A Palavra do Bispo

Mensagens e publicações do bispo diocesano, Dom Otacilio Ferreira de Lacerda.

A verdadeira comunicação

 

Com Maria, aprendamos que a comunicação verdadeira

somente se alcança quando se promove o bem comum  e se fortalece os vínculos da paz.

Um tema muito valioso, desde o princípio da humanidade: a comunicação de Deus com a humanidade e a comunicação entre nós.

Para tal, não podemos prescindir da ajuda daquela que é a Padroeira da Comunicação: Nossa Senhora, pois não houve na história quem melhor soubesse dialogar com Deus, aberta à Voz do Espírito, para acolher no ventre a Palavra, Jesus.

Deus, ao criar o mundo, quis estabelecer um diálogo com a criatura humana, obra de Suas mãos, Sua imagem e semelhança, mas o pecado de nossos pais foi o rompimento deste desejo divino.

Desde então, Deus jamais se cansou de nos procurar para reestabelecer a comunhão, concedendo-nos o Seu perdão, propiciando a reconciliação e o fortalecimento de um vínculo de amizade conosco. Amizade por Deus querida, para nós mais que imprescindível.

Enviando Seu Filho ao mundo, encarnando-Se, fazendo-Se Palavra, Deus veio pessoalmente estabelecer conosco relações de amor e bondade.

As linhas da História da Humanidade nunca mais poderão ser escritas sem presença e ação do Santo Espírito que nos foi enviado pelo Pai, em nome de Jesus Cristo, Morto e Ressuscitado, como Ele mesmo o prometera.

Eis a missão da Igreja, anunciar a Boa Notícia de Jesus até o fim do mundo, até o fim dos tempos:

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). Isto somente se torna possível porque “No dia de Pentecostes, pela efusão do Espírito Santo, a Igreja é manifestada ao mundo. O dom do Espírito inaugura um tempo novo da ‘dispensação do Mistério’: o tempo da Igreja, durante o qual Cristo manifesta, torna presente e comunica Sua obra de Salvação pela Liturgia de Sua Igreja, ‘até que Ele venha’ 1Cor 11,26)” (CIC 1076).

Nunca tivemos tantas possibilidades de nos comunicarmos como neste tempo. A pós-modernidade multiplicou estes meios de forma impressionante, mas ainda não conseguimos utilizá-los para favorecer uma comunicação edificante, semeando apenas valores que construam uma nova sociedade, no respeito às culturas, às diferenças, à intimidade e liberdade, como nos fala o Catecismo da Igreja Católica (CIC 2492) e o Papa, em sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações.

É preciso usar todos os meios de comunicação social para informar, favorecer o desenvolvimento dos povos, superar os distanciamentos sociais, promover o bem comum, fundados nos valores da verdade, liberdade, justiça e solidariedade, repeito e caridade; critérios que devem ser normativos no uso destes meios, que devem estar disponíveis a todos.

Neste sentido, enfatizo meu compromisso deste espaço ser um instrumento de Evangelização, no anseio de que cada reflexão seja como que uma pedra no grande edifício espiritual da comunicação, uma obra inacabada e incansável.

Que sejamos sempre flexíveis para correções, aprimoramentos, para que o Evangelho de Nosso Senhor Jesus seja anunciado com melhor qualidade, propiciando renovação de pensamentos e atitudes, e levando todos ao compromisso de um mundo mais justo e fraterno, e simultaneamente, e não pela ordem, uma Igreja mais viva e servidora do Reino.

Que Nossa Senhora da Comunicação, aquela que teve a mente e o coração abertos à ação do Espírito e se tornou a perfeita comunicadora do Pai, nos ajude neste desafio de sermos instrumentos para resplandecer a luminosidade da Palavra de Jesus, assim como ela fez incansavelmente, sobretudo naquela inesquecível visita à sua prima Isabel, quando ali se estabeleceu um dos mais belos diálogos e manifestação do Espírito, num clima radiante de alegria, doação, amor e serviço, ecoando num dos mais belos cantos da Sagrada Escritura: o Magnificat.

Com Maria, aprendamos que a comunicação verdadeira somente se alcança quando se promove o bem comum e se fortalece os vínculos da paz, e o diálogo com Aquele que é a Fonte de nossa vida, introduzindo-nos na mais perfeita comunhão de amor, a comunhão da Santíssima Trindade.

Postado por Dom Otacilio F. Lacerda em

http://peotacilio.blogspot.com/2020/03/a-verdadeira-comunicacao.html?m=0

Quando nos abrimos ao Espírito…

Ah, a vida! A beleza da vida está em suas surpresas, nas repentinas decisões a serem tomadas, e na Sabedoria que nunca nos desampara.

A Sabedoria Divina vem quase imperceptivelmente ao nosso encontro, mesmo que não a supliquemos pela exiguidade do tempo para escuta, reflexão, elaboração de proposta… Ela vem como resposta da alma, do coração…

Quem não viveu semelhante experiência?

Um dia, uma proposição… Se de Deus foi inspiração,
confesso que não sei, verdadeiramente não sei;
Sei apenas que foi acolhida plenamente,
E, a Deus, elevo meu agradecimento alegremente.

Se a Deus agradeço, logo é d’Ele a inspiração!
Vejo na paradoxalidade da minha ignorância,
De Deus a presença e indispensável assistência
Que para o bem da Igreja, concede luz e ciência.

Abrir-se ao Espírito, em Sua atenta escuta,
Nos faz, com Ele, mais profundamente sintonizados
E com indiscutível certeza, mais que fortalecidos,
Em todo momento, amados e assistidos!

Quando nos abrimos ao Espírito,

Delícias infinitas, d’Ele, acolhemos,

E com muito maior acerto, insisto,

As surpresas da vida saborearemos!

Postado por Dom Otacilio F. Lacerda em

http://peotacilio.blogspot.com/2020/03/quando-nos-abrimos-ao-espirito.html?m=0

Sejamos curados de nossa cegueira ( Homilia 4º Domingo Quaresma – ano A)

A Igreja no quarto Domingo da Quaresma (Ano A), celebra o conhecido “Dominica Laetare”.

Um Domingo luminoso por sublinhar que a vida cristã é penitência, mas também alegria (antífona de entrada da Missa e a Oração sobre as Oblatas):

A Alegria do caminho pascal exprime-se no tema da luz: a luz é vida, é alegria, é Cristo (aclamação antes do Evangelho), e o percurso quaresmal é viagem em direção à luz, redescoberta da luz que no Batismo foi acesa para nós no Círio Pascal”) (1)

No antecedente, reflete-se sobre a água, neste refletiremos sobre o tema da luz, precedendo o próximo tema que é a vida.

Três temas que nos introduzem e nos preparam para a Semana Santa (água, luz e vida) e para recebermos o Batismo, ou renovar nossas promessas batismais na Vigília Solene da Páscoa.

A primeira Leitura (1 Sm 16, 1b.6-7.10-13a) não se refere diretamente ao tema da luz, mas nos permite a reflexão sobre o dia do nosso Batismo, quando somos ungidos para sermos testemunhas da luz.

Davi foi escolhido não pela lógica dos homens, mas segundo a lógica de Deus, que não se deixa levar pelas aparências. Davi, o filho mais novo de Jessé, é escolhido, embora jovem, anônimo e desconhecido que guardava o rebanho do seu pai.

A mensagem da Leitura é essencialmente esta: Deus escolhe e chama, habitualmente, os pequeninos, os mais fracos, aqueles que mundo marginaliza e considera insignificantes. Paradoxalmente, Deus manifesta Sua força através deles.

Urge que aprendamos a ver como Deus vê: ver para além das aparências. Somente quem tiver fé profunda e solidificada conseguirá ver como Deus vê, porque a partir da lógica mais profunda, a lógica do amor, que cria e faz novas todas as coisas.

Na passagem da segunda Leitura (Ef 5, 8-14), o Apóstolo Paulo nos coloca frente a uma escolha: luz ou trevas. Viver na luz significa viver a bondade, a justiça e a verdade.

O viver na luz, mais ainda, consiste na acolhida do dom da Salvação que Deus nos oferece gratuitamente, aceitando e vivendo a vida nova que Ele nos propõe (viver na liberdade como filhos de Deus e irmãos uns dos outros).

De outro lado, viver nas trevas consiste em pautar a vida pelo egoísmo, orgulho e autossuficiência; viver à margem de Deus, e, consequentemente, recusar Suas propostas; prisioneiro das próprias paixões, dos falsos valores.

Ser batizado e viver como filhos da luz, portanto, não nos permite cruzar os braços diante da maldade, do egoísmo, da injustiça, da exploração, dos contravalores que a sociedade propõe, tornando menos bela a vida da humanidade.

Viver como filhos da luz exige que descruzemos os braços, abramos o nosso coração e nossas mãos, em alegres e solícitos gestos de partilha e solidariedade. Incomodar-se permanentemente com a escuridão do mundo, procurando todas as formas para torná-lo luminoso.

Na passagem do Evangelho (Jo 9, 1-41), Jesus, curando o cego de nascença, é apresentado pelo Evangelista São João como “a luz do mundo”, cuja missão é a libertação da humanidade das trevas.

A adesão à proposta de Jesus nos coloca num caminho de liberdade e alcance da vida plena e feliz e, no fim dela, a eternidade.

A cegueira no tempo de Jesus, segundo a concepção da época, era um castigo de Deus de acordo com a gravidade da culpa. Ela era considerada o resultado de um pecado especialmente grave. Ser cego é ao mesmo tempo ser impedido de servir de testemunha no tribunal e de participar das cerimônias religiosas do templo.

O “cego” curado por Jesus é um símbolo de todos os homens e mulheres que vivem na escuridão, com a indesejável privação da luz, e, portanto, prisioneiros das cadeias que os impedem de chegar à felicidade e à plenitude da vida.

No gesto da cura feita por Jesus, juntando barro à Sua saliva, é o juntar da própria energia que gera vida, repetindo assim, o gesto de Deus ao criar o homem (Gn 2, 7). Nisto consiste a missão de Jesus: criar um Homem Novo e animado pelo Espírito que O acompanhou e nos acompanha ao longo de toda a História.

O banhar na piscina de Siloé (que significa “enviado”) é uma clara alusão a Jesus, o enviado do Pai, que nos oferece a água que nos banha e nos purifica de nossos pecados, tornando-nos Homens Novos, livres de toda treva e escravidão.

Diante da cura, temos atitudes diferenciadas:

– Os vizinhos que se acomodam em seu canto;

– Os fariseus que não se dispõem a acolher e a aceitar a missão de Jesus;

– Os pais que não querem se comprometer;

– Finalmente, o homem curado que faz um percurso que passa por um processo até que se torne adulto, maduro, livre e sem medo, em total adesão a Jesus (etapas: encontro com Jesus, adesão, amadurecimento, homem livre e o seguimento).

Reflitamos:

– A missão de Jesus é a criação de Homens Novos, e esta também consiste a missão de Sua Igreja. Como batizados, o que fazemos para que isto aconteça?

– O que nos impede de sermos livres no seguimento de Jesus?- O que consiste “viver na luz”?

– Quais são as situações obscuras em que podemos comunicar a luz de Deus com nossa palavra e ação?

– Com quem nos identificamos na passagem do Evangelho: com os opositores, medrosos, acomodados, inertes ou com o próprio cego curado que se torna um discípulo missionário do Senhor?

– Quaresma é tempo de conversão para que a luz de Deus possa melhor brilhar através de cada um de nós. O que temos feito para que esta conversão aconteça?

Concluo com um trecho do Prefácio da Missa, e com as iluminadoras palavras do então Papa Bento XVI em sua Mensagem Quaresmal (2011):

“…Pelo Mistério da Encarnação, Jesus conduziu à luz da fé a humanidade que caminhava nas trevas. E elevou à dignidade de filhos e filhas os escravos do pecado, fazendo-os renascer das águas do Batismo”

“O Domingo do cego de nascença apresenta Cristo como luz do mundo. O Evangelho interpela cada um de nós: ”Tu crês no Filho do Homem?”. “Creio, Senhor” (Jo 9, 35.38), afirma com alegria o cego de nascença, fazendo-se voz de todos os crentes.

O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecer n’Ele o nosso único Salvador. Ele ilumina todas as obscuridades da vida e leva o homem a viver como ‘filho da luz’”.

Que o Senhor nos cure de nossas cegueiras e ilumine nosso caminho de penitência e conversão, para celebrarmos, com exultação e alegria, a Páscoa do Senhor, envolvidos pela mais bela e desejada luminosidade que Deus quer nos oferecer, e no mundo haveremos sempre de ser.

Deus nos criou, escolheu, chamou e nos enviou para sermos testemunhas credíveis de Sua Luz!

1) Lecionário Comentado – p. 178.

                                                                                                       Dom Otacilio F. Lacerda


                                                             Como precisamos do colírio da fé!

Retomo as palavras de Jacques Monod, prêmio Nobel de medicina, citadas no Missal Dominical para a passagem bíblica da cura do cego de nascença:

“O homem é um cigano perdido num universo enregelado que lhe é totalmente indiferente”.

O que esta citação quer dizer e o que tem a ver com esta cura?

Assim refletiu o Papa, anos passados:

“O domingo do cego de nascença apresenta Cristo como luz do mundo. O Evangelho interpela cada um de nós: «Tu crês no Filho do Homem?». «Creio, Senhor» (Jo 9, 35.38), afirma com alegria o cego de nascença, fazendo-se voz de todos os crentes.

O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecer n’Ele o nosso único Salvador. Ele ilumina todas as obscuridades da vida e leva o homem a viver como «filho da luz»”.

Convida-nos à profundidade da fé, abrindo o nosso olhar interior, não permitindo lugares para obscuridades em nossa vida, pois somos filhos da luz como afirma Paulo aos Efésios (Ef  5,8-14).

O Bispo Santo Agostinho assim se expressou:

“Os nossos olhos, irmãos, são agora iluminados pelo colírio da fé”.

Profundidade sim, obscuridade não! Necessitamos deste “colírio da fé”, para uma fé mais profunda, iluminada e iluminadora. As trevas cederão sempre à luz, que emana da Vida Nova do Ressuscitado. Crer no Ressuscitado é certeza de que as trevas cedem lugar à luz, e a morte à vida!

Sem a fé, seríamos como ciganos, vagueando nas penumbras das incertezas, sem um destino auspicioso, sem horizontes e perspectivas, enfim, sem saídas! O mundo, a vida, a nossa história seriam enregelados, tristes, sombrios… De modo que a indiferença, o desânimo, o caos nos seriam indiferentes.

Mas não! Crendo no Ressuscitado sabemos por onde e com quem caminhar, Jesus. Temos a Verdade que embasa nosso viver, o Evangelho. Temos a vida no tempo presente que se espraia nos deleites da eternidade, o Céu!

                                                                                                             Dom Otacilio F. Lacerda


                                                         As duas posturas: cegueira e visão

A cura do cego de nascença realizada por Jesus foi para que se manifestassem as obras de Deus, que se revela como a Divina Fonte de misericórdia, comunicando luz para quem em Sua Palavra confia.

Jesus, enquanto presente na comunidade é a luz do mundo, missão que depois será confiada aos discípulos, com a Sua Ressurreição (Mt 5,14).

Diante do sinal temos duas posturas distintas: cegueira e visão. Da parte dos fariseus, a cegueira. Diante do cego de nascença, a visão recuperada, alcançada porque acreditou no Senhor, confessou a fé em Jesus como o Messias esperado.

Uma passagem do Evangelho em que se revela a cegueira dos fariseus e o alto grau de visão daquele que tinha sido curado; visão alcançada por etapas e contra todas as dificuldades, indiferença da parte de alguns, perseguição e expulsão da comunidade da parte dos fariseus.

Os fariseus presos à rigidez e à frieza da prática da Lei, cegos pelos esquemas mentais legalistas, se recusaram a admitir que, realmente, foi Jesus quem restituiu a visão ao cego de nascença.

Era impossível reconhecer a ação libertadora de Jesus, sobretudo porque para eles as Escrituras afirmavam que o Messias, quando viesse, curaria todos os cegos.

Como acreditar em alguém que viola a Lei do sábado, o dia do descanso? Como realizar sinais em nome de Deus, ainda mais dia de sábado, sem fidelidade às leis religiosas do povo?

O cego de nascença, de outro lado, tem a graça da visão física e a visão mais sublime, ou seja, a visão interior, que consiste na visão da fé.

Momento expressivo desta passagem do Evangelho: a confissão de fé do cego curado pelo Senhor: −“Eu creio, Senhor!”, e se prostrou diante d’Ele em adoração.

Duas posturas tão diferentes que questionam também nossa postura. Podemos ficar numa condição de cegueira absoluta, envoltos nas trevas do pecado, ou recuperar a visão a partir da ação de Jesus em nossa vida, confiando plenamente em Sua Palavra, que nos faz verdadeiramente livres e luminosos; fazendo crepitar mais forte a chama da fé, que um dia, em nosso Batismo, foi acesa no Círio Pascal, sinal do Cristo Ressuscitado, a Luz do mundo, que resplandeceu na escuridão da noite, testemunhada na madrugada da Ressurreição.

Concluo com a Oração depois da Comunhão feita na Missa no quarto Domingo da Quaresma (Ano A):

“Ó Deus, luz de todo ser humano que vem a este mundo,

iluminai nossos corações com o esplendor da Vossa graça,

para pensarmos sempre o que Vos agrada

e amar-Vos de todo o coração.

Por Cristo, nosso Senhor. Amém!”

