A riqueza espiritual da Semana Santa dentro das celebrações litúrgicas da Igreja, neste Ano Mariano, tem seu centro em Cristo. Cada ano se busca um novo vigor para revitalizar a vida dos cristãos para que permaneçam e caminhem no seguimento de Jesus (DA, cap 6). Todos vivem uma espiritualidade adentrando nos Evangelhos, vivendo as verdades da fé e o grande caminho para chegar ao Domingo de Páscoa. Cada um do seu jeito esforça-se para viver com gestos, palavras, oportunidades o que a humanidade jamais viu, os mistérios da Paixão Morte e Ressurreição de Jesus (Jo 18; 19; 20 e 21). Por isso, tenho pensado nas palavras de Jesus quando disse aos discípulos: “Desejei ardentemente celebrar esta Páscoa convosco” (Lc 22, 15). O Papa Emérito Bento XVI, comentando estas palavras nos diz: “Jesus inaugurou a celebração do seu último banquete e da instituição da sagrada Eucaristia. Jesus foi ao encontro daquela hora, desejando-a. No seu íntimo, esperou aquele momento em que haveria de dar-Se aos seus sob as espécies do pão e do vinho. Esperou aquele momento que deveria ser, de algum modo, as verdadeiras núpcias messiânicas: a transformação dos dons desta terra e o fazer-Se um só com os seus, para os transformar e inaugurar assim a transformação do mundo. A partir de Lucas e sobretudo de João, sabemos que Jesus, na sua oração durante a Última Ceia, dirigiu também súplicas ao Pai – súplicas que, ao mesmo tempo, contêm apelos aos seus discípulos de então e de todos os tempos”.
O Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium diz: “A alegria do Evangelho, que enche a vida da comunidade dos discípulos, é missionária (n.º21). Por isso, na Páscoa, o grande Aleluia, que vivemos, precisa ser alimentado na fé e atuar no amor (Gl 5, 6). A palavra Aleluia na sua etimologia quer nos anunciar o grande cântico de alegria e louvor, freqüente nos salmos, adotado pela Igreja na liturgia, no tempo da Páscoa. É a grande expressão do sentimento de felicidade, culminando com a vitória de Jesus, sua Ressurreição (Lc 24, 1ss; Jo 20 1ss). Assim, caminhamos para o grande dia, o primeiro da semana, onde vemos o alvorecer deste cântico de louvor (Jo 20, 1). Como Batizados remamos com nossos barcos lançando as redes mar adentro, desejando comunicar o amor do Pai que está no céu e a alegria de sermos cristãos, para que proclamemos com audácia Jesus Cristo a serviço de uma vida em plenitude para nossos povos, mormente, os que nos foram confiados. Com as palavras dos discípulos de Emaús e com a oração do Papa Emérito Bento XVI em seu discurso inaugural do Documento de Aparecida digamos sempre com uma prece dirigida a Jesus Cristo: “Fica conosco porque é tarde e o dia declina” (Lc 24,29). A Páscoa a Eucaristia e a Ressurreição do Senhor oferecem a nós estas palavras todos os dias. Quem vive a Páscoa, ama a Eucaristia e anuncia Jesus Ressuscitado. Assim, teremos luz, voz, perfume, alimento. Jesus deu-nos esta oportunidade de estar conosco. Nas operantes palavras do São João Paulo II chegamos ao coração dessas palavras: “Embora possa parecer escuro o horizonte da humanidade, celebramos o triunfo esplendoroso da alegria pascal. Se um vento contrário dificulta o caminho dos povos, se o mar da história se torna borrascoso, ninguém deve ceder ao pavor nem ao desânimo. Que vençam os pensamentos de paz!”. Nunca desanimemos. Jamais olhe para baixo e para trás.
A Páscoa a Eucaristia e a Ressurreição do Senhor contêm todos os elementos seguros e autênticos para olharmos para frente, mesmo que as intempéries da vida nos desafiem. O Papa Emérito Bento XVI ao falar de Pedro nos diz: “Todos os seres humanos, à exceção de Maria, têm continuamente necessidade de conversão. Jesus prediz a Pedro a sua queda e a sua conversão. De que é que Pedro teve de converter-se? No início do seu chamamento, assombrado com o poder divino do Senhor e com a sua própria miséria, Pedro dissera: ‘Senhor, afasta-Te de mim, que eu sou um homem pecador’ (Lc 5, 8). Na luz do Senhor, reconhece a sua insuficiência. Precisamente deste modo, com a humildade de quem sabe que é pecador, é que Pedro é chamado. Ele deve reencontrar sem cessar esta humildade. Perto de Cesareia de Filipe, Pedro não quisera aceitar que Jesus tivesse de sofrer e ser crucificado: não era conciliável com a sua imagem de Deus e do Messias. No Cenáculo, não quis aceitar que Jesus lhe lavasse os pés: não se adequava à sua imagem da dignidade do Mestre. No horto das oliveiras, feriu com a espada; queria demonstrar a sua coragem. Mas, diante de uma serva, afirmou que não conhecia Jesus. Naquele momento, isto parecia-lhe uma pequena mentira, para poder permanecer perto de Jesus”. Se Pedro passou por tudo isso, imaginemos nós. São João Paulo II nos assegura: “Não tenhas medo de tuas fraquezas nem dos mistérios de Deus”. “Santo não é só aquele que cai, mas aquele que nunca desiste de se levantar”. Ame a Páscoa e a Eucaristia e serás um anunciador de Jesus Ressuscitado. Pense nisso.
Côn. Dr. Manuel Quitério de Azevedo
Professor do Seminário de Diamantina e da PUC – MG
Membro da Academia de Letras e Artes de Diamantina – MG
Membro da Academia Marial – Aparecida – SP