O Banquete do Cordeiro e a “veste” apropriada
A Liturgia, do 28º Domingo do Tempo Comum (Ano A), apropria-se de uma imagem muito bela para nos falar como deve ser o mundo que Deus deseja para nós: a imagem do “Banquete”.
Deus está sempre nos convidando para participarmos de Seu Banquete de Amor, vida, felicidade, alegria e paz, mas respeita a nossa liberdade, sem nos dispensar da veste nupcial necessária para dele participar: amor, partilha, serviço, misericórdia e o dom da vida.
Participar do Banquete de Deus implica em estarmos na mais perfeita e profunda comunhão, amizade e intimidade com Ele e com nosso próximo. Como batizados, fomos revestidos por Cristo e, deste modo, somos sinais de comunhão com o outro, para que nossa comunhão com Deus seja credível, agradável e sinal do Banquete Eterno que prefiguramos em cada Eucaristia que celebramos e participamos.
Na primeira Leitura (Is 25,6-10a), o Profeta Isaías se utiliza da imagem do Banquete, comunicando, em meio a sinais de morte e desolação, o desejo de Deus, um horizonte esperançoso e promissor: um Banquete de amor e vida a toda humanidade oferecido.
O Profeta, com sua palavra, exorta a confiança e a esperança numa nova era de paz e de felicidade sem fim, porque Deus vai destruir a morte para sempre e enxugar as lágrimas de todas as faces, eliminando, assim, o opróbrio que pesa sobre o Seu povo.
Na segunda leitura (Fl 4,12-14.19-20), o Apóstolo Paulo continua falando aos filipenses, exortando para que vivam a gratuidade, a solidariedade e a partilha, com os que mais precisam, revigorados pela força divina – “tudo posso n’Aquele que me fortalece”.
Quanto mais a comunidade vivenciar as exigências mencionadas, mais ela dará espaço para a intervenção divina, abrindo-se à ação da força que o Senhor nos comunica pela ação e presença do Espírito.
Da mesma forma, quanto mais o cristão tiver o coração aberto à partilha e ao dom de si mesmo, em atitude de despojamento, de entrega e de empenho, mais poderá sentir a manifestação divina, e mais alegria terá em colaborar na missão evangelizadora.
Também nossas comunidades devem fazer progressos na solicitude, generosidade, solidariedade a fim de que sejam verdadeiramente missionárias.
Na passagem do Evangelho (Mt 22,1-14), Jesus nos fala do Banquete, que Ele mesmo veio realizar em sua Pessoa e missão, como profetizara o Profeta Isaías.
Não há exclusão no Banquete do Reino, mas há uma exigência: a veste; que consiste na prática da justiça, da qual as autoridades do tempo de Jesus estavam desprovidas, tanto que O rejeitaram e O condenaram à morte. Diferentemente, os publicanos, pecadores, prostitutas, os que se encontravam “nas encruzilhadas à beira do caminho” O aceitaram e responderam positivamente ao seu convite, pondo-se num caminho de abertura e conversão à Sua Boa-Nova.
A aceitação do convite do profeta à conversão e o próprio convite de Jesus, implicam em dar prioridade e corresponder à altura do Amor de Deus, em compromissos incansáveis com os valores do Reino.
Com o Batismo se dá o início desta aceitação e compromisso para uma vida em comunidade. Nesta vivência da fé, tanto o batizado como a própria comunidade corre o grande perigo de perder seu entusiasmo inicial, com consequente instalação e acomodação, esvaziando assim as exigências do Evangelho.
É preciso eliminar a autossuficiência e viver em total atitude de humildade, de pobreza e de simplicidade, numa dinâmica de constante conversão, uma vez que a Salvação não é conquista findada.
Reflitamos:
– Tenho aceitado este convite do Senhor?
– Tenho me comprometido com este Banquete?
– Estou devidamente “vestido” para dele participar?
– Deus nos ama apesar e por causa de nossas fraquezas e nos convida para nos assentarmos à mesa com Ele. Qual é a nossa resposta?