                                                                                                                       Dom Otacilio F. Lacerda


O Senhor iluminou os nossos olhos
No 4º Domingo da Quaresma (ano A), a Igreja nos oferece, na Liturgia das Horas,  um texto escrito pelo Bispo Santo Agostinho (séc V),  extraído “Dos Tratados sobre o Evangelho de São João” sobre a passagem em que Jesus realiza o sinal da cura do cego de nascença (Jo 9,1-41).
“’Diz o Senhor: Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, não andará nas trevas, mas terá a luz da vida’ (Jo 8,12).
Estas breves palavras contêm um preceito e uma promessa. Façamos o que o Senhor mandou, para esperarmos sem receio receber o que prometeu, e não nos vir Ele a dizer no dia do Juízo:
‘Fizeste o que mandei para esperares agora alcançar o que prometi?’ Responder-te-á: ‘Disse quem e seguisses’. Pediste um conselho de vida. De que vida, senão daquela sobre a qual foi dito: ‘Em Vós está a fonte da vida?’(Sl 35,10).
Por conseguinte, façamos agora o que nos manda, sigamos o Senhor, e quebremos os grilhões que nos impedem de segui-Lo. Mas quem é capaz de romper tais amarras se não for ajudado por Aquele de quem se disse: ‘Quebrastes os meus grilhões’ (Sl 115,7). E também noutro salmo: ‘É o Senhor quem liberta os cativos, o Senhor faz erguer-se o caído’ (Sl 145,7-8).
Somente os que assim são libertados e erguidos poderão seguir aquela luz que proclama: Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, não andará nas trevas.
Realmente o Senhor faz os cegos verem. Os nossos olhos, irmãos, são agora iluminados pelo colírio da fé. Para restituir a vista ao cego de nascença, o Senhor começou por ungir-lhe os olhos com Sua saliva misturada com terra.
Cegos também nós nascemos de Adão, e precisamos de ser iluminados pelo Senhor. Ele misturou Sua saliva com a terra: E a Palavra Se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14).
Misturou Sua saliva com a terra, como fora predito: ‘A verdade brotou da terra’ (cf. Sl 84,12). E Ele próprio disse: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6).
A verdade nos saciará quando O virmos face a face, porque também isso nos foi prometido. Pois quem ousaria esperar, se Deus não tivesse prometido ou dado?
Veremos face a face, como diz o Apóstolo: ‘Agora, conheço apenas de modo imperfeito; agora, nós vemos num espelho, confusamente, mas, então, veremos face a face’ (1Cor 13,12).
E o Apóstolo João diz numa de suas Cartas: ‘Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como Ele é’ (1Jo 3,2). Eis a grande promessa!
Se O amas, segue-O! ‘Eu O amo, dizes tu, mas por onde O seguirei?’ Se o Senhor te houvesse dito: ‘Eu sou a Verdade e a Vida’, tu que desejas a verdade e aspiras à vida, certamente procurarias o caminho para alcançá-la e dirias a ti mesmo: ‘Grande coisa é a verdade, grande coisa é a vida! Ah, se fosse possível à minha alma encontrar o caminho para lá chegar!’
Queres conhecer o caminho? Ouve o que o Senhor diz em primeiro lugar: Eu sou o Caminho. Antes de dizer aonde deves ir, mostrou por onde deves seguir. Eu sou, diz Ele, o Caminho. O Caminho para onde? A Verdade e a Vida.
Disse primeiro por onde deves seguir e logo depois indicou para onde deves ir. Eu sou o Caminho, Eu sou a Verdade, Eu sou a Vida. Permanecendo junto do Pai, é Verdade e Vida; revestindo-Se de nossa carne, tornou-Se o Caminho.
Não te é dito: ‘Esforça-te por encontrar o caminho, para que possas chegar à verdade e à vida’. Decerto não é isso que te dizem. Levanta-te, preguiçoso!
O próprio Caminho veio ao teu encontro e te despertou do sono em que dormias, se é que chegou a despertar-te; levanta-te e anda!
Talvez tentes andar e não consigas, porque te doem os pés. Por que estão doendo? Não será pela dureza dos caminhos que a avareza te levou a percorrer?
Mas o Verbo de Deus curou também os coxos. ‘Eu tenho os pés sadios, respondes, mas não vejo o Caminho’. Lembra-te que Ele também deu a vista aos cegos”.
Santo Agostinho nos apresenta o Cristo, que é o caminho para a luz e a verdade para a vida, e enviado por Deus pode nos curar de toda enfermidade, de toda cegueira.

Assim como o cego de nascença, também sejamos curados: curados de nossa cegueira interior, a mais empobrecedora de todas, a cegueira espiritual, tenhamos o coração iluminado para ver como Deus vê, pois Ele vê o coração e não as aparências (1Sm 16,7)

Curados de nossa cegueira para vivermos como filhos da luz, na prática da bondade, amor e verdade, como o Apóstolo nos exorta na Epístola (Ef 5, 8-14).
Curados, iluminados por Deus, e iluminadores do mundo, com Sua Divina luz, sejamos. Amém!
                                                                                           Dom Otacilio F. Lacerda 
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                             Abri, Senhor, os olhos de nossa alma e os ouvidos de nosso coração

A Liturgia das Horas nos apresenta, na terceira Quarta-feira da Quaresma, uma preciosa reflexão do Bispo São Teófilo de Antioquia (séc. II) extraída do seu Livro “A Autólico”.

“Se me disserem: ‘Mostra-me o teu Deus’, dir-te-ei: ‘Mostra-me o homem que és e eu te mostrarei o meu Deus’. Mostra, portanto, como veem os olhos de tua mente e como ouvem os ouvidos de teu coração.

Os que veem com os olhos do corpo, percebem o que se passa nesta vida terrena, e observam as diferenças entre a luz e as trevas, o branco e o preto, o feio e o belo, o disforme e o formoso, o que tem proporções e o que é sem medida, o que tem partes a mais e o que é incompleto; o mesmo se pode dizer no que se refere ao sentido do ouvido: sons agudos, graves ou harmoniosos. Assim também acontece com os ouvidos do coração e com os olhos da alma, no que diz respeito à visão de Deus.

Na verdade, Deus é visível para aqueles que são capazes de vê-lo, porque mantêm abertos os olhos da alma. Todos têm olhos, mas alguns os têm obscurecidos e não veem a luz do sol. E se os cegos não veem, não é porque a luz do sol deixou de brilhar; a si mesmos e a seus olhos é que devem atribuir a falta de visão. É o que ocorre contigo: tens os olhos da alma velados pelos teus pecados e tuas más ações.

O homem deve ter a alma pura, qual um espelho reluzente. Quando o espelho está embaçado, o homem não pode ver nele o seu rosto; assim também, quando há pecado no homem, não lhe é possível ver a Deus.

Mas, se quiseres, podes ficar curado. Confia-te ao médico e ele abrirá os olhos de tua alma e de teu coração. Quem é este médico? É Deus, que pelo Seu Verbo e Sabedoria dá vida e saúde a todas as coisas.

Foi por Seu Verbo e Sabedoria que Deus criou o universo: A Palavra do Senhor criou os céus, e o sopro de Seus lábios, as estrelas (Sl 32,6). Sua Sabedoria é infinita. Com a Sua Sabedoria, Deus fundou a terra; com a Sua inteligência, consolidou os céus; com sua ciência foram cavados os abismos e as nuvens derramaram o orvalho.

Se compreenderes tudo isto, ó homem, se a tua vida for santa, pura e justa, poderás ver a Deus. Se deres preferência em teu coração à fé e ao temor de Deus, então compreenderás.

Quando te libertares da condição mortal e te revestires da imortalidade, então serás digno de ver a Deus. Sim, Deus ressuscitará o teu corpo, tornando-o imortal como a tua alma; e então, feito imortal, tu verás o que é Imortal, se agora acreditares n’Ele”.

A Quaresma consiste num tempo de penitência, em contínuo esforço de conversão, acompanhado das práticas quaresmais, indispensáveis e evangélicas, (Oração, jejum e esmola).

Esta reflexão nos ajuda a buscar a purificação do nosso coração, porque, bem disse o Senhor no Sermão da Montanha:

“Somente os puros de coração contemplarão a Deus.”

                                                                                                     Dom Otacilio F. Lacerda


 

Celebrando três anos de Ministério Episcopal

“Para mim o viver é Cristo” –

“Mihi vivere Christus est” (Fl 1,21)

Celebrando o terceiro ano de Ministério Episcopal, agradeço a Deus por esta graça a mim concedida.

Elevo a Ele orações, com toda a Igreja, a fim de que continue me iluminando como pastor do rebanho, para que eu corresponda ao desafio de ser como um ícone vivo do Bom Pastor, com a convicção de que Deus nos chama não por causa de nossas forças, méritos, capacidades tão apenas humanas.

Deus nos chama bispos para sermos sinal de Sua presença, na missão de pastores, e com Ele, na plena comunhão com Seu Filho com a ação e presença do Espírito, que nos conduz e nos ilumina na realização do tríplice múnus de ensinar, santificar, governar.

Esta missão não é jamais um ato solitário, mas vivido na comunhão com tantos colaboradores (presbíteros, religiosos, religiosas, consagrados e consagradas, cristãos leigos e leigas).

Unamos nossa voz para rezar suplicando a Deus que, pastor e rebanho, vivam a plena comunhão de amor e vida, amando e seguindo o Bom Pastor, Jesus Cristo:

Oremos:

Ó Deus, nós Vos suplicamos por todos os bispos, pastores de Vossa Igreja, para que conduzam o rebanho com carinho, sabedoria, amor e zelo;

Apontem e se empenhem em passar pela porta estreita da Salvação, que é a Cruz onde Vosso Filho deu a Sua vida por nós;

Carreguem a cruz de cada dia, tomando sempre consciência da missão que Vós confiastes;

Tenham consciência e testemunhem, que foram chamados não pelos méritos, mas porque assim  Vós quisestes;

Guiados pelo Espírito, sejam uma voz a iluminar e conduzir, por caminhos que levem à construção de uma nova civilização do amor, com vida plena e feliz para todos. Amém!

