As reformas propostas pelo governo federal formam um pacote que mostrará claramente uma “opção preferencial pelos ricos”.
A crise política no nosso país serviu de ocasião para desenterrar velhas pretensões da aristocracia brasileira. O atual governo com a justificativa de adotar medidas austeras para fazer o país voltar a crescer está tomando medidas impopulares. Porém, isso terá um preço muito alto para os menos favorecidos economicamente.
O congelamento dos gastos públicos por 20 anos (Emenda Constitucional 95/2016), a lei da terceirização (Lei 13.429/2017) e a reforma da previdência (PEC 287/2016) formam um pacote que mostrará claramente uma “opção preferencial pelos ricos”. Porém, na posição do governo tudo se resolve com discursos rotulativos como se a rejeição dessas reformas fosse meramente intrigas da oposição.
O que nos decepciona é saber que os valores humanos na história política não são acumulativos, eles estão à mercê da alternância de poder. É lamentável que o país não tenha um projeto político para o ser humano como um todo, mas tem um para os ricos e outro para os pobres. Basta mudar o grupo político no poder que tudo que foi conquistado é desmantelado.
A posição do atual presidente trata homens como “ferramentas” que têm de se encaixar em um sistema político e econômico a todo custo. Reduzir gastos públicos em serviços essenciais como saúde e educação vitimiza os mais pobres. A terceirização transforma o trabalhador em marionetes, peças manipuláveis e descartáveis. E a exigência de 49 anos de contribuição para uma aposentadoria aos 65 anos dá o golpe final! O trabalhador é entregue totalmente aos desmandos do capital. A regra é viver para trabalhar, simplesmente. Isso desumaniza as relações e as condições de trabalho!
Retomando a expressão “discursos rotulativos”. Com ela quero dizer que a defesa do direito do trabalhador, do pobre e das minorias se transformou para muitos cidadãos meramente em “ideologia de esquerda”. Além de sucatear os direitos do trabalhador em nome do capital, os donos do poder querem calar um discurso, minimizando-o. A reivindicação desses direitos tem uma história consolidada, começa pelo Iluminismo, passando pela organização dos movimentos operários, até a Declaração dos Direitos Humanos e leis diversas que humanizam as relações de trabalho.
O discurso minimizador é grave! Temos de ir adiante e reafirmar o discurso sobre o direito dos mais pobres. Não podemos nos acovardar! Precisamos de uma nação para todos, que se desenvolva, cresça, sem deixar os menos favorecidos à margem. Um país sem justiça é um país sem esperança!
José Aristides da Silva Gamito
Professor de Filosofia no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário, em Caratinga, MG
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