Também ficamos surpresos, mas se observarmos bem, o suicídio é mais comum entre homens, apesar de as tentativas serem maiores no caso das mulheres, segundo estatísticas. Fato é que o tema vem sendo debatido e preocupa a todos. Parece estar associado a um tipo de indisposição, sensação de impotência e incapacidade para lidar com realidades imprevisíveis; má administração de conflitos internos e externos e perda do sentido da vida.
Especialistas são unânimes em apontar que a solução energética é procurar alguém com quem desabafar sobre o problema; num segundo momento o acompanhamento de um profissional e o apoio familiar são indispensáveis. Hábitos saudáveis são ótimos preventivos, como boa alimentação, prática de atividades físicas e relações interpessoais maduras. Mas em todo o caso, a questão filosófica de fundo é a pergunta que todos nós procuramos responder: Qual o preço da felicidade?
A provocação é válida, porque quando se trata de um atentado contra a própria vida, não é o desprezo diretamente a existência que motiva a ação do homem, mas algo do viver que o torna infeliz. No fundo todos buscamos a felicidade. E é tão paradoxal que se deixar de existir possa significar algum tipo de alívio do sofrimento ou encontro com a felicidade, o homem faz esta aposta absurda. Todavia, existindo, mesmo infeliz, é preferível a não existir, embora o não existir não se apresenta como alternativa, afinal é o nada. Desse modo, para superar a infelicidade, maior deve ser o amor à existência, não o contrário!
Veja bem, dadas as disposições que favorecem a vida no planeta, tão matematicamente organizadas que bastaria redirecionar poucos milímetros e a vida seria extinta, o maior mistério do mundo continua sendo o próprio viver. A vida é absolutamente boa a ponto de o sofrimento e o mal apresentarem-se como anomalia, difícil de aceitar, por isto suscita atitude de revolta, levando em alguns casos ao ateísmo ou ao suicídio.
Se aprouve-lhe Deus, em sua presciência, tomar conhecimento do erros futuros do homem, e nem por essa razão deixou de o criar, não nos cabe o direito de menosprezar a existência alheia, nem a própria. Todo o existente é bom porque trata-se do desejo de Deus.
Então, longe de uma resposta capitalista, o custo de uma vida feliz costuma ser mais alto quando a própria existência é dada como penhor. Portanto, não pode a felicidade tratar-se de um busca solitária! Temos o compromisso de juntos procurarmos o bem do outro. Como disse em outras ocasiões, o maior interessado no bem estar do ser humano é Deus. Ele nos colocou aqui para que cada um possa ser feliz, e tal felicidade está intimamente relacionada ao fato de que Ele nos ama e é a pessoa mais interessada em nos ver bem; nem as mulheres, nem os homens, ninguém deveria esquecer disso!
Gabriel Ferreira Oliveira
Seminarista da Diocese de Guanhães