O caráter educativo da apologia

“A melhor forma de acabar com o erro é educando com o Amor.”

Geralmente, quando se pensa em apologia a primeira coisa que vem à mente de muitos é “defesa da fé”, apesar de ser uma defesa da fé, a apologia é essencialmente esclarecimento da fé. A preocupação dos apologistas em explicar a fé é muito maior que rebater as deturpações que são ditas sobre ela. Logicamente ao explicar a fé eles também refutam as visões erradas, mas como uma consequência do ato primeiro de explicá-la. Refiro-me aos apologistas no presente, pois eles não cessaram na antiguidade cristã, estão presentes nos tempos hodiernos.

A explicação da fé é de extrema importância, pois mostra como ela é capaz de, por si mesma, extirpar compreensões erradas, desde que bem vivida e compreendida. Uma vez foi dito por uma santa pessoa: “Muitos saem da Igreja por falta de catequese, por não conhecerem a fé que diziam professar”. E o que é a catequese senão ensinamento e esclarecimento da fé, nada mais do que uma boa apologia para as ignorâncias, inclusive as nossas. Nesse sentido, não só os aclamados escritores apologistas dos primeiros séculos podem receber o título de “apologistas”, “defensores da fé”, mas todos que se preocupam e se dedicam ao ensinamento e explicação da fé buscando acabar com as incompreensões acerca dela: catequistas, seminaristas, diáconos, padres, bispos, o Santo Padre o Papa dentre outros anônimos.

Não é necessário ataque ao que pensa contrário ou interpreta de forma errônea o que pelos cristãos é professado. A melhor e mais delicada maneira de lidar com as incompreensões acerca da fé é fazendo com que ela seja compreendida, sem brigas ou impondo um pensamento, que pode até estar correto, mas que com o autoritarismo se torna malvisto e ignorado. Eis uma das obras de misericórdia espiritual que muito bem define a apologia: ensinar os ignorantes. Nada mais, nada menos, apenas explicar a fé, isto é, educar com a fé, na fé e pela fé.

No livro de 1Reis Deus se apresenta a Elias em uma brisa leve; vem o furacão, o terremoto, o fogo e em nenhum deles Deus estava, mas na brisa leve, e na brisa leve Elias reconhece Deus (Cf. 1Rs 19, 10-15). Deus se impõe pela sutileza, não pela força. A força obriga, a sutileza convida, pois não violenta, apenas dá espaço para que o outro responda e aceite a mais forte evidência no ser discreto. É o que São João nos diz: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8, 32).

Portanto, ao pensar em apologia, estendamos nosso olhar para além da fronteira da polarização que vê tudo como em um ringue de batalha. Em muitas ocasiões, o melhor jeito de vencer uma guerra não é atacando, mas defendendo. Defesa que se faz não pela força, mas pela pedagogia de Jesus: educar pelo amor, pois só quem ama oferece o bem quando recebe o mal.

 

EVANILTON SANTOS GONÇALVES

Seminarista da Diocese – 1° ano de Configuração (Teologia).

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