Michel Hoguinelle

“Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4, 7)

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA O VII DIA MUNDIAL DOS POBRES

XXXIII Domingo do Tempo Comum
19 de novembro de 2023

«Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7)

 

1. O Dia Mundial dos Pobres, sinal fecundo da misericórdia do Pai, vem pela sétima vez alentar o caminho das nossas comunidades. Trata-se duma ocorrência que se está a radicar progressivamente na pastoral da Igreja, fazendo-a descobrir cada vez mais o conteúdo central do Evangelho. Empenhamo-nos todos os dias no acolhimento dos pobres, mas não basta; a pobreza permeia as nossas cidades como um rio que engrossa sempre mais até extravasar; e parece submergir-nos, pois o grito dos irmãos e irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade ergue-se cada vez mais forte. Por isso, no domingo que antecede a festa de Jesus Cristo, Rei do Universo, reunimo-nos ao redor da sua Mesa para voltar a receber d’Ele o dom e o compromisso de viver a pobreza e servir os pobres.

«Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7). Esta recomendação ajuda-nos a compreender a essência do nosso testemunho. Deter-se no Livro de Tobite, um texto pouco conhecido do Antigo Testamento, eloquente e cheio de sabedoria, permitir-nos-á penetrar melhor no conteúdo que o autor sagrado deseja transmitir. Abre-se diante de nós uma cena de vida familiar: um pai, Tobite, despede-se do filho, Tobias, que está prestes a iniciar uma longa viagem. O velho Tobite teme não voltar a ver o filho e, por isso, deixa-lhe o seu «testamento espiritual». Foi deportado para Nínive e agora está cego; é, por conseguinte, duplamente pobre, mas sempre viveu com a certeza que o próprio nome exprime: «O Senhor foi o meu bem». Este homem que sempre confiou no Senhor, deseja, como um bom pai, deixar ao filho não tanto bens materiais, mas sobretudo o testemunho do caminho que há de seguir na vida. Por isso diz-lhe: «Lembra-te sempre, filho, do Senhor, nosso Deus, em todos os teus dias, evita o pecado e observa os seus mandamentos. Pratica a justiça em todos os dias da tua vida e não andes pelos caminhos da injustiça» (Tb 4, 5).

2. Como salta à vista, a recordação, que o velho Tobite pede ao filho para guardar, não se reduz simplesmente a um ato da memória nem a uma oração dirigida a Deus. Faz referência a gestos concretos, que consistem em praticar boas obras e viver com justiça. E a exortação torna-se ainda mais específica: «Dá esmolas, conforme as tuas posses. Nunca afastes de algum pobre o teu olhar, e nunca se afastará de ti o olhar de Deus» (Tb 4, 7).

Muito surpreendem as palavras deste velho sábio. Não esqueçamos, de facto, que Tobite perdeu a vista precisamente depois de ter praticado um ato de misericórdia. Como ele próprio conta, desde a juventude que se dedicou a obras de caridade, «dando muitas esmolas aos meus irmãos, os da minha nação que comigo tinham sido levados cativos para a terra dos assírios, em Nínive (…), fornecendo pão aos esfomeados e vestindo os nus e, se encontrava morto alguém da minha linhagem, atirado para junto dos muros de Nínive, dava-lhe sepultura» (Tb 1, 3.17).

Por causa deste seu testemunho de caridade, viu-se privado de todos os seus bens pelo rei, ficando na pobreza completa. Mas, o Senhor precisava ainda dele! Foi-lhe devolvido o seu lugar de administrador e ele não teve medo de continuar o seu estilo de vida. Ouçamos a sua história, que hoje nos fala também a nós: «Pela festa do Pentecostes, que é a nossa festa das Semanas, mandei preparar um bom almoço e reclinei-me para comer. Mas, ao ver a mesa coberta com tantas comidas finas, disse a Tobias: “Filho, vai procurar, entre os nossos irmãos cativos em Nínive, um pobre que seja de coração fiel, e trá-lo para que participe da nossa refeição. Eu espero por ti, meu filho”» (Tb 2, 1-2). Como seria significativo se, no Dia dos Pobres, esta preocupação de Tobite fosse também a nossa! Ou seja, convidar para partilhar o almoço dominical, depois de ter partilhado a Mesa Eucarística. A Eucaristia celebrada tornar-se-ia realmente critério de comunhão. Aliás, se ao redor do altar do Senhor temos consciência de sermos todos irmãos e irmãs, quanto mais visível se tornaria esta fraternidade, compartilhando a refeição festiva com quem carece do necessário!

Tobias fez como o pai lhe dissera, mas voltou com a notícia de que um pobre fora morto e deixado no meio da praça. Sem hesitar, o velho Tobite levantou-se da mesa e foi enterrar aquele homem. Voltando cansado para casa, adormeceu no pátio; caíram-lhe nos olhos excrementos de pássaros, e ficou cego (cf. Tb 2, 1-10). Ironia do destino! Pratica um gesto de caridade e sucede-lhe uma desgraça… Apetece-nos pensar assim, mas a fé ensina-nos a ir mais a fundo. A cegueira de Tobite tornar-se-á a sua força para reconhecer ainda melhor tantas formas de pobreza ao seu redor. E, mais tarde, o Senhor providenciará a devolver ao velho pai a vista e a alegria de rever o filho Tobias. Quando chegou este momento, «Tobite lançou-se-lhe ao pescoço e, chorando, disse: “Vejo-te, filho, tu que és a luz dos meus olhos!” E continuou: “Bendito seja Deus e bendito o seu grande nome! Benditos os seus santos anjos! Que seu nome esteja sobre nós e benditos sejam todos os seus anjos, pelos séculos sem fim! Ele puniu-me, mas eis que volto a ver Tobias, o meu filho”» (Tb 11, 13-14).

3. Podemos questionar-nos: Donde tira Tobite a coragem e a força interior que lhe permitem servir a Deus no meio dum povo pagão e amar o próximo até ao ponto de pôr em risco a própria vida? Estamos diante dum exemplo extraordinário: Tobite é um marido fiel e um pai carinhoso; foi deportado para longe da sua terra e sofre injustamente; é perseguido pelo rei e pelos vizinhos de casa… Apesar de ânimo tão bom, é posto à prova. Como muitas vezes nos ensina a Sagrada Escritura, Deus não poupa as provações a quem pratica o bem. E porquê? Não o faz para nos humilhar, mas para tornar firme a nossa fé n’Ele.

Tobite, no período da provação, descobre a própria pobreza, que o torna capaz de reconhecer os pobres. É fiel à Lei de Deus e observa os mandamentos, mas para ele isto não basta. A solicitude operosa para com os pobres torna-se-lhe possível, porque experimentou a pobreza na própria pele. Por isso, as palavras que dirige ao filho Tobias constituem a sua verdadeira herança: «Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7). Enfim, quando nos deparamos com um pobre, não podemos virar o olhar para o lado oposto, porque impediríamos a nós próprios de encontrar o rosto do Senhor Jesus. E notemos bem aquela expressão «de algum pobre», de todo o pobre. Cada um deles é nosso próximo. Não importa a cor da pele, a condição social, a proveniência… Se sou pobre, posso reconhecer de verdade quem é o irmão que precisa de mim. Somos chamados a ir ao encontro de todo o pobre e de todo o tipo de pobreza, sacudindo de nós mesmos a indiferença e a naturalidade com que defendemos um bem-estar ilusório.