 Dom Otacilio F. Lacerda


Oremos pelos Bispos (2)

Ó Deus, Vós nos chamastes para o Ministério Episcopal, não por causa de nossas forças, méritos e capacidades tão apenas humanas, mas até mesmo o contrário, e por isto nos conduzis e nos assistis com Vosso Santo Espírito.

Creio que nos chamastes, ó Deus, para sermos sinal de Vossa presença, como zelosos pastores, para junto a tantos colaboradores, presbíteros, diáconos, religiosos, religiosas, cristãos leigos e leigas nos coloquemos como alegres servidores de Vosso rebanho.

Contamos, portanto, ó Deus, com a indispensável ação e presença do Espírito, que nos conduz e nos ilumina na realização do tríplice múnus de ensinar, santificar, governar. Amém.

 Dom Otacilio F. Lacerda


Oremos pelos Bispos (3)

Ó Deus, Vós que nunca abandonais o Vosso Povo, concedei a todos os Bispos a graça de serem como Vosso Amado Filho, zelosos pastores e sentinelas do Vosso rebanho.

Ó Deus, que os bispos, iluminados pelo Vosso Espírito, sua voz seja pelo rebanho conhecida, porque têm palavras acompanhadas de ações, revelando quão configurados estão ao Sagrado Coração do Vosso Filho.

Ó Deus, que todos os Bispos sejam expressão concreta do Vosso amor, no ensinar, santificar e conduzir Vosso povo no caminho e único caminho que é o próprio Jesus.

Ó Deus, conduzidos pelo Espírito Santo, firmem os passos no anúncio e testemunho de Vossa Palavra, que arde em seus corações, quando a ela se abrem e se deixam seduzir, para que ao proclamá-la, no coração do rebanho também faça inflamar e seduzir.

Ó Deus, livrai-os de toda insensatez, para que não sejam mercenários, abandonando ou não cuidando devidamente do rebanho por Vós confiado, e que as duras palavras do Profeta Zacarias não sejam jamais esquecidas:

“Ai do pastor insensato, que abandona as ovelhas! Que a espada esteja sobre o seu braço e sobre o seu olho direito! Que seu braço seque completamente e que seu olho direito se obscureça totalmente”. Amém.


Dom Otacilio F de Lacerda

A esperança em Deus jamais nos decepciona

Em tempos difíceis por que passamos, são iluminadoras e providenciais as palavras do Apóstolo Paulo aos Romanos:

“Gloriamo-nos também de nossas tribulações, sabendo que a tribulação gera a constância, a constância leva a uma virtude provada, a virtude provada desabrocha em esperança; e a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5, 3-5).

Urge caminharmos com o Senhor, contando com o Seu Espírito, a fim de edificar uma Igreja misericordiosa e missionária, confessando o Seu nome.

Há um longo caminho a percorrer, e em cada Eucaristia, renovamos nossas forças para superar as tribulações, inerentes ao caminho daqueles que se põem a seguir o Senhor com fidelidade, coragem, firmeza e generosidade.

Sejam derramadas no coração de todos de nossas comunidades eclesiais missionárias torrentes de graças que nos vêm do Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, em virtude provada, não deixando morrer a esperança, porque sabem e confirmam as palavras do Apóstolo, “a esperança não decepciona”.

Porém, a solidificação da fé e a renovação da esperança exigem que cresçamos cada vez na caridade, pois amamos a Deus nos irmãos e irmãs, e amamos os irmãos e irmãs em Deus, vivendo um amor de compaixão, sobretudo para com os que mais precisam – “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34).

O Apóstolo também disse aos Romanos: “Não fiqueis devendo nada um aos outros a não ser o amor mútuo, pois quem ama o outro cumpriu a Lei” (Rm 13, 8).

Deste modo, quanto mais nos abrirmos à ação do Espírito Santo, muito mais o amor de Deus será derramado sobre nós, e também, que eventuais prantos vespertinos se tornarão alegrias matutinas, porque a madrugada da Ressurreição foi precedida pelas tardes da escuridão e do vazio sepulcral, mas a vida venceu, de fato, a morte.

Dom Otacilio F. Lacerda

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“A esperança não decepciona”

Num mundo marcado por desorientações generalizadas, intolerância religiosa, angústias quotidianas, pandemias, diante de pequenos e grandes problemas ou desafios; o sentido da precariedade e da provisoriedade; da liquidez do tempo e da própria vida (modernidade líquida, segundo Zigmunt Bauman), e tantos outros fatos, que poderiam ser mencionados, como falar da esperança, ou mais ainda, como manter viva a esperança?

Nas páginas da Sagrada Escritura, encontramos o anúncio de um Deus que salva e liberta Seu povo, mantendo viva a Sua esperança, como vemos na passagem do Evangelho de Lucas (Lc 21,20-28).

É exatamente nos momentos difíceis, em que a perturbação e a angústia parecem querer nos apoderar, mantendo-nos prisioneiros de suas cadeias, é que temos que manter a coragem, firmados na esperança de que a libertação está próxima:

Quando estas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, pois a libertação de vocês está próxima”, nos disse Jesus, nosso Senhor” (Lc 21,28).

Manter viva a esperança contra toda a esperança, como nos falou o Apóstolo Paulo aos romanos (Rm 4,18), referindo-se a Abraão: “Esperando contra toda esperança, ele acreditou. E assim ele se tornou pai de muitas nações, como lhe fora dito”.

Portanto, não se trata de uma esperança ingênua e inconsequente, mas uma esperança que se apoia na constância e na perseverança, com seu fundamento em Cristo:

“Portanto, tendo sido justificados pela fé, estamos em paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Por meio d’Ele, através da fé, tivemos acesso a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. Mas não apenas isso. Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, a perseverança produz a experiência comprovada, a experiência comprovada produz a esperança. E a esperança não decepciona, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,1-5).

Deste modo, cremos que somente por meio d’Ele a nossa esperança se torna atuação da libertação e a nossa vida se torna vida em liberdade (libertação de nós mesmos para a abertura necessária ao próximo e suas necessidades).

É possível falar e manter viva a esperança, porque sabemos em quem confiamos, e tudo podemos n’Aquele que nos fortalece (Fl 4,13).

Cremos que Deus é o nosso refúgio na tribulação, assim como é a nossa força em nossa fraqueza, e nos conforta no sofrimento, concedendo-nos o perdão de nossas culpas, reencontramos a alegria na experiência viva e contínua de Sua misericórdia, que nos renova, redime e nos recoloca no caminho, sem que nos curvemos diante das dificuldades e aparentes derrotas.

Crer na vida nova do Ressuscitado, é fazer da vida constantes passagens, até que façamos a mais importante de todas: a passagem definitiva da morte para a vida eterna.

 Dom Otacilio F. Lacerda


Nas asas da Esperança…

A esperança nos permite ora voar,

Ora caminhar lentamente,

E, se preciso, passos mais largos,

Sem dispensar também os mergulhos

Nos Mistérios Divinos mais profundos.

Ela nos inquieta, nos desinstala,

Nos impele, para não sedimentarmos

Nas ideias mesquinhas e empobrecedoras,

Na falsa segurança do já conhecido.

A esperança nos serve como âncora,

Para que não percamos o foco do principal:

O Mandamento Novo do Amor que o Senhor nos deu,

Amar como Ele ama, eis a medida sem medida.

Amor vivido, esperança que nos impulsiona,

Fé que se testemunha e que a vida ilumina.

Creio nestas verdades que me acompanham.

Renovo, Senhor, em Ti, todos os dias,

A fragilidade e a pequenez de minha fé,

A indispensável e vital esperança,

Para que não se apague a chama

Que o Teu Amor, um dia,

Em mim, para sempre acendeu.

                                                                                                                                    Dom Otacilio F. Lacerda

Somente Deus mata nossa sede (Homilia 3º Domingo da Quaresma – Ano A)

Somente Deus mata nossa sede

“Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. 
Mas quem beber da Água que Eu lhe darei, 
esse nunca mais terá sede.

E a água que Eu lhe der 
se tornará nele uma Fonte de Água que jorra para a vida eterna” (Jo 4, 13-14).

A Liturgia do 3º Domingo da Quaresma (Ano A), traz como tema: O Senhor Jesus, e somente Ele, sacia a nossa sede de amor, vida e paz, damos mais um passo no Itinerário Quaresmal rumo à Páscoa do Senhor.

A Liturgia da Palavra nos revela que Deus está sempre presente na caminhada do Seu Povo, e o conduz à realização plena, na perfeita felicidade rumo à eternidade.

Na passagem da primeira Leitura (Ex 17, 3- 7), Deus presente na caminhada do povo hebreu pelo deserto do Sinai, apesar de provocado, suportando toda murmuração e contestação, infidelidade e pecado de Seu povo, não lhe nega a fidelidade, o Amor e a possibilidade da liberdade e felicidade.

