A Misericórdia Divina e a nossa conversão – III Domingo da Quaresma – Ano C

A Misericórdia Divina e a nossa conversão

A Liturgia do 3º Domingo da Quaresma (Ano C) é um convite a repensarmos a nossa existência, para que sejamos homens novos e livres, com exigente mudança de mentalidade e atitudes.

Com a passagem da primeira Leitura (Ex 3,1-8a.13-15), somos exortados a viver em comunhão íntima com Deus, numa luta contra tudo quanto possa nos escravizar.

O Povo de Deus tem que manifestar sua fé e adesão e adoração a um Deus presente, que salva e liberta. De fato, Deus sempre Se manifesta onde há luta e compromisso com um mundo novo, afastando toda marca de egoísmo, comodismo, indiferença.

Reflitamos:

 –   Sentimos a presença de Deus caminhando conosco, atuando e nos libertando de todas as amarras que nos roubam a vida e a felicidade?

  –   Como correspondemos a esta presença?

A passagem da segunda Leitura (1Cor 10,1-6.10-12) nos ilumina sobre a nossa participação na Eucaristia, que exclui qualquer possibilidade de prática idolátrica.

O Apóstolo adverte aqueles que na comunidade se julgam fortes e iluminados, para que se tornem disponíveis para o serviço e, sobretudo, o amor incondicional para com os fracos e os menos iluminados.

É preciso esforços contínuos para a transformação radical da existência, recentrando a nossa vida nos valores divinos, com total adesão à vontade de Deus, sem jamais cair na prática idolátrica que nos afastaria da comunhão com Deus, escandalizando os pequeninos.

Jamais deixar de multiplicar esforços para uma vida marcada pela coerência e comunhão com Deus, no que consiste o essencial da vida cristã.

Reflitamos:

  –   Quando apenas parecemos cristãos e não o somos de fato?

  –   O que somos capazes de sacrificar por amor aos pequeninos preferidos de Deus, para não fragilizá-los e escandalizá-los?

  –   O que significa a celebração dos Sacramentos em nossa vida, sobretudo o Sacramento da Eucaristia?

  –   Quais são as possíveis marcas de coerência e incoerência na vida cristã?

Na passagem do Evangelho (Lc 13, 1-9), Jesus nos revela a face misericordiosa de Deus, que deseja de todos os modos a salvação da humanidade.

É um forte convite e apelo de conversão à novidade do Reino de Deus por Jesus inaugurado.

“Por maior que seja uma catástrofe que atinja os homens nos seus bens e até na sua sobrevivência terrena, muito mais grave é a catástrofe a que vai ao encontro quem não se abre à ação de Deus e não lhe responde.

Isto não significa que o Senhor seja um juiz vingativo e que o mal seja uma represália Sua. Pelo contrário, Ele é um Pai misericordioso, pronto a fazer mais festa por um só pecador que se tenha salvado do que por noventa e nove justos que O louvam (cf. Lc 15)” (1)

Deste modo, a fé em Jesus requer a nossa sincera conversão que consiste numa reorientação geral da própria vida, como resposta à ação misericordiosa de Deus por meio d’Ele, o Filho Amado, Jesus.

A onipotência divina pode ser contemplada em sua ação misericordiosa, sendo livre para perdoar e criando o bem mesmo onde ele não existe.

Da mesma forma sua transcendência ultrapassa a distância entre o céu e a terra como reza o Salmista (Sl 102,11).

Lamentavelmente, pode se confundir a paciência de Deus contemplada no Evangelho com a indiferença para com nossos pecados, e permissividade para a continuidade marcada por uma vida descomprometida e desordenada.

Jamais nos é permitido confundir misericórdia divina como cumplicidade e permissividade. Ao contrário, ela é uma força de Amor que rompe a dureza de nosso coração, incendeia com o fogo do Espírito a frieza do pecado.

Ela provoca que abramos a mente e o coração para um sincero e contínuo compromisso de conversão (Rm 2,4) de tal modo que nos tornemos misericordiosos como o Pai (Lc 6,36), e na solicitude para com os empobrecidos procuremos ter os mesmos sentimentos de Cristo Jesus ( Fl 2,5).

Reflitamos:

  –   Onde e quando Deus nos oferece oportunidades para conversão?

  –   O que entendemos como conversão da mente e coração?

  –   Quais são os frutos que expressam nossos esforços de conversão?

  –  De que modo correspondemos à bondade e paciência de Deus, sem o seu abuso?

  –   Como o tempo é breve, temos nos empenhado em busca sincera de conversão?

Demos um primeiro passo no itinerário Quaresmal quando recebemos as Cinzas e nos pusemos num caminho de conversão e fé no Evangelho, Boa Nova de Vida e Salvação; quando reconhecemos que somos pó e ao pó voltaremos, e nos propusemos por quarenta dias a viver os exercícios quaresmais (Oração, Jejum, Esmola).

No primeiro Domingo da Quaresma, fomos ao deserto com Jesus para aprendermos com Ele e n’Ele vencer as tentações do Maligno (ter/poder/ser).

No segundo Domingo, fomos à Montanha contemplar o Cristo Glorioso, ouvindo o que Ele tem a nos dizer, como Filho Amado e escolhido do Pai; descendo depois à planície do quotidiano, com coragem e fidelidade carregando nossa cruz em sinceros e renovados compromissos com os rostos desfigurados.

Hoje, a Palavra Divina nos adverte para ressoe em nosso coração o suave e forte apelo de conversão da mente e coração (metanoia), para que produzamos os frutos esperados por Deus.

Contemplar a misericórdia, compaixão, bondade divinas, sem jamais abusar da paciência de Deus.

A contemplação e correspondência ao Amor divino são verdadeiras quando nos fazem melhores, mais humanos, mais sinceros, mais fraternos.

Do deserto para a montanha, da montanha para a planície, pois é nela que os apelos de conversão se multiplicam. Quanto maior e mais sincera a nossa conversão, maior será a alegria da Páscoa a ser celebrada.

(1) Lecionário Comentado – P. 148

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