4. Vivemos um momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres. O volume sonoro do apelo ao bem-estar é cada vez mais alto, enquanto se põe o silenciador relativamente às vozes de quem vive na pobreza. Tende-se a ignorar tudo o que não se enquadre nos modelos de vida pensados sobretudo para as gerações mais jovens, que são as mais frágeis perante a mudança cultural em curso. Coloca-se entre parênteses aquilo que é desagradável e causa sofrimento, enquanto se exaltam as qualidades físicas como se fossem a meta principal a alcançar. A realidade virtual sobrepõe-se à vida real, e acontece cada vez mais facilmente confundirem-se os dois mundos. Os pobres tornam-se imagens que até podem comover por alguns momentos, mas quando os encontramos em carne e osso pela estrada, sobrevêm o fastídio e a marginalização. A pressa, companheira diária da vida, impede de parar, socorrer e cuidar do outro. A parábola do bom samaritano (cf. Lc 10, 25-37) não é história do passado; desafia o presente de cada um de nós. Delegar a outros é fácil; oferecer dinheiro para que outros pratiquem a caridade é um gesto generoso; envolver-se pessoalmente é a vocação de todo o cristão.

5. Damos graças ao Senhor porque há tantos homens e mulheres que vivem a dedicação aos pobres e excluídos e a partilha com eles; pessoas de todas as idades e condições sociais que praticam a hospitalidade e se empenham junto daqueles que se encontram em situações de marginalização e sofrimento. Não são super-homens, mas «vizinhos de casa» que encontramos cada dia e que, no silêncio, se fazem pobres com os pobres. Não se limitam a dar qualquer coisa: escutam, dialogam, procuram compreender a situação e as suas causas, para dar conselhos adequados e indicações justas. Estão atentos tanto à necessidade material como à espiritual, ou seja, à promoção integral da pessoa. O Reino de Deus torna-se presente e visível neste serviço generoso e gratuito; é realmente como a semente que caiu na boa terra da vida destas pessoas, e dá fruto (cf. Lc 8, 4-15). A gratidão a tantos voluntários deve fazer-se oração para que o seu testemunho possa ser fecundo.

6. No 60º aniversário da Encíclica Pacem in terris, é urgente retomar as palavras do Santo Papa João XXIII quando escrevia: «O ser humano tem direito à existência, à integridade física, aos recursos correspondentes a um digno padrão de vida: tais são especialmente a nutrição, o vestuário, a moradia, o repouso, a assistência sanitária, os serviços sociais indispensáveis. Segue-se daí, que a pessoa tem também o direito de ser amparada em caso de doença, de invalidez, de viuvez, de velhice, de desemprego forçado, e em qualquer outro caso de privação dos meios de sustento por circunstâncias independentes da sua vontade» (n. 11).

Quanto trabalho temos ainda pela frente para tornar realidade estas palavras, inclusive através dum sério e eficaz empenho político e legislativo! Não obstante os limites e por vezes as lacunas da política para ver e servir o bem comum, possa desenvolver-se a solidariedade e a subsidiariedade de muitos cidadãos que acreditam no valor do empenho voluntário de dedicação aos pobres. Isto, naturalmente sem deixar de estimular e fazer pressão para que as instituições públicas cumpram do melhor modo possível o seu dever. Mas não adianta ficar passivamente à espera de receber tudo «do alto». E, quem vive em condição de pobreza, seja também envolvido e apoiado num processo de mudança e responsabilização.

7. Mais uma vez, infelizmente, temos de constatar novas formas de pobreza que se vêm juntar às outras descritas já anteriormente. Penso de modo particular nas populações que vivem em cenários de guerra, especialmente nas crianças privadas dum presente sereno e dum futuro digno. Ninguém poderá jamais habituar-se a esta situação; mantenhamos viva toda a tentativa para que a paz se afirme como dom do Senhor Ressuscitado e fruto do empenho pela justiça e o diálogo.

Não posso esquecer as especulações, em vários setores, que levam a um aumento dramático dos preços, deixando muitas famílias numa indigência ainda maior. Os salários esgotam-se rapidamente, forçando a privações que atentam contra a dignidade de cada pessoa. Se, numa família, se tem de escolher entre o alimento para se nutrir e os remédios para se curar, então deve fazer-se ouvir a voz de quem clama pelo direito a ambos os bens, em nome da dignidade da pessoa humana.

Além disso, como não assinalar a desordem ética que marca o mundo do trabalho? O tratamento desumano reservado a muitos trabalhadores e trabalhadoras; a remuneração não equivalente ao trabalho realizado; o flagelo da precariedade; as demasiadas vítimas de incidentes, devidos muitas vezes à mentalidade que privilegia o lucro imediato em detrimento da segurança… Voltam à mente as palavras de São João Paulo II: «O primeiro fundamento do valor do trabalho é o próprio homem. (…) O homem está destinado e é chamado ao trabalho, contudo antes de mais nada o trabalho é “para o homem”, e não o homem “para o trabalho”» (Enc. Laborem exercens, 6).

8. Este elenco, já em si mesmo dramático, dá conta apenas de modo parcial das situações de pobreza que fazem parte da nossa vida diária. Não posso deixar de fora, em particular, uma forma de mal-estar que aparece cada dia mais evidente e que atinge o mundo juvenil. Quantas vidas frustradas e até suicídios de jovens, iludidos por uma cultura que os leva a sentirem-se «inacabados» e «falidos». Ajudemo-los a reagir a estas instigações nocivas, para que cada um possa encontrar a estrada que deve seguir para adquirir uma identidade forte e generosa.

É fácil cair na retórica, quando se fala dos pobres. Tentação insidiosa é também parar nas estatísticas e nos números. Os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma. São irmãos e irmãs com os seus valores e defeitos, como todos, e é importante estabelecer uma relação pessoal com cada um deles.

O Livro de Tobias ensina-nos a ser concretos no nosso agir com e pelos pobres. É uma questão de justiça que nos obriga a todos a procurar-nos e encontrar-nos reciprocamente, favorecendo a harmonia necessária para que uma comunidade se possa identificar como tal. Portanto, interessar-se pelos pobres não se esgota em esmolas apressadas; pede para restabelecer as justas relações interpessoais que foram afetadas pela pobreza. Assim «não afastar o olhar do pobre» leva a obter os benefícios da misericórdia, da caridade que dá sentido e valor a toda a vida cristã.

9. Que a nossa solicitude pelos pobres seja sempre marcada pelo realismo evangélico. A partilha deve corresponder às necessidades concretas do outro, e não ao meu supérfluo de que me quero libertar. Também aqui é preciso discernimento, sob a guia do Espírito Santo, para distinguir as verdadeiras exigências dos irmãos do que constitui as nossas aspirações. Aquilo de que seguramente têm urgente necessidade é da nossa humanidade, do nosso coração aberto ao amor. Não esqueçamos: «Somos chamados a descobrir Cristo neles: não só a emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 198). A fé ensina-nos que todo o pobre é filho de Deus e que, nele ou nela, está presente Cristo: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40).

