Natal: vem ser o nosso presente, Jesus! – Por Pe Ismar Dias de Matos

jesuspresenteNatal: vem ser o nosso presente, Jesus!

O Ano Litúrgico C – 2016 chegou a seu término no dia 20 de novembro, com a celebração de Cristo Rei do Universo. Dia 27 de novembro a Igreja abre um novo ano, um novo tempo: Advento de um novo nascimento de Jesus.

Em síntese, eis o significado do Advento: a vida litúrgica do povo de Deus começa com um ritual para a espera de um bebê especial, o Menino Jesus que chega no Natal. Trata-se da chegada do esperado Messias prometido ao Povo de Israel, mas que não se limita mais a esse povo: todos serão abençoados e agraciados com a libertação trazida por esse Menino, presença de renovação nas Igrejas cristãs e em todos os corações abertos aos valores do Reino.

As leituras dos quatro domingos do Advento que antecedem o Natal nos falam de esperança, de luz e de estrelas. O Messias é a grande luz que, tendo vindo a este mundo, ilumina todas as pessoas (João 1,9). E todos aqueles que sentem em si a presença dessa luz devem comunicá-la aos outros. A luz não veio para ficar escondida debaixo de tapumes: deve brilhar e iluminar os caminhos por onde trilharemos em busca de paz. “Deus é luz” (1 João 1, 5).

Coincidentemente, o Judaísmo celebra uma festa de Luzes no período de nosso Natal, por motivos diversos. Eles fazem a festa da reconsagração do Templo que fora profanado por Antíoco Epífanes, rei da Síria. Consagração, em hebraico, é Chanucá, e esse é o nome da festa. São acesas, na menorá, nove velas alimentadas por óleo, uma por dia, até o dia da festa que culmina em 25 de Kislev, dia de nosso Natal.

A nossa Igreja, toda alegre e feliz, acende uma vela colorida em cada um dos quatro domingos do Advento. É feita uma guirlanda de ramos verdes, normalmente de pinheiro, para comemorar o Rei-Menino que vai chegar. Advento e Natal são tempos de luz, pois esperamos a Luz Divina que torna mais iluminado este lugar que teve a honra de ser a morada física de Deus Vivo.

Por ocasião de 25 de dezembro celebrava-se na Europa a festa do nascimento do Sol. Ali, mais ao norte do planeta, os dias são muito pequenos, é como se o sol estivesse morrendo. E exatamente no dia 25/12 há um soerguimento do sol, como se ele voltasse a nascer, e os dias vão-se tornando maiores.  Antes de Cristo, o dia 25 de dezembro era isto: festa do nascimento do sol. A Igreja aproveitou a festa pagã e colocou, no lugar do nascimento do sol, o nascimento de Jesus, a verdadeira luz que ilumina a todos. Eis a origem da grande festa da cristandade, representando, hoje, um terço dos habitantes do planeta.

O Advento, a cada ano, nos diz que Jesus é o esperado Príncipe da Paz, que nasceu pobre, numa estrebaria periférica de Belém, e apresentou-Se ao mundo como o Pão da Vida (Jo 6, 48), para que o mundo não tenha fome de pão nem da Palavra de Deus.

Em Belém, na Judeia, terra do Rei David, devia haver um pão especial, muito famoso, pois a cidade se chamava “Casa do Pão” (Beit-Lehem, em hebraico). O Menino-Messias nasceu ali e sua Mãe o colocou entre as palhas do cocho onde os animais se alimentavam. Na manjedoura o colocaram. Ele sentiu o hálito quente do jumento e do boi em seu corpinho frágil e santo. E sorriu. E o Seu sorriso iluminou a cidade de Belém, iluminou a Judeia inteira; o brilho foi-se espalhando pelo mundo, pelos astros… E brilha até hoje!

