Os amigos do Senhor não morrem sempre ( 5º Domingo do 5º Domingo da Quaresma (Ano A)

A Liturgia do 5º Domingo da Quaresma (ano A) nos convida a refletir sobre a ressurreição de Lázaro, contemplando a ação e o poder de Jesus Cristo sobre tudo, inclusive sobre a própria morte.

Somente Deus pode nos dar uma vida que ultrapasse a vida biológica: a vida eterna, que vence a morte pela Ressurreição de Jesus Cristo.

Com este sinal, renovamos e professamos nossa fé em Cristo, que é Ressurreição para a nossa vida: “Eu sou a Ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá” (Jo 11,25).

A primeira Leitura é uma passagem do Livro do Profeta Ezequiel. Em um contexto de dor, sofrimento, lágrimas, luto, Ezequiel, o Profeta da esperança, enfrenta o exílio, a deportação, a desolação, com o desafio de plantar a esperança no coração de quem em nada mais cria, nada mais esperava (Ez 37,12-14).

Os “ossos ressequidos”, que voltarão a ter vida, mencionados ao longo capítulo, sinalizam que ainda há esperança:

“Ó meu povo, vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel” (Ez 37, 12). E ainda: “Porei em vós o meu espírito, para que vivais e vos colocarei em vossa terra. Então sabereis que Eu, o Senhor, digo e faço – oráculo do Senhor” (Ez 37, 14).

Reflitamos:

– De que modo sou um sinal de esperança, assim como foi o Profeta Ezequiel?

– Quais são as realidades de morte que clamam pela ação profética, como Igreja que somos?

Com a segunda Leitura (Rm 8,8-11), o Apóstolo Paulo reacende, também em nós, a esperança e vida eterna, pois o Espírito de Deus tudo vivifica:

“Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo Seu Espírito que habita em vós.” (Rm 8,11). De fato, Deus tem um Projeto de salvação e vida plena para todos.

Deste modo, o batizado deve ser coerente em suas atitudes, para realizar as obras de Deus e viver segundo o Espírito, plenamente aberto aos desígnios divinos, na obediência e adesão a Jesus Cristo; na acolhida da graça; na acolhida do Espírito Santo, que comunica vida nova plena e definitiva. Todo o batizado é alguém que escolheu identificar-se com Cristo.

A mensagem é um convite a viver segundo o Espírito, numa vida pautada pelos valores da caridade, da alegria, da paz, da fidelidade e da temperança. É preciso abandonar as obras da carne (autossuficiência, ciúmes, ódio, ambição, inveja, libertinagem), como vemos também na Carta aos Gálatas.

Reflitamos:

– Vivemos segundo as obras da carne ou do Espírito?

– Abrimo-nos à ação do Espírito que nos renova e vivifica?

Na passagem do Evangelho (Jo 11,1-45), com a ressurreição de Lázaro, amigo do Senhor, vemos que Jesus tem poder sobre a vida e a morte, e a ressurreição do amigo é o grande sinal deste poder.

A compaixão de Jesus para com Lázaro, ressuscitando-o, revela-nos, também, que ser amigo de Jesus, é aderir à Sua proposta, numa vida de entrega e obediência ao Pai, como Ele assim o fez:

Ser amigo de Jesus é saber que Ele é Ressurreição e a vida e que dá aos Seus a vida plena, em todos os momentos. Ele não evita a morte física; mas a morte física é, para os que aderiram a Jesus; apenas a passagem (imediata) para a vida verdadeira e definitiva. Par aos ‘amigos’ de Jesus – para aqueles que acolhem a sua proposta e fazem da sua vida uma entrega a Deus e um dom aos irmãos – não há morte… Podemos chorar a saudade pela partida de um irmão, mas temos de saber que, ao deixar este mundo, ele encontrou a vida plena, na glória de Deus” (1).

Há uma questão fundamental que se sobressai neste Domingo: “não há morte para os ‘amigos’ de Jesus – isto é, para aqueles que acolhem a sua proposta e que aceitam fazer da sua vida uma entrega ao Pai e um dom aos irmãos. Os ‘amigos’ de Jesus experimentam a morte física; mas essa morte não é destruição e aniquilação: é, apenas, a passagem para a vida definitiva. Mesmo que estejam privados da vida biológica, não estão mortos: encontram a vida plena junta de Deus.” (2)

Além da morte de alguém muito querido e da própria morte, como expressão máxima de dor, muitas vezes, em nossa existência, passamos por situações de desespero em que tudo parece ruir, a vida parece perder todo o seu sentido.

