Carta da 5ª Romaria das águas e da Terra da Bacia do Rio Doce

Tema: Bacia do Rio Doce, nossa Casa Comum

Lema: Aos pés do bom Jesus, cuidar da Mãe Terra, das Águas e da Vida

Queridos irmãos e irmãs

Nossa 5ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce está sendo celebrada neste de 15 a 19 de julho de 2020, por meio das mídias sociais.

Refletimos sobre o tema “Bacia do Rio Doce, nossa Casa Comum” e o lema “Aos pés do Bom Jesus, cuidar da Mãe Terra, das Águas e da Vida”.

Esta Romaria foi programada para ser celebrada no Santuário do Bom Jesus, em Conceição do Mato Dentro, Diocese de Guanhães – MG, mas devido a este tempo de quarentena que nos foi imposto, não por nossa própria vontade, mas pela dolorosa imposição da pandemia do coronavírus, que vem disseminando a covid-19 e ceifando milhares de vida, tivemos que realiza-la de forma não presencial, mas aguardando o tempo oportuno para realizá-la presencialmente no ano de 2021.

Contamos com a participação da comissão do Meio Ambiente da Arquidiocese de Mariana, Comissão da Romaria da Diocese de Guanhães e Caritas Regional Minas Gerais.

Dom Otacílio Ferreira de Lacerda, bispo da Diocese de Guanhães e Bispo Referencial da  Comissão Episcopal para a Ação Social Transformadora do Regional Leste 2 da CNBB, acolheu nossa Romaria e a presidência da Celebração Eucarística na Catedral de São Miguel e Almas, no dia 19 de julho, às 10horas.

Nessa 5ª Romaria celebramos também os 5 anos da Carta Encíclica do Papa Francisco Laudato Si, que é um importante documento na defesa de uma ecologia integral, do meio ambiente e no cuidado com a criação divina, na nossa Casa Comum.

Urge recordar que o meio ambiente é um bem coletivo, patrimônio de toda a humanidade e responsabilidade de todos (LS 95) e que o princípio da maximização do lucro, que tende a isolar-se de todas as outras considerações, é uma distorção conceitual da economia (LS 195).

E ainda, adverte-nos o Papa Francisco de que não podemos ser testemunhas mudas das gravíssimas desigualdades, quando se pretende obter benefícios significativos, fazendo pagar ao resto da humanidade, presente e futura, os altíssimos custos da degradação ambiental (LS 36).

Somos todos desafiados a adotar um comportamento inspirado no princípio de que formamos uma única família humana, que tudo está interligado nesta Casa Comum, e que o genuíno cuidado de nossa própria vida e de nossa relação com a natureza é inseparável da fraternidade, da justiça e da fidelidade aos outros. Portanto, não podemos aceitar o custo dos danos provocados pela negligência egoísta das atividades minerárias, pois este é muitíssimo maior do que o benefício econômico que se possa obter.

Nossa Romaria quer ser o eco de tantos gritos e a expressão solidária e esperançosa de numerosas pessoas, família, comunidades e grupos étnicos que sofrem direta ou indiretamente por causa das consequências, muitas vezes negativas das atividades mineradoras.

É também um grito profético contra a extração de tantos bens minerários em nosso solo que, paradoxalmente, não tem produzido conforto e dignidade para as populações locais que permanecem pobres e o meio ambiente degradado.

Um grito de dor em reação às violências, ameaças e corrupção; um grito de tristeza e impotência pela poluição das águas, do ar e dos solos; um grito de incompreensão pela ausência de processos inclusivos e de apoio por parte das autoridades civis, locais e nacionais, que têm o dever de promover o bem comum.

Um grito de alerta contra esse modelo depredatório e desumano que parece não ter fim e que permitem a existência de mais de 700 barragens de rejeito somente em Minas Gerais, dentre as quais, 43 em alto risco de rompimento, algumas com potencial maior do que as de Mariana e Brumadinho, causadoras de danos humanos e ambientais irreversíveis como a contaminação das águas, da fauna e da flora nas Bacias do Rio Doce e São Francisco.

Queremos ser solidários aos sofrimentos e alegrias de cada pessoa e de toda criação divina (1Cor 12, 25 e Rom 8, 14), reerguendo as mãos enfraquecidas e os joelhos calejados (Hb 12,12), e também edificar uma Igreja samaritana que é capaz de ver, sentir compaixão e cuidar da vida em todas as suas dimensões.

Sejamos fortalecidos nesta Romaria da Vida pelo testemunho de tantos profetas e profetizas, de ontem e de hoje, de perto e de longe, quais discípulos missionários que doaram suas vidas no anúncio do Evangelho da Vida, na defesa dos povos e do meio ambiente.

Que sob a proteção do Senhor Bom Jesus, sejam renovadas e revigoradas nossas esperanças e nossas lutas por uma ecologia integral.

Diocese de Guanhães – MG, 19 de julho de 2020

Dom Otacilio Ferreira Lacerda

Bispo da Diocese de Guanhães – MG

Bispo Referencial da Comissão para Ação Social Transformadora da CNBB Leste 2

Pe. Nelito Nonato Dornelas

Representante da Comissão do Meio Ambiente da Província Eclesiástica de Mariana

Assessoria de formação da Comissão para Ação Social Transformadora da CNBB Leste 2

Rodrigo Pires Vieira

Secretário Executivo da Comissão para Ação Social Transformadora da CNBB Leste 2

Postado por Dom Otacilio F. Lacerda em https://peotacilio.blogspot.com/2020/07/carta-da-5-romaria-das-aguas-e-da-terra.html

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