Saibamos dar um alegre SIM a este convite, para que participantes do Banquete da Eucaristia, por ora, um dia possamos participar do Banquete da Eternidade que o Senhor nos preparou, e que só poderemos participar quando a morte irromper no horizonte de nossa existência, mas vencida, rompida, superada, com a fé na Ressurreição, que nos garante a imortalidade e eternidade de amor ─ o Céu que tanto falamos, cremos e desejamos. Façamos por merecê-lo!
Ó Deus, Pai Santo, Vós que sois tão misericordioso, que desejais a Salvação do mundo inteiro, convidando-nos para as núpcias do Vosso Filho Amado,
Nós vos pedimos, embora sem nenhum mérito, mas com toda a confiança, que envieis a cada um de nós e a toda Igreja o Vosso Espírito, para que enriquecidos dos sete dons, testemunhemos com alegria, esperança e confiança a fé que abraçamos, vivendo com ardor a missão por Vós confiada.
Que sejamos sempre revestidos da veste nupcial, para sermos dignos de participar de Vosso Banquete de Amor, vida, paz, felicidade, até que um dia possamos nos inebriar no Banquete da Eternidade, porque saciados e nutridos pelo Pão e Vinho de imortalidade. Amém!
Postado por Dom Otacilio F. Lacerda
http://peotacilio.blogspot.com/2020/10/o-banquete-do-cordeiro-e-veste.html
O novo Conselho de Presbíteros da diocese de Guanhães realizou no dia 30 de setembro de 2020 a primeira reunião.
O Conselho Presbiteral é uma instituição eclesial, com a finalidade de auxiliar o Bispo Diocesano no governo da Diocese, em assuntos que ele julgar convenientes, como por exemplo: Examinar e aprovar os Planos Diocesanos de Pastoral e as Diretrizes das diversas pastorais e movimentos presentes na Diocese. Dar parecer sobre transferências de sacerdotes e diáconos. Avaliar sugestões apresentadas pelo clero da Diocese. E nas questões de ordem econômico-administrativas, de acordo com as normas do Direito Canônico; é presidido pelo bispo e contando com membros do clero.
Os membros foram eleitos no dia 20 de Agosto, a partir de indicações (voto) do clero ao bispo, a saber: Pe José Aparecido de Pinho, Vigário Geral; Pe Hermes Firmiano Pedro, Ecônomo; Pe Salomão Rafael Gomes Neto, Formador; Pe José Aparecido dos Santos, Coordenador de Pastoral; Pe José Geraldo da Silva, Representante dos Presbíteros; Pe João Gomes Ferreira, eleito pelo clero; Pe José Adriano Barbosa dos Santos, eleito pelo clero; Pe João Evangelista dos Santos, eleito pelo clero; Pe Dilton Maria Pinto, Chanceler indicado pelo Bispo; Pe André Luiz Eleotério da Lomba, eleito suplente; Pe Bruno Costa Ribeiro, eleito suplente.
A reunião foi realizada por videoconferência – por causa da pandemia – e foi coordenada pelo presidente do Conselho Dom Otacílio Ferreira Lacerda, nosso bispo diocesano.
Os coordenadores de área (vigário forâneo) também foram eleitos de modo semelhante e foram nomeados para o período de três anos a partir do dia 02 de Setembro. A primeira reunião aconteceu no dia 23 de setembro por videoconferência com a participação do Coordenador de Pastoral Pe José Aparecido dos Santos e o Chanceler Pe Dilton Maria Pinto.
Nossa diocese foi organizada em 4 áreas pastorais. A “Área 1” é composta por São João Evangelista, Paulistas, Peçanha/Cantagalo, São Pedro do Suaçuí, São José do Jacuri, Coluna/ Frei Lagonegro, São Sebastião do Maranhão, Água Boa e Santa Maria do Suaçuí/ José Raydan. Pe Bruno Costa Ribeiro é o responsável pela área. A “Área 2” é coordenada pelo Pe Amarildo Dias e é constituída por Joanésia, Braúnas, Virginópolis e Divinolândia de Minas. A “Área 3” é constituída por Morro do Pilar, Santo Antônio do Rio Abaixo, Dom Joaquim, Conceição do Mato Dentro, “Córregos” e “Tapera”, tendo como coordenador Pe José Geraldo. A “Área 4”, da qual fazem parte Guanhães (São Miguel e N Sra Aparecida), Rio Vermelho, Materlândia, Sabinópolis, Senhora do Porto, Dores de Guanhães/ Carmésia e Ferros é coordenada pelo Pe Edmilson Cândido.