10. Este ano completam-se 150 anos do nascimento de Santa Teresa do Menino Jesus. Numa página da sua História de uma alma, deixou escrito: «Compreendo agora que a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, em não se escandalizar com as suas fraquezas, em edificar-se com os mais pequenos atos de virtude que se lhes vir praticar; mas compreendi, sobretudo, que a caridade não deve ficar encerrada no fundo do coração: “Ninguém, disse Jesus, acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas coloca-a sobre o candelabro para alumiar todos os que estão em casa”. Creio que essa luz representa a caridade, que deve iluminar e alegrar, não só os que são mais queridos, mas todos aqueles que estão na casa, sem excetuar ninguém» (Manuscrito C, 12rº: História de uma alma, Avessadas 2005, 255-256).

Nesta casa que é o mundo, todos têm direito de ser iluminados pela caridade, ninguém pode ser privado dela. Possa a tenacidade do amor de Santa Teresinha inspirar os nossos corações neste Dia Mundial, ajudar-nos a «nunca afastar de algum pobre o olhar» e a mantê-lo sempre fixo no rosto humano e divino do Senhor Jesus Cristo.

Roma – São João de Latrão, na Memória de Santo António, Patrono dos pobres, 13 de junho de 2023.

FRANCISCO

44ª Assembleia do Serviço de Animação Vocacional/Pastoral Vocacional do Regional

Aconteceu, entre os dias 10 e 12 de novembro, o Serviço de Animação Vocacional/Pastoral Vocacional do Regional Leste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou a sua 44ª Assembleia Anual Eletiva, em Belo Horizonte (MG).

Neste ano, o evento teve como tema “Equipes Vocacionais Paroquiais” e foi conduzido pela Irmã Maristela Ganassini, da Congregação Filhas do Sagrado Coração de Jesus. Além de momentos de espiritualidade e reflexão também aconteceu a eleição da nova coordenação do SAV/PV em Minas Gerais.

A assembleia contou com 44 participantes, entre eles padres, religiosos, religiosas, leigos e leigas representando 16 dioceses mineiras.

De acordo com Pe. Rodrigo de Carvalho Silva, coordenador do SAV/PV no Leste 2, foi um espaço de fraterna comunhão, participação ativa e partilha. “Queremos avaliar as iniciativas e traçar novas metas para uma boa animação vocacional em nossas paróquias, dioceses, províncias e eleger a nova coordenação do Regional”, analisou.

Dom Nivaldo dos Santos Ferreira, bispo auxiliar de Belo Horizonte e presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e Vida Consagrada, também acompanhou o primeiro dia do evento.

Clique aqui para ver as fotos do evento

Nova coordenação

No domingo, 12 de novembro, os participantes elegeram a nova coordenação do SAV/PV Leste 2 para o quadriênio 2024-2027, sendo:

Coordenador: Pe. João Rafael Marques de Oliveira, arquidiocese de Montes Claros;
Vice coordenador: Pe. Hélio de Oliveira Filho, diocese de Sete Lagoas;
Secretário: Pe. Rogério Consentino de Aguiar, arquidiocese de Uberaba;
Representante leiga: Kelly Katielly Santos Zuba, arquidiocese de Montes Claros
Representando a CRB: Ir. Ana Célia de Oliveira, CIC, Congregação das Irmãs Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Castres.

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: https://cnbbleste2.org/

“Uma Igreja sinodal em missão”

A Igreja concluiu, no domingo, 29 de outubro, a primeira sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade com a missa presidida pelo Papa Francisco na basílica de São Pedro. No sábado, foi divulgado o documento síntese da assembleia, iniciada no dia 4 de outubro.

“Uma Igreja sinodal em missão” é o título do relatório divulgado pela Secretaria do Sínodo, disponível (aqui) somente em italiano, a princípio. O documento oferece reflexões e propostas sobre temáticas como o papel das mulheres e dos leigos, o ministério dos bispos, o sacerdócio e o diaconato, a importância dos pobres e migrantes, a missão digital, o ecumenismo e os abusos.

O Relatório de Síntese lança um olhar renovado sobre o mundo e a Igreja e às suas instâncias. O documento está dividido em três partes e traça o caminho para o trabalho a ser realizado na segunda sessão em 2024. A primeira trata do rosto da Igreja sinodal, abordando temas como a experiência e a compreensão sobre a sinodalidade, a iniciação à vida cristã, a Igreja na relação com os pobres e a unidade cristã.

A segunda parte, “Todos discípulos, todos missionários”, aborda a missão da Igreja e temas como as mulheres na vida e na missão eclesial, a vida consagrada e as associações laicais, os diáconos e presbíteros em uma Igreja sinodal, o bispo na comunhão eclesial e a missão do Papa.

Já a terceira parte, “Tecendo ligações, construindo comunidades”, trata de temas como a formação, a escuta e o acompanhamento, os missionários no ambiente digital e os organismos de participação, além do próprio Sínodo dos Bispos e a Assembleia eclesial.

Ganhou destaque a questão dos abusos no relatório. Como na Carta ao Povo de Deus, a assembleia sinodal reafirmou “a abertura para ouvir e acompanhar todos, inclusive aqueles que sofreram abusos e ferimentos na Igreja”. Ao longo do caminho a ser percorrido “rumo à reconciliação e à justiça”, “é preciso abordar as condições estruturais que permitiram tais abusos e fazer gestos concretos de penitência”.

Adorar e servir

No domingo, o Papa Francisco presidiu a celebração eucarística de conclusão do Sínodo dos Bispos, numa basílica de São Pedro repleta de fiéis. Em sua homilia, exortou cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos a crescer na adoração a Deus e no serviço ao próximo: “é aqui que está o coração de tudo” para fazer “a Igreja que somos chamados a sonhar: uma Igreja serva de todos, serva dos últimos. Uma Igreja que acolhe, serve, ama. Uma Igreja com as portas abertas, que seja porto de misericórdia”.

Leia a homilia do Papa na íntegra aqui.

Fonte: CNBB

A “Carta ao Povo de Deus”: a sinodalidade é o caminho do terceiro milênio

Os participantes da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos redigiram uma carta-mensagem para todo o povo de Deus. O texto foi publicado nesta quarta-feira, 25 de outubro. Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação e presidente da Comissão para a Informação, especificou que a Comissão para o documento de síntese pensou em um texto para contar a todos, “ao maior número possível de pessoas, e sobretudo àquelas que ainda não foram alcançadas ou envolvidas no processo sinodal”, sobre a experiência vivida pelos membros do Sínodo. A leitura do esboço da Carta foi recebida com aplausos pela assembleia na manhã de terça-feira.

Confira o texto na íntegra:

Queridas irmãs e irmãos,

Ao chegar ao fim dos trabalhos da primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, queremos, com todos vós, dar graças a Deus pela bela e rica experiência que tivemos. Vivemos este tempo abençoado em profunda comunhão com todos vós. Fomos sustentados pelas vossas orações, trazendo conosco as vossas expectativas, os vossos questionamentos, e também os vossos receios. Já passaram dois anos desde que, a pedido do Papa Francisco, iniciámos um longo processo de escuta e discernimento, aberto a todo o povo de Deus, sem excluir ninguém, para “caminhar juntos”, sob a guia do Espírito Santo, discípulos missionários no seguimento de Jesus Cristo.