Pode ser o enfraquecimento de laços familiares; a indesejável e sofrível traição de um amigo ou de alguém que tenhamos em alta estima; a perda de um emprego; a solidão devoradora, que se prolonga com as horas; a falta de perspectivas e objetivos; o vazio da alma; o desencanto com o outro; e outras inúmeras situações com “matizes sepulcrais”.

Quando parece não haver mais esperança, Deus lança a mais preciosa semente da vida e tudo então se renova, floresce, frutifica.

Em Deus e com Deus, há esperança de que as coisas novas virão: a morte cederá lugar à vida, a violência à paz, a dor ao prazer, o luto à Ressurreição, o sacrifício, acompanhado de eternos louvores, à eternidade!

É preciso sair do sepulcro e avançar, dando um decidido passo ao encontro da Vida Plena, que somente Jesus pode nos oferecer.

É n’Ele que esta promessa se cumpre, é n’Ele que somos arrancados das sepulturas da vida e da sepultura da morte; é no Seu Espírito Santo, derramado sobre nós, que o Pai nos vivifica. Jesus nos devolve o sentido derradeiro de nossa existência.

Não podemos sucumbir, curvar-nos diante da morte e, muito menos, nos fecharmos num sepulcro, sem futuro e sem esperança.

Bem sabemos que vivemos num mundo que procura desesperadamente a vida, a felicidade…

Urge neste tempo favorável de conversão e salvação, renovar nossos compromissos com a construção do Reino, amando e servindo a Jesus, Senhor da vida e da morte, a fim de que Ele reine em nosso coração e em todo o Universo.

Da mesma forma, que sementes de justiça e paz sejam lançadas, para que todos tenham vida, e a tenham em abundância.

Numa época como a nossa, em que se tem sede de um sentido para a existência, Jesus Se nos apresenta como a própria Vida, como a Ressurreição, como Aquele que tem coração, rosto, voz e Amor sem fim!

Entreguemo-nos ao Espírito que habita em nós, para nos comprometermos com a plenitude de vida, que somente Deus pode nos alcançar.

Reflitamos:

– Como é a nossa amizade com o Senhor?

– Quais são os sinais de morte que clamam por vida, e nos desafiam aos compromissos concretos de solidariedade em sua transformação?

– Cremos em Jesus, Ressurreição e Vida, n’Ele vivendo e crendo, com a esperança da promessa da vida eterna?

A vida tem sentido quando não perdemos a esperança, cultivamos a fé, com gestos multiplicados de caridade, e cada passo deve ser dado com plena confiança em Deus, que jamais nos abandona e jamais nos decepciona.

Nem a vida nem a morte podem nos separar de Deus e dos Seus planos para nós, como tão bem expressou o Apóstolo Paulo:

“Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada?” (Rm 8, 35)

(1) Citação extraída do site: http://www.dehonianos.org/portal/default.asp

(2) Idem

Postado por Dom Otacilio F. Lacerda

https://peotacilio.blogspot.com/2020/03/os-amigos-do-senhor-nao-morrem-para.html?m=0


                                                                           “Vem para fora!”

Ontem, o túmulo de Lázaro, a presença de Marta, Maria, e outros, no Evangelho mencionado (Jo 11,1-45).

Hoje, percorro a cidade, meditando na Palavra do Senhor, diante dos túmulos edificados por mãos humanas, onde por vezes, também posso me encontrar como Lázaro, morto há quatro dias e já cheirando mal, por ataduras e sudário envolvido.

Sua Palavra encontrando, ainda que pequena fresta nas entranhas de minha alma, traz a certeza da libertação tão desejada, porque somente o Senhor tem Palavra de vida eterna, e pode nos fazer as necessárias passagens e, a maior delas, da morte para a vida.

“Lázaro, vem para fora!” Lázaro sou eu e quantos anseiam encontrar a luz do Senhor, que ilumina nossas noites escuras, tornando-as claras como a luz do dia.

Lázaro somos nós, e quantos desejam que a pedra do túmulo seja removida, para novos ares, novas possibilidades.

E assim, continua o Senhor dirigindo-nos Sua Palavra de vida eterna e irrevogável:

“Lázaro, vem para fora!”, diz a cada um de nós:

Vem para fora dos teus pecados capitais!

