Neste tempo de redes sociais, de relações construídas sobre as aparências do mundo virtual, tornou-se comum, corriqueiro, ouvir das pessoas, ávidas por uma boa conversa: qual é a senha? Em casa, no hotel, hospital, nas praças públicas, nas escolas, nas igrejas, estamos todos querendo a senha para acessar a rede.
Será que estamos desconectados? Falta-nos oportunidade de diálogo, de relacionamento? Escasseiam as pessoas a nossa volta? Estamos diante de um cenário novo. A web mudou os nossos comportamentos, a forma como aprendemos, como nos relacionamos, como compramos, como criamos vínculos entre as pessoas. A internet vem mudando a sociedade.
A senha, nesse contexto, é a palavra-chave. As possibilidades do mundo virtual só podem ser conhecidas por meio dela. Não saber a senha nos coloca diante do não revelado, do desconhecido. E como o estranho nos causa incômodo!
Ninguém revela a sua senha. Ela esconde segredos. O universo protegido pela senha não diz respeito ao outro nem ao próximo. Ali o sujeito pode escolher entre o ser o parecer ser. Estamos ameaçados pelo domínio absoluto da senha! Quando descobrem o nosso segredo, sentimo-nos inseguros. A senha esconde as nossas máscaras. Quem vai ameaçar nosso esconderijo ocultado pela senha?
Causa-me tristeza quando noto que a função da senha consiste em esconder, disfarçar, dissimular. A senha de acesso possui outro sentido em uma sociedade marcada pela desconfiança, raiz da falta de ética, pelo medo e pela violência. E se a senha nos conectasse a nós mesmos, ao mundo e aos outros, e a Deus, numa perfeita comunhão de amor?! Padre Joãozinho, SCJ, em Os cinco segredos do amor, nos revela que o próprio Jesus nos ofereceu uma senha de acesso: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Possuindo essa senha, poderemos resgatar o equilíbrio vital que nos realiza plenamente como pessoas.
Luís Carlos Pinto