A sessão que nos reuniu em Roma desde 30 de setembro foi um passo importante neste processo. Em muitos aspectos, foi uma experiência sem precedentes. Pela primeira vez, a convite do Papa Francisco, homens e mulheres foram convidados, em virtude do seu batismo, a sentarem-se à mesma mesa para participarem não só nos debates mas também nas votações desta Assembleia do Sínodo dos Bispos. Juntos, na complementaridade das nossas vocações, carismas e ministérios, escutamos intensamente a Palavra de Deus e a experiência dos outros. Utilizando o método de conversação espiritual, partilhamos humildemente as riquezas e as pobrezas das nossas comunidades em todos os continentes, procurando discernir aquilo que o Espírito Santo quer dizer à Igreja hoje. Assim, experimentamos também a importância de promover intercâmbios mútuos entre a tradição latina e as tradições do Oriente cristão. A participação de delegados fraternos de outras Igrejas e Comunidades eclesiais enriqueceu profundamente os nossos debates.

A nossa assembleia decorreu no contexto de um mundo em crise, cujas feridas e escandalosas desigualdades ressoaram dolorosamente nos nossos corações e conferiram aos nossos trabalhos uma gravidade peculiar, tanto mais que alguns de nós vieram de países onde a guerra deflagra. Rezamos pelas vítimas da violência assassina, sem esquecer todos aqueles que a miséria e a corrupção atiraram para os perigosos caminhos da migração. Comprometemo-nos a ser solidários e empenhados ao lado das mulheres e dos homens que operam em todo lugar do mundo como artesãos da justiça e da paz.

A convite do Santo Padre, demos um importante espaço ao silêncio para favorecer entre nós a escuta respeitosa e o desejo de comunhão no Espírito. Durante a vigília ecumênica de abertura, experimentamos o quanto a sede de unidade cresce na contemplação silenciosa de Cristo crucificado. “A cruz é, de fato, a única cátedra d’Aquele que, dando a sua vida pela salvação do mundo, confiou os seus discípulos ao Pai, para que ‘todos sejam um’ (Jo 17,21)”. Firmemente unidos na esperança que a Sua ressurreição nos dá, confiamos-lhe a nossa Casa comum, onde o clamor da terra e o clamor dos pobres ressoam cada vez com mais urgência: “Laudate Deum! “, recordou o Papa Francisco logo no início dos nossos trabalhos.

Dia após dia, sentimos um apelo imediato à conversão pastoral e missionária. Com efeito, a vocação da Igreja é anunciar o Evangelho não se centrando em si mesma, mas pondo-se ao serviço do amor infinito com que Deus ama o mundo (cf. Jo 3,16). Quando lhes perguntaram o que esperam da Igreja por ocasião deste Sínodo, algumas pessoas em situação de rua que vivem perto da Praça de S. Pedro responderam: “Amor! “. Este amor deve permanecer sempre o coração ardente da Igreja, o amor trinitário e eucarístico, como recordou o Papa evocando a mensagem de Santa Teresa do Menino Jesus em 15 de outubro, no meio da nossa assembleia. É a “confiança” que nos dá a audácia e a liberdade interior que experimentamos, não hesitando em exprimir livre e humildemente as nossas convergências e as nossas diferenças, os nossos desejos e as nossas interrogações, livre e humildemente.

E agora? Gostaríamos que os meses que nos separam da segunda sessão, em outubro de 2024, permitam a todos participar concretamente no dinamismo de comunhão missionária indicado pela palavra “sínodo”. Não se trata de uma questão de ideologia, mas de uma experiência enraizada na Tradição Apostólica. Como o Papa reiterou no início deste processo, “Comunhão e missão correm o risco de permanecer termos algo abtratos se não cultivarmos uma práxis eclesial que exprima a concretude da sinodalidade (…), promovendo o envolvimento real de todos e de cada um” (9 de outubro de 2021). Os desafios são muitos, as questões numerosas: o relatório de síntese da primeira sessão esclarecerá os pontos de acordo alcançados, destacará as questões em aberto e indicará a forma de prosseguir os trabalhos.

Para progredir no seu discernimento, a Igreja precisa escutar todos, a começar pelos mais pobres. Isto exige, de sua parte, um caminho de conversão, que é também um caminho de louvor: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos” (Lc 10,21)! Trata-se de escutar aqueles que não têm direito à palavra na sociedade ou que se sentem excluídos, mesmo da Igreja. Escutar as pessoas que são vítimas do racismo em todas as suas formas, especialmente em algumas regiões, os povos indígenas cujas culturas foram desprezadas. Acima de tudo, a Igreja do nosso tempo tem o dever de escutar, em espírito de conversão, aqueles que foram vítimas de abusos cometidos por membros do corpo eclesial e de se empenhar concreta e estruturalmente para que isso não volte a acontecer. A Igreja precisa escutar os leigos, mulheres e homens, todos chamados à santidade em virtude da sua vocação batismal: o testemunho dos catequistas, que em muitas situações são os primeiros anunciadores do Evangelho; a simplicidade e a vivacidade das crianças, o entusiasmo dos jovens, as suas interrogações e as suas chamadas; os sonhos dos idosos, a sua sabedoria e a sua memória.

A Igreja precisa colocar-se à escuta das famílias, as suas preocupações educativas, o testemunho cristão que oferecem no mundo de hoje. Precisa acolher as vozes daqueles que desejam se envolver em ministérios leigos ou em órgãos participativos de discernimento e de tomada de decisões. Para progredir no discernimento sinodal, a Igreja tem particular necessidade de recolher ainda mais a palavra e a experiência dos ministros ordenados: os sacerdotes, primeiros colaboradores dos bispos, cujo ministério sacramental é indispensável à vida de todo o corpo; os diáconos, que com o seu ministério significam a solicitude de toda a Igreja ao serviço dos mais vulneráveis. Deve também deixar-se interpelar pela voz profética da vida consagrada, sentinela vigilante dos apelos do Espírito. Precisa ainda estar atenta a todos aqueles que não partilham a sua fé, mas que procuram a verdade e nos quais o Espírito, que “a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério pascal por um modo só de Deus conhecido” (Gaudium et spes 22), também está presente e atua.

“O mundo em que vivemos, e que somos chamados a amar e a servir mesmo nas suas contradições, exige da Igreja o reforço das sinergias em todos os âmbitos da sua missão. É precisamente o caminho da sinodalidade que Deus espera da Igreja do terceiro milénio” (Papa Francisco, 17 de outubro de 2015). Não tenhamos medo de responder a este apelo. A Virgem Maria, a primeira no caminho, nos acompanha em nossa peregrinação. Nas alegrias e nas fadigas, ela mostra o seu Filho que nos convida à confiança. É Ele, Jesus, a nossa única esperança!

