Há no Brasil um número de mães superior a 52 milhões delas; no mundo são mais de 1,9 bilhões. Cuidam da educação dos filhos e do marido, organizam a casa, trabalham. Uma jornada tripla – algumas vezes quádrupla – porque resta apenas a madrugada para outra atividade.
O contexto mundial tem sido um caminho escuro para elas; não bastassem guerras bélicas décadas atrás, hiperinflação no passado mais recente, hoje, as “guias do lar” se veem envolvidas por outro desafio colossal: estar em dia com a tecnologia e presente na vida das “crias”. Não é nada fácil, como nunca foi, contudo, nestes nossos dias, a velocidade dos fatos não nos permite sequer respirar, compreender e voltar a caminhar.
Vamos aos detalhes: cada vez mais cedo os filhos estão presentes na realidade virtual por meio dos smartphones, tablets, smartwatches. As redes sociais invadem e são invadidas por uma galera conectada aos bytes, expondo a vida e olhando a vida alheia. Onde ficam as mães em toda essa dinâmica? Muitas vezes é colocada quilômetros de distância, mesmo estando ao lado. De quem é a culpa? Dos filhos, agitados, ávidos por conteúdo, conectados de segunda a segunda, de 0h a 23:59? Das mães, ocupadas, multitarefas, vivendo dois dias em apenas um? Certamente de ambas as partes. Os herdeiros devem estar abertos ao diálogo com sua família; por sua vez, cabe à família controlar a exposição dos filhos no “ambiente digital”, dizer não.
Sendo o Brasil um dos países mais conectados no planeta, as mães têm o desafio de conciliar o cotidiano da família, muitas vezes com poucas opções de horário para conviverem entre si, com as tarefas profissionais, pessoais e da casa. Não é preciso jogar fora os dispositivos eletrônicos. Pode-se e deve-se estar em dia com todos os gadgets oferecidos pela infinita capacidade criativa dos programadores e designers. Apenas um aviso: como diz meu pai: tudo demais é veneno.
Mães, tudo isso parece muito difícil de ser assimilado e trabalhado em meio a tantas demandas. A diretiva a vocês, rainhas do lar, não é acaso, nem entrega total da responsabilidade. Em família, a ordem do dia é compartilhar as tarefas. Uma célebre filosofia de Napoleão Bonaparte, imperador francês entre os anos de 1804 e 1814 (com breve retorno, por alguns meses, em 1815), é uma sábia lição para as famílias: dividir para conquistar. Dividir os cuidados com a casa, a preparação das refeições, a atenção uns para com os outros; conquistar união, crescimento mútuo, um lar além das paredes, piso e telhado. Tudo isso desenhado, a tenacidade, doçura e perspicácia maternal são fundamentais para a condução do núcleo familiar em mais esse contexto dinâmico.
O mundo está precisando de um olhar diferenciado, com visão do todo e do detalhe, firmeza e afago, força e delicadeza. Um pacote tão completo como só o dom da maternidade pode acobertar. Uma fonte inesgotável de amor, fortaleza e luz. O corpo ao qual o Criador atribuiu a capacidade de gerar a vida, a cocriação do planeta, a renovação constante da humanidade.
Por mais turbulento que esteja o voo, a experiência do piloto, aliada aos equipamentos de ponta do avião, permite ao comandante da aeronave dar prosseguimento à viagem e levar os passageiros com segurança ao destino. Por mais tortuoso que seja o caminho, a liderança do guia, aliada aos seus conhecimentos, leva o grupo a atravessar o vale e alcançar o topo. Por mais nublados que pareçam estar nossos dias, o aconchego materno, aliado à sabedoria adquirida ao longo dos anos, ajudam os pequenos (e os grandes) a esperar a tempestade passar e ver, mais uma vez, a luz do sol.
Juliano de Oliveira Nunes,
jornalista, discente de administração.