“Quem come do Pão e bebe do Vinho, entrega-se ao dinamismo da Ressurreição, comprometendo-se com a luta contra as forças da morte: egoísmo, violência, indiferença, omissão política, desonestidade na gerência dos bens, descuido nas relações afetivas, isolamento no medo, destruição do meio-ambiente, poluição…
Simbolicamente, na Eucaristia, o pão é partido para significar a doação de Jesus; e ao comermos deste pão, aceitamos ser como o grão de trigo que, caído no chão da história, produz frutos para o bem de todos. Essa presença mística de Cristo em nós, dinamizada pela Eucaristia, consagra irmãos solidários, cidadãos do mundo. Aqui está o fundamento da espiritualidade ecológica que nos faz sensíveis para guardar e cuidar todas as expressões de vida, reveladas nos diferentes biomas de nosso país.
Cultivar a “memória de Jesus”, de tudo que celebrou na Última Ceia, é tornar viva e atual Sua presença nas diferentes refeições junto ao seu povo. Consciente da missão que o Pai lhe confiara, Ele despertava as pessoas para seu próprio valor, para a dignidade e originalidade de cada um…
Nessa perspectiva, Ele as libertava da banalidade do medo, do poder excludente, da ansiedade, da culpa e da passividade na submissão, para um sentido superior de ser e conviver.
Na prática do amor, Jesus se fez presente-doação em todas as situações de exclusão e marginalidade, envolvendo a todos com a solicitude misericordiosa do Pai.
Tal doação-entrega atingiu o cume na partilha do pão e do vinho, na celebração da Eterna Aliança.
O dom eucarístico, portanto, tal como a humanidade de Jesus, não pode ser reduzido a um simples objeto desligado das demais relações envolventes (com Deus, com os outros e com toda a Criação). “Como o pão é um só e o mesmo, formamos todos um só corpo” (1Cor. 10, 14-22).
Texto bíblico: Jo 13,1-15
Na oração: Nem sempre estamos preparados para assumir a tarefa tão humilde do Lava-pés, porque esta tarefa implica prostrar-se, descer ao húmus, entrar em contato com a terra, o barro, a poeira… Lava-pés é o gesto humilde que não nos humilha, mas nos humaniza e nos faz viver a comunhão com toda a Criação. Não é evento, mas hábito de vida, um “modo de proceder” que mais nos identifica com Aquele que mais “cultivou e guardou a Criação”.
Pe. Adroaldo Palaoro sj