 

Cidade do Vaticano, 25 de outubro de 2023

Edições CNBB lança materiais da Campanha da Fraternidade 2024

Já estão disponíveis para aquisição os materiais da Campanha da Fraternidade (CF) 2024, sobre a Amizade Social. Além do texto-base, são oferecidos diversos subsídios para aprofundamento e meditação do tema proposto para a Quaresma do próximo ano. O ano de 2024 marca os 60 anos de mobilização da Campanha da Fraternidade em todo o Brasil. O tema escolhido para a ocasião é “Fraternidade e amizade social” e o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

O texto base é o principal material da campanha, a reflexão fundamental que sustenta o caminho da CF. De acordo com a editora, “ele propõe despertar, de acordo com o tema e o lema, a beleza da fraternidade humana aberta a todos, para além dos nossos gostos, afetos e preferências, em um caminho de verdadeira penitência e conversão”.

conjunto de lançamentos sobre a CF conta com subsídios que já fazem parte tradicionalmente das publicações oferecidas, como roteiros para círculos bíblicos, CF na Catequese e CF na Escola. Também são apresentadas novidades, como o roteiro com as meditações da Via Sacra e da Via Lucis, o Terço da Amizade Social e o subsídio com roteiros para Adoração Eucarística, Celebração Penitencial e Celebração Ecumênica. A editora também oferta impressos de divulgação como o cartaz, cartão-postal, banners e adesivos.

Saiba quais são os materiais oferecidos neste ano:

  • Texto-base da CF 2024
    O Texto-Base da Campanha da Fraternidade 2024 é a reflexão fundamental que sustenta o caminho da CF.
  • CF 2024 – CF na Escola – Ensino Médio
    São três subsídios voltados para os educadores católicos que querem semear em seus alunos o espírito da CF 2024 com o tema “Fraternidade e amizade social”. Sendo um para cada etapa do ensino (Fundamental I e II e Ensino Médio), o material oferece cinco planos de aula sobre a CF contendo atividades a serem desenvolvidas nas aulas de ensino religioso ou outras.
  • CF 2024 – Círculos Bíblicos
    O subsídio Círculos Bíblicos é ideal para que as pessoas possam se reunir em pequenos grupos e, assim, inspiradas nas Sagradas Escrituras, fazerem estudos e reflexões quaresmais sobre a Campanha da Fraternidade 2024, por meio de cinco roteiros.
  • CF 2024 – CF na Catequese com Crianças e as Dores de Maria
    Este subsídio oferece 3 roteiros catequéticos para desenvolver o tema da CF 2024 “Fraternidade e amizade social” com crianças e uma celebração adaptada das 7 Dores de Maria em sua participação na Paixão de Jesus. Também é oferecido o material para catequese com adolescentes.
  • CF 2024 – Adoração Eucarística, Celebração Penitencial e Celebração Ecumênica 
    Novo subsídio para a CF 2024! São três roteiros em um único volume. O roteiro para a Adoração Eucarística visa oferecer a todas as pessoas e grupos que desejam passar uma hora em adoração ao Santíssimo Sacramento. O roteiro para a Celebração Penitencial oferece uma celebração que pode ser realizada como celebração da penitência presidida por ministro leigo em qualquer comunidade urbana ou rural, em um dia da Quaresma; pode ser presidida por um presbítero tornando-se oportunamente um ato penitencial com absolvição geral ou pode ser uma celebração que precede e prepara para o início do mutirão, com diversos padres dispostos a atender confissões individuais. O roteiro para a Celebração Ecumênica, por sua vez, pode ser utilizado quando duas ou mais comunidades cristãs de distintas confissões desejam rezar juntas ou mesmo para um tempo de oração em uma escola, empresa, ou grupo de amigos em que nem todos professam a fé cristã da mesma forma.
  • CF 2024 – Terço da Amizade Social 
    Novo subsídio para a CF 2024. Trata-se de um roteiro de meditações para os Mistérios do Rosário baseadas no tema da CF, a fim de subsidiar os grupos que se unem para rezar o terço.
  • Via-Sacra e Via Lucis
    Novo subsídio para a CF 2024. Este subsídio apresenta um roteiro com a meditação das 14 estações da Via-Sacra para a Quaresma e das 14 estações da Via-Lucis para o Tempo Pascal, a partir do tema da CF 2024: “Fraternidade e Amizade Social”, que deseja ajudar as comunidades na meditação desses piedosos exercícios.
  • Retiro Popular Quaresmal
    O Retiro Popular Quaresmal auxilia os cristãos a transformarem toda a sua Quaresma em um grande retiro, com sugestões de orações e ações pessoais diárias, bem como encontros comunitários semanais de oração e reflexão. Todas as meditações são guiadas pelo tema e pelo lema da CF: “Fraternidade e Amizade Social” e “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23,8).
  • Jovens na CF
    O subsídio “Jovens na CF” apresenta um roteiro destinado aos diversos Grupos de Jovens de nossas comunidades, a fim de caminharem em sintonia com a CF 2024 e seu tema: “Fraternidade e Amizade Social”. Ele oferece roteiros para a Leitura Orante da Palavra, roda de conversa e encontros de jovens.
  • CF na Universidade
    Este subsídio oferece um roteiro para professores e alunos das universidades se encontrarem e refletirem sobre o tema da CF no ambiente universitário. Tem o objetivo de ser um facilitador para as reuniões propostas aos jovens e adultos de todas as idades, com sugestões de planejamento para atividades a serem realizadas com foco no tema da CF 2024: “Fraternidade e Amizade Social”.
  • CF em Família
    CF em Família é um subsídio que contém roteiros de encontros a serem realizados pelas famílias ou em grupos, visando à reflexão sobre o tema e o lema da Campanha da Fraternidade 2024. Os 6 encontros são elaborados de forma orante, com cantos, leitura da Palavra de Deus e perguntas que orientam um debate contemplativo sobre a relação entre “Fraternidade e Amizade Social”.
  • Fraternidade e Amizade Social na Economia de Francisco e Clara
    Novidade na CF 2024! Este subsídio virá em forma de 6 episódios de podcasts durante a Quaresma, oferecendo reflexões comuns entre a CF e a Economia de Francisco e Clara.
  • Fraternidade e Amizade Social na Amazônia
    Neste subsídio são oferecidas reflexões comuns entre a CF e a Amazônia, este bioma tão importante para o Brasil e o mundo. Nele encontramos formas próprias e enriquecedoras de se tratar e aprofundar o tema da CF. Pode ser utilizado para enriquecimento pessoal ou em grupos, que leem cada um dos textos e partilham suas respostas às questões propostas.
  • Manual
    Essa publicação é o conjunto de todos os subsídios em um único volume para facilitar o acesso ao material completo produzido para a CF 2024.

Visite o site da Edições CNBB 

Ouça aqui o Hino da CF – 2024.

Letra do Hino: 

 1. Conduzidos a este deserto, (cf. Mc 1,13) Deus nos chama à libertação (cf. Ex 3,8; 20,2) da indiferença e divisão: “Onde está tua irmã, teu irmão?” (cf. Gn 4,9) Eis a hora! O Reino está perto, crê na Palavra e na conversão. (Mc 1,15)

REFRÃO: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23,8) é Palavra de Cristo, o Senhor; pois a fraternidade humana deve ser conversão e valor. Seja este um tempo propício (cf. 2Cor 6,2) para abrir-nos, enfim, ao amor!