São deveres do Coordenador de Área, além dos mencionados no Código de Direito Canônico (cânon 555): Promover e coordenar a ação pastoral; Proporcionar momentos de estudo aos padres e leigos; Dinamizar a ação dos leigos na Área; Incrementar as Pastorais; Avaliar ação pastoral; Elaborar agenda de atividades e promover a sua realização. No documento de nomeação o bispo recomenda que estes coordenadores sejam acolhidos por padres, religiosas e lideranças leigas e colaborem com eles.
Com informações de
Padre José Adriano B. dos Santos
e Padre Bruno Costa Ribeiro
A partir do mês dedicado às vocações somos chamados a refletir sobre sua natureza, as dimensões que implicam na vida pessoal e comunitária. É sempre oportuno voltar o nosso olhar aos diversos chamados realizados na história humana, principalmente àqueles que nos relatam as Sagradas Escrituras. De modo especial, trazemos como exemplo a vocação do profeta Isaías que, em situação dificultosa pela morte do rei Ozias, percebendo-se indigno de elevado ministério a ponto de dizer a si mesmo: “Ai de mim, estou perdido! Sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de lábios impuros, meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos” (Is 6, 5). Diante dessas palavras, o profeta nos leva a refletir sobre nossa condição humana de seres frágeis, pequenos, cheios de defeitos e vícios, que nos encontramos em uma comunidade imperfeita, quedada no erro e no pecado.
Nessa mesma ótica, salta-nos ao coração a esperança de que Deus ainda acredita no humano, apesar de suas desventuras, da sua fragilidade. É nesse sentido que o mensageiro de Iahweh vai em direção a Isaías para tornar-lhe apto à missão que irá realizar. Ser anunciador dos desígnios divinos, o de ser porta-voz do Altíssimo. Eis a nossa esperança, de sermos capacitados por Deus para uma nova e urgente missão, pois assim nos alerta o adágio: “Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos”. Com isso, refrigera nosso espírito as palavras do Serafim: “Olha, isto tocou em teus lábios: a culpa está sendo tirada, e teu pecado, perdoado” (Is 6, 7). Contudo, nos surge uma indagação se, de fato, somos dignos do que está sendo ofertado. Ao mesmo tempo, é um chamado do Ser de Deus a cada pessoa, assim como ocorreu com o profeta.
Deus questiona a si mesmo na busca em saber quem enviaria em missão. E diante de sua experiência, e já ansioso e receoso por ela, o profeta exclama: “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6, 8). Quem tem disposição é ágil na resposta aos desígnios de Deus, não espera um outro momento que pensa ser oportuno. A hora é agora, nesse momento!
A dimensão profética perpassa toda a nossa vida cristã. Em todas as formas de vocação oriunda do projeto do Deus Trindade, é sinal profético. Ademais, implica a nossa liberdade em responder e corresponder a esse propósito. Ser marido e mulher; ser solteiro; religioso e religiosa, padre; carpinteiro, pedreiro; motorista ou qualquer outra, é sinal do amor de Deus no mundo.
No princípio de nossa existência, como nos relata no livro do Gênesis, fomos feitos do amor e para o amor. É para sermos expressão de Deus-Amor no mundo. Que nossa vida seja assim realizada. Vocação acertada é vida feliz, dizia o arcebispo emérito de Diamantina, Dom João Bosco. E a nossa felicidade está em fazer a vontade daquele que nos escolheu.
A vocação por excelência está na busca pela santidade. O coração do livro do Levítico está em expressar a importância do ser santo por Deus o ser – “Sede santos, porque eu, vosso Deus, sou santo” (Lv 19, 2). O modelo vivo de Santidade encarnada está na própria Pessoa de Jesus Cristo. Todo discípulo é exortado a seguir seus passos. E ser santo é levar em consideração o modo de viver (modus vivendi). Não será por abstrações que poder-se-á vislumbrar a beleza da santidade, mas a partir do modo simples de viver a própria vocação. É o que exprime a teologia paulina, agir “como convém a santos” (Ef 5, 3).
