Na passagem do Evangelho (Jo 2, 13-22), ao realizar a purificação do templo, Jesus anuncia que Ele mesmo é o lugar do verdadeiro encontro com Deus.
Jesus é a verdadeira presença de Deus no meio da humanidade, o Verbo que Se fez Carne.
E, ao afirmar que pode destruir o templo e o edificar em três dias, preanuncia a Sua morte e Ressurreição, que será esta, por sua vez a garantia de que Jesus veio de Deus, e que Sua atuação tem o selo de garantia de Deus.
O evangelista João situa o fato de a purificação acontecer nos dias que antecedem à Festa da Páscoa, momento em que grande multidão afluía para Jerusalém. Note-se que Jerusalém teria aproximadamente 55.000 habitantes, e nestes dias chegava a receber 125.000 peregrinos, com o sacrifício de 18.000 cordeiros na celebração pascal.
Evidentemente, o templo era lugar de grande comércio e muitos viviam dele; e aqui o sinal profético da sua purificação feita por Jesus.
O gesto de Jesus deve ser entendido neste contexto, como a comunicação de novos tempos messiânicos.
Jesus não propõe a reforma do templo, mas a abolição do culto porque era algo nefasto, ou seja, em nome de Deus o culto criava exploração, miséria, injustiça, em vez de favorecer uma sincera e frutuosa relação com Deus.
Jesus é, de fato, o novo Templo, isto é fundamental como mensagem. Ele Se faz companheiro de caminhada e aponta os caminhos de salvação.
A salvação não fica restrita às mãos dos sacerdotes do templo. Ele é Aquele que vem ao mundo comunicar a Salvação à humanidade, em sinal de total e incondicional Amor a Deus, dando Sua vida em sacrifício para a nossa redenção.
Não há mais necessidade daquele templo e seus sacrifícios. Com Ele, Jesus, a humanidade pode alcançar vida, alegria, paz, salvação sem submeter à lógica sacrificial do templo, que havia se tornado casa de comércio, covil de ladrões.
Os cristãos, tendo aderido ao Senhor e a Sua Mensagem, tendo comido a Sua Carne, bebido do Seu Sangue, precisam se identificar com Ele.
Os cristãos são, portanto, pedras vivas desse novo Templo no qual Deus Se manifesta ao mundo e vem ao encontro da humanidade oferecendo vida e Salvação.
Cabe aos cristãos revelar ao mundo o rosto bondoso, misericordioso e terno de Deus, pelo que creem e pelo que vivem, sem dissociação, sem distanciamentos e incoerência, pois todo aquele que vive e crê no Senhor, terá a vida eterna, e já experimenta no tempo presente felicidade plena.
Urge que nossos cultos sejam agradáveis a Deus, com implicações em nossa vida, sobretudo a Eucaristia que celebramos.
Da mesma forma, precisamos viver a Palavra que proclamamos e ouvimos, a fim de que nossos cultos não sejam solenes e ricos de conteúdos vivenciais, sem maiores compromissos com a vida, ou seja, com o Reino de Deus.
Sendo assim, quando acorremos ao Templo para celebrar, haveremos de fazê-lo de modo ativo, consciente e piedoso de modo que molda o nosso viver.
Reflitamos:
– Sentimos a presença de Deus em nossas comunidades, verdadeiros Templos de Deus?
– Sentimos a presença de Deus em cada homem e mulher, como templos de Deus?
– Há o Templo e os templos, nos quais Deus também fez Sua morada. Como cuidamos do Templo do Senhor, e também como cuidamos dos templos do Senhor?
– O que fazemos para que cada pessoa, lugar da presença de Deus, também tenha vida plena e feliz?
Que o Tempo da quaresma renove em nós a alegria de ser Igreja, amando e nos colocando a serviço dela, no compromisso com a vida e com o Reino, não esgotando nossa fé na prática de cultos e ritos, mas em sinceros e multiplicados gestos de amor, comunhão, fraternidade e solidariedade, e tão somente assim, nossos cultos serão agradáveis a Deus.
Nunca é demais dizer: há sempre um longo a caminho de conversão a percorrer, para que nossas comunidades correspondam à missão que lhes foi confiada. Vivamos, portanto, este Tempo, como tempo de graça e reconciliação e maior fidelidade aos desígnios de Deus.
http://peotacilio.blogspot.com/2020/04/comunidade-lugar-do-encontro-com-deus.html?m=1 Fonte: www.Dehonianos.org/portal