Sejamos Sal e luz na planície do quotidiano ( Homilia do 5º Domingo do Tempo Comum- Ano A)

Sejamos Sal e luz na planície do quotidiano

… quando atraímos o olhar de todos para Deus, e não para nós mesmos, é que somos sal da terra e luz do mundo.

A Liturgia do 5º Domingo do tempo Comum (Ano A) nos convida a refletir sobre o compromisso que abraçamos no dia de nosso Batismo, quando nos tornamos cristãos, discípulos missionários do Senhor.

Fazer brilhar a luz de Deus na noite do mundo, e como sal dar gosto e sentido de Deus a todo o existir, é a nossa grande missão.

Na primeira Leitura, o Profeta Isaías (Is 58, 7-10), em tempos difíceis do pós-exílio, mantém viva a chama da esperança de um tempo novo, expressando a reclamação de Deus contra aqueles que praticam um culto vazio e estéril: de nada adianta a prática de leis externas, que não saem do coração, sem a necessária correspondência na vida.

O Profeta faz, portanto, um convite ao Povo para que respeite a santidade da Lei, colocando-a em prática. De modo especial, retrata na passagem o jejum, que no contexto do capítulo aparece sete vezes.

A prática do jejum deve ser feita com humildade diante de Deus, como expressão da dependência, do abandono e amor para com Ele, a renúncia a si próprio, a eliminação do egoísmo e da autossuficiência.

Jejum é voltar-se para o Senhor, manifestando a entrega confiante em Suas mãos, em total disponibilidade de acolher a ação e o dom de Deus, em gestos concretos de amor e solidariedade.

Deste modo, o jejum jamais pode ser compreendido como uma tentativa de colocar Deus do nosso lado, captando Sua benevolência a fim de que realize prontamente nossos interesses e desejos egoístas.

Somente a prática do jejum autêntico é que levará a comunidade a ser e contemplar a luz de Deus no mundo.

Ø Somos levados a nos questionar sobre a relação entre os gestos cultuais e gestos reais de nossa vida. Expressam ambos em sintonia a misericórdia e o Amor de Deus?

Ø De que modo o que celebramos tem determinado a nossa vida?

Ø Que matiz o Amor Divino tem dado as nossas ações?

Ø Somos uma luz acesa na noite do mundo, em solidariedade expressiva?

Ø Somos como Isaías, Profetas do amor e servidores da reconciliação para um mundo novo justo e fraterno?

O Apóstolo Paulo, na segunda Leitura (1Cor 2,1-5), nos exorta a identificação com Cristo, interiorizando a “loucura da Cruz”, que é dom e vida. Deus age através de nossa fragilidade e debilidade, como agiu através dele, um homem frágil e pouco brilhante.

Diante da comunidade de Corinto, o Apóstolo se apresentou consciente de sua fraqueza, assustado e cheio de temor.

O que levou os coríntios a abraçar a fé não foi a sedução de sua personalidade, nem suas brilhantes qualidades de pregador (que não possuía), e tão pouco a coerência de sua exposição, que ao contrário foi acolhida com ironia e indiferença.

O que levou os coríntios a aderirem à proposta de Jesus foi a força de Deus que se impõe, muito além dos limites de quem apresenta ou ouve a Sua proposta.

O Espírito de Deus está sempre presente e age no coração daquele que crê, de forma que a sabedoria humana é suplantada e, assim, somos tocados e elevados pela sabedoria divina.

É preciso que nos coloquemos sempre como humildes instrumentos nas mãos de Deus, para que se realize Seu Projeto de Salvação para o mundo todo.

Com isto não quer dizer que Deus dispense nossa entrega, doação, técnicas, meios de comunicação, ao contrário, é o Espírito de Deus que potencia e torna eficaz a Palavra que anunciamos.

A mensagem do Evangelho (Mt 5,13-16) é o desdobramento do Sermão da Montanha que, se verdadeiramente vivido na planície, nos faz sal da terra e luz do mundo.

Seguidores do Senhor não podem se instalar na mediocridade, jamais se acomodar, mas pôr-se sempre a caminho, sem nenhuma possibilidade para comodismo e facilidades.

Ser sal e luz implica em total fidelidade dos discípulos ao programa anunciado por Jesus nas Bem-Aventuranças: ser pobre em espírito, misericordioso, puro, sedento de justiça e paz e capaz de sofrer toda forma de incompreensão, calúnia e perseguição.

Ser cristão é um compromisso sério, profético, exigente no testemunhar do Reino em ambientes adversos. Não se pode viver um cristianismo “morno” instalado, cômodo, reduzindo a algumas práticas de Oração e de culto (até mesmo de uma Missa apenas aos domingos, como simples expressão de preceito cumprido).