O tema da água aparece tanto na Leitura como no Evangelho: água que sacia a sede como sinal da vida que Deus pode oferecer do rochedo. Este rochedo, depois, na releitura cristã, será o coração trespassado do Senhor, do qual jorrou Sangue e Água para nos fazer renascer, e também do mesmo lado o Alimento que nos redime, fortalece e nos salva (Jo 19,34).

Assim como o Povo de Deus, precisamos descobrir a presença e fidelidade do Senhor, que não nos abandona nunca, tão pouco nos momentos das dificuldades e sofrimentos, que são ocasiões propícias para o nosso crescimento e amadurecimento e fortalecimento na fé.

À medida que se avança, irmanados na fé, renovamos e nos transformamos, alargarmos horizontes, firmamos os passos, tornamo-nos mais responsáveis, conscientes, adultos e mais Santos, superando todo indesejável infantilismo espiritual, que também podemos incorrer, como aconteceu com o Povo de Deus na travessia do deserto.

Na segunda Leitura (Rm 5,1-2.5-8), o Apóstolo reforça a mensagem de que Deus é sempre presente e pronto para nos perdoar, apesar de todo pecado e infidelidade que possamos cometer. Assim como na primeira Leitura, o Apóstolo nos garante que Deus nunca abandona o Seu Povo em caminhada pela história.

Deus está sempre ao nosso lado, em cada passo que damos, oferecendo-nos por meio de Seu Filho e de Seu Espírito, gratuitamente, com pleno amor, a Água que mata a nossa sede de vida e felicidade.

Somente em Cristo nos tornamos criaturas novas, e é Ele quem nos plenifica de todos os bens e dons: paz, esperança e o Seu imprescindível Amor.

Contemplemos o Amor de Deus, que jamais desistiu de nós, e, por meio de Jesus, a máxima expressão de Sua presença e Amor por nós, vindo pessoalmente ao nosso encontro, para conosco caminhar, em tudo semelhante a nós, exceto no pecado, para dele nos libertar – “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).

Na passagem do Evangelho (Jo 4, 5-42), no encontro de Jesus com a samaritana à beira do poço de Jacó, acolhemos a alegre mensagem: somente Jesus sacia nossa sede de vida eterna; acolher e aceitar o Dom de Deus, Jesus, o Salvador do mundo, nos faz homens novos.

Jesus é o “novo poço” no qual encontramos a água cristalina que sacia a sede da humanidade de vida plena e felicidade autêntica.

A água que Jesus tem a nos oferecer é a “Água do Espírito” que o é o grande dom de Jesus, derramado sobre toda a Igreja com Sua Paixão, Morte e Ressurreição.

Este Espírito, quando acolhido no mais profundo do coração do homem, impresso como um selo, renova, transforma e o torna capaz de amar a Deus acima de tudo, vivendo na paz e na concórdia com o próximo.

O diálogo de Jesus com a samaritana nos revela qual a missão de Jesus, que consiste em comunicar ao homem o Espírito Santo que dá vida. Seu Espírito desenvolve e fecunda o coração daquele que O acolhe, capacitando para viver um amor como Ele, Jesus, ama, um Amor imensurável.

Somente de Jesus, com Sua Palavra e Seu Espírito, água viva para a humanidade, é que nasce a comunidade dos Homens Novos, filhos de Deus que têm por missão ser a presença de Deus, com palavras e ação, em todos os âmbitos do mundo.

Esta saciedade que a samaritana encontrou em Jesus a fez discípula missionária, e nos leva a nos questionar sobre o tempo presente, sobre a inquieta busca da felicidade, e o seu não encontro:

“A modernidade criou-nos grandes expectativas. Disse-nos que tinha a resposta para todas as nossas procuras e que podia responder a todas as nossas necessidades.

Garantiu-nos que a vida plena estava na liberdade absoluta, numa vida vivida sem dependência de Deus; disse-nos que a vida plena estava nos avanços tecnológicos, que iriam tornar a nossa existência cômoda, eliminar a doença e protelar a morte; afirmou que a vida plena estava na conta bancária, no reconhecimento social, no êxito profissional, nos aplausos das multidões, nos “cinco minutos” de fama que a televisão oferece…

No entanto, todas as conquistas do nosso tempo não conseguem calar a nossa sede de eternidade, de plenitude, dessa “mais qualquer coisa” que nos falta para sermos, realmente, felizes.

A afirmação essencial que o Evangelho de hoje faz é: só Jesus Cristo oferece a Água que mata definitivamente a sede de vida e de felicidade do homem”. (1)

Para reflexão:

– Onde e em quem buscamos a nossa felicidade?

– Sentimos a presença de Deus amante, atuante, que nos ama e conosco caminha?

– Nosso encontro pessoal com o Senhor, ou nosso encontro com Ele na Ceia Eucarística, tem saciado nossa sede de vida plena e feliz?

– A samaritana, saciando sua sede de eternidade em Jesus, tornou-se uma alegre discípula missionária. Assim também acontece conosco?

– Como e onde comunicar este encontro com o Senhor e a Sua Boa Nova que sacia a sede de humanidade?

– Quais são os poços que o mundo oferece para saciar nossa sede existencial?

– Sendo a Quaresma tempo favorável de nossa conversão, é possível que procuremos nossa felicidade na água que o mundo oferece, em vez da água pura e cristalina que o Senhor tem a nos oferecer?

Encerro com as palavras do Papa Emérito Bento XVI:

“Aqui, no poço de Jacó, encontramos Jacó como antepassado que tinha oferecido com o poço a água como elemento fundamental da vida.

Mas no homem encontra-se uma sede maior, que vai mais além da água da fonte, porque ele procura uma vida que está para além da esfera biológica”. (2)

(1) Citação extraída do site:

http://www.dehonianos.org/portal/default.asp

(2) Papa Bento XVI – in Jesus de Nazaré – p. 210

 Dom Otacilio F. Lacerda

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A Samaritana e a sede da humanidade…
No terceiro domingo da Quaresma (ano A), ouvimos a passagem do Evangelho de João (Jo 4,5-15.19b-26.39a.40-42), que nos apresenta o encontro de Jesus com a samaritana na beira do poço de Jacó.

É oportuna para refletirmos sobre consumismo, sexo, liberdade desenfreada, droga, poder, dinheiro, ciência sem ética nem limites, facilidades…, e a certeza de que nada disso sacia de modo definitivo o nosso coração!

Há sedes e sedes: sedes que geram vida e outras que  matam…

Retomemos as palavras do Papa Bento em sua Mensagem para a Quaresma de 2011:

“O pedido de Jesus à Samaritana: «Dá-Me de beber» (Jo 4, 7), que é proposto na Liturgia do III Domingo, exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da «água a jorrar para a vida eterna» (v. 14): é o dom do Espírito Santo, que faz dos cristãos «verdadeiros adoradores» capazes de rezar ao Pai «em espírito e verdade» (v. 23).

Só esta água pode extinguir a nossa sede do bem, da verdade e da beleza! Só esta água, que nos foi doada pelo Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, «enquanto não repousar em Deus», segundo as célebres palavras de Santo Agostinho”.

Completando:

“Deus está apaixonado pelo ser humano, tem sede do pobre amor dos nossos corações. Nós pedimos de beber a alguém que afirma claramente que tem sede. Essa sede de Deus por cada pessoa humana ficou claramente expressada naquele grito que somente o evangelista João conservou no Evangelho: “Tenho sede” (Jo 19,28).

Deus tem sede de que nós tenhamos sede do Seu Espírito, da Sua vida, da Sua graça, da Sua glória. Ele tem água abundante, mas tem sede de que nós a bebamos…

É no Coração de Deus que nós encontramos o nosso descanso, a nossa paz, os nossos prazeres, a nossa felicidade, a nossa bem-aventurança.

Distanciarmo-nos d’Ele é sair do caminho da felicidade, é correr pelos prados da insensatez, é viver uma vida que só pode levar à escuridão mais profunda e ao pior absurdo da vida humana, não ser feliz.”

O Bispo Santo Agostinho referindo-se a este momento tão singular do Evangelho disse: “Veio uma mulher. Esta mulher é a figura da Igreja, ainda não justificada, mas já a caminho da justificação… Faz parte do simbolismo da narração que esta mulher, figura da Igreja, tenha vindo de um povo estrangeiro; porque a Igreja viria dos pagãos, dos que não pertenciam à raça judaica… Pede de beber e promete dar de beber. Apresenta-Se como necessitado que espera receber, mas possui em abundância para saciar os outros. Se tu conhecesses o Dom de Deus, diz Ele. O Dom de Deus é o Espírito Santo. Jesus fala ainda veladamente à mulher, mas pouco a pouco entra em seu coração, e vai lhe ensinando. Que haverá de mais suave e bondoso que esta exortação?…”

De fato, Jesus é Água que sacia nossa sede com o Dom do Espírito, em nós, derramado. Somente Deus é capaz de saciar as sedes mais profundas e autênticas de nossa existência. Sem Ele o deserto de nossa alma ficaria estarrecido, insuportável e os prados de nossa insensatez nos consumiriam sem perspectivas, com cansaços que exauririam todas as nossas forças; nada suportaríamos e nada encontraríamos a não ser o nosso nada, o vazio, a escuridão, o pecado, a secura da alma, e numa palavra, a morte!