Conforme já havia sido anunciado pelo Profeta Miqueias, foi na cidade de Belém que o Pão Vivo veio do Céu em forma humana para mudar a história do mundo. Os coros de Anjos cantaram Aleluia três vezes! Os Reis Magos, vindos de pontos geográficos diferentes, viram a Estrela no Céu. Os Pastores também viram. E todos os povos da Terra são chamados a vê-la em seus corações. Costumamos trocar presentes no Natal, imitando os magos do Oriente, que levaram à manjedoura ouro, incenso e mirra, simbolizando a realeza, a divindade e o martírio do Salvador da humanidade. Mesmo que o Natal tenha se tornado um período de forte comércio, isso não tira a beleza da festa, época de congraçamento, de união familiar, uma ocasião verdadeiramente mágica, que contagia os cristãos do mundo inteiro.

Belém de Judá, a Casa do Pão, pode ser hoje sua casa, a nossa casa. O Menino pode nascer dentro dela, fazer aí o seu presépio.  Nossos templos, os templos de todas as Igrejas precisam ser verdadeiramente “casas do pão”, onde as pessoas se alimentem e se fortaleçam.

Vem, neste Natal, ser o nosso Pão, nosso presente, ó Jesus! Faz da nossa casa o Teu presépio, a Tua manjedoura, a Tua Belém! Aqui encontrarás mais calor do que o hálito de animais, encontrarás o nosso abraço, a nossa fraternidade!

Que a Tua Estrela brilhe no meu céu, no nosso céu. E que todos os dias sejam Natal!

 

Ismar Dias de Matos, professor de Filosofia e Cultura Religiosa na PUC Minas

p.ismar@pucminas.br

 

 

A Palavra do Pastor
Presbíteros testemunhas da mansidão e da doçura

Presbíteros testemunhas da mansidão e da doçura

    Ajudai, Senhor, a fim de que todos os presbíteros mantenham a mansidão e a doçura, virtudes tipicamente cristãs,...
Read More
O Presbítero e os meios de comunicação social

O Presbítero e os meios de comunicação social

Sobre a missão dos Presbíteros nos meios de comunicação social, sobretudo neste tempo que estamos vivendo, em que se multiplica...
Read More
Cidades mais humana

Cidades mais humana

   “Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago” (Lc 10,18) É sempre oportuno e necessário refletir sobre a...
Read More
Ensina-me, Senhor, a perdoar como Vós perdoastes

Ensina-me, Senhor, a perdoar como Vós perdoastes

                                       ...
Read More
“Graça, misericórdia e paz”

“Graça, misericórdia e paz”

Reflexão à luz da passagem da Carta do Apóstolo Paulo a Timóteo (1 Tm 1, 1-2.12-14). Retomo os dois primeiros...
Read More
“A caridade é a plenitude da Lei”

“A caridade é a plenitude da Lei”

“O amor não faz nenhum mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei.” (Rm 13,10) Com...
Read More
Pães ázimos de pureza e verdade

Pães ázimos de pureza e verdade

“Assim, celebremos a Festa, não com velho fermento, nem com fermento da maldade ou da perversidade, mas com os pães...
Read More
Urge que ampliemos os horizontes da evangelização!

Urge que ampliemos os horizontes da evangelização!

De modo especial, dedicaremos o mês de setembro à Sagrada Escritura. Procuremos valorizá-la cada vez mais em nossas comunidades, sobretudo...
Read More
Cristãos leigos e leigas perseverantes no amor

Cristãos leigos e leigas perseverantes no amor

Vivendo o terceiro ano Vocacional, reflitamos sobre a graça da missão realizada pelos cristãos leigos e leigas na obra da...
Read More
“Presbítero segundo o Coração de Jesus”

“Presbítero segundo o Coração de Jesus”

Uma reflexão sobre o ministério e a vida do presbítero, à luz dos parágrafos 191-204, do Documento de Aparecida (2007),...
Read More

Empresas que possibilitam este projeto: