Somente o Senhor pode nos dar o Vinho Novo – Homilia – II Domingo do Tempo Comum- Ano C

Somente o Senhor pode nos dar o Vinho Novo

Com a Liturgia do 2º Domingo do Tempo Comum (ano C), aprofundamos nossa reflexão sobre a Aliança de amor de Deus para com a humanidade: Deus é sempre fiel, pronto para nos amar e nos assegurar a alegria, a festa, a felicidade plena, o “vinho novo”.

Na primeira Leitura, ouvimos a passagem do Livro do Profeta Isaías (Is 62,1-5), que nos apresenta o amor inquebrável e eterno de Deus, que renova e transforma o povo, simbolizado, aqui, na relação de esposo e esposa.

O período é de pós-exílio, e os poucos habitantes da cidade vivem em condições de extrema pobreza, trazendo à memória a humilhação passada, destruição, na espera da restauração do Templo, acompanhados do sonho de uma nova Jerusalém, com vida, alegria e paz.

O profeta nos apresenta o amor de Deus pelo seu Povo, um amor que nada consegue quebrar ou destruir: nem o próprio afastamento d’Ele, ou nosso egoísmo, recusas. Espera-nos de forma gratuita, convidando-nos ao reencontro, a refazer nossa relação de amor, a fim de gerar vida nova, alegria, festa e felicidade.

Reflitamos:

– Somos sinais vivos de Deus, com o Seu amor transparecido em nossos gestos?

– Nossas famílias são um reflexo do amor de Deus?

– Nossas comunidades anunciam ao mundo, de forma concreta, o amor que Deus tem pela humanidade?

Na segunda Leitura, ouvimos a passagem da primeira Carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios (1 Cor 12,4-11), que nos apresenta a comunidade enriquecida dos carismas, de modo que os dons devem ser colocados a serviço de todos, com toda a humildade e simplicidade, e não para uso exclusivo de alguns, em benefício próprio.

A comunidade, assim vivendo, manifesta o amor Trinitário, que a une ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.

Na passagem do Evangelho (Jo 2,1-11), conhecida como as “Bodas de Caná”, num contexto de casamento, acontece o primeiro “sinal”, que nos apresenta a Pessoa de Jesus e o Seu Projeto de vida: apresentar à humanidade o Pai que a ama, e, com Seu amor, convoca a todos para a alegria e a felicidade plenas, prefigurados na água transformada em vinho novo, de melhor qualidade.

O sinal em que Jesus transforma a água em vinho novo, não é uma “mágica”, mas a manifestação do Seu poder em transformar nossa realidade humana pelo amor/confiança em Sua Palavra.

Há um rico simbolismo na passagem:

– vinho: símbolo do amor (relação esposo x esposa);

– seis talhas – a imperfeição, a incompletude;

– talha de pedra – lembra as tábuas da Lei do Sinai e os corações de pedra de que falava o profeta Ezequiel (Ez 36,26);

– a purificação – evoca o amor de Deus que renova o Seu Povo;

– talhas vazias – não proximidade com Deus: de nada adianta todo aparato, se não houver proximidade de Deus, ficamos vazios.

Se em Deus confiarmos e fizermos o que Ele nos diz, jamais teremos um coração de pedra, e jamais seremos como “talhas vazias”; ao contrário, seremos como “talhas” preenchidas do melhor vinho do amor, bondade, ternura, perdão…

Seremos eternos partícipes de uma festa que nunca se acaba, e os carismas colocados a serviço serão sua máxima expressão, pois os carismas e dons que recebemos são para serem colocados a serviço da comunidade.

Uma comunidade madura na fé celebra sempre a Nova e Eterna Aliança do amor de Deus derramado por nós, do Seu lado trespassado pela Cruz, de onde jorrou Água e Sangue, prefigurando nosso Batismo e a Eucaristia, nosso Nascimento e nosso Alimento, em doação total de sua vida por amor à humanidade, por todos nós, quando éramos pecadores e não merecedores de tamanho amor:

“A Morte e Ressurreição de Cristo dão início a uma nova comunidade dos homens com Deus. Celebrar a Eucaristia quer dizer ‘renovar’ um gesto que constitui esta comunidade em Povo de Deus, sua Igreja.

O vinho, sangue de Cristo, é o sinal de seu amor indefectível pela Igreja, vinho que antecipa a festa da nossa assembleia que se plenificará nas núpcias eternas” .(1)

A melhor maneira de corresponder ao amor de Deus é colocar-nos a serviço, a partir dos carismas que cada um recebeu. Deste modo, nunca acabará o Vinho Novo, que Jesus veio trazer e pode a todo instante nos oferecer.

Reflitamos:

– O que nossos olhos e lábios revelam na relação com Deus?

– revelamos a alegria que brota de um coração cheio de amor, ou o medo e a tristeza que brotam de uma religião de pesadelo, de leis e de medo?

– Como vivemos as palavras que Maria nos disse naquele primeiro sinal – “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5)?

O primeiro sinal realizado por Jesus, levou muitos a crerem n’Ele  em Sua Pessoa e Projeto.

Jesus “toma a nossa vida, com as nossas alegrias, os nossos amores, as nossas conquistas humanas, importantes, mas tantas vezes efêmeras, com os nossos tédios, os nossos dias sem gosto e sem cor, os nossos fracassos e mesmo os nossos pecados, também eles ordinários.

E aí, Ele ‘trabalha-nos’ pelo Seu amor, no segredo para fazer brotar em nós a vida que tem o sabor do vinho do Reino. Isto, Ele cumpre-O em particular cada vez que participamos na Eucaristia. Façamos do ‘tempo ordinário’ o tempo do acolhimento do trabalho em nós do vinhateiro divino!” (2)

(1)         Missal Dominical – Editora Paulus – pp.1092-1093

Citação (2) e fonte de pesquisa da Homilia: www.dehonianos.org

Postado por Dom Otacilio F. Lacerda em http://peotacilio.blogspot.com/2020/01/somente-o-senhor-pode-nos-dar-o-vinho_19.html

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