Vem para fora de tua soberba!

Vem para fora de tua avareza!

Vem para fora de tua luxúria!

Vem para fora de tua ira!

Vem para fora de tua gula!

Vem para fora de tua inveja!

Vem para fora de tua preguiça!

Vem para fora de teu egoísmo!

Vem para fora de teu desespero!

Vem para fora de tua indiferença!

Vem para fora da tua falta de esperança!

Vem para fora da tua ausência de solidariedade!

Vem para fora do exílio da compaixão em teu coração!

Vem para fora da cumplicidade com o mal!

Vem para fora da conivência com atitudes que tornam a vida um pesadelo!

Vem para fora de tuas dependências, que te roubam a sobriedade e a paz!

Vem para fora da injustiça, cometida ou compactuada, pequenas ou grandes!

Vem para fora do teu eu sepulcral e adentre o meu coração dilatado pela lança na Cruz, para que nele coubesses e reencontrasses o amor, o perdão, a ternura e quanto mais precisasses para ser feliz.

Vem para fora do teu eu de miséria, adentre o meu coração de misericórdia, tome meu leve fardo e meu suave jugo, porque sou manso e humilde de coração.

Toma tua cruz e, com a renúncia necessária, liberta-te de todas as amarras, que te impeçam de ser livre e feliz, pois, na Cruz morrendo, foi para a liberdade que Eu te libertei.

Retira o sudário, que oculta a minha face, para que resplandeça no mundo a face misericordiosa do Pai; meu rosto vivo, glorioso e Ressuscitado; contemplado em cada pessoa, que deves amar e servir, na mais bela expressão do autêntico amor, com meu Espírito.

Postado por Dom Otacilio F. Lacerda em

https://peotacilio.blogspot.com/2020/03/vem-para-fora.html?m=0


                                                                       E Jesus chorou”

Ao ver Marta, e os que com ela estavam, chorando a morte de Lázaro, Jesus estremeceu interiormente e ficou profundamente comovido (Jo 11, 34).

E Jesus chorou” (Jo 11,35) a morte do amigo Lázaro, e alguns disseram – “Vede como Ele o amava”. Quão profunda e intensa dor estampou em Seu rosto!

Mas também ouviu: “Este, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito com que Lázaro não morresse?” (Jo 11, 37).

Jesus ficou mais uma vez interiormente comovido (Jo 11, 38) diante da caverna fechada por uma pedra, onde jazia o corpo do amigo.

Este momento nos revela que Jesus, em Sua humanidade, viveu plenamente na história e nos afetos da comunidade, e cremos que assim como participou da atroz e autêntica condição humana, também Ele Ressuscitou, e todo aquele que n’Ele crer e viver, não morrerá para sempre (Jo 11,26).

Vivendo este Tempo Quaresmal, tempo de intensa e profunda oração, contemplemos e, como que, ouçamos o choro de Jesus diante de tantos “Lázaros” em seus túmulos.

Mas Jesus tem a Palavra: “Lázaro, vem para fora” (Jo 11,43).

Contemplemos a comoção interior do Senhor e seu choro:

A perturbação momentânea por Ele sentida…

Seu choro é expressão de humanidade com dor cortante;

Indignação diante do mal que parece reinar sobre nossa humana condição.

Seu choro não é de desespero, mas de participação na dor humana,

Pois tudo que nos diz respeito e nos fere, não é indiferente a Ele,

Que é verdadeiramente homem, verdadeiramente Deus.

Jesus chorou, porque amou verdadeiramente a todos.

Chorou, porque é próprio da condição humana comover-se e chorar.

Ele experimentou o sofrimento interior, o doloroso aperto do coração,

O vazio angustiante da mente, quando invadida pela morte de quem se ama.

A lágrima que corre na face do Senhor, e intensa é a

Sua dor, comoção e compaixão diante da morte do amigo.

Mesma morte bem perto de nós ou mesmo dentro de nós,

Que nos ameaça em suas múltiplas expressões:

Divisões profundas, marginalizações de tantos nomes,

Desesperos por motivos diferenciados,

Corrupção e pulverização de direitos adquiridos.

A violência contra a existência humana, em sua dignidade e sacralidade,

Bem como a violência contra a casa comum em que habitamos: a terra.