Mas como ser santo? Ela se manifesta por meio da caridade, da capacidade de ser fraterno com o outro, por meio da solidariedade no bem. Se constitui no agir ético e moral respaldados em nossos valores cristãos. Em certa medida, é sermos uma Igreja audaz na proclamação da Boa-Nova (Good-News). É ser uma Igreja dispensadora da misericórdia de Deus ao mundo sem reservas. É tornarmo-nos verdadeiros dispensadores das graças de Deus pelo poder do Espírito Santo. É formarmo-nos enquanto um “corpo evangelizador” (Dom Darci José), que conduz à vida, à responsabilidade, ao respeito, que pratica o bem-comum. Nesse interim, já dizia o Papa Francisco na Evangelii Gaudium de que a missão de evangelizar é “dever da Igreja” (nº 110). Mas quem é a Igreja? Somos cada um de nós batizados em Cristo, que nos tornamos sinal e odor de Deus no mundo, a começar em nossas famílias – “Assim também vós já agora sois o bom odor de Cristo” (AMBRÓSIO, 2019, p. 70).
Diante do nosso senso ou “instinto da fé” levamos a esmo tudo aquilo que cremos expressos em nossa vocação. É o “sensos fidei que [nos] ajuda a discernir o que vem realmente de Deus” (EG, 119). E é por isso que não há e não pode haver separação entre vocação e missão. Ambas estão intrinsecamente ligadas. A nossa missão, dentre tantas formas de expressão, consiste acima de tudo na salvação de si e dos outros. Assim como se vive a fé em comunidade, da mesma maneira requer do crente uma postura de responsabilidade para com a salvação de outrem. Nos diversos modos de ação eclesial, enquanto Igreja, Povo de Deus, sejamos e tenhamos a felicidade em “partilhar os dons da salvação” (cf. Ef 4, 4-6).
Em todas as circunstâncias da nossa vida, a nossa primeira missão é testemunhar Àquele que foi testemunha do amor de Deus, Jesus Cristo. Em qualquer condição vocacional que nos encontrarmos, que seja feita a sua Vontade. Pois o nosso alimenta seja, assim como foi para o Cristo, fazer a vontade daquele que nos enviou – “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e levar a termo sua obra” (Jo 4, 34). Que nossa vocação seja a nossa missão em fazer acontecer o Reinado de Deus em nós e no mundo.
Sem. Valmir Rodrigues Pereira
Terceiro ano da Configuração
Diocese de Diamantina-MG
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA SAGRADA. 2ª ed. Brasília: CNBB, 2019.
FRANCISCO, Papa. Evangelii Gaudium. Exortação apostólica. São Paulo: Loyola, 2013. (Documentos da Igreja).
AMBROSIO, Santo. Os Sacramentos e os Mistérios: iniciação cristã na Igreja primitiva. Rio de Janeiro: Vozes, 2019. (Coleção Clássicos da Iniciação Cristã).
COMPÊNDIO DO VATICANO II. Lumen Gentium. In:_______. Constituições decretos, declarações. 30ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1968. p. 39-117.
Com a Liturgia do 27º Domingo do Tempo Comum (ano A), refletiremos sobre os frutos abundantes que o Senhor espera encontrar em nossa vida.
Verdadeiramente abundantes porque muito nos foi dado, à luz de uma imagem tão bela e inspiradora, a imagem da Vinha que é a imagem do Povo de Deus, e dos frutos que, como Povo de Deus, devemos produzir: amor, paz, justiça, bondade e misericórdia…
Se não produzirmos os frutos por Deus esperados, Ele tirará de nós a Vinha e confiará a outros; grande é, portanto, a nossa responsabilidade.
O Profeta Isaías exerceu o seu ministério em Jerusalém por um longo período. Após uma fase mais tranquila, deparou-se com uma realidade marcada pela exploração dos empobrecidos, contrastando com o fausto cultural, incoerente e mentiroso, porque não era resultado de verdadeira adesão a Javé e Seu projeto de vida plena para todos.
