“Assim como o Pai Me enviou, também
Eu vos envio a vós. Recebei o Espírito Santo”
Com a Solenidade de Pentecostes, celebraremos o nascimento da Igreja e acolhida do Espírito Santo para acompanhá-la, conduzi-la e assisti-la em sua missão.
O Espírito Santo é o Dom dado por Deus a todos que creem, comunicando vida, renovação, transformação, possibilitando o nascimento do Homem Novo e a formação da Comunidade Eclesial – a Igreja.
Com sua presença a Igreja testemunha a vida e a vitória do Ressuscitado, nisto consiste a missão da comunidade: assim o realizar com a presença e ação do Espírito Santo, que é a fonte de todos os dons, que devem ser postos a serviço de todos e não para benefício pessoal, como nos asseguram as Leituras proclamadas: At 2,1-11; Sl 103; 1 Cor 12, 3-b-7.12-13; Jo 20,19-23.
Lucas, na primeira Leitura, nos apresenta a comunidade que nasce do Ressuscitado, que é assistida pelo Espírito e chamada a testemunhar a todos os povos o Projeto Libertador do Pai.
A Festa de Pentecostes que antes era uma festa agrícola (colheita da cevada e do trigo), a colheita dos primeiros frutos, ganhou novo sentido, tornou-se a festa histórica da celebração da Aliança, da acolhida do dom da Lei no Sinai e a constituição do Povo de Deus. Mas, o mais belo e verdadeiro sentido que nos leva a celebrar é a acolhida do Espírito Santo, como já mencionamos.
A primeira Leitura ainda nos permite contemplar o grande Pentecostes cinquenta dias após a Páscoa. O Espírito é apresentado em forma de língua de fogo, que consiste na linguagem do amor. Verdadeiramente a língua do Espírito é o amor que torna possível a comunhão universal.
Caberá à comunidade construir a anti-Babel, a humanidade nova, que pauta a existência pela ação do Espírito que reside no coração de todos como lei suprema, como fonte de amor e de liberdade.
Reflitamos:
– Somos uma comunidade do Ressuscitado?
– Nossa comunidade é marcada por relações de amor e partilha?
– Empenhamo-nos em aprender a língua do Espírito, a linguagem do Amor?
– Qual é o espaço do Espírito Santo em nossas comunidades?
– Temos sido renovados pelo Espírito, orientando e animando nossa vida por Sua ação e manifestação?
– Somos uma comunidade que vive a unidade na diversidade, com liberdade e respeito?
Na segunda Leitura da Carta de Paulo aos Coríntios, o Apóstolo nos fala de uma uma comunidade viva, fervorosa, mas com partidos, divisões e rivalidades entre os seus membros, e até mesmo certa hierarquia de categoria de cristãos.
Também aponta à importância da diversidade dos carismas. Porém, um só é o Senhor, um só é o Espírito do qual todos os dons procedem.
Insiste na unidade da comunidade como um corpo, onde todos têm sua importância, sua participação, cientes de que é a ação do Espírito que dá vida ao corpo de Cristo, fomenta a coesão, dinamiza a fraternidade e é fonte da verdadeira unidade.
Afasta-se com isto toda possibilidade de prepotência e autoritarismo dentro da Igreja.
“O dom do Espírito habilita o crente batizado a colocar as suas qualidades e aptidões ao serviço do crescimento e da vitalidade da Igreja.
Ninguém é inútil e estéril na Igreja quando se deixa guiar pelo Espírito de Deus que atua para o bem de todos.
O único obstáculo à ação vivificadora do Espírito é a tendência a considerar os seus dons como um direito de propriedade e não um compromisso ao serviço e à partilha recíproca” (1)
Reflitamos:
– Verdadeiramente, o Espírito Santo é o grande Protagonista da ação evangelizadora da Igreja?
– Colocamos com alegria os dons que possuímos a serviço do bem da comunidade e não a serviço próprio?
O Evangelista João nos apresenta a manifestação do Ressuscitado e a Sua presença que enriquece a Igreja reunida com o dom da paz, da alegria e do Espírito Santo para gerar relações de perdão que cria a humanidade nova.
Mais uma vez voltamos à mensagem fundamental: a comunidade deve romper os medos, as incertezas, as inseguranças, pois o Ressuscitado entra, mesmo que as portas estejam fechadas. Nada pode impedir Sua ação, coloca-se no centro, pois somente Ele deve ser o centro de nossa vida e de nossa comunidade.
E ainda mais: não adoramos um Deus em que as Chagas Dolorosas tiveram a última palavra, mas adoramos ao Deus das Chagas Vitoriosas do Ressuscitado. A vida venceu a morte, e n’Ele e com Ele somos mais que vencedores.
Ó maravilha indescritível saber que podemos contar com a ação e o sopro do Espírito Santo!
Ó maravilha incontida saber que podemos contar com a força e a defesa do Espírito Santo em nossa missão evangelizadora!
Ó maravilha inesgotável do sopro rejuvenescedor do Espírito Santo; que não permite o envelhecimento e a perda da vitalidade da Igreja por Cristo fundada, e por amor continuamente na Eucaristia alimentada!
Ó maravilha imerecida de continuar a missão do Ressuscitado com a força do Espírito; de sermos Suas autênticas testemunhas.
Ó maravilha poder participar dos Mistérios sagrados da Igreja, que aos poucos se nos revelam como maravilhoso Mistério incandescente; Mistério da presença da Chama viva de Amor revelada pelo Espírito Santo de Deus: não vimos Jesus Ressuscitado, não O tocamos, mas n’Ele cremos, Sua Palavra anunciamos, em Sua Vida e presença em nosso meio acreditamos, a força e a vida nova do Espírito continuamente experimentamos.
Ó maravilha a Solenidade de Pentecostes que celebramos!
Ó alegria transbordante que vemos jorrar em nossos corações!
Alegremo-nos e exultemos no Senhor Ressuscitado que nos comunica o Seu Espírito para maior fidelidade ao Projeto de vida e de Amor do Pai.
(1) Lecionário comentado – Tempo da Páscoa – pág. 660.
Dom Otacilio F. Lacerda