Aqui estou “partilhando” neste espaço! Novamente, sobre Campanha da Fraternidade. Honrado. Não com a segurança do salmista, mas como o menino Davi,motivado pela fé, firme fundamento das coisas que não vejo, mas espero. Sou o caipira-pirapora daquela canção. Sem palavras, diante da divindade, “só queria mostrar
o meu olhar”!
Diante do gigante violento armado com espada, lança, escudo, Davi disse: “…eu venho a ti em Nome do SENHOR dos Exércitos.” Mas diante dele o Rei,
Salmista, o que sou? Um “Bartimeu” vindo de Jericó pra Guanhães, gritando por luz.
“JESUS, FILHO DE DAVI, tem misericórdia de mim!” Tem misericórdia de nós, que de tanta violência, de tanto acreditar na lei do mais forte, de tanta espada e chibata, de tanto arrancar dentes por dente… Não temos visão alguma, nem um olho sequer para mostrar! De tanto ver triunfar a injustiça, estamos cegos nesta
sociedade perdida num tiroteio universal, sem fim!
“Eu não tenho ouro nem prata, mas o que tenho te dou”! É o que nos ensina o discípulo Pedro, do alto de sua maturidade… Justamente do discípulo que quando
andava com Jesus, era criticado, por sua insegurança, medo e ímpetos de violência. Quem nunca o criticou que espere o galo cantar e fique calado diante do sangue vertido da orelha de um soldado, depois me perdoe!
Há um ano, refletindo aqui sobre a preservação do bioma, falamos do Parque Estadual da Serra do Candonga. Foi lá que eu conheci um Davi, digo, um Curumim Pataxó. Preocupado com a preservação das espécies nativas naquela mata, eu lhe perguntei se ele não tinha medo de caminhar por ali e encontrar uma onça parda. Ele riu afirmando que não! Perguntei se ele carregava algum bodoque, um estilingue para enfrentar a fera. Ele levantou os braços, como se dispusesse para uma revista policial. Intrigado, perguntei se ele não tinha medo da onça parda. Ele olhou seu avô, do outro lado da clareira e me segredou:
_ O meu avô me disse que o medo é da natureza da gente, e isso também é bom. Mas o que vem de Deus não ameaça o ser humano, não…
Eis-me aqui tentando aprender a lição do Parque do Candonga, para não ter medo de perdoar quem me ofende. Aprendendo não atacar ninguém por medo do que vejo e nem sempre entendo. Tentando aprender a mudar meus conceitos, para perdoar o meu irmão, não só sete, mas, sete vezes o universo de vezes que for preciso. Afinal, o perdão vem de Deus e o que vem d´Ele não me ameaça, só me preserva.Tento amadurecer como o perdoado Pedro. Pois como o Bartimeu, lá dos evangelhos, eu também sou curado, amado e perdoado pelo mesmo Jesus Cristo, filho de Davi, que foi preso político, torturado e crucificado por nós. Só posso então pedir que tentemos isso, juntos. Essa fraternidade, de fato, pode superar a violência trazendo luz para os povos. Penso que cada um de nós precisa acender em seu coração a chama do perdão que Cristo nos deu.
Evandro José de Alvarenga