Somente quando o nosso agir revela a ação e o compromisso com o Projeto Divino é que somos sal da terra e luz do mundo, e apresentamos Jesus como a Luz de todos os Povos, de todas as nações.

Somente quando atraímos o olhar de todos para Deus, e não para nós mesmos, é que somos sal da terra e luz do mundo.

Discípulos missionários do Senhor devem se preocupar permanentemente em não atrair sobre si o olhar de todos, mas deve, antes e sempre, se preocupar em conduzir o olhar e o coração de todos para Deus e à Proposta de Seu Reino de Amor, Vida e Paz.

Sendo sal, que jamais percamos o gosto, do contrário para nada serviremos. Sendo luz, que jamais permitamos que ela se apague, não obstante as dificuldades próprias da existência.

Que tenhamos a coragem de comunicar a luz de Deus na escuridão do quotidiano, sem jamais perder o gosto do sal de Deus: gosto da partilha, do acolhimento, da misericórdia, da caridade.  Tão somente assim a luz de Deus, que em nós habita pelo Seu Espírito, comunicará luz aos que se encontram ao nosso redor.

Sal e luz, sejamos sempre! Sermão da Montanha ouvido e acolhido, na planície da vida anunciado, testemunhado e corajosamente vivido. Amém!

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                                                                                              Sal e luz

Na missão de ser sal da terra e luz do mundo, à luz da passagem do Evangelho proclamado no 5º Domingo do Tempo Comum (ano A) – (Mt 5,13-16), destacam-se quatro características do testemunho cristão:

1 – A publicidade: a luz, por sua natureza, existe para iluminar, para se mostrar visível e pública, e não para ficar escondida. Não se pode ficar no anonimato.

2 – A universalidade: sal da terra e luz do mundo. No entanto, esta universalidade que Jesus anuncia deve começar pelos últimos, a fim de que os primeiros também sejam incluídos: os últimos devem ser os primeiros, e assim não haverá nenhuma possibilidade de exclusão.

3 – A consistência: o testemunho se dá pelas obras e não pelas palavras ou teorias. Não se pode incorrer na tentação das palavras em excesso. É preciso as obras de misericórdia (Mt 25,31), pela partilha realizada, pela Palavra de Deus colocada em prática (Mt 7,21).

4 – Transparência: o discípulo, na prática das boas obras, não concentra a atenção sobre ele próprio, mas leva os outros a dirigirem o olhar para Deus, que é nosso Pai – “Vendo as vossas boas obras, glorifiquem Vosso Pai que está nos Céus” (M 5,16). De fato, Jesus foi a verdadeira transparência do Pai pelas palavras, obras e na Sua própria Pessoa – “Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14, 9). (1)

Somente com as obras de misericórdia (corporais e espirituais), seremos, de fato, sal e luz.  Não seremos também pelas obras do poder, da riqueza ou do sucesso, mas do amor vivido concretamente em solidariedade concreta com os empobrecidos.

Este é o caminho que todo o discípulo de Jesus deve fazer, assim como o Apóstolo Paulo e tantos outros, o caminho da fraqueza da Cruz e não o caminho do poder ou da glória.

Supliquemos a Deus que estas características: publicidade, universalidade, consistência e transparência, estejam presentes em nosso agir, assim como em todas as nossas atividades pastorais. E assim, na fidelidade ao Senhor, confiando em Sua Palavra, Pessoa e presença, seremos da terra o sal e do mundo a luz.

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                                                                          Sejam nossas palavras temperadas com sal

“Que a palavra de vocês seja sempre agradável, temperada com sal, de tal modo que saibam responder a cada um como convém” (Cl 4,6)

O Apóstolo Paulo, na passagem da Carta aos Colossenses (Cl 4, 2-6), nos exorta a viver na vigilância e na oração.

Vejamos o que nos diz a Nota da Bíblia Edição Pastoral:

“O texto é perpassado por um clima de oração. Os motivos para rezar são diversos: para permanecer vigilantes com relação às doutrinas estranhas, para render graças pela salvação alcançada, para que a Palavra continue seu caminho missionário, para que o Projeto de Cristo seja conhecido (Rm 6,12-14; Ef 6,18-20). Por causa desse Projeto, Paulo está preso (Cl 4,3.10.18). Palavra ‘temperada com sal’ é o modo como os antigos se referiam à palavra sábia e oportuna”.

Deste modo, reflitamos sobre a necessária vigilância, acompanhada de oração, para que nossas palavras sejam agradáveis, temperadas com sal, ou seja, sábias e oportunas, em todos os momentos e em todas as situações.

Na Carta aos Efésios (Ef 4,29), o Apóstolo também nos diz:

“Que da boca de vocês não saia nenhuma palavra que prejudique, mas palavras boas para a edificação no momento oportuno, a fim de que façam bem para aqueles que as ouvem”.