Falando do Povo como Vinha, o Profeta (Is 5,1-7) a compara a esposa que deixou de ser fiel e se converteu numa prostituta (Is 1,21-26). É preciso superar a infidelidade à Aliança voltando-se para Deus.
Isaías apropria-se da imagem da Vinha como que de uma “cantiga de amor”, como recurso para a transmissão da mensagem que Deus lhe confiou, a fim de que resgate o povo a que pertence, em total e incondicional fidelidade ao Pai que não se cansa de amar, perdoar e libertar Seu povo. É próprio do Amor de Deus não se cansar e não desistir da nossa salvação.
O Profeta/Poeta brinca com as sonoridades e com o ritmo, em alternância de sons doces de canções de amor e a aspereza das canções de trabalho. Mas num momento ápice o cântico se transforma em queixa e grito pela justiça, numa interpelação direta de seus interlocutores para que cessem os gritos de horror que procedem dos empobrecidos que são como os frutos selvagens de que fala o Profeta/Poeta.
Estes frutos são as injustiças, arbitrariedades, violência e sangue dos inocentes e consequentemente a não defesa do direito dos pobres. Deste modo a imagem da vinha e seus frutos amargos é a mais perfeita expressão da imagem do povo infiel a Deus, que deste modo multiplica o número dos sofredores. De outro lado o Profeta é incansável em proclamar o Amor de Deus que nos ama para nos transformar, de modo que, transformados por Seu amor, amemos nosso próximo.
A história da Vinha da primeira Leitura é, numa palavra, a História do Amor de Deus por nós que não cessa.
Reflitamos:
– De que modo correspondemos a este Amor?
– Quais os frutos que estamos produzindo? São os frutos esperados por Deus?
– Produzimos frutos de tolerância, misericórdia, bondade e compreensão?
– Nossas Missas e Celebrações têm nos levado a inadiáveis compromissos com a vida dos mais necessitados?
– Quais são as implicações concretas de nossos cultos e louvores que a Deus sobem?
A segunda Leitura (Fl 4,6-9) é escrita por Paulo; preso provavelmente em Éfeso expressa mais uma vez o seu carinho pela comunidade. Fala um pouco de si e exorta a comunidade à fidelidade, recordando as obrigações inadiáveis de uma comunidade que professa a fé no Ressuscitado.
O Apóstolo lembra que em nossa fraqueza é preciso que nos apoiemos na oração. Devemos pedir a graça da fidelidade, para que possamos dar muitos frutos, guardando nossos corações e pensamentos em Cristo Jesus.
A comunidade deve viver na alegria, porque vive na comunhão com Cristo. Deve sentir-se segura nos braços de Deus, na presença constante da bondosa mão de Deus.
Enumera certas questões que a comunidade deve cultivar e apreciar: a verdade, a nobreza, a justiça, a pureza, amabilidade e a boa reputação, ou seja, tudo que for digno de louvor. Esta Carta de Paulo é a chamada “magna carta do humanismo cristão”.
A comunidade deve multiplicar os arautos e testemunhas dos valores humanos. Deve viver os valores humanos em confronto constante com a Palavra, e com fidelidade sem jamais trair e renegar a Boa Nova do Evangelho. Ser sal, fermento e luz de um Mundo Novo, se nos referirmos ao Evangelista Mateus.
A comunidade enxertada em Cristo pode produzir muito mais, na serenidade e tranquilidade em total confiança em Deus, o que a caracterizará não como comunidade de fracassados, alienados e falhos, mas uma comunidade constituída pelos mais do que vencedores n’Aquele que nos amou, Jesus.
Reflitamos:
– – Como comunidade, sobre a acolhida, a simpatia que deve interligar todos entre si, a amabilidade, a verdade, a coerência. Como vivemos tudo isto?
– – Como estando no mundo não comungar aquilo que venha afetar e esvaziar a nossa fé?
– – Como viver a fé sem cair em contradições que empobreceria a nossa missão?