Mas como, diante da morte de Lázaro, Jesus pôde remover a pedra do túmulo,

Desatar-lhe as ligaduras, devolver-lhe a vida, também cremos em Sua Eterna Palavra,

Que tem poder e nos cumula de esperança,

A miséria de nossa condição mortal, pela Sua infinita misericórdia,

Será redimida por Sua Morte e Ressurreição,

E seremos revitalizados pelo Seu Espírito, que nos revivifica e nos renova.

O choro de Jesus é um não à cultura da morte e do ódio que nos cerca,

Que vidas de inocentes e empobrecidos vorazmente devora,

Para que, decididamente, participemos da cultura da vida e do amor,

Onde cada entardecer, será como que sementes plantadas,

Para um novo tempo, um novo e desejado amanhecer.

Postado por Dom Otacilio F. Lacerda

https://peotacilio.blogspot.com/2020/03/e-jesus-chorou.html?m=0

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                                       Cristo, Ressurreição para nossa vida…

A Liturgia do 5º Domingo do Tempo Quaresmal (ano A) é um canto, uma poesia, um hino em favor da vida! A morte não pode ter a última palavra.

A Ressurreição é Jesus em pessoa: “Eu sou a Ressurreição e a Vida! Quem crê em mim, mesmo que esteja morto, viverá!” É ele quem vem nos buscar, é na força d’Ele que seremos erguidos da morte, é n’Ele que nossa vida é salva do absurdo, do nada, do vazio: “quem vive e crê em mim, não morrerá para sempre!”, como Ele próprio diz no Evangelho.

Não podemos desistir dos empenhos múltiplos em favor da vida. É precioso aos nossos ouvidos e coração o que disse Santo Agostinho sobre o choro de Jesus quando da morte de seu amigo Lázaro: “Cristo chorou: chore também o homem sobre si mesmo. Por que chorou Cristo senão para ensinar o homem a chorar?”

Esta semana choramos, e haveremos de chorar ainda, não somente pelos nossos pecados, para que voltemos à vida da graça pela conversão e pelo arrependimento. Não podemos e nem temos o direito de desprezar as lágrimas do Senhor que chora por nós, pecadores.

Acolhamos as calorosas e carinhosas palavras de São Josemaria Escrivá: “Jesus é teu amigo. – Amigo – Com coração de carne, como o teu. – Com olhos de olhar amabilíssimo, que choraram por Lázaro… E tanto como a Lázaro, quer-te a ti”.

Como Discípulos Missionários do Ressuscitado, crentes que somos, ardorosos e alegres arautos da esperança, porque pessoas de fé que se concretiza na caridade vivenciada de diversas formas e em todos os lugares, ajudemos os muitos Lázaros que estão no sepulcro esperando por quem grite: “Lázaro, vem para fora!”.

Um filho de Deus, um cristão que não deseje evangelizar, “já cheira mal, pois há quatro dias que ele está aí…” (Jo 11,39), está na tumba em estado cadavérico. Não sejamos “coveiros” entristecidos, mas alegres Arautos da Ressurreição!

Acolhamos com coragem estes questionamentos:

“Concretamente, nesses últimos dias: a quantas pessoas vamos fazer a proposta de que tenham uma vida cristã comprometida? A quantos dos nossos amigos convidaremos a fazer uma boa confissão?

A quantos companheiros de profissão insistiremos para que participem conosco de algum meio de formação cristã? Por quantos familiares estamos fazendo penitência para que durante essas celebrações quaresmais e de Semana Santa tenham um encontro com Deus?

Eu quero números. Não podemos conformar-nos com aquele ditado que reza assim: “o importante é a qualidade, não a quantidade”. Eu protesto!

A quantidade também é importante! A Igreja Católica não é uma espécie de oligarquia, de gente selecionada porque seria o melhor da society, de gente chique e inteligente que forma um gueto de iluminados. Não! Na Casa de Deus cabem todos.” (Pe. Françoá).

Assim também nos enriquece o Missal Dominical:

“Enxertados em Cristo pelo Batismo, vencemos nossa morte na Sua morte; ressuscitamos no Cristo Ressuscitado. É a vitória de cada homem batizado sobre a morte.

É a vitória de toda a história sobre a morte, história que na perspectiva cristã, não caminha para o caos final, mas para a ressurreição final. É a vitória da criatura sobre a morte; ela escapa à condenação na perspectiva dos céus novos e terra nova.

Essa perspectiva dá à vida tranquilidade, serenidade interior, paz profunda, confiança e esperança. Em Cristo não há uma parcela de vida, por menor que seja, que não se destine à Ressurreição”.

