“Porque quem se eleva será humilhado e
quem se humilha será elevado” (Lc 14, 11)
A Liturgia do 22º Domingo do Tempo Comum (ano C) nos convida a refletir sobre o Banquete do Reino e a necessária revisão: se estamos, verdadeiramente, credenciados para dele participar, com as exigências que o Senhor nos ensina e vive.
Na primeira Leitura, ouvimos uma passagem do Livro do Eclesiástico (Eclo 3,19-21.30-31), que nos convida a refletir sobre a humildade, como caminho para sermos agradáveis a Deus e, ao mesmo tempo, para termos êxito e sermos felizes, colocando-nos, por amor e alegremente, a serviço do outro, sobretudo quando este outro é o que mais precisa.
O aprofundamento sobre a Sabedoria Divina e a sua vivência é certeza do viver bem e feliz. A Sabedoria Divina somente pode ser saboreada por quem viver a humildade, ou seja, quem assumir com simplicidade o próprio lugar, pondo a render os talentos, sem jamais humilhar o outro com uma eventual superioridade, mas colocando os próprios dons a serviço de todos, com simplicidade e amor.
Bem diferente é o soberbo, que permite crescer nas entranhas de seu coração a árvore da maldade, com suas raízes tão profundas.
A vida cristã será sempre o desafio de não sermos soberbos, mas humildes servidores, não pelo nosso mérito, mas pela graça de Deus, porque tudo é dom de Deus.
Na passagem da segunda Leitura, o autor da Carta aos Hebreus (Hb 12,18-19.22-24) nos exorta a viver maior proximidade e intimidade com o Senhor, fortalecendo a humildade, a gratuidade e o amor desinteressado, como Ele por excelência viveu.
Trata-se de um convite à superação de uma fé cômoda e sem grandes resistências, redescobrindo a novidade e a exigência do cristianismo: comunhão, proximidade e intimidade maior com Deus. Um amor autêntico que se faz dom, doação, entrega, serviço.
É preciso que a comunidade volte à fidelidade de sua vocação, desinstalando-se, rompendo a preguiça e enfrentando com coragem a perseguição, com uma conduta consequente daquele que abraçou a fé: amor e serviço.
Com isto, supera-se a morna conduta cristã, sem jamais recuar, revelando ao mundo um rosto do Deus vivo e verdadeiro que nos consome e inflama nosso coração de amor.
O Senhor nos precedeu, agora é a hora da comunidade. É preciso revisitar a História do Povo de Deus e reencontrar o entusiasmo.
Ontem, como hoje, quantas coisas nos acontecem e, se não mantivermos a fé, poderemos perder o entusiasmo, a chama acesa do primeiro amor!
É preciso que trilhemos, como discípulos missionários do Senhor, o caminho da humildade, que é diferente do caminho da humilhação.
Na passagem do Evangelho (Lc 14,1.7-14), vemos que bem diferentes são os critérios para participar do Banquete do Reino em relação ao banquete farisaico.
A lógica divina contrapõe a humildade à superioridade, a simplicidade ao orgulho, o serviço à ambição, o ocupar o último lugar ao invés dos primeiros, a solidariedade para com os últimos e não se servir do próximo.
São dois banquetes totalmente diferentes: o primeiro é o Banquete do Amor, serviço e inclusão; o segundo, do egoísmo, indiferença, mera exclusão.
O banquete farisaico é marcado pelo complexo de superioridade, orgulho, ambição. Há a procura dos primeiros lugares.
De outro lado, as credenciais para participação do Banquete do Reino são: humildade, simplicidade, serviço por amor desinteressado, colocando-se no lugar dos últimos para serviço dos últimos.
De fato, a competição é necessária, desde que não leve à destruição do outro, mas à busca de maior qualificação para melhor servir. Esta deve ser a marca daqueles que se põem a caminho com o Divino Mestre Jesus: amor vivido com autenticidade edifica e fortalece a comunidade.
Iluminadora a citação do Missal Dominical (p.1223): “Para todos, em qualquer plano da hierarquia social que se encontrem, escolher o último lugar significa usar o próprio lugar para o serviço dos últimos e não para o domínio sobre eles”.
Deste modo, a conversão é um apelo constante em nossa caminhada cristã. Cremos e professamos a fé em Jesus Cristo que, com Sua morte, assumida livremente na Cruz, nos apresentou um Deus cuja Sabedoria é imprevisível e impensável; tão distante da sabedoria humana que ninguém poderia encontrá-la.
Assim afirma o Missal Dominical (pp.1222-1223): “Jesus seria um entre os muitos mestres de virtude, se não tivesse vivido até o fim Sua Palavra, e se Sua Pessoa, Sua Palavra, Sua vida não fossem a revelação definitiva de Deus.
A Cruz é Sua Sabedoria, Seu Livro, Sua Palavra reveladora. A morte de Jesus não é o fim de uma tentativa de instaurar um novo Reino; é o Seu ato de nascimento;… Converter-se à Sabedoria de Deus é ver na Cruz que a verdade do Amor tem na morte o seu teste. Quem entra no Reino começa uma nova sabedoria.”
Reflitamos:
– Quais são os convidados de nossos banquetes?
– Participamos com todo o zelo do Banquete do Reino que o Senhor nos convida ou nos sentimos familiarizados no banquete farisaico?
– Quanto há de humildade, gratuidade e amor autêntico em nossa prática pastoral?
– Qual é o entusiasmo que temos na fidelidade ao Senhor, como Seus discípulos missionários?
Oremos:
Senhor, livrai-nos do banquete farisaico, e ensinai-nos a viver a lógica do Banquete do Reino de Deus, vivendo com humildade, gratuidade, amor e solicitude com os últimos, os Vossos preferidos.
Senhor, dai-nos a sabedoria para nos colocarmos como últimos, a serviço de todos. Amém.
PS: Fonte de pesquisa: www.Dehonianos.org/portal