Na Quarta-feira, às 11h , durante a programação Vida News da Rádio Vida Nova FM, Dom Otacilio conversou com a locutora Cláudia Rocha sobre a Quaresma e sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021.
Ele iniciou falando da importância da Quaresma, como tempo favorável de conversão, de penitência.
Neste tempo como Igreja somos chamados a viver os exercícios quaresmais da oração, jejum e esmola.
Quanto a oração: do Terço em família, dos Grupos de Reflexão; intensificação e qualificação dos momentos orantes. Oração – a relação de Deus e eu! Oração pura, verdadeira e sincera é revertida em ações solidárias.
Devemos abrir mão de algo que habitualmente fazemos para nos dedicar mais à leitura orante da Palavra de Deus. (Leitura de textos bíblicos, da história dos Santos, da Tradição da Igreja; pesquisar fontes boas para o nosso alimento espiritual).
Sobre o Jejum, ele falou que devemos agradecer a Deus o que temos. Eu jejuo livremente em prol de quem o faz por privação.
Quando abrimos o coração para Deus, nós também abrimos o coração para o outro. Quando assim acontece, nós abrimos a gaveta, o armário… O coração se abrindo, tudo se abre em nossa vida, inclusive nossos projetos. Coração fechado, mão fechada, insistiu.
A prática do Jejum – leva à esmola que não é somente jogar moeda para um pedinte, ou um pedaço de pão.
É transformar o amor em ação; é agir com compaixão. Viver a compaixão é dar mão ao coração; é Deus levando nossas mãos a agirem em favor do outro.
Ele insistiu que quem quiser se aprofundar, deverá ler a mensagem do Papa Francisco e também tem várias reflexões disponíveis sobre a Oração, o Jejum e a Esmola. (Mt 6).
Ele disse que insiste na passagem bíblica porque não se pode deixar o povo com fome da Palavra de Deus. A Quaresma também nos lembra que “Nem só de pão vive o homem, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus”.
Explicou sobre o sentido das cinzas: receber a cinza, não é receber vacina, não é remédio.
A Cinza que recebo é para eu me lembrar que tenho que viver a Quaresma no Jejum, na Oração e na Penitência -“Convertei-vos e crede no Evangelho!” (Mc 1,15); Ou ” “Lembra-te que és pó e ao pó voltarás”.
Explicou que a cinza é produzida pela queima dos ramos do Domingo de Ramos do ano anterior. Isto quer dizer que eu vivi um ano com Jesus. O ramo que eu O aclamei, eu volto a recebê-Lo em cinza até a próxima “Entrada em Jerusalém”.
Cinza na cabeça, significa que eu tenho que ser melhor… Deus merece que sejamos melhores a cada dia, afirmou.
Falando sobre a Campanha da Fraternidade, ressaltou que ela é a Quinta Campanha Ecumênica (que acontecem a cada cinco anos).
Quando a CNBB propõe uma Campanha Ecumênica é porque defender a vida é responsabilidade de todos nós.
Fome não olha religião; preconceito, violência ultrapassam toda denominação religiosa. Sobre a terra vivem índios, negros, brancos, protestantes, católicos… A Casa é Comum, independente do Credo!
Precisamos lembrar que a Campanha Ecumênica não é para professarmos a mesma fé, não é rezarmos o mesmo Catecismo, e sim, somarmos esforços em favor da vida.
A Campanha nos convida a dialogar com outras Igrejas. Como, cristãos que somos, que professamos a fé em Jesus, podemos colaborar pelo diálogo para construção da fraternidade.
Campanha da Fraternidade 2021 – “FRATERNIDADE E DIÁLOGO: compromisso de amor”; e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2, 2-14).
Deus é amor! Deus é Vida! O foco é o diálogo, a promoção da cultura da vida da paz; portanto ela nos convida a construir pontes que unem e derrubarmos os muros que destroem vidas humanas.
Rezou a Oração do *Cardeal José Tolentino Mendonça contida no Texto-base da Campanha da Fraternidade que pode ser disponibilizado a quem desejar, e motivou sua acolhida e estudo:
“Livra-nos deste vírus e de todos os outros.
Livra-nos, Senhor, deste vírus, mas também de todos os outros que se escondem dentro dele.
Livra-nos do vírus do pânico disseminado, que em vez de construir sabedoria nos atira desamparados para o labirinto da angústia.
Livra-nos do vírus do desânimo que nos retira a fortaleza de alma com que melhor se enfrentam as horas difíceis.
Livra-nos do vírus do pessimismo, pois não nos deixa ver que, se não pudermos abrir a porta, temos ainda possiblidade de abrir janelas.
Livra-nos do vírus do isolamento interior que desagrega, pois o mundo continua a ser uma comunidade viva.
Livra-nos do vírus do individualismo que faz crescer as muralhas, mas explode em nosso redor todas as pontes.
Livra-nos do vírus da comunicação vazia em doses massivas, pois essa se sobrepõe à verdade das palavras que nos chegam do silêncio.
Livra-nos do vírus da impotência, pois uma das coisas mais urgentes a aprender é o poder da nossa vulnerabilidade.
Livra-nos, Senhor, do vírus das noites sem fim, pois não deixas de recordar que Tu Mesmo nos colocaste como sentinelas da aurora.
*José Tolentino Mendonça
Cardeal, poeta e teólogo português.
Atualmente é arquivista do Arquivo Apostólico do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica Vaticana, na Cúria Romana.
Concluiu com a bênção à todos que acompanharam a entrevista, com a promessa de voltar em outro momento.