Roguemos a Deus para que a Sua Palavra esteja sempre em nossos lábios e coração, pois a boca fala do que o coração está cheio, nos disse o Senhor Jesus (Lc 6,45).

Sejamos iluminados pelo Espírito do Senhor, para que não nos faltem palavras sábias e oportunas para corrigir, exortar, edificar, na vida familiar, eclesial e social.

Sejam nossas palavras acompanhadas de conteúdo necessário para que se tornem credíveis, com o sal necessário para “temperar” novos e saborosos relacionamentos fraternos.

Sejam nossas palavras “temperadas com sal” na exata medida, para que venhamos a dar sabor a vida de tantos quantos convivemos: palavras sábias, equilibradas e que retratam o desejo e o compromisso de um mundo melhor.

Urge que aqueles que conduzem o “rebanho” tenham sempre palavras temperadas com o sal na exata medida, para que sejam revigorados em sua fé, renovados na esperança e inflamados na caridade.

Oremos, finalmente, por todos os que nos governam para que também não faltem a estes palavras temperadas com sal, para que sejam credíveis em suas palavras e atitudes na promoção do bem comum, na promoção de uma sociedade justa e fraterna.

                                             http://peotacilio.blogspot.com/2020/02/sejam-nossas-palavras-temperadas-com-sal.html?m=0


                                                                                            Resplandeçamos a luz divina

No 5º Domingo do Tempo Comum, ao ouvirmos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 5,13-16), sejamos enriquecidos com esta Catequese batismal escrita por São João Crisóstomo, bispo e doutor da Igreja (séc. V).

“Realmente, assim como aqueles que ao mostrarem sobre as vestes na altura do peito as insígnias imperiais destacam-se diante de todos, da mesma forma nós, que de uma vez por todas fomos revestidos de Cristo e considerados dignos de tê-Lo morando em nós, se verdadeiramente O queremos, mediante uma vida perfeita, até mesmo silenciando, poderemos mostrar a força d’Aquele que reside em nós.

E da mesma forma que agora a desenvoltura de vosso vestuário e o brilho das vestimentas atrai todos os olhares, assim também, e para sempre – contanto que o queirais e conserveis o resplendor de vossa régia vestimenta –, podereis com muito mais rigor que agora, por meio de uma conduta perfeita segundo Deus, atrair a todos os que observam um mesmo zelo e para a glorificação do Senhor.

Por essa razão, Cristo dizia de forma incontestável: brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus. Observa como Ele exorta a que brilhe a luz que existe em nós, não através das vestes, mas mediante as obras?

De fato, ao dizer: brilhe vossa luz, acrescentou: para que vejam as vossas boas obras. Esta luz não se detém nos limites dos sentidos corporais, mas sim ilumina as almas e as mentes dos que observam, e, após dissipar a treva da maldade, persuade aos que a recebem para que iluminem com luz própria e imitem a virtude.

Brilhe, diz, a vossa luz diante dos homens. E disse bem: diante dos homens. ‘Vossa luz seja tão grande que não somente ilumine a vós, mas que ilumine também diante dos homens que necessitam da sua abundância’.

Portanto, como esta luz sensível afugenta a obscuridade e faz que caminhem corretamente os que tomaram este caminho sensível, assim também a luz espiritual que provém da conduta louvável ilumina aos que têm a vista da mente enturvada pela obscuridade do erro, e são incapazes de ver com precisão o caminho da virtude, limpa a remela dos olhos de suas mentes, os guia para o bom caminho e faz que de agora em diante caminhem pelo caminho da virtude.

Para que vejam vossas obras e glorifiquem ao vosso Pai que está nos céus. ‘Vossa virtude, diz, vossa perfeição na conduta e o êxito de vossas boas obras desperte aos que observam a glorificar ao comum Senhor de todos’.

Assim, cada um de vós, vo-lo suplico, coloque todo o seu empenho em viver com tal perfeição que eleve para o Senhor o louvor de todos os que vos contemplam.” (1)

Somos exortados a fazer resplandecer a luz divina que em nós habita, através de nossa conduta, expressa em boas obras, para a honra e glória de Deus.

Como discípulos missionários do Senhor, urge que façamos progressos contínuos na perfeição de conduta, deixando-nos iluminar e guiar pela Palavra de Deus, tendo-a na mente e no coração, de tal modo que também poderá ser vista em nossas obras.

Fazemos a luz de Deus brilhar, quando não dissociamos a Palavra de Deus do Pão da Eucaristia, e movidos pela chama da Caridade, pomo-nos a caminho, em atitude missionária, em todos os âmbitos da existência.

Eis a missão da Igreja, portanto, eis a missão de todos nós.

(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – pp.129-130

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