Com a passagem do Evangelho (Mt 21,33-43) mais uma vez voltamos à temática da Vinha.
O cenário é a cidade de Jerusalém, com a presença dos opositores de Jesus que o levarão à prisão, julgamento, condenação e morte. Jesus está plenamente consciente do destino que lhe está reservado.
Jesus enfrenta os dirigentes de Seu tempo (aqueles que detêm os poderes políticos, religiosos, econômicos e ideológicos); sabe que será condenado implacavelmente, porque não acolherão a Boa Nova do Reino que veio inaugurar.
A Parábola contada por Jesus é riquíssima em simbolismo:
A Vinha é Israel, o Povo de Deus;
O Dono da Vinha é o próprio Deus;
Os vinhateiros homicidas são os líderes religiosos;
Os servos assassinados são os Profetas que Deus havia enviado; o Filho assassinado é o próprio Jesus.
Com a Parábola, Jesus insiste na necessidade de se produzir os frutos do Reino, vivendo na radicalidade à Sua proposta.
Os frutos são: amor, serviço, doação, justiça, paz, tolerância, partilha… É preciso dizer não ao comodismo, à instalação, a procura de facilidades.
Reflitamos:
– Qual é o nosso compromisso com o Reino?
– Quais os frutos que estamos produzindo na nossa vida, com o nosso agir?
– Como temos assumido a missão de trabalhar na Vinha do Senhor?
– Quais os frutos que produzimos dentro e fora da Igreja?
– É muito simples condenar os vinhateiros homicidas, mas o que fazemos com o Mandamento da Lei de Deus, que se resume no amor a Deus e ao próximo, como Ele nos ordenou?
– Escutamos os mensageiros que nos foram enviados por Deus?
– O que precisa ser transformado em nossa vida, para que, na Vinha trabalhando, frutos mais saborosos e abundantes possamos multiplicar?
Deus nos ama e espera pacientemente que nos convertamos. Trabalhando na Vinha que Ele nos confia, jamais faltarão frutos saborosos em nossas mesas. Deus nunca desiste de Sua obra de amor e salva.
Se nada produzimos ou se frutos amargos produzimos, não é culpa de Deus, mas porque não soubemos corresponder ao amor e confiança que Ele em nós depositou.
É tempo de nos convertemos, para que Deus fique satisfeito com os frutos que venhamos a produzir, que na verdade não serão para Ele, mas para nós mesmos.
Deus não quer outra coisa senão a nossa felicidade! Frutos doces e saborosos sempre, amargos jamais!
Esterilidade da Vinha impensável, frutos abundantes e permanentes jamais faltarão se a Ele nos abrirmos e n’Ele confiarmos, correspondendo cada vez mais ao Seu Amor!
Somos todos membros do Povo de Deus, a Igreja, que tem a missão de produzir frutos, para não frustrar as esperanças do Senhor na hora da colheita.
Ao chamar os Seus para que O seguisse, Jesus lhes dá uma missão precisa: anunciar o Evangelho do Reino a todas as nações (cf. Mt 28, 19 ; Lc 24, 46-48). Por isso, o discípulo é missionário, pois Jesus o faz partícipe de Sua missão, ao mesmo tempo em que o vincula como amigo e irmão.
“Cumprir essa missão não é tarefa opcional, mas parte integrante da identidade cristã, porque é a extensão testemunhal da Vocação mesma” (Aparecida, 144).
Nesta perspectiva, consideremos e meditemos as palavras de S. Paulo: “Irmãos ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor; é o que deveis ter no pensamento” (Fl 4,8).
Eis a nossa Missão: como batizados, trabalhar, com
alegria, amor e fidelidade, na Vinha do Senhor.
Não desapontemos o querer de Deus!
Oremos:
“Pai justo e misericordioso, que velas incessantemente
sobre a Vossa Igreja, não abandoneis a Vinha que à
Vossa direita plantou: continuai a cultivá-la e a
enriquecê-la de servos missionários escolhidos,
para que, enxertada em Cristo, verdadeira Videira,
produza frutos abundantes de Vida Eterna.
Amém”!
Postado por Dom Otacilio F. Lacerda