2. A Quaresma nos chama a assumir um amor que supera barreiras, (FT, n. 1) desejando abraçar e acolher, (FT, n. 3) se estendendo além das fronteiras, (FT, n. 99) rompendo as cadeias que isolam, construindo relações verdadeiras. (FT, n. 62)

3. Misericórdia, pecamos, Senhor, (Sl 50,3) sem no outro um irmão enxergar. Mas queremos vencer os conflitos, pela cultura do encontro lutar. (FT, n. 30) Em unidade na pluralidade, um só Corpo queremos formar! (cf. 1Cor 12,12-31)

4. O Senhor nos propõe Aliança (Gn 9,8-15) e nos trata com terno carinho. (Sl 102,4) Superemos divisões, extremismos; ninguém vive o chamado sozinho. (FT, n. 32) Só assim plantaremos a paz: “Corações ardentes e pés a caminho”. (cf. Lc 24,32-33)

5. “Alarga o espaço da tenda” (cf. Is 54,2) e promove a amizade social, (cf. EG, n. 228) vence as sombras dum mundo fechado, construindo Igreja sinodal. Convertidos, renovados veremos novo céu, nova terra, afinal. (Ap 21,1-7)

Fonte: https://www.edicoescnbb.com.br/

Laudate Deum e a COP 28

Publicamos um artigo do jornal vaticano L’Osservatore Romano sobre a recente exortação apostólica do Papa e sobre a Conferência das Nações Unidas para o clima programada para novembro em Dubai.
“Já se passaram oito anos desde a publicação da Carta Encíclica Laudato si’, quando quis partilhar com todos vós, irmãs e irmãos do nosso maltratado planeta, a minha profunda preocupação pelo cuidado da nossa casa comum. Mas, com o passar do tempo, dou-me conta de que não estamos a reagir de modo satisfatório, pois este mundo que nos acolhe, está-se esboroando e talvez aproximando dum ponto de rutura. Independentemente desta possibilidade, não há dúvida que o impacto da mudança climática prejudicará cada vez mais a vida de muitas pessoas e famílias. Sentiremos os seus efeitos em termos de saúde, emprego, acesso aos recursos, habitação, migrações forçadas e noutros âmbitos.” (2). Nessas palavras estão claras as motivações que levam o Papa Francisco a fazer um apelo, através da Exortação Apostólica Laudate Deum, a “todas as pessoas de boa vontade” para que prestem a devida atenção à “crise climática”.

No curto, mas intenso documento pontifício, há muitas passagens referentes à próxima Conferência dos Estados Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 28), que será realizada em Dubai de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023. São 198 os países que aderiram à Convenção, entre eles, a Santa Sé. Na quarta-feira, 11 de outubro, o presidente designado da COP 28, Sultan Ahmed Al Jaber, foi recebido pelo Pontífice.

“Se temos confiança na capacidade do ser humano transcender os seus pequenos interesses e pensar em grande, não podemos renunciar ao sonho de que a COP 28 leve a uma decidida aceleração da transição energética, com compromissos eficazes que possam ser monitorizados de forma permanente. Esta Conferência pode ser um ponto de viragem, comprovando que era sério e útil tudo o que se realizou desde 1992; caso contrário, será uma grande desilusão e colocará em risco quanto se pôde alcançar de bom até aqui.” (54).

Evitar essa “desilusão” diz respeito a todos: é um processo que chama a atenção de numerosos “atores”, que são mencionados mais ou menos diretamente na Laudato Deum, na esperança de que sua interação possa garantir que “a ética prevaleça sobre os interesses locais ou contingentes” (39) e responda à “falta de consciência e de responsabilidade” acusada pela Laudato si’ (169).

Um desses atores é a comunidade científica, empenhada em destacar o que o primeiro capítulo da Laudato si’ menciona: “aquilo está acontecendo com a nossa casa”. Depois de 8 anos desse texto “profético”, a Laudato Deum observa que “a origem humana – ‘antrópica’ – das mudanças climáticas” (11) e que, infelizmente, “não podemos deter os danos enormes que causamos. Estamos a tempo apenas de evitar danos ainda mais dramáticos.” (16). Diante dessa preocupante constatação, não podemos permanecer inertes ou indiferentes, mas “é urgente uma visão mais alargada, que nos permita não só admirar as maravilhas do progresso, mas também prestar atenção a outros efeitos que, provavelmente há cem anos, nem sequer podiam ser imaginados.” (18).

Aqui surge outro ator: o mundo dos negócios, que tem o importante papel de reagir proativamente a esse senso de urgência da comunidade científica e promover de forma inteligente uma transição rápida, cuidando verdadeiramente da casa comum. De acordo com a Laudato si’, “a atividade empresarial, que é uma nobre vocação orientada para produzir riqueza e melhorar o mundo para todos, pode ser uma maneira muito fecunda de promover a região onde instala os seus empreendimentos, sobretudo se pensa que a criação de postos de trabalho é parte imprescindível do seu serviço ao bem comum.” (129).

Nessa perspectiva, a Laudate Deum destaca o fato de que “diz-se também, com frequência, que os esforços para mitigar as alterações climáticas, reduzindo o uso de combustíveis fósseis e desenvolvendo formas de energia mais limpa, levarão à diminuição dos postos de trabalho. Quando o que está a acontecer é que milhões de pessoas perdem o emprego devido às diversas consequências da mudança climática: a subida do nível do mar, as secas e muitos outros fenómenos que afetam o planeta deixaram muitas pessoas à deriva. Aliás a transição para formas renováveis de energia, quando bem gerida, assim como os esforços para se adaptar aos danos das alterações climáticas, são capazes de gerar inúmeros postos de trabalho em diferentes setores. Por isso é necessário que os políticos e os empresários se ocupem disso imediatamente.” (10).

Isso não pode deixar de ter repercussões positivas em um terceiro ator: os jovens e as novas gerações. É fácil perceber que o enredo articulado da Laudato Deum gira em torno deles: “tudo o que se nos pede é uma certa responsabilidade pela herança que deixaremos atrás de nós depois da nossa passagem por este mundo.” (18). Vem à mente o discurso do Papa Francisco aos jovens universitários em Lisboa, em 3 de agosto de 2023, durante a Jornada Mundial da Juventude: “Sejam, portanto, protagonistas de uma ‘nova coreografia’ que coloque a pessoa humana no centro […] Este idoso que lhes fala – eu já sou velho – sonha que a geração de vocês se torne uma geração de mestros. Mestres de humanidade. Mestres de compaixão. Mestres de novas oportunidades para o planeta e seus habitantes. Mestres de esperança. E mestres que defenderão a vida do planeta, ameaçada neste momento por uma grave destruição ecológica”. É nesse ponto que a alavanca educacional e de formação se torna essencial.

Um quarto ator é a sociedade civil. Retomando o que foi expresso na Encíclica Fratelli tutti, “muitos grupos e organizações da sociedade civil ajudam a compensar as debilidades da Comunidade Internacional, a sua falta de coordenação em situações complexas, a sua carência de atenção relativamente a direitos humanos fundamentais” (175), a Laudato Deum indica que “a globalização propicia intercâmbios culturais espontâneos, maior conhecimento mútuo e modalidades de integração dos povos que levarão a um multilateralismo «a partir de baixo» e não meramente decidido pelas elites do poder. Os pedidos que emergem a partir de baixo em todo o mundo, onde pessoas comprometidas dos mais diversos países se ajudam e sustentam mutuamente, podem acabar por fazer pressão sobre os fatores de poder. Espera-se que isto possa acontecer no que diz respeito à crise climática.” (38).