Assim diz parte do Prefácio da Missa, quando é proclamado este Evangelho:

– “Ao pedir à Samaritana que lhe desse de beber, Jesus lhe dava o Dom de crer. E saciada sua sede de fé, lhe acrescentou o fogo do amor”.

A Samaritana fez o seu itinerário, e tornou-se Discípula Missionária do Senhor, abandonando o cântaro, começando uma nova etapa em sua vida. Quem o coração pleno de amor tem, de que mais precisa?

Oremos:

Tenho sede, Senhor, 

sacia minha sede. 

Dai-me o Vosso Espírito! 

Fazei-me nova criatura 

para que seja inflamado por Teu amor, 

e viva com alegria 

a missão de Discípulo do Senhor!

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Temos sede de amor, vida e paz

 “Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo.

Mas quem beber da Água que Eu lhe darei,

esse nunca mais terá sede.” (Jo 4, 13-14)

Sejamos enriquecidos por esta reflexão do Missal Dominical, no 3º Domingo da Quaresma (ano A),

“O tema da água que salva volta com frequência na Liturgia Quaresmal. A partir deste domingo, a Igreja oferece à comunidade cristã que revive seu Batismo uma síntese da história da salvação, servindo-se do rico simbolismo da água.

A água tem sua linguagem:

Necessária para a existência de todos os seres vivos, a água é um elemento ‘natural’ que nos é dado, não é fruto de trabalho: a água viva de uma fonte exprime também o milagre renovado da vida.

Fazendo brotar água da rocha, Deus se manifesta salvador de seu povo e o põe em condições de prosseguir a viagem até a terra prometida (1ª leitura – Êxodo 17, 3-7).

Repensando essas maravilhas de Deus, nos momentos mais obscuros e difíceis de sua história, Israel projeta para um futuro mais ou menos distante a posse de uma terra de águas abundantes, na qual o deserto se transformará em viçoso pomar.

A abundância de água se torna símbolo da abundante salvação que virá unicamente de Deus: um rio que brota do templo purificará o povo, saciará sua sede, fecundará a terra.

No Novo Testamento, a água exprime simbolicamente o dom do Espírito para a geração de uma humanidade nova. Cristo, sobre quem desceu o Espírito no momento do Batismo, anuncia um renascimento na água e no Espírito, promete uma abundância de água-Espírito para os que creem (Evangelho de João 4,5-42).

Sua pessoa Se identifica, pois, com a Rocha (como observava São Paulo, recapitulando os “sinais” do deserto, 1Cor 10,4), o novo Templo, a fonte que mata a sede na vida eterna. João vê o cumprimento do sinal na hora da morte-glorificação de Jesus, quando ele ‘entrega o Espírito’, e do Seu lado transpassado correm Sangue e Água.

A água do nosso Batismo:

A água do Batismo pode, portanto, lavar os pecados e fazer renascer os filhos de Deus em virtude do Sangue de Cristo, fonte de todo perdão.

Quem confessa que Cristo é o Messias, o enviado de Deus, aceita que a salvação se faça da maneira e no momento querido por Deus; compreende que sua sede profunda só é saciada pelo dom de Cristo; toma-se, para os que o cercam – como a mulher samaritana -, revelador da presença que tudo transforma (Evangelho).

No momento do Batismo, a Igreja, que através da catequese preparou a profissão de fé no Filho de Deus, recapitula em sua Oração os acontecimentos salvíficos relacionados com a água e cumpre a ordem de Cristo: batizai em nome da Trindade.

Assim, como gostava de repetir Agostinho, “pela união da palavra (da fé) com o elemento (água) realiza-se o Sacramento”, dom de Deus e livre resposta do homem.

Sede de valores numa sociedade de consumo

Encontramo-nos diante da sede de um povo no deserto, da sede de uma mulher no poço. A sede é símbolo de uma necessidade íntima, vital, torturante.

Além da sede fisiológica há uma sede mais profunda em todo homem, em toda sociedade, em toda comunidade do nosso tempo: buscamos cada vez mais “coisas” para saciá-la; nada nos basta, nada nos satisfaz.

Nossa civilização só nos oferece “bens de consumo”, não valores espirituais. Convida-nos ao oportunismo, ao mais fácil, mais seguro, mais cômodo.

Os ideais de coerência, de sinceridade, de amor, que existem em todos os homens, são em geral frustrados, traídos por quem os propugna ou pelo indivíduo incapaz de resistir à pressão dos que o cercam.

Todos falam do valor da colaboração, todos reconhecem que somos globalmente responsáveis pelo caminho da humanidade; no entanto, o que encontramos é insensatez, orgulho, instintos de domínio, de grandeza, inclinação para a agressividade, para um prazer às vezes exacerbado, incontrolado e irracional.

Mas muitas vezes renunciamos, e justificamos a renúncia definindo os  valores como “sonhos de adolescente”.

A revolta dos jovens tem sua raiz nessa sede não aplacada, nessa decepção por tudo que lhes é oferecido, tão distante das verdadeiras e profundas exigências do homem, que tem hoje maior consciência dos valores de fraternidade, justiça, amor, solidariedade.

Não é a primeira vez que, no decorrer da história, o homem enfrenta desafios que põem em discussão modos de pensar e pedem soluções inéditas.

Continuamente o homem faz a experiência de que aquilo que conquistou nunca é uma conquista definitiva. A técnica, as descobertas científicas não matam a sede de segurança, de esperança, de felicidade que todo homem sente.

Lentamente, descobre ou tem a intuição de que só um “Homem-infinito” pode dar-lhe o que busca no meio da confusão” (1)

Refletindo sobre nossas tantas “sedes”, fixemos nosso olhar e pensamento no Senhor e em Sua Palavra, pois somente com Ele e Sua Palavra e Seu Corpo e Sangue, encontramos a fonte divina para a sede do essencial: amor, vida e paz.

Oremos:

“Ó Deus, fonte de toda misericórdia e de toda bondade, Vós nos indicastes o jejum, a esmola e a Oração como remédio contra o pecado.

Acolhei esta confissão da nossa fraqueza, para que humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela misericórdia. Por N. S. J. C. na unidade do Espírito Santo. Amém!”.

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Quero beber do Teu Cálice, Senhor!

“Não sabeis o que pedis. Podeis beber o

Cálice que hei de beber?” (Mt 20,22)

Quero beber do Teu Cálice, Senhor.

Assim como disseste à mãe de Tiago e João,

Sei que não cabe a Ti conceder, mas ao Pai,

Então, permita-me, Senhor, participar de Tua Paixão,

Morrendo contigo, para também contigo Ressuscitar.

Também contigo quero estar sempre em completa comunhão,

Na alegria e na dor, nos tropeços e reerguimentos.

Quero beber do Teu Cálice, Senhor.

Quero me unir à Tua imerecida Paixão,

Completando em minha carne o que possa faltar.

Assim, a Paixão contigo vivendo e assumindo,

Por amor a Igreja, totalmente me consumindo.

Em fidelidade comprovada, razão da esperança sempre dar,

E na rede de relações quotidianas a caridade testemunhar.

Quero beber do Teu Cálice, Senhor.

Consumir minha vida por Ti, logo, pelo Amor,

Marcada pela alegria da doação e do serviço.

Fazendo brilhar Tua luz, num mundo por vezes obscurecido e frio,

Pela palavra e pela ação, para que Teu nome glorifiquem.

Reconhecendo Tua terna e amável presença

Naqueles em que estás aparentemente invisível.

Quero beber do Teu Cálice, Senhor.

Numa fé em contínuo amadurecimento, acrisolamento,

Sem lamentar, mas com Tua força contar no sofrimento.

Caminhando peregrino longe de Ti, tão próximo, tão perto,

Até que possa ver Tua face reluzente, para sempre.

Rumando para a eternidade, com passos firmes,

Sem estagnações e recuos para de Ti não me distanciar.

Quero beber do Teu Cálice, Senhor.

Suportar, se necessário, por fidelidade a Ti,

O desprezo e a incompreensão ao invés da glória.

Com sincera humildade, ponho-me no último lugar

Aprendiz de Ti, servindo por amor, servo inútil me reconheço.

Amargar a incompreensão se preciso for,

Pelo bem feito, sempre será melhor sofrer.

Quero beber do Teu Cálice, Senhor.

Entranhando no mais profundo de mim Tua Palavra

De modo especial a que ressoa em cada Eucaristia.

Deixando-me por ela me moldar, transformar,

Para que Tua imagem melhor possa transparecer.

Da verdadeira Comida e Bebida me saciar;

Vigor, alegria, imortalidade alcançar.

Quero beber do Teu Cálice, Senhor.

Para que se cumpra em mim Tua Palavra,

No Evangelho, na mente e coração gravada:

“Quem come da minha Carne e bebe meu Sangue

permanece em mim e Eu n’Ele”.

Bebo do Teu Cálice, alimento-me de Teu Pão.

