O Senhor e o milagre do amor

 

A Liturgia do 18º Domingo do Tempo Comum (ano A) nos convida a refletir sobre a grandiosidade do amor providente de Deus para com Seu povo.

Deus nos convida a nos assentarmos à Sua mesa, e nos oferece o Alimento, Pão de Eternidade que é Seu próprio Filho na Eucaristia, que sacia nossa fome de vida, de amor e felicidade.

Na passagem da Primeira Leitura do Profeta Isaías (Is 55, 1-3), tem como mensagem um convite de Deus para que o povo deixe a terra da escravidão e se dirija para a terra da liberdade, a Jerusalém, na qual reinará a justiça, o amor e a paz.

Deus intervém na história de seu povo que vive o tempo do exílio, desolação e sofrimento, para que viva uma nova página marcada pelo regresso, consolação e reconstrução de uma nova história:

“O profeta adverte: é preciso ter a coragem de arriscar, de se desinstalar, de partir ao encontro do sonho. Àqueles que forem capazes de sair dos seus esquemas para abrirem o coração ao seu dom, Deus vai oferecer, de forma gratuita e incondicional, a vida em abundância, a felicidade infinita.” (1)

Deste modo, não podemos nos deixar seduzir por falsas miragens de felicidade (bens materiais, ilusão do poder, aplausos e a consideração dos outros), procurando saciar a nossa sede de vida plena e verdadeira tão somente nos bens que não passam, e a fonte por excelência é o próprio Deus.

Reflitamos:

– Quais são as fontes sedutoras que nos afastam da verdadeira felicidade?

– Quais são as falsas ilusões e miragens que nos desviam do Projeto de vida e felicidade que Deus tem para todos nós?

Na passagem da Segunda Leitura, o Apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos (Rm  8,35.37-39), apresenta-nos um hino de amor a ser vivido para com Jesus Cristo: – “Quem nos separará do amor de Cristo?”.

Absolutamente nada pode nos afastar deste amor e afastar a felicidade dos que creem em Deus, na fidelidade ao Espírito, confiantes na ação do Espírito Santo: nem a tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo e a espada.

Nisto consiste viver segundo o Espírito, contando com Ele que vem em socorro de nossa fraqueza (Rm 8,26), porque nos ama com um amor profundo, total, radical. Sendo assim, nada nem ninguém poderá apagá-lo.

Quando descobrimos este amor, temos coragem para viver a vida com serenidade, tranquilidade e na verdadeira paz desejada.

Reflitamos:

– Qual é a intensidade e profundidade de nosso amor a Deus?

– Estamos, verdadeiramente, unidos a Jesus, haja o que houver?

– Quais são as dificuldades e provações que encontramos em nosso discipulado no seguimento do Senhor?

Com a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 14, 13-21), refletimos sobre a multiplicação dos pães realizada por Jesus Cristo, em um lugar deserto:

“O deserto é para Israel, o tempo e o espaço do encontro com Deus; aí Israel aprendeu a despir-se de suas seguranças humanas, das suas certezas, da sua autossuficiência… O deserto é ainda o lugar e o tempo da partilha, da igualdade, em que cada membro do Povo conta com a solidariedade do resto da comunidade, onde não há egoísmo, injustiça, prepotência, açambarcamento dos bens que pertencem a todos, e em que todos dão as mãos para superar as dificuldades da caminhada (no deserto, quem é egoísta, autossuficiente e não aceita contar com os outros está condenado à morte).” (2)

Com o sinal realizado, Jesus, o “o novo Moisés”, nos ensina que é preciso que acolhamos o Pão de Deus, e reparti-Lo entre todos, em alegre partilha e solidariedade, como um sinal do Reino de Deus.

Refletimos sobre o amor de Deus: um amor providente, dedicado e preocupado, no sentido de que nada nos falte.

De fato, o fogo tem a propriedade de dilatar as coisas, assim também a caridade é uma virtude cálida e fervente, que cria novas possibilidades de amor, partilha e solidariedade.

O discípulo missionário do Senhor, portanto deve ser alguém que ama e tem um coração quente e pronto para se solidarizar; sentindo-se amado pelo Senhor, passeia no íntimo do coração daquele a quem ama, sobretudo os empobrecidos, os preferidos de Deus.

Com Jesus, que nos amou e nos amou até o fim, dando Sua vida por nós, somos mais que vencedores, na luta somos supervitoriosos, e temos sempre algo a oferecer e muito a agradecer pelas maravilhas que Deus, por meio do Filho, no Espírito fez, faz e sempre fará por nós.

Reflitamos:

– Que “peixe” e que “pão” temos para oferecer a Jesus para que ele faça o grande sinal da multiplicação?

– A Eucaristia que celebramos leva-nos à compromissos de amor e partilha com os que mais precisam?

Saciados pelo amor de Deus, no Pão da Palavra e da Eucaristia, aprendemos que somente a partilha é que nos sacia.

Urge superar toda forma de indiferença, egoísmo e acomodação para que entremos na lógica do Reino, como prolongamento da Eucaristia celebrada e vivida no cotidiano: “Vinde, escutai, comei! Ide, partilhai e vivei”.

(1) (2) www.dehonianos.org.br

Postado por Dom Otacilio F. Lacerda

http://peotacilio.blogspot.com/2020/07/o-senhor-e-o-milagre-do-amor-homilia.html

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