Um quinto ator é representato pelos governos. A COP 28 será sediada e presidida pelos Emirados Árabes Unidos. O país, um grande exportador de energia fóssil, está passando por uma transição energética há quase 20 anos. Ao presidir a COP 28, o país desenvolveu uma agenda de ação com quatro pilares principais: acelerar uma transição energética justa e ordenada; fixar o financiamento climático; concentrar-se nas pessoas, na natureza, na vida e nos meios de subsistência; e apoiar tudo com total inclusão. “As potências emergentes estão a tornar-se cada vez mais relevantes e são realmente capazes de obter resultados significativos na resolução de problemas concretos, como algumas delas demonstraram na pandemia. O próprio facto de as respostas aos problemas poderem vir de qualquer país, por mais pequeno que seja, leva a reconhecer o multilateralismo como um caminho inevitável.” (40). O Papa Francisco incentiva todos a terem esperança em um resultado positivo da COP 28.

De fato, ela tem diante de si uma oportunidade importante para dar um impulso real à transição, tendo em mente o bem comum e o futuro de nossos filhos: “as soluções mais eficazes não virão só dos esforços individuais, mas sobretudo das grandes decisões da política nacional e internacional.” (69). É um processo complexo, mas necessário para a humanidade de hoje e de amanhã, que exige o envolvimento de todos, com a consciência de que “”tudo está conectado” e “ninguém se salva sozinho”” (19) e que “não há mudanças duradouras sem mudanças culturais, sem uma maturação do modo de viver e das convicções da sociedade; não há mudanças culturais sem mudança nas pessoas.” (70). “Um ser humano que pretenda tomar o lugar de Deus torna-se o pior perigo para si mesmo.” (73).

Vatican News – L’Osservatore Romano

Rezemos pela Paz!

“Com a guerra todos perdem”, afirmou a Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em nota divulgada nesta quarta-feira, 11 de outubro. Os bispos pedem união em prece pela paz no Oriente Médio e que nas dioceses, paróquias, comunidades e famílias “intensifiquemos nossas orações em sufrágio pelos falecidos e por todas as vítimas da violência e do ódio”.

A Presidência da CNBB observa que israelenses e palestinos sofrem “as consequências trágicas de um conflito armado e dos descasos históricos dos acordos assumidos”.

“Com a guerra todos perdem! Os chefes das Nações se empenhem na salvaguarda da paz e da justiça”, pedem os bispos.

Confira o texto na íntegra abaixo [baixe o arquivo aqui]:

REZEMOS PELA PAZ!

 

“Busquemos tudo o que contribui para a paz e a edificação de
uns pelos outros” (Rm 14,19)

Queridos irmãos e irmãs,

Neste momento unamo-nos em prece pela paz. Israelenses e palestinos estão sofrendo as consequências trágicas de um conflito armado e dos descasos históricos dos acordos assumidos. Abriram-se os caminhos para a violência, que gera morte e destruição.

Com a guerra todos perdem! Os chefes das Nações se empenhem na salvaguarda da paz e da justiça.

Inspire-nos a oração do Papa Francisco pela paz no Oriente Médio: “Senhor, Deus de Abraão e dos Profetas, Deus Amor que nos criastes e chamais a viver como irmãos, dai-nos a força para sermos cada dia artesãos da paz; dai- nos a capacidade de olhar com benevolência todos os irmãos que encontramos no nosso caminho” (2014).

Em nossas Dioceses, Paróquias, comunidades e famílias intensifiquemos nossas orações em sufrágio pelos falecidos e por todas as vítimas da violência e do ódio.

Que a Mãe Aparecida interceda em favor dos que padecem as consequências deste conflito, especialmente as crianças, idosos e as pessoas com deficiência. Que a Rainha da Paz, interceda junto ao seu Filho, para que esta paz tão desejada seja estabelecida.

Dom Jaime Spengler
Arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre – RS
Presidente da CNBB

Dom João Justino de Medeiros da Silva
Arcebispo de Goiânia – GO
1º Vice- Presidente da CNBB

Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa
Arcebispo de Olinda e Recife – PE
2º Vice-Presidente da CNBB

Dom Ricardo Hoepers
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Brasília – DF
Secretário-Geral da CNBB

Compartilhe a nota em vídeo: [aqui]:

 

Sínodo da Sinodalidade

Na abertura do Sínodo, Papa Francisco destaca a importância do Espírito Santo

Na abertura da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo sobre a Sinodalidade, o Papa Francisco enfatiza que o Sínodo deve ser guiado pelo Espírito Santo para ser verdadeiramente frutífero e não se tornar uma reunião parlamentar.

Na tarde desta quarta-feira, 4 de outubro, teve início a XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos no Vaticano.

O Santo Padre, Papa Francisco, em seu discurso de abertura, destacou a importância de deixar espaço para o Espírito Santo, enfatizando que “a qualidade do Sínodo dependerá da presença do Espírito Divino”.

O Papa Francisco lembrou a história do Sínodo, apontando que a sinodalidade na Igreja não atingiu pleno amadurecimento e ainda não é amplamente compreendida.

No entanto, ele ressaltou o progresso feito ao longo das décadas e como o tema da sinodalidade emergiu após o Sínodo da Amazônia, onde a maioria dos bispos apoiou a ideia.

O Papa enfatizou que “o Sínodo não é um parlamento nem uma reunião para resolver questões atuais, mas sim um evento onde o Espírito Santo deve ser o protagonista. Ele alertou mais de uma vez que, se interesses humanos, pessoais ou ideológicos prevalecerem, o Sínodo se tornará uma mera reunião parlamentar, não um evento conduzido pelo Espírito.

Francisco destacou a importância de reconhecer a diversidade de vozes na Igreja, todas guiadas pelo Espírito Santo, e de aprender a discernir essas vozes. Ele também advertiu contra palavras vazias e mundanas, enfatizando que “a tagarelice é contrária ao Espírito Santo”.

O Papa observou como a mídia influenciou Sínodos anteriores, e pediu aos jornalistas que desempenhassem seu papel com integridade e imparcialidade, transmitindo a mensagem de que na Igreja, a prioridade é a escuta.

Por fim, Francisco expressou sua gratidão a todos os envolvidos no Sínodo e enfatizou que a Igreja deve dedicar-se à escuta como o aspecto mais significativo e essencial do processo sinodal.

O Sínodo deste ano promete ser uma jornada significativa para a Igreja Católica, com a ênfase na sinodalidade e na importância do Espírito Santo como guia. A Igreja espera que este Sínodo fortaleça sua unidade e sua capacidade de enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.

Veja a homilia do Papa Francisco na íntegra: clique aqui 

Fonte: https://www.a12.com/redacaoa12/santo-padre/na-abertura-do-sinodo-papa-francisco-destaca-a-importancia-do-espirito-santo.

