“Mestre, que devo fazer para
receber em herança a vida eterna?”
Com a Liturgia do 15º Domingo do Tempo Comum (Ano C), aprofundamos o caminho para o encontro da Vida Eterna, o caminho da felicidade presente e eterna; tendo como mensagem central: somente o amor a Deus e ao próximo é que nos dará vida em plenitude.
A passagem da primeira Leitura (Dt 30,10-14) é uma Catequese sobre o Amor a Deus, escutando a Sua voz no íntimo do coração e percorrendo o caminho dos Seus Mandamentos, em adesão total e incondicional.
A Lei de Deus não é posta fora de nosso alcance; é inscrita em nosso coração e em nossa mente, proclamada pela nossa boca, mas principalmente com a nossa vida.
Vivendo o contexto do final do exílio da Babilônia, o autor remete a parte final do terceiro discurso de Moisés, quando conduzia o Povo de Deus.
Ressoa como forte alerta para que o Povo de Deus tome consciência da sua infidelidade, e volte à fidelidade original para ter vida.
Reflitamos:
– Qual a qualidade de nossa escuta, adesão e fidelidade a Deus e aos Seus Mandamentos?
– O que nos impede de ouvir a voz de Deus, que nos fala e nos propõe vida em plenitude?
– Quais são as vozes que tentam calar a voz de Deus, hoje?
Na passagem da segunda Leitura (Cl 1,15-20), o Apóstolo Paulo nos fala da centralidade de Jesus em nossa vida: Ele é o centro a partir do qual tudo se constrói.
É preciso escutá-Lo atentamente, e viver Seu Mandamento, exigência fundamental para quem quiser segui-Lo.
Nada pode nos salvar a não ser Cristo Jesus e a Sua Palavra de Salvação. Ele é a “imagem de Deus invisível”; “o primogênito de toda criatura”, e “n’Ele, por Ele e para Ele foram criadas todas as coisas”.
Deus é visível em Jesus, que tem por sua vez a supremacia e autoridade do Pai, e deve ocupar a centralidade em nossa vida. Ele não pode ser reduzido a um visionário, idealista, e humanista por excelência, pois tem a soberania no Mistério da redenção: Ele é “cabeça”, “princípio” e “n’Ele habita toda plenitude”.
Reflitamos:
– Jesus Cristo é verdadeiramente o centro de nossa vida?
– Quem é Cristo para nós?
A passagem do Evangelho (Lc 10,25-37) nos apresenta a Parábola do bom samaritano. Refere-se a um herege, um infiel, segundo os critérios judaicos (por longos séculos assim foi se caracterizando), mas foi aquele que tudo deixou para ser solidário ao irmão caído à beira da estrada, e o Senhor no-lo apresenta como exemplo a ser imitado: Fazer-se próximo de quem mais precisa – “Vai e faz o mesmo”.
Na Parábola são citados os levitas e sacerdotes que passam ao lado, sem nada fazer; talvez por medo de ficarem impuros, por pressa, indiferença, ou por viverem uma religião sem misericórdia.
Ao contrário, o samaritano, herege, excomungado, tem o coração cheio de amor, e nos dá o verdadeiro sentido da religião: ter um coração pleno de amor a Deus, que se concretiza no amor ao próximo, em gestos de partilha e solidariedade.
Conclui-se que a vida eterna somente se alcança quando não se separa o amor a Deus do amor ao próximo.
Este próximo é qualquer um que necessite de nós, amigo ou inimigo, conhecido ou desconhecido; e todo aquele que se encontra à beira do caminho e precisa de nosso amor e de nossas mãos para se levantar e se por a caminho.
Nisto consistirá a missão da Igreja do Bom Samaritano, em todos os tempos, na fidelidade ao Senhor Jesus: viver um amor sem limites, sem fronteiras, sem rotulações.
Reflitamos:
– Qual a missão que O Senhor confia a nossas comunidades à luz desta parábola?
– Somos sensíveis e solidários aos clamores dos pobres?
– Como nossas comunidades podem ser mais parecidas com o bom samaritano?
– Quem se encontra à beira do caminho e precisa de nossas mãos e ação solidária?
– Como estamos vivendo a verdadeira religião, que nos permite experimentar a proximidade divina, para uma maior proximidade humana, em gestos de comunhão fraterna?
– Qual é a diretriz de minha vida: leis, ritos ou o amor concreto?
Concluindo, quando Cristo é o centro de nossa vida e de nossa comunidade, abrimo-nos ao outro, fazemo-nos próximos daqueles que estão à beira do caminho, no amor, misericórdia, compaixão e solidariedade.
Lembremos as palavras do Papa Emérito Bento XVI, na Encíclica – Deus Caritas Est” – 2005 – n. 15.16:
“O Amor a Deus e amor ao próximo fundem-se num todo:
no mais pequenino, encontramos o próprio Jesus e,
em Jesus, encontramos Deus… o amor ao próximo
é uma estrada para encontrar também a Deus, e que
o fechar os olhos diante do próximo torna cegos
também diante de Deus.”