Também retomemos parte do Prefácio da Missa do 5º Domingo, da Ressurreição de Lázaro que não somente resume o sentido do fato, mas irradia luzes para nossa existência, em que o sepulcro não tem a última palavra, mas a glória eterna, o céu:

“Verdadeiro homem, Jesus chorou o amigo Lázaro; Deus e Senhor da Vida, o tirou do túmulo; hoje estende a toda a humanidade a Sua misericórdia e com os Seus Sacramentos nos faz passar da morte à Vida”

O choro de Jesus acompanhado de Sua compaixão, ação misericordiosa, e Sua promessa de imortalidade para quem n’Ele crê são âncoras que nos dão segurança nesta, por vezes, triste, perigosa, misteriosa, dolorida travessia até a outra margem – a eternidade. Amém!

PS: Fontes de pesquisa: Missal Dominical, Mensagem do Papa para a Quaresma de 2011, site: www.presbiteros.com.br.

Postado por Dom Otacilio F. Lacerda em

https://peotacilio.blogspot.com/2020/03/cristo-ressurreicao-para-nossa-vida.html?m=0

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                                                       “Lázaro, vem para fora!”

No 5º Domingo da Quaresma (ano A), refletimos sobre a ressurreição de Lázaro.

Como Igreja,  somos convidados a renovar sagrados compromissos com a vida, transformando as realidades de morte, que fazem parte de nossa história em todos os seus âmbitos.

Oportuno retomar a Mensagem Quaresmal 2010, escrita pelo então Papa Bento, em que ele retrata, com breves e densas palavras, o que neste Domingo:

“Quando, no quinto domingo, nos é proclamada a ressurreição de Lázaro, somos postos diante do último mistério da nossa existência: “’u sou a ressurreição e a vida… Crês tu isto?’ (Jo 11, 25-26).

Para a comunidade cristã é o momento de depor com sinceridade, juntamente com Marta, toda a esperança em Jesus de Nazaré:  ‘Sim, Senhor, creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo’ (v. 27).

A comunhão com Cristo nesta vida prepara-nos para superar o limite da morte, para viver sem fim n’Ele.

A fé na ressurreição dos mortos a esperança da vida eterna abrem o nosso olhar para o sentido derradeiro da nossa existência”.

O Missal Dominical também nos enriquece na reflexão e aprofundamento sobre a graça que recebemos através do nosso Batismo, de sagrados compromissos com a promoção de vida:

“Com este domingo conclui-se um ciclo batismal denso de ensinamentos: Cristo, água para nossa sede – Cristo, luz para nossas trevas – Cristo, ressurreição para nossa vida.

Hoje, a ciência e a pesquisa do homem estão totalmente voltadas para a defesa da vida, revigoramento da vida: os progressos da medicina e da cirurgia, as técnicas de transplante e dos corações artificiais, as curas pelo rejuvenescimento dos tecidos, o prolongamento da vida humana em escala cada vez mais elevada, a diminuição da mortalidade infantil.

No entanto, é exatamente nesta sociedade que surgem fermentos de morte e dissolução; permanecemos indiferentes perante o morticínio de tantas populações; queremos o aborto livre, o direito à eutanásia; o direito ao suicídio; transformamos as festas em tragédias. Como entender esses contrassensos? A morte, a grande e irresistível inimiga do homem, só é vencida por Cristo. E o cristianismo não é um mistério de tristeza e morte, mas de vida, alegria, certeza, esperança.

Enxertados em Cristo pelo Batismo, vencemos nossa morte na Sua morte; ressuscitamos no Cristo Ressuscitado. É a vitória de cada homem batizado sobre a morte.

É a vitória de toda a história sobre a morte, história que, na perspectiva cristã, não caminha para o caos final, mas para a Ressurreição final.

É a vitória da criatura sobre a morte; ela escapa à condenação na perspectiva dos céus novos e terra nova. Essa perspec­tiva dá à vida tranquilidade, serenidade interior, paz profunda, confian­ça e esperança.

Em Cristo não há uma parcela de vida, por menor que seja que não se destine à Ressurreição.”(1)

As citações acima nos levam à contemplação do Mistério da Paixão e Morte do Senhor, que alcança o momento ápice com a Sua Ressurreição, e nesta a Ressurreição e vida para aquele que n’Ele viver e crer.