Confira abaixo algumas imagens da celebração:

Hot Site sobre a tradução da 3ª edição típica do Missal Romano.

A Comissão Episcopal para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Edições CNBB lançaram um hot site especial sobre a tradução da terceira edição típica do Missal Romano.

Na página, os interessados poderão encontrar informações sobre o processo de cerca de quase duas décadas de tradução do Missal e também sobre a formação: “A Igreja em Oração – formação continuada sobre a tradução brasileira da terceira edição típica do Missal Romano”.

A formação, on-line, estará disponível a partir do dia 10 de outubro, e é composta por 10 aulas conduzidas por especialistas em liturgia, nas quais são apresentados os princípios da sagrada liturgia e as principais mudanças da terceira edição típica do Missal Romano.

Os participantes que cumprirem todo o itinerário formativo receberão um certificado do Departamento de Teologia da PUC do Rio de Janeiro. Para participar, é necessário que os interessados acessem a plataforma (aqui) e se inscrevam. A formação tem uma taxa de R$ 25,00.

Artigos de especialistas

A cada semana, às quintas-feiras, serão atualizados na página os artigos de especialistas da Comissão para a Liturgia da CNBB e vídeos com perguntas e respostas para incentivar a reflexão e maior conhecimento em torno da tradução da terceira edição típica do Missal Romano.

Nos vídeos, produzidos pelo Regional Sul 2 da CNBB, o bispo de Paranaguá (PR), dom Edmar Peron, que foi membro da Cetel e trabalhou na tradução do livro, responderá a dúvidas sobre a nova edição do Missal Romano.

Na publicação, ainda é possível encontrar um “Perguntas e respostas” sobre as dúvidas mais frequentes dos fieis sobre a tradução brasileira da terceira edição típica do Missal Romano.

Acesse aqui o hot site: Missal Romano

“Laudate Deum – Louvai a Deus”

NOVA EXORTAÇÃO APOSTÓLICA: “LAUDATE DEUM”, O GRITO DO PAPA POR UMA RESPOSTA À CRISE CLIMÁTICA

Laudate Deum” é o título desta carta. Porque um ser humano que pretenda tomar o lugar de Deus torna-se o pior perigo para si mesmo”. Com essas palavras, conclui-se a exortação apostólica do Papa Francisco, publicada em 4 de outubro. Um texto em continuidade com a encíclica Laudato si’ de 2015. Em 6 capítulos e 73 parágrafos, olhando para a COP28 em Dubai daqui a dois meses, o Sucessor de Pedro pretende fazer um apelo à corresponsabilidade diante da emergência das mudanças climáticas, porque o mundo “está desmoronando e talvez se aproximando de um ponto de ruptura”. É um dos “maiores desafios que a sociedade e a comunidade global enfrentam”, “os efeitos das alterações climáticas recaem sobre as pessoas mais vulneráveis” (3).

Os sinais da mudança climática cada vez mais evidentes

No primeiro capítulo, o Papa explica que, por mais que tentemos negá-los, “os sinais da mudança climática estão aí, cada vez mais evidentes”. Ele cita “fenômenos extremos, períodos frequentes de calor anormal, seca e outros gemidos da terra”. Afirma: “é possível verificar que certas mudanças climáticas, induzidas pelo homem, aumentam significativamente a probabilidade de fenômenos extremos mais frequentes e mais intensos”. E para aqueles que minimizam, responde: “aquilo que agora estamos a assistir é uma aceleração insólita do aquecimento”. “Provavelmente, dentro de poucos anos, muitas populações terão de deslocar as suas casas por causa destes fenômenos” (6).

A culpa não é dos pobres

Para aqueles que culpam os pobres por terem muitos filhos e talvez tentem resolver o problema “mutilando as mulheres nos países menos desenvolvidos”, Francisco lembra “que uma reduzida percentagem mais rica do planeta polui mais do que o 50% mais pobre”. A África, que “alberga mais da metade das pessoas mais pobres do mundo, é responsável apenas por uma mínima parte das emissões no passado” (9). Em seguida, o Papa desafia aqueles que afirmam que o menor uso de combustíveis fósseis levará “à diminuição dos postos de trabalho”. Na realidade, “milhões de pessoas perdem o emprego” devido às diversas consequências da mudança climática. Enquanto a transição para as energias renováveis, “bem administrada”, é capaz de “gerar inúmeros postos de trabalho em diferentes setores. Por isso é necessário que os políticos e os empresários se ocupem disso imediatamente” (10).

Indubitável origem humana

“A origem humana – ‘antrópica’ – da mudança climática já não se pode pôr em dúvida”, diz Francisco. “A concentração na atmosfera dos gases com efeito estufa… nos últimos cinquenta anos, o aumento sofreu uma forte aceleração” (11). Ao mesmo tempo, a temperatura “aumentou a uma velocidade inédita, sem precedentes nos últimos dois mil anos” (12). Isso resultou na acidificação dos mares e no derretimento dos glaciares. A coincidência entre esses eventos e o crescimento das emissões de gases de efeito estufa “não pode ser escondida. A esmagadora maioria dos estudiosos do clima defende esta correlação, sendo mínima a percentagem daqueles que tentam negar esta evidência”. Infelizmente, a crise climática não é propriamente uma questão que “interesse às grandes potências econômicas, preocupadas em obter o maior lucro ao menor custo e no mais curto espaço de tempo possíveis” (13).

Em tempo para evitar danos mais dramáticos

” Vejo-me obrigado – continua Francisco – a fazer estas especificações, que podem parecer óbvias, por causa de certas opiniões ridicularizadoras e pouco racionais que encontro mesmo dentro da Igreja Católica. Mas não podemos continuar a duvidar que a razão da insólita velocidade de mudanças tão perigosas esteja neste facto inegável: os enormes progressos conexos com a desenfreada intervenção humana sobre a natureza” (14). Infelizmente, algumas manifestações dessa crise climática já são irreversíveis por pelo menos centenas de anos. É “urgente uma visão mais alargada… tudo o que se nos pede é uma certa responsabilidade pela herança que deixaremos atrás de nós depois da nossa passagem por este mundo” (18).

O paradigma tecnocrático: a ideia de um ser humano sem limites

No segundo capítulo, Francisco fala do paradigma tecnocrático que “consiste, substancialmente, em pensar como se a realidade, o bem e a verdade desabrochassem espontaneamente do próprio poder da tecnologia e da economia” (20) com base na ideia de um ser humano sem limites. “Nunca a humanidade teve tanto poder sobre si mesma, e nada garante que o utilizará bem, sobretudo se se considera a maneira como o está a fazer…É tremendamente arriscado que resida numa pequena parte da humanidade” (23). O Papa reitera que “o mundo que nos rodeia não é um objeto de exploração, utilização desenfreada, ambição sem limites” (25). Ele também lembra que estamos incluídos na natureza, e “isso exclui a ideia de que o ser humano seja um estranho, um fator externo capaz apenas de danificar o ambiente” (26).

Assista ao vídeo motivador:  https://www.youtube.com/watch?v=Ay51_JGRe54

Fonte: https://www.cnbb.org.br/nova-exortacao-apostolica-laudate-deum-o-grito-do-papa-por-uma-resposta-a-crise-climatica/

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