Permaneces em mim, Senhor, permaneço em Ti. Amém!

Quero beber do Teu Cálice, Senhor,

Minha cruz assumir contigo por amor… 

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Evangelização e acolhida do sopro do Espírito

“Ai de mim se seu não evangelizar” (1 Cor 9,16).
A Evangelização na cidade tem inúmeros e grandes desafios, de modo que, tão somente abertos à acolhida do sopro do Espírito, se é capaz de dar respostas sólidas aos mesmos, enfrentando-os na planície do quotidiano, atentos à voz do Filho Amado que precisa ser escutado.
Abertos a este sopro, a Igreja precisa multiplicar ações diante da violação da dignidade da pessoa humana e na profética defesa da vida, desde a concepção até o seu declínio natural.
Seremos assim uma Igreja mais viva, participativa, dinâmica, renovada e com fortalecimento dos ministérios e o surgimento de novos.
Permanece forte o apelo da Conferência de Aparecida (2007), para a conversão das estruturas paroquiais e serviços, bem como de todos que se encontram inseridos e comprometidos com a evangelização.
Abertos ao Sopro do Espírito, é mais do que emergente a multiplicação do trabalho e iniciativas diversas para a santificação e solidificação da família, que passa por sérios momentos de desestruturação por diversos motivos (inúmeros são os ventos e tempestades enfrentados pela mesma).
O Espírito Santo também conduz no fortalecimento da dimensão missionária da Igreja – urge ir ao encontro dos católicos afastados, mas sem se esquecer de enraizar e solidificar os que nela já estão participando, fortalecendo laços sinceros de amizade, comunhão e solidariedade, superando toda e qualquer forma de anonimato numa bela e alegre atitude de acolhida mútua, que vai muito além de um seja bem-vindo!
Este mesmo Sopro nos pede mais ousadia nos meios de comunicação social, para que possamos comunicar a todos a Boa-Nova do Evangelho em novos areópagos, chegando às escolas, às universidades, ao mundo do trabalho, às instâncias de decisões que afetam substancialmente a vida do Povo de Deus. A Comunicação não pode ficar restrita ao espaço de nossas salas e Igrejas.
Também nos inquieta e nos desinstala para que nos empenhemos na transformação da sociedade, com a superação da apatia e indiferença diante da política, não perdendo a esperança, não permitindo apagar a chama profética que todo batizado recebe no dia de seu Batismo, para ser sal da terra e luz do mundo.
Deste modo, não ficaremos indiferentes diante da necessária inclusão social em todas as suas formas e dimensões, como expressão da evangélica opção preferencial pelos pobres, que jamais pode ser esquecida pela Igreja, na fidelidade à prática de Jesus na realização do Reino de Deus.
E, assim, sempre atentos a estes sopros, edificaremos uma Igreja do anúncio, testemunho, serviço e diálogo, tendo em conta as urgências que as Diretrizes da Igreja do Brasil nos apresentam (Doc. 102 – 2015-2019).
Com a abertura e acolhida do sopro do Espírito, cresçamos na  fidelidade à Palavra do Senhor, com aquela inquietante preocupação do Apóstolo Paulo, que deve ser de todos nós: “Ai de mim se seu não evangelizar” (1 Cor 9,16).

Animados pelo amor de Cristo

 

Voltemos nosso olhar para as grandes cidades, com diversos contrastes, dificuldades, colocando-nos frente a inquietantes questões. Entre elas, como e de que modo ser uma Igreja que evangeliza, neste contexto, comunicando a Boa-Nova do Reino que Jesus inaugurou?

A difícil realidade das cidades, de modo geral, em diversos âmbitos (política, econômica, educacional, cultural, social, infraestrutura, lazer etc.), exige que tenhamos uma força que nos impulsione; que não nos deixe submergir no mar das dificuldades, da desesperança, do desânimo.

Esta força, como discípulos missionários de Jesus, encontramos no amor que o Apóstolo Paulo se referiu à Comunidade de Corinto: “O amor de Cristo nos impulsiona… para que, os que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Cor 5,14-15).

Deste modo, impulsionados pelo amor de Cristo, cremos que Deus vive na cidade, como nos disseram os Bispos reunidos na Conferência de Aparecida:

“A fé nos ensina que Deus vive na cidade, em meio às suas alegrias, desejos e esperanças, como também em meio às suas dores e sofrimentos. As sombras que marcam o cotidiano das cidades, como exemplo violência, pobreza, individualismo e exclusão, não nos podem impedir que busquemos e contemplemos o Deus da vida também nos ambientes urbanos.

As cidades são lugares de liberdade e oportunidade. Nelas, as pessoas têm a possibilidade de conhecer mais pessoas, interagir e conviver com elas. Nas cidades é possível experimentar vínculos de fraternidade, solidariedade e universalidade. Nelas, o ser humano é constantemente chamado a caminhar sempre mais ao encontro do outro, conviver com o diferente, aceitá-lo e ser aceito por ele.” (DAP – n.514).

Portanto, não podemos nos acomodar, refugiar, isolar e desistir. Deus mora na cidade, e quer contar com nossa colaboração para transformar sinais de desolação em consolação, de escuridão em luz, de tristeza em alegria, de angústia em esperança, de morte em vida. E somos capazes, porque, de fato, “o amor de Cristo nos impulsiona”.

E impulsionados por este amor, renovamos sagrados compromissos para a construção da “Cidade Santa”, a nova Jerusalém, que desce do céu, junto a Deus, “Vestida como noiva que se adorna para seu esposo”, que é a tenda que Deus instalou entre a humanidade, o novo céu e nova terra que esperamos, “onde as lágrimas serão enxugadas dos olhos, não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor, porque tudo o que é antigo terá desaparecido”, porque Ele, o Cristo Ressuscitado, o Princípio e o Fim, faz novas todas as coisas (cf. Ap 21,1-6).

Impulsionados pelo amor de Cristo, vislumbramos, na reflexão e prática das obras de misericórdia corporais e espirituais, um caminho luminoso e indispensável para que tenhamos uma cidade mais humana e fraterna, com vida plena e feliz para todos, revelando a compaixão e a misericórdia divinas, empenhados na construção de um mundo mais justo e fraterno, promovendo a justiça e a paz.

Entretanto, somente edificaremos uma Igreja a serviço desta Cidade Santa, mediante a proclamação e a vivência da Palavra, nutridos pela Ceia da Eucaristia, fortalecendo os vínculos de comunhão fraterna, expressa em solidariedade e serviço, sobretudo aos excluídos, com os quais Cristo Se identificou.

Que o amor de Deus continue sendo derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo (Rm 5,5), para que anunciemos e testemunhemos o Evangelho que Jesus nos confiou e nos enviou a pregar por todo o mundo, e assim, sal da terra, fermento na massa e luz do mundo seremos.

A dignidade e a participação das mulheres na família e na sociedade

                             

À luz dos parágrafos 451-458 da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe – Aparecida – 2007, reflitamos sobre a dignidade e a participação das mulheres na vida da Igreja e na sociedade.

A antropologia cristã ressalta a igual identidade entre homem e mulher, em razão de terem sido criados à imagem e semelhança de Deus, e o Mistério da Trindade nos convida a viver uma comunidade de iguais na diferença.

A sabedoria do plano de Deus exige que favoreçamos o desenvolvimento de sua identidade feminina, em reciprocidade e complementaridade com a identidade do homem.

Neste sentido, é significativa a prática de Jesus, em que ressalta a dignidade da mulher e o seu indiscutível valor. Uma prática fundamental para nosso contexto, marcado pelo machismo que ainda prepondera.

– Jesus falou com elas (cf. Jo 4,27);

– teve singular misericórdia com as pecadoras (cf. Lc 7,36- 50; Jo 8,11);

– as curou (cf. Mc 5,25-34);

– reivindicou a dignidade delas (cf. Jo 8,1-11);

– as escolheu como primeiras testemunhas de Sua Ressurreição (cf. Mt 28,9-10);

– foram incorporadas ao grupo de pessoas que lhe eram mais próximas (cf. Lc 8,1-3).

Ressalta-se a figura de Maria, discípula por excelência entre discípulos, fundamental na recuperação da identidade da mulher e de seu valor na Igreja.

O canto do Magnificat, em especial, mostra Maria como mulher capaz de se comprometer com sua realidade, e diante dela ter voz profética.

Sendo a mulher corresponsável, junto com o homem, pelo presente e futuro de nossa sociedade humana, a reciprocidade deve marcar a relação entre aos mesmos, numa mútua colaboração, harmonização, complementação e empenho para somar todos os esforços.

É lamentado o fato de que inumeráveis mulheres, de toda condição, não sejam valorizadas em sua dignidade, estejam frequentemente sozinhas e abandonadas, não se reconheçam nelas suficientemente o abnegado sacrifício, inclusive a heroica generosidade no cuidado e educação dos filhos e na transmissão da fé na família.

Também é notável que muito menos se valoriza e não se promove, adequadamente, sua indispensável e peculiar participação na construção de uma vida social mais humana e na edificação da Igreja.

