“Irmãos, cuidai cada vez mais de confirmar a vossa vocação e eleição. Procedendo assim, jamais tropeçareis. Desta maneira vos será largamente proporcionado o acesso ao reino eterno de Nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo” (2Pd 1,10-11)
O Ministério Presbiteral, vivido em sua beleza e graça, é uma das expressões mais desejáveis da misericórdia divina, como podemos refletir à luz destas passagens bíblicas: Lv 13,1-2.44-46 e Mc 1,40-45.
Estas retratam a dramática situação de quem era acometido pela lepra, doença até então conhecida para caracterizar todo tipo de sofrimento relativo à pele, que deforma a aparência da pessoa. Era o que havia de mais grave sobre “impureza”.
Contemplamos o Amor de Deus que a todos acolhe sem excluir ninguém do Seu convívio, da Sua bondade. Deus não exclui, ao contrário integra a todos na comunhão mais que querida. Esta foi a ação de Deus no Antigo e no Novo Testamento, através da prática do Amor Encarnado, Jesus Cristo.
Jesus acolhe com Amor: toca, cura, liberta, renova, restaura, reintegra aquele homem acometido de terrível mal que o condenava como pecador, marginalizado, amaldiçoado, excluído, indigno, fora da Bênção de Deus, numa palavra, um pecador maldito.
A prática de Jesus, diferente da lógica humana, confirma a lógica de Deus que não marginaliza ninguém. Ele contrapõe àquilo que, em nome de Deus, cria mecanismos de rejeição, exclusão e marginalização. E esta é a manifestação da compaixão de um Deus cheio de Amor.
O gesto de Jesus revela Amor e solidariedade. Com a cura do leproso, e outros sinais, temos a certeza de que o tempo se completou, o Reino de Deus se faz presente no meio dos homens, sem racismos, exclusões.
A cura do leproso é a chegada de um novo tempo inaugurado por Jesus, que toma para Si as dores e sofrimentos de toda a humanidade.
Note-se que o leproso curado ao ser enviado ao templo para confirmar a sua cura, imediatamente se põe a anunciar as maravilhas alcançadas:
O Presbítero é por excelência o homem que experimentou o amor de Deus, ao ser escolhido, chamado e enviado para comunicar este amor, de múltiplas formas, através do Ministério pela Igreja confiado e agraciado.
O Padre é chamado, acolhido, escolhido, amado, curado, tocado, formado, ordenado, consagrado, enviado para comunicar este amor de Deus, sobretudo pela graça dos Sacramentos.
Portanto, por ter sido acolhido, deve acolher a cada irmão e irmã, sem nenhuma discriminação ou preferência.
Tendo sido escolhido, ajudar os membros do Povo de Deus a perceber o quanto também Deus os escolheu para produzir frutos saborosos nesta Vinha que é a própria Igreja, com podas necessárias, como bem nos fala o Evangelho de São João (Jo 15).
Por Deus amado, é o Ministro do Amor por excelência: se não comunicar e não testemunhar o amor está condenado a viver um Ministério sem vida, alegria, sabor, graça, luz e sentido.
Curado pelo Salutar Sacramento da Eucaristia, em cada Ceia Eucarística que Preside, é o Ministro da cura de tantos males que roubam a alegria e a vida do rebanho a ele confiado, restaurando todas as pessoas numa vida nova do Espírito Santo.
Assim como foi tocado um dia por um amor em forma de chama, deve a todos tocar, com palavras e gestos, a vida de cada membro da comunidade vivendo a caridade que é o pleno cumprimento da Lei, Portanto não poderá ser o gélido toque de quem não crê; nada espera e não ama de verdade, sem nenhum outro interesse.
Tendo sido formado pelos estudos necessários, deve formar os que lhe forem confiados para viverem uma vida marca pela ternura, dignidade, perdão, paz, fraternidade, comunhão.
O Sacramento da Ordem recebido não pode levá-lo a nenhuma tentação de prestígio, poder, sucesso, riqueza. Lembrará sempre que foi Ordenado para arrebanhar, conduzir, santificar, ensinar, governar. Conduzir o rebanho para verdes pastagens, como homem do Banquete Eucarístico e da Palavra que fortalece, orienta e ilumina.
Consagrado e enviado tem uma missão especial: enviado para comunicar a semente do verbo, espalhar Boa Nova do Evangelho em tantos corações; para ensinar e ajudar a humanidade a viver tudo o que Jesus nos ensinou (Mc 16, 19)
Deste modo, o Padre é para a comunidade um alegre testemunho de quem foi também por Deus amado e curado.
Que a comunidade vendo assim o presbítero, também se sinta amada e encorajada a fazer o mesmo caminho, celebrando devotamente a Eucaristia, crescendo cada vez mais a solidariedade para com o povo, em suas dores e sofrimentos.
Assim fez Jesus para com o leproso, assim haverá de fazer todo discípulo Seu, e de modo especial aquele a quem Ele chamou para ser Presbítero de Sua Igreja.
O Presbítero é alguém que se sente amado para amar muito mais do que para ser amado, ou seja, antes de querer ser amado tem que amar na mais bela e fecunda expressão do Mandamento que nosso Senhor nos deixou: amar a Deus e ao próximo como Ele nos amou.
http://peotacilio.blogspot.com/2020/02/a-graca-de-ser-padre.html?m=1