A ressurreição de Lázaro renova uma esperança em nosso coração: com Deus, a morte nunca tem a derradeira palavra e para Deus nada é impossível. Assim professamos ao rezar a nossa fé:

Creio em Deus Pai…

(1) Missal Dominical – p.177

Postado por Dom Otacilio F. Lacerda

https://peotacilio.blogspot.com/2020/03/lazaro-vem-para-fora.html?m=0

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                                  Páscoa: Romper as amarras e colocar-se a caminho!

Vivemos momentos desafiadores, e torna-se imperativo nossa maior e melhor devoção que agrada a Deus: o serviço e compromisso com os pobres, com os “Lázaros que já cheiram mal, pois estão enterrados há quatro dias” (Jo 11,39).

A Palavra de Jesus é nossa força, resistência e luta de nossas comunidades é a certeza de nossa Páscoa! Ontem, hoje e sempre Ele nos ordena: “Lázaro vem para fora… desatai-o, deixai-o caminhar!” (Jo 11, 43-44).

Grande é a sepultura do mundo que desafia nossa fé, esperança e amor. A cada Páscoa que celebramos nossas comunidades querem sair da situação triste que estão enfrentando.

Celebrar a Páscoa é sair de nossas sepulturas; desatar nossas amarras, para que possamos caminhar como povo livre, terno, fraterno, sem tráfico de pessoas, de órgãos humanos, com a preservação e defesa da beleza e da dignidade da vida que não é mercadoria, fonte de lucro, como nos lembra a Campanha da Fraternidade deste ano, que nos interpela em nosso compromisso com o Cristo Ressuscitado.

Mais do que nunca, nossa Igreja e toda sociedade estão desafiadas a buscar caminhos novos. Que a profecia de Ezequiel se cumpra em nosso meio. ”Porei em vós o meu Espírito para que vivais e vos colocarei em vossa terra, onde sabereis que eu, o Senhor, digo e faço – Oráculo do Senhor” (Ez 37,14).

Renovando a fé na força e vida nova que a Ressurreição de Jesus traz para todos nós, teremos certeza de que não estamos órfãos, como nos disse Santo Agostinho:

Jesus ora por nós como nosso sacerdote, em nós como nossa cabeça e recebe nossas orações porque é Deus”.

Quem souber fazer mais terna esta vida, entenderá o que Jesus disse:

Eu sou a Ressurreição e a Vida… Quem viver e crer em mim não morrerá, mas viverá para sempre” (Jo 11, 26).

Creio na vida que brota de uma fé Pascal, passando da morte para a vida. Quando a Páscoa celebrarmos na noite da Vigília Pascal, exultaremos de alegria e diremos: “A vida venceu a morte. Aleluia!”

Por ora, é preciso continuar nosso Itinerário Quaresmal até que chegue o dia em que possamos desejar mutuamente: Feliz Páscoa!

Postado por Dom Otacilio F. Lacerda

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No vale escuro da vida, a Luz do Senhor Reluzir
Senhor, vivendo intensamente este Tempo Quaresmal,

Tempo favorável de conversão e reconciliação,

Abro meu coração, com plena disposição,

Para acolher Tua Palavra de Vida Eterna.

Mais que acolher, renovo meu compromisso de fé,

Na fidelidade ao Pai de Amor, como Tu nos ensinaste,

Com a força do Teu Espírito que nos assiste,

Presença que sentimos em todos os momentos.

Viver Tua Palavra em comunhão com os irmãos,

E a vida pautar pelos valores do Teu Evangelho,

E, Tão somente assim, viver uma união mais íntima e profunda,

No mergulho do Amor Trinitário em que vives.

Configurado a Ti, completando em minha carne

O que falta à Tua Paixão, por amor à Tua Igreja,

Da qual Tu és a Cabeça, e nós, o Corpo

Edificado com pedras vivas e escolhidas

Afastai qualquer possibilidade de Ti renegar,

Através dos pensamentos, palavras, ações ou omissões.

E orientado por Ti, jamais tenha um coração vacilante,

Porque por Ti carregado no Coração manso e humilde.

Também inebriado pelo Sangue por nós oferecido

No Cálice Sagrado do Banquete da Eucaristia,

Renove em mim a graça de Te amar, seguir,

E a Tua luz divina, no vale escuro da vida, reluzir.

Fonte inspiradora: Jo 11, 31-42

Postado por Dom Otacilio F. Lacerda

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