Some-se a isto que, ao mesmo tempo, sua urgente dignificação e participação são distorcidas por correntes ideológicas marcadas com o selo cultural das sociedades de consumo e do espetáculo, capazes de submeter as mulheres a novas formas de escravidão.

Faz-se necessário a superação da mentalidade machista, que ignora a novidade do cristianismo, onde se reconhece e se proclama a “igual dignidade e responsabilidade da mulher em relação ao homem”, na realidade da América Latina e do Caribe.

Num contexto em que as mulheres constituem, geralmente, a maioria de nossas comunidades, são as primeiras transmissoras da fé e colaboradoras dos pastores, os quais devem atendê-las, valorizá-las e respeitá-las, urge:

– escutar o clamor, muitas vezes silenciado, de mulheres que são submetidas a muitas formas de exclusão e de violência em todas as suas formas e em todas as etapas de suas vidas: as mulheres pobres, indígenas e afro-americanas têm sofrido dupla marginalização;

– que todas as mulheres possam participar plenamente na vida eclesial, familiar, cultural, social e econômica, criando espaços e estruturas que favoreçam maior inclusão.

– valorizar a maternidade como missão excelente das mulheres, sem que com isto se oponha ao seu desenvolvimento profissional e ao exercício de todas as suas dimensões, o que permite serem fiéis ao plano original de Deus, que dá ao casal humano, de forma conjunta, a missão de melhorar a terra.

Como Igreja é preciso:

– compartilhar, orientar e acompanhar projetos de promoção da mulher com organismos sociais já existentes;

– reconhecer o ministério essencial e espiritual que a mulher leva em suas entranhas: receber a vida, acolhê-la, alimentá-la, dá-la à luz, sustentá-la, acompanhá-la e desenvolver seu ser mulher, criando espaços habitáveis de comunidade e comunhão.

– reconhecer a vocação materna, que se cumpre através de muitas formas de amor, compreensão e serviço aos demais, pois a dimensão maternal também pode ser expressa na adoção de crianças e a elas oferecendo proteção e lar.

Algumas ações pastorais são propostas:

  1. a) Impulsionar a organização da pastoral de maneira que ajude a descobrir e desenvolver em cada mulher e nos âmbitos eclesiais e sociais o “gênio feminino” e promova o mais amplo protagonismo das mulheres;
  1. b) Garantir a efetiva presença da mulher nos ministérios, que na Igreja são confiados aos leigos, como também nas instâncias de planejamento e decisão pastorais, valorizando sua contribuição;
  1. c) Acompanhar as associações femininas, que lutam para superar situações difíceis, de vulnerabilidade ou de exclusão;
  1. d) Promover o diálogo com autoridades para a elaboração de programas, leis e políticas públicas, que permitam harmonizar a vida de trabalho da mulher com seus deveres de mãe de família.

Concluindo, embora a mulher seja insubstituível no lar, na educação dos filhos e na transmissão da fé, não se exclui a necessidade de sua participação ativa na construção da sociedade e, para isto, é necessário propiciar uma formação integral, para que elas possam cumprir sua missão tanto na família como na sociedade.

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    Mulher, não sei o teu nome…

“Mas Jesus disse à mulher:

Tua fé te salvou. Vai em paz!”

(Lc 7, 50)

Mulher, não sei o teu nome, mas sei que te prostraste por detrás dos pés do Senhor;

Banhando Seus pés com as próprias lágrimas de arrependimento, abundantemente vertentes;

Secando-os com teus cabelos, cobrindo-os de beijos, com perfumada unção.

Mulher, não sei o teu nome…

Mas sei que és a própria humanidade, que aos pés do Senhor se prostra;

És capaz de reconhecer e chorar teus pecados diante de quem pode perdoá-los,

Jesus, verdadeiramente Homem, verdadeiramente Deus.

Mulher, não sei o teu nome…

Mas, como não reconhecer tua coragem entrando na casa de Simão?

Sem mesmo ser convidada, corajosamente, ironias e comentários, sem compaixão,

Por ti escutados, na ânsia tão intensa de ser amada, suportaste.

Mulher, não sei o teu nome…

Sei que casa entraste, e audaciosa foste,  “manchando” com teus pecados casa “tão pura”,

Bem sabias que pureza somente encontrarias se pelo Senhor foste perdoada,

Por isto lavaste, com tuas lágrimas, os pés de quem poderia lavar tua alma e coração.

Mulher, não sei o teu nome…

Sei que foste acolhida por Aquele que te olhou com ternura,

Que te viu além do que eras, olhando para além de tua miséria,

Comunicou-te a misericórdia. No perdão dado, a paz comunicada.

Mulher, não sei o teu nome…

Sei que te aventuraste na mais corajosa aventura indo ao encontro do Senhor,

Pois tinhas o desejo mais puro que se possa ter: ser acolhida por Deus, por amor,

Para, amada e perdoada, espalhar pelo mundo o suave perfume de Amor do Senhor.

Mulher, não sei o teu nome…

Sei que creste num Deus que é maior que o nosso coração, indubitavelmente,

Cuja benevolência tem entranhas maternas, e mais forte que nosso pecado;

Um Deus que nos ama como pecadores, destruindo em nós tão apenas o pecado que abomina.

Mulher, não sei o teu nome…

Sei tão apenas que foste ao encontro não de alguém para apagar teu passado,

Mas de alguém que pudesse renovar teu coração, comunicando um dom novo,

Que fizesse desencadear um amor indizível, jamais sentido.

Mulher, não sei o teu nome…

Mas, que aprendamos de ti a mesma atitude diante do Senhor tomar,

Aprendendo que a vida vale a pena quando por Ele nos deixamos amar,

E, por Ele amados e perdoados, o outro também amar e perdoar.

Dom Otacilio F. Lacerda

http://peotacilio.blogspot.com

Acesse pelo Google: Dom Otacilio YouTube

 

 

Proclamar e testemunhar o Evangelho na cidade

Jamais podemos nos tornar indiferentes aos desafios da Evangelização em nossa Cidade, como nos exortam as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023):

EVANGELIZAR no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude”.

Como discípulos missionários do Senhor, precisamos ter presentes estas atitudes:

Acolher os irmãos e irmãs com alegria, como comunidade eclesial e missionária, que vive o mandamento do amor que Nosso Senhor nos deu, na alegria, fraternidade e ternura.

Revigorar a Família diante dos incontáveis desafios (fragmentação, desestruturação, falta de diálogo…), para que ela seja sacrário vivo da vida, espaço primeiro e privilegiado da formação humana, espiritual, psicológica, assimilação dos valores que devem nortear a vida de toda pessoa e a pessoa toda para sempre…

Catequizar e Evangelizar – Não é suficiente a catequese é preciso Evangelizar, permear a vida toda com o Evangelho, fazendo do mesmo princípio ético de conduta e promoção do bem comum, construção de uma sociedade justa e fraterna. Alargar os horizontes da Pastoral Paroquial, numa necessária conversão e revitalização.

Converter-se a Boa Nova de Jesus Cristo – conversão em todos os níveis e de todos os envolvidos na Evangelização: leigos (as), consagrados (as), ordenados. Conversão das estruturas para que se intensifique a comunhão e a participação, respondendo aos apelos da acolhida, realidade de pastoral urbana missionária e ecumênica.

Comunicar a Boa-Nova do Evangelho através dos Meios de Comunicação já existentes, e ampliar a necessária penetração em novos areópagos da cidade: Internet, rádio, TV, jornais, escolas, universidades, hospitais, shoppings; dar passos para o fortalecimento de Comunidades eclesiais Missionárias.

Viver a Caridade na defesa da vida, desde a sua concepção até o seu declínio natural, respondendo aos clamores que emergem na defesa da mesma, ressaltando sua dignidade e sacralidade. Defender a vida também enquanto meio ambiente, no fortalecimento de uma espiritualidade que nos ajude a dar passos para que tenhamos e vivamos uma Ecologia integral, como nos tem falado, insistentemente, o Papa Francisco.

Reavivar a evangélica opção preferencial pelos pobres no revigoramento e comprometimento sociopolítico, em busca de políticas públicas que assegurem vida, parcerias viáveis, fortalecimento dos diversos conselhos paritários.

Muitos são os desafios na atividade pastoral e ação evangelizadora, e precisamos encontrar corajosas respostas de todos nós, ministérios ordenados ou não.

Contamos com o mesmo Espírito que pousou sobre Jesus na Sinagoga de Nazaré, e que nos acompanhará, dando-nos os sete dons: sabedoria e discernimento, conselho e fortaleza, ciência, temor e piedade (Is 11,1-3a).

Sendo a fé viva quando são as obras que falam, deixemos as obras falarem no cuidado do rebanho, por Deus, a nós confiado! (1Pd 5,1-4).

Esteja sempre Maria, a Estrela da Evangelização, conosco nesta missão, ela que é a Mãe da Igreja e sempre nos acompanha para maior fidelidade à Palavra e à Missão pelo Filho a nós confiada, com a presença e ação do Espírito, que n’Ela pode agir e fazer maravilhas.

                                                                                              Dom Otacilio F. Lacerda

                                      http://peotacilio.blogspot.com/2020/03/proclamar-e-testemunhar-o-evangelho-na.html?m=0

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