Mundial das Comunicações, comemorado dia 28 de maio:
“A todos quero exortar a uma comunicação construtiva, que, rejeitando os preconceitos contra o outro, promova uma cultura do encontro por meio da qual se possa aprender a olhar, com convicta confiança, a realidade”.
“Gostaria que esta mensagem pudesse chegar como um encorajamento a todos aqueles que diariamente, seja no âmbito profissional seja nas relações pessoais, ‘moem’ tantas informações para oferecer um pão fragrante e bom a quantos se alimentam dos frutos da sua comunicação. A todos quero exortar a uma comunicação construtiva, que, rejeitando os preconceitos contra o outro, promova uma cultura do encontro por meio da qual se possa aprender a olhar, com convicta confiança, a realidade”.
“Creio que há necessidade de romper o círculo vicioso da angústia e deter a espiral do medo, resultante do hábito de se fixar a atenção nas ‘notícias más’ (guerras, terrorismo, escândalos e todo o tipo de falimento nas vicissitudes humanas). Não se trata, naturalmente, de promover desinformação onde seja ignorado o drama do sofrimento, nem de cair num otimismo ingênuo que não se deixe tocar pelo escândalo do mal. Antes, pelo contrário, queria que todos procurássemos ultrapassar aquele sentimento de mau-humor e resignação que muitas vezes se apodera de nós, lançando-nos na apatia, gerando medos ou a impressão de não ser possível pôr limites ao mal. Aliás, num sistema comunicador onde vigora a lógica de que uma notícia boa não desperta a atenção, e por conseguinte não é uma notícia, e onde o drama do sofrimento e o mistério do mal facilmente são elevados a espetáculo, podemos ser tentados a anestesiar a consciência ou cair no desespero”.
“Gostaria, pois, de dar a minha contribuição para a busca dum estilo comunicador aberto e criativo, que não se prontifique a conceder papel de protagonista ao mal, mas procure evidenciar as possíveis soluções, inspirando uma abordagem propositiva e responsável nas pessoas a quem se comunica a notícia”.
“O Reino de Deus já está no meio de nós, como uma semente escondida a um olhar superficial e cujo crescimento acontece no silêncio. Mas quem tem olhos, tornados limpos pelo Espírito Santo, consegue vê-lo germinar e não se deixa roubar a alegria do Reino por causa do joio sempre presente”.
“A esperança fundada na boa notícia que é Jesus faz-nos erguer os olhos e impele-nos a contemplá-Lo no quadro litúrgico da Festa da Ascensão. Aparentemente o Senhor afasta-Se de nós, quando na realidade são os horizontes da esperança que se alargam”.
“A confiança na semente do Reino de Deus e na lógica da Páscoa não pode deixar de moldar também o nosso modo de comunicar. Tal confiança que nos torna capazes de atuar – nas mais variadas formas em que acontece hoje a comunicação – com a persuasão de que é possível enxergar e iluminar a boa notícia presente na realidade de cada história e no rosto de cada pessoa”.
“Quem, com fé, se deixa guiar pelo Espírito Santo, torna-se capaz de discernir em cada evento o que acontece entre Deus e a humanidade, reconhecendo como Ele mesmo, no cenário dramático deste mundo, esteja compondo a trama duma história de salvação. O fio, com que se tece esta história sagrada, é a esperança, e o seu tecedor só pode ser o Espírito Consolador. A esperança é a mais humilde das virtudes, porque permanece escondida nas pregas da vida, mas é semelhante ao fermento que faz levedar toda a massa. Alimentamo-la lendo sem cessar a Boa Notícia, aquele Evangelho que foi «reimpresso» em tantas edições nas vidas dos Santos, homens e mulheres que se tornaram ícones do amor de Deus. Também hoje é o Espírito que semeia em nós o desejo do Reino, através de muitos «canais» vivos, através das pessoas que se deixam conduzir pela Boa Notícia no meio do drama da história, tornando-se como que faróis na escuridão deste mundo, que iluminam a rota e abrem novas sendas de confiança e esperança”.
Acesse: https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/messages/communications/documents/papa-francesco_20170124_messaggio-comunicazioni-sociali.html e leia, na íntegra, a mensagem do Papa Francisco.
Texto: Mariza da Consolação Pimenta Dupim – Pascom Diocesana de Guanhães
Fotos: Imagens da Internet e Ronion Barroso.